quinta-feira, 31 de março de 2011

Agora, anorexia atinge mulheres com mais de 40 anos

A anorexia nervosa, transtorno que faz a pessoa comer cada vez menos e nunca estar satisfeita com seu peso, expande suas fronteiras. A maioria das pacientes ainda é composta por adolescentes, mas o distúrbio é cada vez mais diagnosticado em mulheres maduras. Em clínicas e ambulatórios como o do Proata (Programa de Orientação e Atenção ao Pacientes com Transtorno Alimentar), da Unifesp, duas em cada dez pacientes têm mais de 40 anos. "Há alguns anos, os grandes relatos médicos sobre anorexia nem faziam referência às mais velhas", diz o psiquiatra Táki Cordás, coordenador do Ambulim (Ambulatório de Transtornos Alimentares) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo. Elas já são notadas. "Mesmo quando estão na casa dos 50 ou 60 anos, as mulheres praticam comportamentos extremos para modificar seu peso e seus corpos", afirma Cynthia Bulik, diretora do Programa de Transtornos Alimentares da Universidade da Carolina do Norte (EUA). IMAGEM CORPORAL Segundo Cordás, a mulher mais velha se preocupa mais do que antes com sua imagem corporal. "Entre outras coisas, há o papel da competição, afetiva ou profissional, com as mais jovens." Essas mulheres maduras que "estão no mercado" se voltam para todos os recursos de embelezamento e rejuvenescimento disponíveis, incluindo dietas agressivas. "Fazer dieta eleva em 20 vezes o risco de desenvolver anorexia", diz o psiquiatra. A dermatologista Luciana Conrado, que pesquisa transtornos de imagem, considera o problema uma doença social. "Nossa sociedade valoriza a imagem, e a beleza é a forma jovem e magra." O que complica ainda mais a vida de quem tem 40 ou mais. "Não dá para ela ficar com um corpo de magra de 20 anos, por mais que passe fome e malhe na academia", diz Conrado. A nutricionista Lara Natacci, autora do livro "Anorexia, Bulimia e Compulsão Alimentar" (ed. Atheneu), diz que a mulher madura consegue dissimular a doença por mais tempo e demora mais para buscar ajuda. Quanto mais tarde o tratamento, mais difícil é a cura. "Em jovens, o prognóstico é melhor", afirma Cordás. Alguns efeitos da desnutrição são mais acentuados na mulher mais velha, como o ressecamento da pele. "É provável também ela ter com mais frequências quadros como depressão e abuso de álcool", diz Cordás.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Médicos indicam drogas anticâncer para pessoas saudáveis

Um grupo de oncologistas dos EUA e da Europa está defendendo a quimioprevenção, que é o uso de remédios para câncer em pessoas saudáveis, mas com alto risco de desenvolver a doença. Em um consenso internacional coordenado pelo epidemiologista Jack Cuzick, do centro de pesquisas em câncer do Reino Unido, médicos e pesquisadores afirmam que remédios hormonais são eficazes na redução do risco de câncer de mama, mas pouco utilizados. Um desses remédios é o tamoxifeno, que bloqueia os receptores de estrógeno na mama. Ele já foi bem pesquisado para a prevenção, e seu uso nesse contexto foi aprovado pelo órgão regulador de medicamentos dos EUA, o FDA, mas não pela Anvisa. "A indicação pode ser feita individualmente pelo médico, mas a maioria não faz", diz o oncologista Auro del Giglio, da faculdade de medicina do ABC e do hospital Albert Einstein. Isso porque, segundo Giglio, o remédio pode aumentar o risco de trombose e câncer de útero. "E, embora as pesquisas mostrem que o remédio diminui casos de câncer, não indicam se ele faz a mulher viver mais tempo e ter qualidade de vida." A indicação da droga costuma ser feita para casos de alto risco, mas há tentativas de estender esse uso. O mastologista José Roberto Filassi, do Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo) acredita que há interesses comerciais por trás. "Há um estudo sobre o uso preventivo de outro tipo de droga hormonal para câncer que deve ser publicado em 2012. São os inibidores de aromatase, que impedem a formação de estrógeno. Pode haver interesse dos fabricantes, porque esses remédios estão perdendo a patente." Em artigo publicado no periódico "Lancet Oncology", os principais autores do consenso declaram conflitos de interesse. Eles receberam patrocínio da Astra Zeneca, Novartis e Eli Lilly, que fabricam inibidores de aromatase. POLÊMICA Em outro artigo publicado na revista "Nature", Michael Sporn, professor de farmacologia da faculdade de medicina Dartmouth (EUA), sugere que o uso preventivo de remédios para câncer pode se tornar tão comum quanto o de estatinas para evitar doença de coração. As estatinas diminuem o colesterol, fator de risco para infartos. Os remédios hormonais reduzem ou bloqueiam o estrógeno. Em 70% dos casos de câncer de mama, o aumento desse hormônio no tecido mamário está associado ao desenvolvimento da doença. "É preciso diferenciar as coisas. O colesterol pode ser medido objetivamente. O risco de câncer de mama não, é só uma projeção a partir de dados clínicos. E mesmo assim, ter maior risco não significa que você vai desenvolver a doença", diz a coordenadora de oncologia clínica do Icesp, Pilar Estevez. Além de a definição de "risco" ser problemática, Estevez questiona o uso de remédio por pessoas que não estão doentes. "Se ela tiver complicações por causa do remédio, trocou uma probabilidade de doença por problemas induzidos pelo medicamento."

Hormônio do estresse é testado para reduzir fobia de altura

O cortisol, hormônio liberado em situações de estresse, melhora os efeitos da terapia de combate a fobias. Estudo realizado por pesquisadores de diversos centros científicos, entre eles a Universidade de Basileia, na Suíça, testou a substância em 40 pessoas com acrofobia (medo de altura). Os voluntários foram submetidos a três sessões de terapia de exposição --uma simulação de ambientes altos criada por realidade virtual. Uma hora antes das sessões, metade dos pacientes tomou uma dose de cortisol e a outra metade, placebo. Os participantes responderam a questionários para avaliar o nível de fobia após a última sessão de terapia. Entre aqueles que tomaram cortisol, houve uma queda de 59% na pontuação de fobia. No outro grupo, a queda foi de 40%. Os resultados foram publicados ontem no periódico "Proceedings of the National Academy of Sciences". Para Dominique de Quervain, professor de psicologia na Universidade de Basileia e um dos autores do estudo, os achados indicam que os efeitos da psicoterapia contra a fobia podem ser reforçados pelo uso de remédios. "O cortisol auxilia a terapia de exposição ao agir no aprendizado e na memória", explicou à Folha. "Ele inibiu a recuperação da memória do medo e armazenou experiências corretivas." O psiquiatra Antônio Guerra Vieira Filho, do Hospital Sírio-Libanês, afirma que a ação do cortisol pode ser útil para pacientes que não respondem à terapia. "Quando a pessoa é exposta à situação que ela sabe que é segura [a simulação], o cortisol facilita o aprendizado dessa experiência." CORREÇÃO E REFORÇO A terapia de exposição tem como objetivo "corrigir" a fobia, ao colocar a pessoa, aos poucos, em contato com o que ela teme. "Quando ela se expõe a essas experiências que causam medo desproporcional, fica habituada", diz Mariângela Savoia, psicóloga do programa de ansiedade do Instituto de Psiquiatria da USP. "A memória é importante na formação da fobia. Ela associa um estímulo, como a altura, a um risco. O cortisol faz a pessoa evocar menos esses pensamentos irreais", afirma Vieira Filho. Segundo ele, não há contrassenso entre o papel do cortisol no estresse e na redução da fobia. "O hormônio opera em vários locais do cérebro. A ação no estresse é só uma de suas propriedades."

terça-feira, 29 de março de 2011

Mulher recebe transplante de mão completo nos Estados Unidos

Uma mulher de 21 anos recebeu um transplante completo de mão em Atlanta, nos Estados Unidos, segundo anunciou a Escola de Medicina da Universidade Emory na segunda-feira (28). A estudante Linda Lu passou por uma cirurgia de 19 horas no dia 12 de março para poder contar com a “nova” mão. O material veio de um doador não identificado. Duas equipes – uma dedicada à paciente e outra, à mão do doador – participaram da operação que terminou já no dia 13. Liderados pela médica Linda Cendales, cirurgiões, anestesiologistas, enfermeiras e auxiliares integraram o grupo, que conectou ossos, tendões, nervos, vasos sanguíneos e a pele do membro em Linda Lu. A paciente ainda vai passar mais três meses em Atlanta para se recuperar do procedimento. Para Cendales, a cirurgia é uma esperança a pessoas que perdem mãos e braços, lembrando do caso de militares a serviço dos Estados Unidos no Afeganistão e no Iraque. Histórico da cirurgia Segundo a universidade, o primeiro transplante de mão foi realizado em 1964 no Equador, antes do desenvolvimento de imunossupressores – remédios que combatem o ataque por parte do corpo do paciente ao órgão recebido. O receptor, um marinheiro, precisou amputar o novo membro duas semanas após a operação por causa da rejeição aos tecidos transplantados. A segunda tentativa aconteceu anos mais tarde, em 1998, na França. O paciente conseguiu manter o órgão durante dois anos, mas desistiu ao parar de tomar os imunossupressores e pediu para ter a nova mão removida. Nos Estados Unidos, o primeiro transplante foi feito em 1999, com Linda Cendales presente na equipe médica. O receptor vive com o membro até hoje e é o caso mais duradouro deste tipo de transplante. A médica também participou do segundo transplante de mão no país, realizado em 2001.

Nova tecnologia permite a criação de vacinas contra várias doenças

O cientista colombiano Manuel Elkin Patarroyo anunciou nesta segunda-feira a descoberta de princípios químicos que permitirão a criação de novas vacinas sintéticas. Com a nova tecnologia, espera-se que seja possível prevenir praticamente todas as doenças infecciosas do mundo. A revista científica norte-americana Chemical Reviews divulgou hoje o achado, fruto de mais de 30 anos de pesquisa Trata-se de “um conjunto de princípios, de regras, que quando aplicadas permitem a produção de vacinas contra as diversas doenças que existem no mundo, assim poderemos cobrir praticamente as 517 doenças infecciosas existentes”, afirmou à Efe. Patarroyo já era conhecido anteriormente por ter criado a primeira vacina sintética contra a malária, na década de 1980. Trabalhando com o protozoário causador da malária, os cientistas da Fundação Instituto de Imunologia da Colômbia focaram a pesquisa na estrutura química das proteínas ou moléculas usadas pelo microorganismo para se fixar às células que ele infecta. A partir daí, criaram proteínas sintéticas capazes de aderir aos glóbulos vermelhos. Desta forma, o sistema imunológico passa a reconhecer o corpo estranho e se prontifica a destruí-lo caso se depare novamente com ele no futuro – grosso modo, este é o modo de funcionamento de qualquer vacina. A vacina, chamada de COLFAVAC, apresentou eficiência acima de 90% nos testes com macacos. “Vamos começar os testes com humanos e estamos absolutamente certos de que teremos os mesmos resultados”, afirmou Patarroyo Dentre as doenças que podem ser prevenidas a partir desta técnica, o cientista destaca a tuberculose, a dengue, o HPV, a hepatite C e a hanseníase.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Doença do laptop dá dores nos punhos, cotovelos e costas

O uso prolongado dos notebooks tem aumentado os casos de dores e lesões em ligamentos e articulações. O formato do aparelho dificulta uma boa postura durante a digitação e pode causar problemas nos ombros, cotovelos, punhos e na coluna, além de dor de cabeça. Preocupado com a popularização dos PCs portáteis entre estudantes norte-americanos, o especialista em reabilitação Kevin Carneiro, da Universidade da Carolina do Norte (EUA), cunhou o termo "laptoptite" em analogia a doenças como a tendinite para designar os problemas causados pelo aparelho. "A diferença para os desktops é que, no notebook, o monitor e o teclado estão conectados, o que dificulta o posicionamento do corpo", disse Carneiro à Folha. No Brasil, a tendência é a mesma. Em 2010, as vendas de notebooks superaram pela primeira vez as de desktops _foram vendidos mais de 7 milhões de computadores portáteis, segundo a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica. A preferência pelos laptops é impulsionada pela queda nos preços e a facilidade no transporte. Os efeitos já são vistos nas clínicas. "Recebo muitos pacientes com dores. A maioria dos problemas é de postura. A pessoa deita na cama e quer resolver tudo no laptop: não dá para ficar sem dor", diz Paulo Randal Pires, presidente do Comitê de Mão da Sbot (Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia). A professora universitária Patrícia Alfredo, 29, já sente o ônus da mudança. Trocou o desktop pelo notebook há seis meses e já convive com dor no pescoço, cotovelo e na cabeça e tensão nos ombros. "Uso a mesma mesa do desktop e adquiri um suporte. Mas, por mais que eu tente posicionar o computador direito, meu braço nunca fica totalmente correto." Mesmo assim, ela continua usando o notebook. "A tentação é grande, é muito fácil e carrego para todo lado." MENOS TEMPO Um estudo publicado em fevereiro na revista "Ergonomics" por pesquisadores da Boston University Sargent College, nos EUA, mostrou que usar o notebook por mais de quatro horas por dia já traz riscos de dores e lesões. "O ideal seria usar esse tipo de computador só para emergências e viagens", diz Raquel Casarotto, professora de fisioterapia da Faculdade de Medicina da USP. A pesquisa também avaliou o impacto do uso de cadeiras adequadas, suporte e teclado sem fio na redução de dores de 88 universitários durante três meses. O grupo que usou os acessórios apresentou menos problemas. Como o monitor do notebook é fixo, não dá para deixá-lo na altura ideal sem a ajuda dos acessórios. No improviso, o usuário força o pescoço para baixo, tensionando ombros e coluna. Os punhos também ficam mais tensos, porque é mais difícil apoiá-los no laptop. A posição errada altera a circulação sanguínea e afeta a nutrição dos tecidos, o que pode causar inflamações. O ideal é acoplar um teclado ao aparelho, para melhorar a posição das mãos, e usar um suporte para elevar a tela à altura dos olhos. A altura das teclas deve permitir que os ombros fiquem relaxados _por isso, o notebook não deve ser usado no colo, na cama ou em mesas altas, como as de jantar. Quanto menor o aparelho, maiores são os riscos. Teclas pequenas obrigam o usuário a adotar uma postura restrita, comprimindo músculos e gerando tensão em todo o corpo. "Um amigo se encantou com um notebook superpequeno, do Japão. Em três semanas de uso, desenvolveu uma inflamação dos tendões do cotovelo", diz Casarotto. Atenção também aos tablets, que devem ficar apoiados em mesas. Segurá-los causa dores nos punhos e nos dedos. Mesmo na mesa, o pescoço fica curvado para baixo, piorando a postura. "Ler no tablet não traz riscos, também não é proibido digitar rapidamente. Mas usá-lo sempre para navegação trará problemas, porque o aparelho precisaria ser colocado na vertical, o que é inviável", diz Casarotto.

Cientistas criam mapa mundial da vacinação contra tuberculose

Uma equipe de pesquisadores da Universidade McGill, no Canadá, lançou nesta semana um site com informações sobre a incidência de tuberculose e a vacinação contra a doença, com informações de mais de 180 países, incluindo o Brasil.Hoje é comemorado o Dia Mundial da Tuberculose, doença que mata 1,7 milhão ao ano no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde. A intenção do mapa da tuberculose é fornecer ferramentas para pesquisadores e formuladores de políticas públicas de saúde, de acordo com Madhukar Pai, autor do "BCG World Atlas" e da pesquisa que o fundamenta, publicada na revista "PLoS Medicine". A vacina BCG foi introduzida na década de 20 e continua a ser a única usada para prevenir a tuberculose. Mesmo com tanto tempo no mercado, há quem questione sua eficácia. Por isso, os programas de vacinação variam muito entre os países. O site tem registros das políticas atuais de imunização e das passadas. Essas informações podem ser úteis para a interpretação de exames diagnósticos (alguns dão falso-positivo para pessoas que foram vacinadas) e para servir como apoio a pesquisadores que estejam desenvolvendo novas vacinas.O endereço do "BCG World Atlas" é www.bcgatlas.org.

domingo, 27 de março de 2011

Novo gel para implantes ósseos tem menos chances de rejeição

Um novo gel criado por pesquisadores da Unicamp pode ser uma solução mais eficaz para o preenchimento ósseo, em pequenas fraturas e implantes dentários.
Diferente da maioria dos materiais usados nesses procedimentos, o hidrogel desenvolvido pelo Instituto de Química da universidade tem uma composição semelhante à do osso.
É formado por elementos inorgânicos e orgânicos, o que diminui as chances de o corpo rejeitar o implante.
Essa eficácia foi comprovada em sete testes in vitro, nos quais células ósseas aderiram ao material. Os testes também não mostraram que o hidrogel era tóxico.
A química Geovanna Pires, que desenvolveu o produto, criou um composto formado por hidroxiapatita, material que dá rigidez à substância, e por quitosana, componente orgânico similar ao colágeno do osso.
"Enquanto o hidrogel é absorvido pelo organismo, o osso vai ocupando o espaço e se recompondo", diz Pires, que trabalhou quatro anos nesse projeto.
A textura do hidrogel permite que ele seja moldado e cortado pelos médicos exatamente do tamanho do local em que houve a lesão. "O médico só preenche o buraco, o organismo faz o resto."
Outros materiais usados nessas operações, como pós, grânulos, blocos ou pastas de fosfato de cálcio e colágeno não apresentam todas essas vantagens.
O pó e o grânulo podem não se fixar e acabar se espalhando pelo corpo. Já a pasta não apresenta a porosidade do hidrogel, o que dificulta o transporte de células entre osso e enxerto. IMPLANTE
Para o cirurgião dentista Felipe Arcas, consultor da Associação Brasileira de Odontologia, é a possibilidade de manipulação do hidrogel a sua maior vantagem.
"Ele vai poder ser trabalhado pelo próprio cirurgião na hora de operar", diz.
Segundo Arcas, o material poderia substituir também o uso de ossos do próprio paciente em operações de implante dentário.
Nesses casos, a perda de um dente geralmente causa a retração do osso na região. E o cirurgião tem de repor o que foi perdido para fixar os parafusos do implante.
"Seriam duas operações, uma para a retirada do osso e outra para colocá-lo. O hidrogel pouparia esse tempo."
Pouparia também lesões, na opinião de Maurício Kfuri Junior, presidente da Sociedade Brasileira de Trauma Ortopédico. "Ao retirarmos parte do osso, lesionamos uma área que antes não tinha nada", afirma o ortopedista.
A técnica, porém, não pode ser usada em qualquer tipo de cirurgia, como ressalva a química Inez Valéria Yoshida, orientadora do estudo.
"Por ser um hidrogel, ele só é conveniente quando não há pressão sobre o osso."
Caso contrário, o peso e o movimento dos membros causariam desgaste do material, daí a indicação principal ser para fraturas na face.
Os pesquisadores aguardam agora os testes em animais e em pessoas. Pires calcula que em seis anos o gel já poderá ser comercializado.

sábado, 26 de março de 2011

Mais 4 mortes por dengue são confirmadas no Ceará

Somente este ano, 19 pessoas morreram vítimas da doença, sendo três de Febre Hemorrágica da Dengue (FHD) e 16 por Dengue com Complicação (DCC). Ontem, o último boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) confirmou mais quatro mortes por DCC, sendo duas em Fortaleza, uma em Granja e outra em Ocara.

No total, foram notificados 14.796 casos suspeitos de dengue em 163 municípios, distribuídos em 21 Coordenadorias Regionais de Saúde. Destes, 6.870 foram confirmados em 149 municípios e 7.926 tiveram as suas amostras negativas.

Em Fortaleza, Messejana é o bairro com o maior número de ocorrência da doença, com 81 casos registrados. A Secretaria Executiva Regional (SER) VI possui o mais alto número de infectados, 644 ao todo. Já a Secretaria Executiva Regional IV retém o menor, com 125.

Interior

O município de Itapipoca se destaca entre aqueles que registram um dos maiores índices de casos confirmados, com 730. A cidade começou a apresentar um aumento de notificações já no fim de 2010.

Além de Itapipoca, também chama atenção o aumento no número de casos, nos últimos meses do ano passado, os municípios de Pacatuba, Guaiuba, Massapê, Santa Quitéria e Icó.

Em todo o Ceará, até o momento, foram notificados 156 casos suspeitos de Febre Hemorrágica da Dengue, destes, 29 foram confirmados, 53 foram encerrados por Dengue com Complicação, 14 descartados e outros 60 ainda permanecem em investigação pela Sesa.

Entre os casos de FHD registrados pela Secretaria, oito ocorreram em Fortaleza, seis em Itapipoca, três em Acarape, dois em Maracanaú, dois em Chorozinho, dois em São Gonçalo do Amarante e um caso nos municípios de Caucaia, Icó, Aiuaba, Acopiara, Pacatuba e também na cidade de Crateús.

No tocante aos casos de dengue por complicação, 13 ocorreram em Fortaleza, dez em Itapipoca, cinco em Caucaia, quatro em São Gonçalo do Amarante, três em Pacajus, três em Acarape, dois em Granja, e apenas um caso em Miraíma, Morada Nova, Itaitinga, Capistrano, Cascavel, Parambu, Quixadá, Maracanaú, Crateús, Tejuçuoca, Iracema, Beberibe e Ocara.

Tipo 4

Nenhum caso da temida dengue tipo 4 foi confirmado. O perigo reside no fato de não se ter nenhum registro no Ceará de alguém acometido pelo tipo até agora. Por isso a população não está imune ao vírus. Os sintomas do tipo 4 são semelhantes aos dos outros três, a única diferença entre eles seria, justamente, a imunidade.

A Sesa divulgou, nesta semana, uma nota técnica aos profissionais de saúde que orienta sobre a assistência aos pacientes com suspeita de dengue, para alertar os profissionais da importância de um diagnóstico realizado rapidamente.

A nota, elaborada pela Coordenadoria de Promoção e Proteção à Saúde, informa que, diante de todo caso de doença febril aguda, os profissionais devem pensar no diagnóstico de dengue e orientar o paciente a respeito dos sintomas.

Incidência

14,7 mil Casos de dengue foram registrados em todo o Ceará pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), em 149 municípios cearenses, destes 7.926 tiveram as suas amostras negativas.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Cientistas desvendam como o câncer cria resistência à quimioterapia

Uma pesquisa da Universidade do Estado da Louisiana, nos EUA, conseguiu entender um mecanismo pelo qual os tumores se defendem da quimioterapia e da radioterapia. A descoberta pode ser um passo importante no desenvolvimento de novas técnicas que aumentem a eficiência dos tratamentos contra o câncer.

Nos experimentos, os cientistas usaram a cisplatina – uma droga quimioterápica normalmente aplicada como primeiro combate contra vários tipos de câncer. Eles descobriram que a redução da produção de uma proteína específica, chamada BIN1, altera o processo de reparo de DNA e, portanto, o desenvolvimento do tumor.

“Nosso estudo providencia um mecanismo forte e inédito pelo qual o câncer adquire resistência ao dano no DNA”, acredita Daitoku Sakamuro, professor de patologia da Universidade da Louisiana que liderou a equipe de pesquisadores.

Além de oferecer um caminho para futuros estudos, a descoberta pode ajudar a prever a eficiência que um tratamento pode ter em cada paciente por meio da avaliação dos níveis dessa proteína, sugerem os pesquisadores.

O estudo foi divulgado pela revista “Science Signaling”, da Associação Americana para Avanço da Ciência (AAAS, na sigla em inglês).

quinta-feira, 24 de março de 2011

Mais da metade dos bipolares não recebe tratamento

Mapeamento mundial sobre transtorno bipolar mostra que menos da metade dos doentes recebe tratamento.A pesquisa avaliou mais de 60 mil pessoas em 11 países como Brasil, EUA e China, das quais 2,4% apresentavam o transtorno. O resultado foi publicado no "Archives of General Psychiatry".

Os pesquisadores escolheram amostras aleatórias em suas regiões e fizeram entrevistas com base em critérios da Organização Mundial da Saúde para o diagnóstico.

O transtorno bipolar é caracterizado por oscilações de humor entre euforia (ou mania) e depressão. Pode causar irritabilidade, agressividade e ideias suicidas.

BRASIL

Apesar da gravidade dos sintomas, só 42,7% das pessoas diagnosticadas no mapeamento estavam sendo tratadas por um especialista. No grupo de países que incluía o Brasil, esse índice era ainda menor: 33,9%.

"A pessoa não tem acesso ao sistema de saúde, ou acha que os sintomas são resultado do uso de drogas", diz a psiquiatra Laura Helena de Andrade, coordenadora de epidemiologia do Instituto de Psiquiatria da USP e responsável pela coleta de dados na Grande São Paulo.

Segundo ela, é comum um bipolar receber diagnóstico de depressão, porque a manifestação de euforia pode ser mais leve. "E é muito mais comum a pessoa só ir buscar tratar a depressão, porque ela incomoda mais. Mas, se o médico ministrar antidepressivos, pode desencadear episódios de mania, com aumento da irritabilidade", diz.

Segundo o estudo, esse transtorno é mais incapacitante do que cada um dos tipos de câncer, e mais até que Alzheimer. Bipolares sofrem por mais anos com os prejuízos do transtorno, em comparação aos outros doentes.

O dado foi extraído de um relatório da OMS segundo o qual a bipolaridade representa 0,9% das doenças incapacitantes, logo à frente do Alzheimer, com 0,8%.

"A pessoa já começa a ter problemas na adolescência ou no começo da vida adulta e, ao longo do tempo, vai perdendo habilidades como capacidade de raciocínio, memória e concentração", diz o psiquiatra Ricardo Moreno, que coordena o programa de transtornos afetivos do Instituto de Psiquiatria.

O psiquiatra Eduardo Tischer, da Unifesp, acrescenta: "A doença é crônica, e leva meses para que o paciente consiga se restabelecer. Enquanto isso, ele sofre prejuízos no trabalho e suas relações familiares pioram".

O não tratamento só piora os sintomas. "A pessoa tem mais chances de recorrer a drogas, álcool e de cometer suicídio", afirma Tischer.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Bahia teme sofrer nova epidemia-DENGUE DO TIPO 4

Salvador- A Bahia corre risco de enfrentar uma nova epidemia de dengue, alerta o governo do Estado, por causa da presença do sorotipo 4, detectado em dois pacientes de Salvador. De acordo com a Secretaria de Saúde (Sesab), é a primeira vez que esse sorotipo do vírus é identificado na região.

Ainda não se sabe como o novo vírus chegou à capital baiana, já que nenhum dos dois infectados havia viajado recentemente. Os dois pacientes, atendidos com suspeita de dengue ainda antes do carnaval, já estão recuperados. De acordo com o chefe de gabinete da Secretaria de Saúde, Washington Couto, "a entrada do sorotipo coloca o Estado sob risco de nova epidemia". O temor é que se repita a situação de em 2009, quando 123,6 mil habitantes foram infectados pela doença - e 67 pessoas morreram -, por causa do avanço do sorotipo 2.

"A presença de um novo tipo de vírus na Bahia faz com que toda a população esteja vulnerável à doença, mesmo quem já contraiu a dengue de outros tipos", explica Couto, salientando que um segundo contágio eleva os riscos de formas graves da doença, como a dengue hemorrágica. Segundo a Vigilância Epidemiológica, 198 dos 417 municípios baianos correm risco "alto" ou "muito alto" de sofrer epidemia.

Caso no Piauí

Ontem, o Piauí registrou o primeiro caso de dengue tipo 4. A sorologia de uma jovem de 17 anos, de Teresina, foi confirmada pelo Laboratório Central do Ceará. O governo piauiense divulgou um novo boletim da doença: 2.302 notificações foram encaminhadas de municípios de todo o Estado.

No Rio, um bebê morreu no último sábado vítima de dengue hemorrágica. A demora no diagnóstico é apontada pela mãe como o principal causador da morte da filha, de quatro meses. Bianca Pique Araújo conta que a doença chegou a ser diagnosticada como virose.

Saiba quais exames você deve fazer antes de começar a se exercitar

Para dar adeus ao sedentarismo, muita gente decide treinar por conta própria. Mas fazer esse tipo de atividade, seja em casa ou na academia, coloca a saúde em risco. Para começar uma vida nova com exercícios, especialistas recomendam antes fazer uma visita ao médico para avaliar sua saúde.

O primeiro passo é ir ao consultório de um clínico geral, que irá prescrever uma série de exames que irão vasculhar o organismo. Os exames vão traçar o perfil do metabolismo, mostrando os níveis de colesterol, glicose e pressão arterial.

Além deles, um teste de esforço vai não somente identificar a capacidade física, mas também checar problemas cardiovasculares. O check-up é uma segurança para quem vai começar a praticar esportes.

Além dos exames (veja mais abaixo), é recomendável ter acompanhamento profissional. Com as facilidades à disposição, como vídeos, revistas e até a própria internet, cresce o número de atletas caseiros. Porém, exercitar-se sozinho, sem a orientação de um profissional, pode provocar sérias lesões.

Um profissional saberá orientar a postura e a forma corretas de levantar um peso e executar um movimento sem danificar a coluna. Na hora do exercício, é fundamental saber como se movimentar para não sacrificar as articulações.

O profissional em Educação Física é o único habilitado a ministrar a prática das atividades físicas. Além de ficar atento aos movimentos executados pelo aluno, ele orientará a respiração correta do movimento.

Veja a seguir os exames que não podem faltar no check-up:

Eletrocardiograma: o exame faz uma espécie de fotografia do coração. Mas como nem sempre mostra o problema do paciente, recomenda-se acrescentar também o teste de esforço ergométrico.

Teste ergométrico: é feito na esteira e acompanhado por um cardiologista por meio de monitoração gráfica, que mostra como o coração se comporta com o esforço.

Exames de sangue: mostram a taxa de glicose no sangue, apontando a existência de diabetes e os níveis de gordura, identificados pelas taxas de colesterol e triglicerídeos.

terça-feira, 22 de março de 2011

Informação demais confunde memória, comprova estudo

O excesso de informações confunde o cérebro e dificulta a memorização, comprovaram pesquisadores das universidades Stanford e Yale, nos EUA."Descobrimos que a concorrência entre lembranças resulta em memória pior", disse à Folha o psicólogo Brice Kuhl, pesquisador de Yale e principal autor do trabalho.

Diariamente e o tempo todo, o cérebro é exposto a toneladas de informações. Umas são mais lembradas do que outras.

"Embora saibamos que a competição entre memórias é uma parte fundamental da memorização, há poucas provas de como o processo acontece no cérebro", escrevem os autores, no artigo publicado ontem na revista "Proceedings of the National Academy of Sciences".

O estudo monitorou com ressonância magnética a atividade cerebral de voluntários, durante teste composto de várias rodadas.

No teste de memória, imagens e informações eram misturadas em placas e as pessoas deviam se lembrar do conteúdo separadamente.

Os pesquisadores descobriram que, quando a lembrança era clara, era como se a pessoa revivesse o momento em que a memória foi armazenada, com a ativação das mesmas áreas cerebrais.

Mas, quando as informações foram misturadas, o cérebro também se confundiu e tentou reproduzir duas memórias. A pessoa teve dificuldade de se lembrar com clareza do conteúdo.

"É como se a memória estivesse borrada. Pode-se dizer que quando tentamos guardar duas coisas, não guardamos nenhuma delas direito", afirma Cláudio da Cunha, pesquisador de neurociência e farmacologia da Universidade Federal do Paraná.
MEMÓRIA FOTOGRÁFICA

Para a bióloga e neurocientista, Valéria Catelli Costa, pesquisadora da USP, o maior achado do trabalho foi mostrar como as memórias são codificadas no cérebro, formando "desenhos".

A facilidade ou dificuldade de se lembrar de um acontecimento depende de como essa codificação foi feita.

"Quanto mais você associa dados a um fato, mais fácil fica de você se lembrar, e melhor é a codificação."

Segundo os autores, a codificação é influenciada por memórias antigas e analogias com eventos diferentes.

"Pode ser uma influência negativa ou positiva. A memória de um número de telefone velho torna mais difícil aprender um novo número", exemplifica Kuhl.

Mas, também, um especialista em vinhos só é especialista porque se lembra de conhecimentos anteriores.

"Selecionamos memórias úteis. Guardamos o que é requisitado em tarefas", diz o neurologista Benito Damasceno, da Unicamp.

Para ele, o processo de competição é positivo, porque nos torna capaz de separar o que é importante."Com a seleção conseguimos consolidar um aprendizado e reviver um acontecimento."

O problema é que nem sempre essa seleção é consciente. Para o pesquisador americano, não existem memórias mais fortes do que outras. Então, não adianta muito se esforçar para lembrar a data do aniversário de casamento, por exemplo.

"Queremos pensar que as memórias emocionais ou afetivas são mais fortes, mas nem sempre isso é verdade."

segunda-feira, 21 de março de 2011

Conflito de interesses marca pesquisas sobre menopausa

A maioria dos estudos favoráveis à terapia de reposição hormonal para tratamento da menopausa foi escrita por autores que têm ligações com a indústria de remédios.Significa que pesquisadores pró-reposição declararam ter recebido pagamentos de laboratórios por palestras ou financiamento de estudos.

É o que revela uma revisão de 50 pesquisas sobre a terapia, publicadas por dez autores entre 2002 e 2006.

O período foi escolhido por causa da publicação do estudo Women Health's Initiative, em 2002, mostrando que a reposição aumenta riscos de câncer da mama e de doenças cardiovasculares.

Oito dos dez autores afirmaram ter recebido pagamentos da indústria. Dos 50 artigos analisados, 32 foram considerados favoráveis à terapia, entre os quais 30 foram escritos por autores com conflitos de interesse.

A análise foi feita por pesquisadores do Georgetown University Medical Center, em Washington, e publicada no "PLoS Medicine".

Segundo uma das autoras, a médica e professora de farmacologia da Georgetown University Adriane Fugh-Berman, tons promocionais em relação a drogas devem ser vistos com desconfiança.

"Promoção, em geral, é inconsistente com ciência. Pode significar uma influência do marketing da indústria sobre o artigo, mas isso é difícil de provar", disse à Folha.

César Fernandes, presidente da comissão de climatério da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetricia, diz que médicos devem ligar o "desconfiômetro" para esses estudos.

"É óbvio que há marketing agressivo das farmacêuticas, elas querem influenciar os médicos", diz Fernandes.

A existência dessas relações e as conclusões da revisão, porém, não desqualificam autores sérios nem colocam a eficácia do tratamento à prova, segundo Fernandes.

"Não estamos falando de pesquisadores irrelevantes. Será que não são os médicos mais consultados pelas empresas por suas contribuições para a literatura?"

Já Berman diz que eles são selecionados para palestras e consultorias porque o que dizem apoia a mensagem da indústria. "A indústria cria um falso consenso na comunidade médica porque vozes racionais são abafadas."

Mauro Haidar, chefe do setor de climatério da Unifesp, diz:"Se pensarmos assim sobre conflitos de interesse, não tem congresso. E há de ter a mesma desconfiança em relação a outras drogas."

SOB MEDIDA

Alguns dos argumentos presentes nos estudos favoráveis dizem que os testes clínicos não devem guiar tratamentos individuais.

É o que pensa Fernandes. "Medicina não é feita no atacado, e sim caso a caso. Não é prêt-à-porter, é alta costura."

Segundo ele, é preciso pesar a história da paciente, gravidade dos sintomas e prós e contras do tratamento.

"Nenhum remédio é bonzinho. Sempre há riscos, mas eles têm que ser informados", diz Fernandes.

Para a autora da pesquisa, a reposição só é útil se os sintomas da menopausa forem muito incômodos. "Funciona bem para algumas, mas deve ser usado apenas em casos graves, ou os riscos superam benefícios."

domingo, 20 de março de 2011

Os efeitos da radioatividade no corpo humano

Em pequenas doses, a exposição à radiação não oferece riscos à saúde: o corpo tem tempo suficiente para substituir as células que eventualmente tenham sido alteradas ou destruídas. Em doses extremas, é fatal: o desastre nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986, o mais grave da história, matou 30 pessoas em apenas um mês e foi associado a 1.800 notificações de câncer de tireoide. O Japão atravessa agora a pior crise nuclear desde o acidente na usina soviética. O governo divulgou que pelo menos 20 pessoas foram expostas à radiação que escapou da usina Fukushima, mas não detalhou as circunstâncias ou a gravidade dos casos.
Chamada ionizante, a radiação emitida pelo combustível das usinas nucleares (em geral urânio ou plutônio) tem a propriedade de alterar a carga elétrica dos elementos das células humanas. A extensão dos danos à saúde depende da dose e do tempo de exposição e até da região do corpo atingida. Os pulsos, por exemplo, são mais resistentes à radiação. A medula óssea, ao contrário, é o órgão mais sensível.
Na literatura médica, o câncer é um dos problemas mais associados à radiação. Isso porque a radioatividade pode alterar o 'relógio biológico' das células, fazendo com que cresçam desordenadamente, formando tumores. Os tumores induzidos pela radiação não aparecem antes de 10 anos a contar das doses recebidas. Em caso de leucemia, o intervalo cai para dois anos. Esse período entre a exposição e o aparecimento do câncer é chamado 'período latente'.
Os cientistas ainda não têm dados precisos para determinar o risco de câncer associado a uma dada exposição à radiação. Mas existem estimativas. Sabe-se que baixas dosagens não estão relacionadas ao câncer, daí por que são normalmente seguros exames médicos como tomografia, raio-X e mamografia, segundo a Health Physics Society (HPS), uma organização americana especializada nos efeitos da radiação no corpo humano. Mas a partir de uma certa dosagem, a associação entre radiação e câncer aparece.
De acordo com estimativa da Sociedade Americana do Câncer, em um grupo de 100 pessoas, 42 irão desenvolver câncer ao longo da vida. Se o grupo for exposto a uma dose acumulada de 10 milisieverts , durante uma tomografia computadorizada, por exemplo, as mesmas 42 desenvolverão a doença. Mas, para uma dose acumulada de 50 milisieverts, 43 pessoas teriam câncer. A partir deste patamar, o risco aumenta 0,17% a cada 10 milisieverts de radiação.Radioterapia — Muito do que se sabe sobre os efeitos da radiação ionizante na saúde humana se deve à radioterapia, técnica aplicada no combate ao câncer que submete o paciente a doses controladas de radiação. “Na radioterapia, dividimos uma grande dose em várias sessões”, explica Artur Malzyner, oncologista do Hospital Albert Einstein. Pacientes com câncer de pulmão, por exemplo, recebem doses que se acumulam entre 2.000 e 3.000 milisieverts. Depois de 18 a 20 aplicações em regiões específicas do pulmão, a dose se completa em 50.000 milisieverts. Um ser humano pode morrer em poucas horas se seu corpo inteiro for exposto à 50.000 milisieverts. Mas, Melzyner esclarece, como as doses são localizadas, “apenas a região onde está o tumor é atingida”.
De acordo com Malzyner, o primeiro sintoma causado pelo envenenamento por radiação é a náusea. “É o efeito clínico mais comum”, diz Malzyner. Se a dose aumentar, a radiação começa a atingir outros tecidos humanos, em particular a medula óssea, responsável pela formação das células sanguíneas. “Em 30 dias a pessoa se torna anêmica e incapaz de se defender contra doenças”, diz o oncologista.

O que é radiação ionizante?
Radiação significa a propagação de qualquer tipo de energia, como o calor e a luz. Normalmente, o termo ‘radiação’ se refere a um tipo que faz mal para os organismos biológicos, chamado radiação ionizante. Assim como a luz, é uma radiação eletromagnética, só que está além do espectro visível, acima da região ultravioleta. Durante a fissão nuclear ela é um dos tipos de radiação emitidos, além do calor. A radiação ionizante é capaz de alterar o número de cargas de um átomo, mudando a forma como ele interage com outros átomos. Pode causar queimaduras na pele e, dentro do corpo, dependendo da quantidade e intensidade da dose, causar mutações genéticas e danos irreversíveis às células.
O que é Sievert?
Sievert (Sv) é uma unidade que mede os efeitos biológicos da radiação - os efeitos físicos são mensurados por outra unidade, chamada gray (Gy). A dose de radiação no tecido humano, em Sv, é encontrada pela multiplicação da dose medida em gray por outros fatores que dependem do tipo de radiação, parte do corpo atingida, tempo e intensidade de exposição.

sábado, 19 de março de 2011

Terapia genética tem sucesso para tratar Parkinson

Terapia genética pode vir a ser opção para tratar rigidez muscular, tremores e lentidão de movimentos, sintomas da doença de Parkinson.
Pesquisadores de sete centros dos Estados Unidos mostraram que a transferência de uma enzima chamada GAD (descarboxilase glutâmica), implantada diretamente no cérebro do doente, recupera parte de seus movimentos.
Esse foi o primeiro estudo bem-sucedido sobre transferência genética em Parkinson. Os resultados foram divulgados ontem na edição virtual do periódico médico "Lancet Neurology".
A doença de Parkinson provoca a degeneração dos neurônios na área da substância negra do cérebro, diminuindo a produção de dopamina e comprometendo o circuito nervoso envolvido na coordenação motora.
No trabalho, os pesquisadores de instituições como a Universidade de Stanford e Massachusetts General Hospital usaram um vírus como vetor da enzima GAD, responsável por produzir o neurotransmisor Gaba (ácido gama-aminobutírico), encontrado em pouca quantidade em quem sofre de doença de Parkinson.
Ao todo, 45 pessoas que tinham a doença havia mais de cinco anos foram divididas em dois grupos.
No primeiro grupo, a enzima foi injetada no cérebro. O neurotransmissor Gaba ajudou a regular o excesso de glutamato, causado pela diminuição da dopamina.
Os pacientes do outro grupo, em vez de material genético, passaram por cirurgia em que só receberam solução salínica inócua no cérebro.
Seis meses depois do experimento, houve recuperação de 23% dos movimentos nos pacientes tratado com a terapia genética.
No grupo-controle, a melhora foi de 12%. A hipótese dos autores é a de que o efeito placebo causou isso. PROMISSOR
Os resultados são "seguros, benéficos e promissores", diz o neurologista Henrique Ballalai Ferraz, da Unifesp. "Abre um rumo para que nos novos estudos sejam testados com mais pessoas. O caminho é por aí."
Ferraz afirma que a terapia genética poderá até substituir os atuais procedimentos cirúrgicos. "É menos invasiva e mais natural", compara.
Para Carlos Roberto de Mello Rieder, do departamento científico de transtornos do movimento da Academia Brasileira de Neurologia, falta comparar a eficácia dessa terapia com as tradicionais.
"O estudo mostrou um avanço. O próximo passo é checar se ele recupera mais do que o que já existe."
Para a neurologista Patrícia de Carvalho Aguiar, do setor de transtornos dos movimentos da Unifesp, o melhor é que a terapia se mostrou segura, mas falta provar a durabilidade dos efeitos.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Estudo desfaz associações entre exercício e lesão no joelho

Exercícios são bons para quase tudo, mas não para os joelhos --mostram algumas pesquisas e a ala de ortopedia de qualquer hospital.

Agora, uma revisão de estudos publicada em um periódico científico diz que atividade física não só não prejudica o joelho, mas ajuda a mantê-lo saudável.

Pesquisadores da Monash University, em Melbourne, Austrália, revisaram 28 estudos sobre atividade física e artrose no joelho --doença degenerativa que provoca o desgaste da cartilagem.

Ao todo, as pesquisas envolveram 10 mil pessoas, com idades entre 45 e 79 anos, e analisaram os efeitos no joelho de atividades como corrida e futebol. A conclusão surpreendente da revisão saiu no "Medicine & Science in Sports & Exercise".

A artrose é a lesão do joelho mais comum em idosos, mas problemas mais frequentes em jovens, como ruptura de ligamentos e do menisco, costumam causar esse desgaste no futuro.

Entre as causas que predispõem o joelho a lesões estão os esportes de alto impacto, principalmente se feitos sem orientação.

O objetivo do estudo era achar uma resposta mais clara sobre o tema, que gera pesquisas contraditórias. A conclusão dos pesquisadores é que a atividade física não leva à artrose. Ela aumenta o volume da cartilagem, protegendo o joelho.

Para Ricardo Cury, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho, a revisão é relevante por não haver consenso na literatura. "Esclarece dúvidas e confirma o benefício do exercício."

Já Arnaldo Hernandez, chefe de Medicina do Esporte e Cirurgia do Joelho do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas, critica o fato de a revisão só ter considerado o risco de artrose. "É uma limitação. Outros problemas como tendinites, lesões de menisco e ligamentos acontecem."

BICO-DE-PAPAGAIO

Outra conclusão é que o bico-de-papagaio, formação óssea anormal causada por esforço, é uma resposta saudável do corpo ao estímulo, e não evidência de artrose.

Para Cury, esse é um "achado" da revisão. Segundo o ortopedista, essa formação é vista como um dos sinais da presença de artrose.

"O estudo mostra que essa formação é uma reação adaptativa do corpo e que pode até aumentar a superfície de impacto e distribuir a pressão que o joelho recebe."

A relação entre exercícios e joelho tem dois lados, diz Cury. "A atividade física pode proteger, ao fortalecer musculatura que envolve a articulação." Mas, acrescenta, também pode provocar lesões, dores e inchaço.

Alguns exercícios expõem mais o joelho a lesões, caso do legpress. "Mas a mesa extensora é ainda pior. Pode agravar um problema em quem tem predisposição", diz Hernandez.

Outros tipos perigosos de movimento são o agachamento até o chão, algumas posturas de ioga, o futebol, por causa das trombadas e dos dribles, e a corrida sem orientação técnica.

Mas, lembra Cury, qualquer atividade física fortalece e traz ganhos para o corpo.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Pessoas que têm cachorro se exercitam mais, diz pesquisa

Se você procura a última palavra em equipamentos de exercício domésticos, considere algo com quatro pernas e um rabo que balança.

Vários estudos mostram que cachorros podem ser grandes motivadores para que as pessoas se mexam. Seus donos não apenas têm maior tendência a fazer caminhadas regulares como também novas pesquisas apontam que quem anda com um cão é mais ativo de forma geral comparado às pessoas que não possuem um.

Uma pesquisa descobriu inclusive que as pessoas mais velhas têm maior tendência a fazer caminhadas regulares se o companheiro de passeio for canino em vez de humano.

"Você precisa andar e seu cachorro também", diz Rebecca A. Johnson, diretora do centro de pesquisas da interação homem-animal da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade do Missouri. "É bom para os dois lados da guia".

Na semana passada, pesquisadores da Michigan State University relataram que, entre os donos de cachorros que levavam seus bichos para caminhadas regulares, 60% atendiam ao critério federal de exercícios moderados ou vigorosos. Quase metade das pessoas que caminhavam com seus cães se exercitava uma média de 30 minutos por dia, pelo menos cinco dias na semana.

Em comparação, apenas um terço das pessoas sem cachorro se exercita nessa intensidade.

Os pesquisadores monitoraram os hábitos de exercícios de 5.900 pessoas no Michigan, incluindo 2.170 donos de cães. Eles descobriram que cerca de dois terços das pessoas com cachorro levavam seus animais para caminhadas regulares, definidas como passeios de pelo menos dez minutos.

Ao contrário de outros estudos que analisam caminhadas e o fato de possuir cachorro, este também monitorou outras formas de exercício, buscando responder ao que o principal autor, Mathew Reeves, chamou de pergunta óbvia: se caminhar com o cão "acrescenta uma quantidade significativa de exercícios ou isso simplesmente substitui outro exercício que você teria feito".

Segundo Reeves, professor associado de epidemiologia da Michigan State, as respostas foram animadoras. As pessoas que caminham com seus cães tiveram, no geral, níveis mais altos de atividade moderada e vigorosa do que outros participantes. Além disso, elas tiveram maior tendência de participar de outras atividades físicas no seu período de lazer, como esportes ou jardinagem. Em média, foram cerca de 30 minutos por semana a mais do que quem não possui um cachorro.

Reeves, dono de dois mestiços de labrador chamados Cadbury e Bella, afirma não ter se surpreendido. "Há exercícios que são praticados lá em casa que não seriam feitos de outra forma", diz. "Nossos cães exigem que os levemos para passear às 22h, quando é a última coisa que queremos fazer. Eles não nos deixam em paz até que façam seu passeio".

Mas ter um cachorro não garante atividade física. Alguns donos do estudo não saíam para passear com seus cães e se exercitaram muito menos no geral do que quem caminhava com o cachorro ou não tem o animal.

A prática de passear com o cachorro foi mais predominante entre pessoas jovens e instruídas. Donos com idades entre 18 e 24 anos tiveram duas vezes mais probabilidade de caminhar com seus cães do que aqueles com mais de 65.

Pessoas com nível superior de ensino também tinham o dobro de chances de sair para passear com seus cachorros em comparação àquelas com menos instrução. Animais mais novos saíram mais para passear do que os mais velhos e os maiores (de 20 kg para cima) caminharam maiores distâncias do que os menores.

Os pesquisadores pediram aos donos que não saíam com seus cachorros para que explicassem o motivo. Cerca de 40% disseram que os bichos poderiam correr livres pelo quintal, então não precisavam sair, enquanto 11% dos pesquisados contrataram serviços de passeadores de cães.

Cerca de 9% disseram não ter tempo para sair com o cachorro e outros 9% disseram que os cachorros se comportavam muito mal ao saírem para passear. A idade do cão ou do dono também teve um efeito: 9% das pessoas disseram que o cachorro era velho demais para passear, enquanto 8% disseram ser velhas demais para levar um cão para passear.

"Muito mais passeios poderiam ser feitos", disse Reeves.

E a pergunta que continua é se ter um cachorro incentiva a atividade regular ou se quem é ativo e saudável simplesmente tem maior tendência a adquirir um cachorro como companheiro de caminhadas.

Estudo australiano de 2008, realizado no estado de Austrália Ocidental, trabalhou essa questão quando acompanhou 773 adultos que não tinham cachorro. 92 deles, ou 12% do grupo, haviam adquirido um cão após um ano. Ter um cachorro aumentou o tempo médio de caminhada em cerca de 30 minutos por semana, em comparação às pessoas sem cães.

Porém, em análise mais detalhada, os novos donos de cachorros eram bastante sedentários antes de adquirir o cão, caminhando cerca de 24% menos do que outras pessoas sem o animal.

Os pesquisadores descobriram que uma das motivações para adquirir um cachorro era o desejo de fazer mais exercícios. Antes da aquisição, os novos donos cronometraram uma média de 89 minutos de caminhada semanal, número que aumentou para 130 minutos semanais pelo fato de ter o cão.

Uma pesquisa com 41.500 moradores da Califórnia também analisou os hábitos de caminhada entre donos de cães e gatos, assim como os hábitos de pessoas que não possuíam animais. Donos de cachorros tiveram tendência 60% maior de caminhar por lazer comparados às pessoas que tinham um gato ou nenhum animal de estimação. Isso se traduziu em 19 minutos adicionais de caminhada por semana, em comparação a indivíduos sem cachorros.

Um estudo realizado no ano passado na Universidade do Missouri mostrou que, para fazer exercícios, cães são melhores companheiros de caminhada do que humanos. Num estudo de 12 semanas com 54 idosos numa casa de repouso, alguns selecionaram a companhia de um amigo ou cônjuge para caminhar, enquanto outros tomavam um ônibus diariamente para um abrigo local de animais, onde recebiam um cachorro para passear.

Para surpresa dos pesquisadores, quem caminhou com os cães teve melhora mais acentuada na capacidade física. A velocidade de caminhada entre os que andaram com o cachorro aumentou em 28%, comparado a apenas 4% entre os que passearam com humanos.

Johnson, principal autora do estudo, disse que as pessoas que caminharam com outras pessoas reclamaram do calor e conversaram umas com as outras durante os exercícios, mas aqueles que caminharam com cachorros não apresentaram essas desculpas.

"Eles ajudam a si mesmos ao ajudar o cachorro", disse Johnson, coautora do novo livro "Walk a Hound, Lose a Pound", a ser publicado em maio pela Purdue University Press. "Se temos um compromisso com um cão, isso faz com que nos comprometamos com a atividade física".

quarta-feira, 16 de março de 2011

"Prima" da dengue pode se espalhar no país

Pesquisadores do Rio e de Belém alertam para o risco de que a febre chikungunya, causada pelo mesmo mosquito que transmite a dengue, se espalhe pelo país.

Os médicos diagnosticaram um caso dessa febre a partir de testes sorológicos para a detecção de anticorpos do vírus da doença. O paciente é um surfista carioca de 41 anos, contaminado em uma viagem à Indonésia, em agosto de 2010.

O trabalho será apresentado durante o Congresso Brasileiro de Medicina Tropical, que acontece entre os dias 23 e 26 de março, em Natal (RN).

O vírus da doença é transmitido pelo mesmo mosquito da dengue, o Aedes aegypti. Como os sintomas são muito parecidos com os da dengue, a chikungunya pode chegar ao Brasil e não ser detectadas. A Organização Mundial de Saúde registra casos da febre na África e na Ásia.

Apesar de o problema ainda não existir no país -há três casos diagnosticados, todos de pessoas contaminadas no exterior-, pesquisadores estão alertas.

SEM SINTOMAS

Como a infestação de mosquito no país é alta, o temor é que o vetor espalhe o vírus.

"Trinta por cento dos casos da chikungunya são assintomáticos, o que pode contribuir para a dificuldade de bloqueio dos casos vindos de outros países, introduzindo a doença no Brasil", explica a infectologista Isabella Albuquerque, do Hospital São Vicente de Paulo (RJ), uma das responsáveis pelo diagnóstico do surfista.

A chikungunya tem quase os mesmos sintomas da dengue: febre acima de 39 graus, enjoo, vômitos, vermelhidão na pele e dores musculares. Uma das características que a diferencia da dengue é a dor forte nas articulações -algumas vezes, chega a ser confundida com artrite.

Ela não apresenta versão hemorrágica e seu índice de letalidade é baixo. Mas as dores nas articulações, nos casos mais graves, podem perdurar por até cinco anos.

Como na dengue, ainda não há medicamentos para combater a chikungunya. São usados anti-inflamatórios, analgésicos e antitérmicos para controlar sintomas.

De acordo com o virologista Pedro Vasconcelos, do laboratório de arbovirologia e febres hemorrágicas do Instituto Evandro Chagas (Ministério da Saúde), em Belém, a apresentação do trabalho no congresso é importante para alertar profissionais sobre os riscos de que a doença chegue ao Brasil. "Alguns nunca ouviram falar dela e outros desconhecem que já é possível fazer o diagnóstico aqui."

terça-feira, 15 de março de 2011

Doenças cardiovasculares são maior inimigo das mulheres, dizem médicos

As doenças cardiovasculares são o inimigo número um das mulheres. De cada dez, seis morrem de infarto, principalmente após a menopausa. E a maioria não tem consciência disso, pois concentra toda a preocupação em exames ginecológicos, como os de mama e do colo do útero.

Otávio Gebara, professor livre-docente da Faculdade de Medicina da USP.

Segundo Gebara, as doenças cardiovasculares matam seis vezes mais que o câncer de mama, por exemplo. E as brasileiras são líderes das Américas em acidente vascular cerebral (AVC): têm três vezes mais o problema que as americanas e canadenses.

Entre os principais fatores de risco das mulheres estão: hipertensão, colesterol, diabetes, obesidade abdominal, sedentarismo, cigarro e interação entre fumo e anticoncepcional (que a partir dos 30 anos pode causar trombose venosa e uma consequente embolia pulmonar). De acordo com o especialista, 90% dos riscos são determinados por esses fatores e pelo estilo de vida, contra 10% da carga genética. Ou seja, é possível mudar esse quadro.

Após a menopausa, o risco aumenta ainda mais: a mulher deixa de ter o corpo em formato de pera e passa a ser “maçã” . Isso significa que o depósito de gordura abandona as coxas e o bumbum para se concentrar ao redor do abdômen e na parte superior do corpo. Cinturas acima de 80 cm para o sexo feminino e de 94 cm para o masculino já devem acionar o sinal de alerta, de acordo com a Federação Internacional de Diabetes.

Ao lado do cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC) - divisão do peso pela altura ao quadrado -, a circunferência da cintura é usada para medir o risco cardiovascular de uma pessoa, pois é simples e de fácil acesso: basta uma fita métrica.

Coração a mil

Como prometido pelo Bem Estar na semana passada, o resultado do teste cardíaco de duas presidentes de escolas de samba de São Paulo foi divulgado. Antes da apuração das notas do carnaval, Angelina Basílio, da Rosas de Ouro, e Solange Bichada, da Mocidade Alegre, mostravam batimentos comportados: 86 e 76, respectivamente.

Nenhuma das escolas chegou à reta final como favorita, mas a expectativa provocou fortes emoções. “Não tem jeito, sou uma pessoa extremamente ansiosa, é da minha natureza”, disse Solange. Já Angelina recordou a festa de cinco anos atrás, quando perdeu no último quesito: bateria. “Comecei a sentir um calor infernal. Passei por um cardiologista, que constatou que eu não era hipertensa. Foi extremamente emocional”, lembrou.

Às 18 horas da última terça-feira (8), o resultado: Mocidade em sétimo e Rosas em oitavo. Como ficaram o coração das presidentes? Bateram forte, mas sem perder o ritmo. A frequência cardíaca de Solange chegou a 118 e a de Angelina, a 116 – valor considerado normal se levado em conta o momento de estresse e ansiedade pelo qual as duas passaram.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Médicos discutem novo modelo de formação, aliado à tecnologia

Como deve ser a formação dos profissionais de saúde nas próximas décadas? Como aproximar os médicos das demais áreas da saúde? De que forma as novas tecnologias de informação vão ajudar pacientes e instituições?

O debate em torno dessas questões já começou nas mais renomadas universidades do mundo, como Harvard e Cambridge.

Em artigo publicado no fim de 2010 na revista "Lancet", 20 pesquisadores afirmam que o atual modelo de formação, que consome anualmente US$ 100 bilhões em todo o mundo, não funciona mais.

Em junho, a SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina), entidade que gerencia uma série de unidades de saúde, como o Hospital São Paulo, promoverá um seminário internacional sobre o assunto.

As propostas vão desde mudanças na graduação -estudantes de medicina cursando disciplinas com alunos de enfermagem, por exemplo-, até a criação de sistemas híbridos de saúde, em que o trabalho em equipe seja mais valorizado.

DIVISÃO DE TAREFAS

Algumas iniciativas já delegam atividades, hoje restritas a médicos, a outros profissionais. O Conselho Internacional de Oftalmologia, órgão máximo da área, defendeu em dezembro que médicos treinem técnicos para operar catarata em países pobres. O modelo já está sendo testado na África.

Na China, há 250 milhões de pessoas com catarata. Para operá-las, seriam necessários 250 mil oftalmologistas-no mundo, há 150 mil.

"É preciso discutir qual será o profissional de saúde do século 21. O modelo da medicina do século 20, hospitalar e fragmentada, talvez não possa mais ser aplicado", diz o médico Rubens Belfort Júnior, professor Unifesp e presidente da SPDM.

Hoje, afirma ele, há muitos conflitos entre os diferentes profissionais da saúde. "A única forma de melhorar isso é fazer com que, desde a formação, haja uma cultura de trabalhar juntos em função do paciente em comum."

Para Julio Frenk, professor da Harvard School of Public Health e um dos autores do artigo no "Lancet", os problemas são sistêmicos e se ancoram na formação acadêmica deficiente e na valorização da medicina hospitalar em detrimento dos cuidados preventivos.

"Os esforços para corrigir isso não prosperaram, em parte em razão do "tribalismo" das profissões, que agem de forma isolada e concorrem umas com as outras."

Cláudio Lottenberg, presidente da Sociedade Israelita Albert Einstein, explica que, por causa do excesso de informações, é importante o médico trabalhar com profissionais que tenham competências específicas.

"Mas é difícil para o médico entender que ele não é o dono do processo. Não é simples para ele, até por traços de formação, saber dividir e admitir que precisa de mais gente para oferecer o que há de melhor para o paciente."

Oftalmologista, Lottenberg cita o próprio exemplo: "Parte do tratamento de uma catarata é comigo, mas tem parte que é de uma tecnóloga. Ela liga o aparelho, mede o grau do implante que vai ser colocado etc. "

Para Belfort Júnior, só haverá uma real mudança na formação em saúde quando os gestores (como o Ministério da Saúde) colaborarem, informando universidades sobre o perfil de profissional de que a sociedade precisa.

"Continuamos a ter mais de 90% das vagas de residência em ambiente hospitalar. Falta médico capaz de exercer medicina fora do hospital. Também falta suporte tecnológico para ele atuar."

domingo, 13 de março de 2011

Diabete sem dramas

Bem humorada, boa aluna na escola e uma fera no hipismo. Com 14 anos, a estudante Margot Oliveira coleciona bons resultados, mas um detalhe faz toda a diferença em sua história: há três anos, ela foi diagnosticada com diabete tipo 1. Ao invés de lamentar a doença crônica, ela decidiu enfrentar o problema e nem mesmo as mudanças na rotina da família viraram motivo de tristeza.

“A diabete não me atrapalhou em nada. Saio com minhas amigas, vou ao cinema, pratico esportes e tenho a vida comum de uma garota da minha idade. A única diferença está na hora de arrumar a bolsa. Não vou a lugar algum sem o glicosímetro [aparelho que mede a glicose no sangue] e o kit com insulina e seringas”, diz.

Margot descobriu a doença com 11 anos, por acaso, em uma consulta de rotina. “Foi muita sorte. Todos os anos fazia exames e nunca apareceu nada de diferente. Naquele ano, minha glicose estava tão alta que tive que refazer o exame. Foi aí que descobri a diabete tipo 1.”

Sem histórico do problema na família, a estudante conta que, na época, a surpresa foi grande. Por não ter qualquer sintoma, a adaptação foi bastante lenta. “No dia em que descobri, foi um baque e só conseguia pensar que, de um dia para o outro, teria que me furar, parar de comer doces e mudar a rotina da minha família.”

Hoje ela diz que se acostumou com as injeções de insulina diárias e as restrições alimentares, tudo com o apoio da família e dos amigos. “Desde o início, meus pais adequaram o cardápio, diminuíram o consumo de massas e doces e passaram a comprar refrigerantes e sucos diet, tudo para eu não me sentir sozinha. Minhas amigas desde então vivem no meu pé e sempre me cobram quando exagero ou como alguma coisa que não posso.”

Para garantir qualidade de vida – e evitar os puxões de orelhas das amigas –, ela garante que agora tem cuidado redobrado com a saúde. “O negócio é me cuidar. Decidi manter um ritmo de vida saudável, me alimentar bem, continuar praticando esportes e não deixar a doença me vencer. Tinha duas opções, ou perdia tempo me lamentando ou aceitava que a doença faz parte de mim, não tem cura e que tenho de conviver da melhor maneira com ela. Fiz esta escolha e sou muito feliz.”

Nanodiamantes são esperança no tratamento do câncer

Pesquisadores americanos anunciaram nesta quarta-feira a descoberta de uma maneira de atacar tumores em estágio avançado do câncer de mama e de fígado, utilizando uma potente droga quimioterápica aliada a minúsculas partículas de carbono conhecidas como nanodiamantes. A técnica foi testada em ratos, e mostrou que os nanodiamantes ajudam a doxorrubicina a penetrar no tumor - normalmente resistente ao medicamento - e reduzir seu tamanho. O estudo foi publicado na revista Science Translational Medicine.

Sem os nanodiamantes, a droga era rejeitada pelo corpo ou não conseguia atuar sobre o tumor - ou, pior ainda, acabava causando a morte do paciente se administrada em doses muito altas. "Este é o primeiro trabalho a demonstrar a importância e o potencial dos nanodiamantes no tratamento de cânceres resistentes à quimioterapia", indica a pesquisa. O estudo aponta o uso promissor do nanodiamante em humanos, já que a resistência à quimioterapia provoca o fracasso do tratamento em 90% dos casos de câncer com metástase.

"O mais interessante neste trabalho era quando aplicávamos uma dose ainda mais alta do medicamento, tão alta que matava todos os animais. Eles não sobreviviam o suficiente nem para concluir o estudo", destaca Dean Ho, da Universidade Northwestern, principal autor da pesquisa. "Mas, quando aplicávamos a mesma dose alta combinada ao nanodiamante, não apenas os animais sobreviviam, como a redução dos tumores era a maior que víamos no estudo", conta.

Ho diz ter se interessado pelo uso das partículas de carbono em combinação com medicamentos há mais de três anos, e passou a se concentrar nos nanodiamantes porque outras linhas de pesquisa no campo automotivo mostraram que eles funcionam bem combinados à água - um requisito básico para o uso médico. "Também percebemos que a forma do diamante é bastante útil, por ser uma estrutura muito organizada, o que é sempre bom para a biologia", explica Ho.

Os nanodiamantes são geralmente obtidos a partir de explosões, como em minas de carvão ou refinarias de petróleo. Suspeita-se que resultem também do impacto de meteoritos. "O que é melhor ainda (sobre os nanodiamantes), é que eles são praticamente um dejeto, que seria produzido de uma maneira ou de outra", diz o pesquisador. "Então, ao invés de jogá-los fora como qualquer subproduto (...), podemos obter partículas bastante uniformes com dois a oito nanômetros de diâmetro".

Ho reconhece que ainda serão necessários alguns anos antes que o tratamento seja disponibilizado no mercado de serviços médicos, e que é preciso testar a técnica em animais maiores antes de partir para cobaias humanas.

Relatório dos EUA diz que país tem quase 12 mi de sobreviventes de câncer

Washington, 10 mar (EFE).- O número de sobreviventes de câncer aumentou para 11,7 milhões em 2007 nos EUA, devido aos avanços na detecção da doença, segundo um relatório divulgado nesta quinta-feira.
O relatório, elaborado em conjunto pelos Centros para o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) e o Instituto Nacional do Câncer (NCI), destacou que o número de sobreviventes em 2001 foi de 9,8 milhões de pessoas, enquanto em 1971 foi de três milhões de pacientes.

Segundo o relatório, dos 11,7 milhões de sobreviventes de câncer em 2007, sete milhões tinham, pelo menos, 65 anos de idade enquanto, por outra parte, as mulheres somaram 54% do total.

Os pacientes com câncer de mama formaram o maior grupo de sobreviventes da doença (22%), seguidos pelos que sofriam de câncer de próstata (19%) e dos que tinham câncer colo-retal (10%).

Do total de sobreviventes, 4,7 milhões de pessoas tinham recebido o diagnóstico dez anos antes ou mais.

Para as autoridades americanas, um sobrevivente de câncer se define desde o momento em que recebe o diagnóstico até o final de sua vida.

Os autores do relatório assinalaram que o aumento no número de sobreviventes reflete muitos fatores, incluindo um crescimento na população da terceira idade, uma detecção adiantada do câncer, e melhoras nos métodos de diagnóstico, tratamentos e acompanhamento do paciente.

Arica White, especialista em epidemias do CDC, considerou que perante o aumento no número de sobreviventes de câncer é importante que os profissionais da saúde conheçam a fundo os assuntos que afetam os pacientes.

Por sua parte, o diretor do CDC, Thomas R. Frieden, disse em comunicado que estes dados apontam para "a boa notícia de que muitos estão sobrevivendo ao câncer e levando vidas saudáveis e produtivas".

Frieden enfatizou que a prevenção do câncer ou sua detecção em uma fase adiantada continuam sendo "extremamente importante" porque isso ajuda que alguns tipos de câncer possam ser tratados com eficácia.

Acrescentou que "não fumar, fazer atividade física regular, consumir alimentos saudáveis e moderar a ingestão de bebidas alcoólicas podem reduzir o risco de muitos cânceres".

sábado, 12 de março de 2011

Após 56 anos, EUA aprovam nova droga para tratar lúpus

A FDA (agência que regulamenta remédios nos EUA) aprovou na quarta-feira (9) a primeira droga nova para tratar lúpus em 56 anos, um marco que médicos especialistas dizem que pode estimular o desenvolvimento de outras drogas que são ainda mais eficazes no tratamento da doença autoimune.

Conhecida como Benlysta, a droga injetável é destinada a aliviar as crises e as dores causadas por lúpus, uma doença pouco compreendida e potencialmente fatal em que o organismo ataca seus próprios tecidos e órgãos.

A farmacêutica Human Genome Sciences Inc. passou 15 anos desenvolvendo o medicamento e deve comercializá-lo pela GlaxoSmithKline.

As empresas estimam que haja pelo menos 200 mil pacientes com lúpus nos EUA que poderiam ser beneficiados pela droga.

Mas os especialistas ressaltaram que a droga não é milagrosa: só funcionou em 35% dos pacientes norte-americanos testados e não foi eficaz em pacientes com a forma mais letal da doença. Além disso, não mostrou resultados positivos em afro-americanos, que são desproporcionalmente afetados pelo lúpus.

A agência regulatória disse em seu comunicado que vai exigir que os colaboradores da droga realizem outro estudo, exclusivamente com afro-americanos.

Betty Diamond, que estuda o lúpus há 30 anos, disse que Benlysta deve fornecer incentivo a pesquisadores e desenvolvedores de drogas.

"Ele vai enviar a mensagem de que é possível conduzir um ensaio clínico bem-sucedido sobre lúpus e isso é extremamente importante para manter a indústria farmacêutica interessada nessa doença", disse Diamond, pesquisadora do Instituto Feinstein, em Nova York.

Janice Fitzgibbon, 54, de McLean, na Virgínia, está tomando Benlysta há dois anos como parte do programa de ensaio clínico da droga.

"O medicamento me deu minha vida de volta", disse ela, depois de sofrer muito com a dor, a ponto de não poder levar seu cachorro para passear ou conduzir seus filhos à escola.

"É um pouco amargo para mim, pois tenho amigos com lúpus que tomam a droga, mas ela não funciona", disse Fitzgibbon. "Não existe um tratamento único para todos e eu estou extremamente feliz que o meu lúpus é leve e que Benlysta funciona comigo."

A FDA aprovou o medicamento para lúpus eritematoso sistêmico, a forma mais comum da doença. Mais do que 85% dos pacientes diagnosticados com a doença vivem mais de dez anos, de acordo com o National Institutes of Health.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Epidemia de dengue no AM já é segunda maior da história

A epidemia de dengue no Amazonas em 2011 já é a segunda maior da história do Estado. Segundo dados da Secretaria da Saúde, foram notificados até terça-feira (1º) 15.548 casos de dengue, dos quais 10.798 em Manaus.Nove mortes foram confirmadas pela doença --outras quatro estão sob investigação. Duas eram crianças e sete, jovens e adultos, segundo a secretaria.

A primeira epidemia de dengue no Amazonas ocorreu em 1998, quando 13 mil casos foram confirmados. Na ocasião, apenas o subtipo 1 circulava.

Em 2001, na segunda epidemia, 19 mil casos foram confirmados, com circulação dos subtipos 1 e 2 do vírus.

A atual epidemia é agravada pela circulação das quatro variações da doença, mas as mortes, segundo a secretaria, foram causadas pelos subtipos 1 e 2.

Hoje, a Susam (Secretaria da Saúde do Estado) começou a distribuir uma nota técnica a todas as unidades de saúde da capital e do interior. No documento, recomenda atenção ao paciente desde a recepção até a alta, além de priorizar o atendimento aos que apresentem sinais de gravidade de doença.

Os sintomas são dor abdominal, vômito, sangramentos, desmaios, agitação, muito cansaço, falta de ar, diminuição da quantidade de urina e queda de pressão.

Segundo a Susam, a epidemia acontece em Manaus e em Tefé. Outros sete municípios do Amazonas estão em situação de emergência.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Pesquisa da USP mostra como cigarro causa artrite

Um mecanismo que desencadeia a artrite reumatoide em fumantes foi identificado por pesquisa da FMRP (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto), da USP.
Já se sabia que quem tem predisposição genética e fuma pode sofrer dessa doença inflamatória crônica, que causa dores e rigidez matinal nas mãos e nos pés.
Agora, o estudo do biomédico Jhimmy Talbolt, defendido como dissertação de mestrado na última semana, revela como isso acontece.
Quando a pessoa fuma, uma das células do sistema de defesa -a TH17- é sensibilizada e fica doente.
Ao ser estimulada pelos hidrocarbonetos aromáticos da fumaça do cigarro, a TH17 passa a orientar o sistema de defesa a destruir articulações das mãos, pés, joelhos, punhos, cotovelos e tornozelo.
O professor de reumatologia da FMRP e orientador de Talbot, Paulo Louzada Junior, disse que o resultado pode ser o ponto de partida para o desenvolvimento de uma droga que reduza os sintomas da doença com mais eficiência ou até interrompa o processo de deterioração das articulações periféricas.
Segundo Louzada Junior, a artrite reumatoide atinge 1% da população adulta brasileira e a descoberta é inédita na literatura científica.
A pesquisa, com financiamento do CNPq e da Fapesp, acompanhou durante dois anos 138 pacientes com artrite reumatoide (metade fumante) e um grupo-controle com 129 pessoas sadias.
Foram comparadas as mutações genéticas do sangue de pacientes fumantes e não fumantes com o sangue do grupo-controle.
Essas informações foram relacionadas aos dados clínicos de cada um, constatando que a fumaça do cigarro e a célula TH17 estavam ligadas à artrite reumatoide.
"Em modelos experimentais em camundongos, constatamos que os receptores de hidrocarboneto arila [da fumaça do cigarro] provocavam o aumento do número das células TH17 e a piora da doença", diz Talbot.
Louzada Junior explica que o receptor da célula TH17 se danifica com a fumaça porque é sensível ao hidrocarboneto arila.
"Esse receptor elimina poluentes dentro do corpo. Só que, se tiver essa alteração genética, o sistema pode estimular a célula do sistema de defesa a causar a doença."
FATOR AGRAVANTE
Para o reumatologista José Goldemberg, da Unifesp, conhecer esse mecanismo possibilita tratar o problema com conhecimento científico. "Sem a "achometria", que é a medida do achismo."
Segundo Ari Halpern, reumatologista do hospital Albert Einstein, muitos estudos têm demonstrado relação entre o cigarro e a artrite e, entre os fatores que alteram o prognóstico da doença, o fumo é um dos mais importantes.

terça-feira, 8 de março de 2011

Mesa da Câmara estendeu benefícios de plano de saúde para os sem-mandato

BRASÍLIA - As benesses dos ex-deputados federais e ex-senadores não se restringem às boas aposentadorias, conforme revelou o Estado na semana passada. Ex-parlamentares contam com um sistema privilegiado de saúde. Na Câmara, os deputados aposentados têm direito a um plano de saúde familiar ao preço de R$ 280 por mês. No Senado, a mordomia é maior: ex-senadores usufruem pelo resto de suas vidas de um sistema de saúde bancado pelos cofres públicos. Os senadores no exercício do mandato não têm limite de gastos com saúde.

Ato da Mesa Diretora da Câmara de 27 de janeiro último permitiu que deputados não reeleitos e ainda não aposentados, mas que já estavam filiados ao plano de saúde, continuem com o benefício. Até agora, 18 ex-deputados optaram por permanecer no Pró-Saúde. A contribuição deles, no entanto, será em torno dos R$ 900 mensais.

Isso ocorre porque o deputado não reeleito tem de arcar com a parte patronal da Câmara para o plano de saúde.

O ex-deputado que está aposentado paga o valor de R$ 280 pelo plano de saúde. Essa é a mesma quantia paga pelos deputados com mandato e os servidores ativos e inativos da Câmara. O plano nesse valor beneficia toda a família do ex-deputado: a mulher e os filhos menores de 21 anos.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Estudos encontram vínculos genéticos com doenças cardíacas

Cientistas identificaram 13 novas variantes genéticas que elevam o risco de uma pessoa apresentar doença cardíaca, a maior causa de mortes no mundo, após uma série de estudos genéticos internacionais de grande escala.

A descoberta de 13 variações genéticas até agora desconhecidas e a confirmação de outras dez devem oferecer pistas para entender como se desenvolvem problemas cardíacos como a doença arterial coronariana e levar a tratamentos novos e mais eficazes, disseram os pesquisadores.

As descobertas também sugerem que futuramente pode valer a pena mapear o perfil de variantes genéticas para problemas cardíacos de pacientes, como parte do atendimento clínico de rotina, com vistas a oferecer planos mais personalizados de prevenção ou tratamento.

"Munidos dessa informação, provavelmente teremos condições melhores de identificar desde cedo na vida as pessoas com alto grau de risco, podendo então tomar rapidamente as medidas necessárias para neutralizar o risco excessivo", disse Themistocles Assimes, da Escola de Medicina da Universidade Stanford, nos EUA. Assimes é um dos muitos cientistas de vários países que participaram do estudo.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as doenças cardiovasculares são a maior causa de morte no mundo, provocando 17,1 milhões de mortes por ano. Bilhões de dólares são gastos todos os anos com aparelhos médicos e medicamentos para tratar essas doenças.

Já foi comprovado que fatores ligados ao estilo de vida, como tabagismo, consumo de álcool, alimentação pouco saudável e falta de exercício físico elevam o risco de ataques cardíacos e acidentes vasculares cerebrais, mas cientistas também vêm examinando mapas do DNA para identificar genes que também possam elevar o risco cardiovascular de pacientes.

Para este estudo, publicado no domingo no periódico Nature Genetics, juntamente com dois outros artigos sobre variantes de risco para doenças cardíacas, um consórcio internacional analisou dados de 14 chamados estudos de associação genômica anteriores, que analisam os perfis genéticos de pessoas.

Os pesquisadores examinaram os perfis genéticos completos de mais de 22 mil pessoas de origem europeia com históricos de doença cardíaca ou ataque cardíaco e de 60 mil pessoas saudáveis. O estudo foi quase dez vezes maior que o segundo maior estudo de genoma completo realizado até hoje.

Os pesquisadores disseram que os resultados mostram que, do total de 23 variantes conhecidas hoje, sete estão ligadas aos níveis de colesterol "ruim", ou LDL, e um é ligado à hipertensão --ambos fatores conhecidos de risco para doenças cardíacas.

Mas outras variantes não guardam nenhuma relação com fatores de risco cardiovascular conhecidos --fato que, segundo os cientistas, abre novas oportunidades para pesquisas e descobertas futuras.

Anti-inflamatório reduz risco de mal de Parkinson

Pessoas que tomam ibuprofeno, um remédio usado para aliviar dores, de duas a três vezes por semana têm 40% menos risco de ter mal de Parkinson.

A conclusão é de um estudo publicado no periódico "Neurology", feito com mais de 135 mil homens e mulheres e custeado pela Fundação Michael J Fox.

O trabalho envolveu pesquisadores da Harvard School of Public Health e do Research and Development at Parkinson's, no Reino Unido.

Já se suspeitava que os anti-inflamatórios poderiam ajudar a proteger contra o mal de Parkinson, mas ainda não estava claro qual remédio tinha esse benefício.

Os pesquisadores disseram que é difícil saber exatamente qual é o efeito do medicamento na morte de neurônios e como ele poderia afetar a ocorrência da doença, mas suspeita-se que o ibupofreno consegue bloquear o mecanismo de destruição dos neurônios e sua morte.

Eles afirmam também saber que mudanças inflamatórias no cérebro podem estar envolvidas na morte de células do cérebro, o que causa o mal de Parkinson.

No entanto, uma pesquisa recente, publicada no "British Medical Journal", ligou o uso diário e prolongado de ibuprofeno a um risco maior de infarto e derrame.

Por isso, especialistas dizem que ainda é cedo para recomendar o medicamento para proteger contra o mal de Parkinson por causa de seus possíveis efeitos colaterais, como sangramento gastrointestinal, e do risco de causar outras doenças.

domingo, 6 de março de 2011

Maioria dos brasileiros só vai ao médico quando está doente

Uma pesquisa do Ibope Mídia revela que 62% dos brasileiros só vão ao médico quando estão realmente doentes. O percentual é ainda maior entre os homens (64%). A pesquisa foi feita em nove capitais e no interior de São Paulo e das regiões Sul e Sudeste, com mais de 18 mil pessoas de 18 a 64 anos, entre agosto de 2009 e julho de 2010.

"No sistema único de saúde, a pessoa só vai mesmo quando está doente. O cara não vai ficar na fila para fazer uma revisão de rotina", diz Antonio Carlos Lopes, presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica. Já na rede particular, afirma, a proporção de pacientes que visitam o médico regularmente é maior.

A mesma pesquisa mostra que metade dos entrevistados (55% dos homens e 49% das mulheres) usa preservativos em novos relacionamentos. Para o clínico, a menor presença das campanhas contra a Aids na mídia tem levado a uma queda no número de pessoas que se protege durante as relações. "A tendência das pessoas é relaxar nessa prevenção."

Já as dietas são uma grande preocupação do brasileiro, segundo o estudo. Para 79%, é importante manter a forma física e 40% das mulheres diz estar sempre tentando perder alguns quilos, contra 29% dos homens. Os consumidores que verificam o conteúdo nutricional dos alimentos são minoria: 29% dos homens e 39% das mulheres. Produtos diet e light são preferidos por 23% dos brasileiros.

A dieta constante é um sinal de que ela não está funcionando. "Falta persistência ao brasileiro, isso é até um traço cultural", afirma Lopes.

A falta de interesse pelo conteúdo nutricional dos alimentos pode ser fruto da complicação dos rótulos. "Gorduras e açúcares poderiam ter mais destaque."

A medicina homeopática e a medicina caseira são confiáveis para 53% dos brasileiros e ainda mais (56%) entre as mulheres. "Quase 70% das doenças são simples e se curam sozinhas. O médico homeopata tem uma relação mais intensa com o paciente do que o alopata, por isso dá resultado", diz o médico. Já o chá receitado pela avó pode estimular a automedicação. "Como muitas vezes a pessoa se cura sozinha, acha que o chá funciona."