domingo, 31 de julho de 2011

Medicinas da dor, do sono, tropical e paliativa se tornam especialidades

Na ala destinada aos doentes terminais no Hospital de Apoio de Brasília, os quartos têm nomes de pássaros e flores. Não há placas para indicar que os pacientes ali têm doenças incuráveis. Tampouco há tristeza aparente nos cuidados do que se convencionou chamar de medicina paliativa, que será reconhecida como uma nova especialidade médica.

"Há muito a ser feito pelos pacientes nessas condições, acompanhar o doente no final da vida é algo bastante complexo", argumenta a médica Maria Goretti Sales Maciel, primeira presidente da Academia Nacional de Cuidados Paliativos, uma das defensoras da nova área de atuação reconhecida oficialmente.

Amanhã, o Diário Oficial da União (DOU) publicará resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) com as novas áreas de atuação: medicina paliativa, medicina da dor, medicina do sono e medicina tropical. Serão como subespecialidades, abertas a médicos especialistas em outras áreas mediante um ano extra de formação.

Acréscimo. Atualmente, o conselho reconhece um total de 53 especialidades e outras 53 áreas de atuação. "A gente entende que médico precisa ser médico antes de ser especialista, as especialidades são um acréscimo", responde o cirurgião plástico e diretor do CFM Antonio Pinheiro, integrante da comissão que analisa os pedidos de novas especialidades.

O País tem cerca de 350 mil médicos e quase metade deles (48%) é especialista em alguma coisa, diz Pinheiro. "A nossa graduação é frágil e algumas especialidades requerem três, cinco anos extras de estudos", explica o diretor do Conselho Federal de Medicina.

As novas subespecialidades serão reconhecidas ao mesmo tempo pelo conselho, pela Associação Médica Brasileira e pela Comissão Nacional de Residência Médica. Por determinação do convênio entre as três entidades, cada médico só poderá se apresentar como especialista em duas áreas de atuação. Cada uma delas exige, como pré-requisito, outro tipo de especialidade.

O reconhecimento da medicina paliativa acontece menos de um ano depois de a Justiça reconhecer a prática da ortotanásia, a suspensão do tratamento para prolongar a vida de pacientes em fase terminal de doenças incuráveis, desde que autorizada pelo próprio paciente ou seu responsável. Mas o pedido de reconhecimento da área de atuação é mais antigo, de acordo com Maria Goretti Sales Maciel. A cada ano, estima-se que 650 mil pessoas no País precisam recorrer a cuidados paliativos.

Estudo da Dor. A clientela potencial da área de atuação da medicina da dor seria muito maior, segundo cálculo do médico Nilton Barros, ex-presidente da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor: "Cerca de 60 milhões de brasileiros sofrem de dores crônicas", calcula o especialista.

A área foi ampliada e está aberta como superqualificação a especialistas em acupuntura, anestesiologia, neurocirurgia, neurologia, ortopedia e reumatologia.

Dor crônica é aquela que ultrapassa o período de três meses. "A dor é ainda pouco valorizada entre os profissionais da saúde, mas deveria ser considerada como o quinto sinal vital, ao lado do pulso, pressão, respiração e temperatura", avalia Barros.

Especialistas em medicina do sono terão como pré-requisito a especialização em neurologia, otorrinolaringologia, pneumologia e psiquiatria.

A medicina tropical, outra nova área de atuação, exigirá especialidade em infectologia. O estudo de doenças dos trópicos já teve grande destaque entre os médicos no passado, mas acabou absorvida pela infectologia.

"A intenção é proporcionar um ano extra de formação em doenças como malárias, hanseníase, febre amarela e a dengue, que precisam de um olhar especial", defende Juvêncio Duailib, chefe do Setor de Infectologia do Hospital de Heliópolis (SP) e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia.

"Serão tropicalistas, mesmo sem terem sido baianos ou tocado violão", disse o médico, sobre a denominação para os especialistas em medicina tropical. Ele lembra que antes do movimento tropicalista, que movimentou a cultura do País no final dos anos 60, o termo "tropicalista" já era usado pelos médicos.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

'Superanticorpo' pode resultar em vacina universal contra gripe

Cientistas encontraram um "superanticorpo", o FI6, capaz de combater todos os vírus da gripe tipo A em humanos e animais, e a descoberta pode abrir caminho para a produção de novos tratamentos antigripais.

Pesquisadores do Reino Unido e Suíça usaram um novo método para encontrar a "agulha no palheiro", e identificaram o anticorpo em um paciente humano capaz de neutralizar os dois principais grupos de vírus da gripe A.

É um passo preliminar, disseram eles, mas crucial para o eventual desenvolvimento de uma vacina universal contra a gripe.

Atualmente, os laboratórios precisam alterar todos os anos a composição das vacinas, de acordo com a cepa do vírus que estiver circulando -- um processo caro e demorado. Já a vacina universal poderia proteger as pessoas durante décadas, ou mesmo pela vida toda, contra todas as cepas de vírus da gripe.

A pesquisa foi realizada pelo Instituto Nacional de Pesquisa Médica do Reino Unido e pela empresa privada suíça Humabs, e seu resultado foi publicado nesta quinta-feira na revista "Science".

Nesse artigo, os pesquisadores explicaram que os anticorpos atingem uma proteína do vírus chamada hemaglutinina. Devido à sua rápida evolução, existem hoje 16 subtipos diferentes da gripe A, divididos em dois grupos. Os humanos geralmente produzem anticorpos contra um subtipo específico.

Pesquisas anteriores já haviam localizado anticorpos que funcionam com vírus do grupo 1 e com a maioria dos vírus do grupo 2, mas não com ambos.

A equipe anglo-suíça usou um método que aplica a cristalografia de raios X para examinar enormes quantidades de amostras de células do plasma humano, aumentando assim suas chances de localizar o anticorpo "universal," mesmo sendo ele extremamente raro.

Ao identificarem o F16, eles o injetaram em ratos e furões, e descobriram que protegia também os animais contra os vírus do grupo 1 e 2.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Começa a valer nesta quinta-feira a portabilidade de planos de saúde

As novas regras de portabilidade de planos de saúde, que foram estipuladas pela Agência Nacional de Saúde (ANS), começam a valer a partir desta quinta-feira (28) para os beneficiários de planos individuais ou familiares e coletivos por adesão. As operadoras de saúde tiveram até esta quarta-feira (27) para se adaptarem.

A Resolução Normativa nº 252 amplia as regras de portabilidade de carências e foi publicada no Diário Oficial da União em 29 de abril de 2011. Segundo a ANS, cerca de 13,1 milhões beneficiários poderão mudar de plano de saúde sem cumprimento de novos prazos de carência. "A medida aumenta o poder de decisão do consumidor, faz crescer a concorrência no mercado e, em consequência, gera melhoria do atendimento prestado ao beneficiário de plano de saúde", disse, em nota, o diretor-presidente da ANS, Mauricio Ceschin.

Segundo a ANS, a possibilidade de mudar de plano de saúde levando os períodos de carência já cumpridos já está em vigor desde abril de 2009 para os beneficiários de planos contratados a partir de 2 de janeiro de 1999. A medida foi adotada após a regulamentação do setor.

Morte do titular e extinção do plano
A agência considera que as maiores vantagens para o consumidor estão na extensão do direito para os beneficiários de planos coletivos por adesão e a instituição da portabilidade especial para clientes de operadoras extintas.

A ANS informou ainda que a abrangência geográfica do plano (área em que a operadora se compromete a garantir todas as coberturas contratadas pelo beneficiário) deixa de ser exigida como critério para a compatibilidade entre produtos. Dessa forma, o beneficiário de plano municipal poderá exercer a portabilidade para um plano estadual e também para um nacional.

O beneficiário de operadora que tenha seu registro cancelado pela ANS ou que esteja em processo de liquidação extrajudicial, caso a transferência compulsória de carteira tenha sido frustrada, terá direito à portabilidade especial. O beneficiário de plano de saúde em que tenha ocorrido a morte do titular do contrato também terá o mesmo direito.

Para o exercício do direito à portabilidade especial, foi fixado prazo de 60 dias, a contar da publicação de resolução operacional da diretoria colegiada da ANS.

No caso de morte do titular do contrato de plano de saúde, o prazo de 60 dias para exercício da portabilidade especial se inicia no dia do falecimento. Nesse caso, não há a necessidade de publicação de resolução operacional pela ANS.

Como usar a portabilidade
O sistema eletrônico usado pelos consumidores que desejam fazer a portabilidade de carências, estará atualizado com as novas regras previstas na resolução estará disponível para os clientes de planos de saúde a partir desta quinta-feira.

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quarta-feira, 27 de julho de 2011

Hospital das Clínicas, em SP, reabre centro de reprodução assistida

Fechado desde o incêndio no Hospital das Clínicas, no Natal de 2007, o centro de reprodução humana do HC reabre já com uma fila de espera de 500 casais.

O centro foi inaugurado há oito anos na primeira gestão do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), a um custo de R$ 3 milhões. Agora, R$ 1,23 milhão foi investido na reforma, iniciada em 2009.

Segundo Edmundo Baracat, professor titular de ginecologia da USP, a reforma foi necessária porque o centro teve de ser adaptado para atender a novas determinações da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). "A fumaça do incêndio danificou equipamentos do laboratório", diz ele.

Para as novas candidatas à FIV (fertilização in vitro), o limite de idade será de 38 anos. A decisão foi aprovada pela comissão de ética do HC porque, a partir dessa idade, as chances de gravidez ficam abaixo de 5% em razão da má qualidade dos óvulos.

Quando o centro foi inaugurado, em 2003, não havia limite de idade, e mais da metade das 8.000 mulheres inscritas tinha mais de 40 anos.

Baracat diz, porém, que mulheres acima de 38 anos poderão ser atendidas em protocolos especiais. Mas não haverá fertilização com óvulos doados --alternativa que mulheres mais velhas têm nos centros de reprodução privados.

"Não vamos mandar ninguém embora. Vamos atender e ver o que dá para fazer em cada caso. Pode ser que o problema [de infertilidade] de uma mulher de 40 anos seja tubário [trompas obstruídas], e nem precise de uma FIV", afirma Baracat.

100% PÚBLICO

O atendimento será 100% público. Os casais devem ser encaminhados por unidades de saúde do SUS. Todo custo será bancado pelo governo do Estado. Nas clínicas privadas, cada ciclo de FIV custa de R$ 10 mil a R$ 20 mil.

A previsão inicial será realizar de 20 a 40 ciclos de fertilização por mês, além de tratamentos menos complexos. A partir de 2012, a meta é atingir 80 ciclos mensais. Quando o centro foi fechado, havia mais de mil casais à espera de tratamento.

O ginecologista Paulo Serafini, diretor do centro, afirma que todos foram chamados para continuar o tratamento. "Mas muitos engravidaram em outros centros, outros se divorciaram, outros não foram encontrados porque mudaram de endereço."

LISTA DE ESPERA

A manicure Maria Noêmia Rodrigues, 36, espera desde 2004 a chance de fazer uma fertilização in vitro no HC. Mãe de uma filha de 22 anos, ela tem apenas uma trompa, que está obstruída.

Maria Noêmia diz que estava inscrita no centro de reprodução (tem documento que atesta isso), mas afirma que não foi chamada pelo HC. "Dá uma angústia de ver o tempo passando e não saber quando vai acontecer."

Baracat garante que as mulheres que já estavam na fila terão prioridade. Sobre o caso da manicure, diz que pode ter havido algum problema em contatá-la.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Cirurgia inédita pouco invasiva reconstrói uretra em SP

O Centro de Referência da Saúde do Homem fez a primeira cirurgia de urgência que utiliza procedimento pouco invasivo em reconstrução da uretra --canal condutor da urina-- em São Paulo.

Com uma pequena incisão de cerca de 1 cm abaixo do umbigo do paciente, a equipe médica do centro reconstruiu a uretra em cirurgia de 40 minutos.

O paciente que passou pelo procedimento rompeu a uretra após cair de uma escada.

Com a ajuda de um endoscópico flexível, os médicos conseguiram "navegar" por dentro da bexiga do doente até chegar ao canal rompido e realinhá-lo. Eles acompanharam o procedimento por um monitor de vídeo.

Na cirurgia convencional, conhecida como "aberta", o paciente recebe cortes no abdômen e permanece em repouso por, no mínimo, 30 dias. Além disso, é necessário o uso de sonda por três meses, o que faz crescer o risco de infecções.

O método utilizado no Centro do Homem diminui pela metade o desconforto pós-operatório e o tempo de utilização do dreno para urinar. Além disso, a pessoa operada volta à vida profissional mais rápido.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Rumos novos para a dieta

Uma pesquisa recente da Universidade de Harvard deve mudar a forma como se encaram as dietas. O estudo, que é de longe a análise a longo prazo mais detalhada sobre os fatores que influenciam o ganho de peso, envolveu 120.877 homens e mulheres com educação formal que eram saudáveis e não obesos no início do acompanhamento. A conclusão aponta os alimentos que mais engordam, os que ajudam a emagrecer, e traz pistas sobre o papel de exercícios, sono, televisão, fumo e consumo de álcool.Os participantes do estudo foram acompanhados de 12 a 20 anos. A cada dois anos, eles completavam questionários muito detalhados sobre seus hábitos alimentares e peso. A análise examinou como uma gama de fatores influenciava o ganho ou a perda de peso durante cada período de quatro anos do estudo. O participante médio ganhava 1,51 quilos a cada quatro anos, para um ganho total de peso de 7,62 quilos em 20 anos

“Esse estudo mostra que o senso comum – comer tudo em moderação, comer menos calorias e evitar alimentos gordurosos – não é a melhor abordagem”, afirma o Dariush Mozaf­farian, cardiologista e epidemiologista na Faculdade de Harvard de Saúde Pública e principal autor do estudo. “Só contar as calorias não importa muito a não ser que você veja que tipos de calorias você está ingerindo”, diz ele, assinalando que não são verdadeiras as afirmações da indústria alimentícia de que não há alimentos prejudiciais.

Exercícios e dieta

O estudo demonstrou que atividade física tem realmente os benefícios esperados para o controle de peso. Aqueles que se exercitaram menos durante o curso do estudo tenderam a ganhar mais peso, ao contrário dos que aumentaram sua atividade.

Aqueles com o maior aumento de atividade física ganharam 790 gramas a menos do que o restante dos participantes em quatro anos.

Mas os pesquisadores descobriram que os tipos de alimentos que as pessoas ingeriam tinham um efeito geral muito maior nas mudanças do que a atividade física. “Tanto os exercícios quanto a dieta são importantes para o controle do peso, mas se você é razoavelmente ativo e ignora a dieta, você ainda pode ganhar peso,” diz Walter Willet, presidente do departamento de nutrição da Faculdade de Harvard de Saúde Pública e um dos coautores do estudo.

Alimentos

Os alimentos que mais contribuíram para o ganho de peso não foram nenhuma surpresa. Batatas fritas estavam no topo da lista: Um maior consumo desse alimento sozinho já estava relacionado a um aumento médio de 1,5 quilo em cada período de quatro anos. Outros contribuintes importantes foram batatas chips (770 gramas), refrigerantes com açúcar (450 gramas), carnes vermelhas e processadas (430 e 420 gramas, respectivamente), outras formas de batatas (250 gramas), doces e sobremesas (180 gramas), grãos refinados (170 gramas), outros alimentos fritos (145 gramas), suco de fruta concentrado (140 gramas) e manteiga (130 gramas).

Também não foi grande surpresa os alimentos que resultavam em perda ou manutenção de peso quando consumidos em grandes quantidades durante o estudo: frutas, vegetais e grãos integrais. Comparados com os que mais ganharam peso, os participantes do estudo que perderam peso consumiram 3,1 porções a mais de vegetais por dia.

Mas ao contrário do que muitos acreditam, um maior consumo de laticínios, desnatados (leite) ou integrais (leite e queijo) teve um efeito neutro no peso.

Iogurte e sementes

E, apesar dos conselhos convencionais de evitar gorduras, a perda de peso foi maior entre os que comiam mais iogurtes e sementes oleaginosas (nozes, amêndoas, castanhas), incluindo manteiga de amendoim, por provavelmente retardar o retorno da fome.

Que o iogurte, de todos os alimentos, seja o mais fortemente relacionado à perda de peso, foi a descoberta dietética mais surpreendente do estudo, segundo os pesquisadores. Participantes que comiam mais iogurte (que contém bactérias saudáveis) perderam uma média de 370 gramas a cada quatro anos. “As bactérias aumentam a produção de hormônios in­­testinais que produzem saciedade e diminuem a fome”, explica Frank B. Hu, especialista em nutrição na Faculdade de Harvard de Saúde Pública e coautor da nova análise. As bactérias podem também aumentar a taxa metabólica do corpo, facilitando o controle do peso.

domingo, 24 de julho de 2011

Ultrassom para medir a pressão

Cientistas holandeses estão testando um método que promete fornecer um retrato mais detalhado da pressão arterial e das condições dos vasos sanguíneos. O objetivo é contribuir para aprimorar o diagnóstico de doenças cardiovasculares, como o infarto e o acidente vascular cerebral – duas das mais incidentes enfermidades na atualidade.

Criada por pesquisadores da Eindhoven University of Technology, a técnica consiste no uso de um aparelho de ultrassom capaz de obter dados como a velocidade do fluxo sanguíneo dentro das artérias e o estado de integridade das paredes que as revestem. “Todas as informações recolhidas são processadas por um modelo matemático que criamos”, explicou à ISTOÉ o cientista Frans Van de Vosse, um dos responsáveis pelo desenvolvimento do método, em conjunto com Nathalie Binjnens. “Os resultados informados servem para indicar se há a instalação prematura da aterosclerose”, disse, referindo-se à doença caracterizada pelo acúmulo de gordura dentro dos vasos.

Além disso, a técnica permite captar a pressão em lugares distintos do corpo, diferentemente do método habitual de colocação do medidor no braço. “Para obter uma medida rápida, esta alternativa é perfeita”, diz Van de Vosse. “Mas para conseguir uma impressão mais detalhada, principalmente de pontos localizados em outras regiões, não.”

Os testes feitos em laboratório demonstraram que a técnica, não invasiva, apresenta a mesma eficácia de métodos invasivos, que se baseiam na introdução de aparelhos para captar a pressão intravascular. Os pesquisadores preparam-se para iniciar os estudos clínicos.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Hospitais públicos classe A

Quando se fala em Sistema Único de Saúde, é comum ouvir a reclamação de que falta dinheiro para se garantir o bom atendimento. Dois hospitais da região metropolitana de São Paulo, entretanto, estão provando que é possível atender bem ainda que com verba restrita. São eles o Hospital Geral Pirajussara, em Taboão da Serra, e o Hospital Estadual de Diadema. As instituições são as primeiras dentro do sistema de saúde pública brasileiro a receber a Acreditação Canadense, um dos principais reconhecimentos internacionais que atestam a existência de um atendimento com ótimos padrões de segurança para o paciente. Os outros dez centros que receberam a certificação são privados.

O título é uma coroação ao modelo de gestão adotado pelas instituições. Em geral, a lógica hospitalar funciona centrada na figura do médico. O que hoje se contesta é que esse excesso de responsabilidade em uma só pessoa favorece a ocorrência de erros. Por isso, incentiva-se o compartilhamento de conhecimento e responsabilidades e o aumento do diálogo entre as diversas áreas de um hospital, além da criação de métodos para registro e controle dos procedimentos. E é essa a filosofia corrente nos dois hospitais. Um exemplo é a dupla checagem do remédio dado ao paciente – atitude tomada por ambos. Hoje, 80% dos erros em hospitais são de medicação – seja na compra, seja no receituário ou na administração. Para evitar o engano, dois profissionais (geralmente, farmacêutico e enfermeiro) checam se a droga ministrada é a mesma da receita e se a dose está correta.

Na verdade, a maior parte das medidas voltadas à segurança do paciente é simples. “São procedimentos com custo pequeno, mas capazes de evitar problemas sérios”, diz Rubens Covello, superintendente médico do Instituto Qualisa de Gestão, órgão responsável pela acreditação nacional. O cotidiano dos dois hospitais deixa isso claro. “Criamos protocolos e fluxos que todos os funcionários têm de seguir, da hora que o paciente entra até a alta”, explica Mário Kono, superintendente do Hospital de Diadema. Isso significa que, além de registrar tudo o que ocorre com o doente, há regras básicas para cada tipo de atendimento. Por exemplo, em uma cirurgia, antes da anestesia, o médico, obrigatoriamente, faz a marcação, junto com o paciente, da área a ser operada. Isso evita que o órgão ou membro errado sejam operados.Outra precaução é anotar o número de identificação da pulseira, e não apenas o nome. “Já aconteceu de termos pacientes com o mesmo nome e sobrenome lado a lado nos leitos da enfermaria”, diz Sandra Turati, gerente médica no Pirajussara. “Por isso é importante registrar o número da pulseira, para evitar que o remédio de um seja ministrado ao outro.” Chama a atenção também nos hospitais o esforço para a comunicação, tanto entre as equipes quanto dos profissionais com os pacientes. “A pessoa tem de saber o que está acontecendo com ela, quem é o médico que a está acompanhando e qual seu tratamento”, fala Sandra.

O impacto dos cuidados é sentido pelos pacientes. “O hospital é bem organizado”, disse a aposentada Júlia Damázio Bastos, 66 anos. Vizinha do Hospital de Diadema, ela esteve na instituição recentemente para acompanhar o neto Bruno, de 10 meses, internado devido a uma infecção no pulmão. Menos problemas também significam economia. Pesquisas realizadas em países como Nova Zelândia e Estados Unidos calculam que cerca de 30% do recurso destinado à saúde – seja ele de origem pública ou privada – vai para o ralo por causa de erros no atendimento ao paciente. “Quem faz errado uma vez faz duas”, diz José Márcio Salomão, superintendente do Hospital Pirajussara. Só nos EUA, onde essa situação é mais bem documentada, estimam-se 100 mil mortes todos os anos causadas por erros na administração de medicamentos ou no tratamento, por exemplo.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Casos de hepatite C têm aumento de 255%

Com o objetivo de agilizar o diagnóstico e o tratamento de hepatite dos tipos B e C em todo o País, o Sistema Único de Saúde (SUS) passa a oferecer, a partir de agosto, testes rápidos para a detecção da doença. Em Fortaleza, de 2007 a 2010, houve um crescimento de cerca de 255% no número de casos do tipo C da doença, segundo dados do Sistema de Notificação de Agravos (Sinan).

Os exames, cujos resultados sairão em 30 minutos, serão disponibilizados inicialmente nos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA´s) das Capitais brasileiras. Em Fortaleza, a equipe do CTA Carlos Ribeiro irá passar por um treinamento de capacitação para a realização dos testes no próximo mês, contudo não há previsão de quando o serviço estará disponível.

Embora os números de 2010 ainda não estejam fechados, as notificações da hepatite tipo C saltaram de 65 para 231 nos últimos três anos em Fortaleza. Os casos de hepatite B também cresceram neste mesmo período, saindo de 119 notificações em 2007 para 231 em 2010, um aumento de 94,11%. O cálculo de casos do tipo B da doença no ano passado em Fortaleza também não está concluído.

O diagnóstico precoce, possível com a realização do teste rápido, ajuda a evitar a transmissão da doença e amplia a eficácia do tratamento.

"O teste é muito importante porque imediatamente as pessoas que tiverem o resultado positivo poderão ser tratadas e mais rápido será a locação de recursos para o tratamento. A hepatite é uma doença que tem cura, então quanto mais cedo for diagnosticada maiores as chances de cura", explica a coordenadora do CTA Carlos Ribeiro, Fátima Salgueiro.

Atendimento

Hoje, os resultados de diagnóstico de hepatite B e C levam de dez a 20 dias para ficarem prontos. De janeiro a junho de 2011, foram solicitados cerca de 1.890 exames de triagem para os tipos B e C da doença no CTA de Fortaleza.

Já no Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará (Lacen), onde é feita a confirmação do diagnóstico, foram realizados neste ano 44.577 exames para hepatite A, B e C, uma média de 7.429 por mês. Os números abrangem a Capital e os municípios de Juazeiro do Norte, Crato, Tauá, Senador Pompeu e Icó.

Para a realização do teste rápido é necessário apenas uma gota de sangue do paciente. Como os exames disponibilizados são de triagem, aqueles que apresentarem resultado positivo para hepatite B ou C serão encaminhados para a rede de saúde a fim de que o diagnóstico seja concluído.

Os pacientes que passarem pelo teste receberão aconselhamento antes e depois do exame.

Uma das maneiras mais seguras de se proteger contra a doença é por meio da vacinação. No entanto, o SUS disponibiliza apenas imunização contra a hepatite tipo B. Assim, a população deve procurar as clínicas particulares para obter as demais vacinas relacionadas à patologia.

Fique por dentro
Transmissão

Hepatite é o termo usado para a doença de infecção no fígado que pode ser causada por medicamentos, vírus ou consumo excessivo de bebidas alcoólicas. Os tipos B e C são os mais preocupantes. O vírus da hepatite B (VHB) é transmitido quando o sangue contaminado penetra na corrente sanguínea. O VHB pode ser encontrado no sangue, na saliva, no sêmen, na secreção vaginal, no fluxo menstrual e no leite materno. Perda de apetite, febre, urina de cor marrom escura e olhos e peles amarelados estão entre os sintomas. Já a hepatite C, na grande maioria dos casos, não apresenta sinais na fase aguda ou, se ocorrem, são semelhantes aos de uma gripe. A hepatite C pode ser contraída pelo contato da pele, sangue e mucosas com a secreção corporal de alguém portador do HCV.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Droga de efeito devastador alarma médicos nos EUA

Com o singelo rótulo de "sais de banho", uma droga devastadora, que entrou nos Estados Unidos há cerca de um ano, disseminou-se e agora alarma médicos por causa de seus efeitos psicóticos e paranoicos. Trata-se de uma mistura de substâncias jamais testada em humanos, cuja fórmula foi banida em 28 dos 51 Estados americanos, mas ainda não tem veto do governo federal.

Em 2010, a Associação Americana de Centros de Controle de Envenenamento (AAPCC, em inglês) registrou 303 pessoas atendidas em hospitais por contaminação pela droga. Esse total subiu para 3.470 no primeiro semestre deste ano.

"Se você misturar todos os piores efeitos da cocaína, do LSD, do PCP e do ecstasy terá um resultado comparável ao dos sais de banho", descreveu Mark Ryan, PhD em Farmácia e diretor do Centro de Envenenamento de Louisiana, ao Estado.

Em geral, a droga é fabricada com base em duas substâncias: a metilenodioxipirovalerona (MDPV) e a mefedrona. A primeira é uma substituta química da catinona, composto estimulante do khat, uma planta do norte da África cuja venda é ilegal nos EUA, mas usada em vários países como base de defensivos agrícolas ou repelente de insetos.

Apesar das proibições nos 28 Estados, o acesso à droga é fácil no país. Pode ser encontrada na internet, em lojas de conveniência e até entre os verdadeiros sais de banho, com sugestivos nomes: Pomba Vermelha, Seda Azul, Zoom, Nuvem Nove, Neve Oceânica, Onda Lunar, Céu de Baunilha e Furacão Charlie.

Mas seus preços os diferem dos sais despejados nas banheiras. Um pacote de 50 mg custa, em média, US$ 30 (R$ 47,40), mas pode chegar a US$ 100 (R$ 158). Segundo Ryan, 51% dos casos de contaminação por essa droga foram reportados na Louisiana. Porém, há registros preocupantes em todo o país. O Centro Regional de Envenenamento de Kentucky, por exemplo, anotou casos de pacientes "completamente fora da realidade" internados em hospitais depois do uso dos sais de banho.

Usuários têm sido levados aos prontos-socorros por comportamento violento, pressão sanguínea elevada, alucinações e crises paranoicas. Geralmente, são internados no setor psiquiátrico.

Fabricação. A droga é fabricada nos EUA com base em substâncias importadas de países como a China e a Índia. A agência antidrogas americana (DEA) baniu temporariamente cinco substâncias usadas na fabricação de maconha sintética enquanto não há uma lei definitiva.

Um senador da Pensilvânia pediu à DEA iniciativa similar para os produtos químicos dos sais de banho, mas não obteve resposta ainda. Outro, de Nova York, apresentou um projeto em fevereiro para classificar os sais de banho como droga de maior controle, ao lado da cocaína.

No continente europeu, a droga foi banida há cinco anos.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Cerca de 4 milhões de pessoas são infectadas pela hepatite C por ano

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que de 3 milhões a 4 milhões de pessoas são infectadas pela hepatite C a cada ano em todo o mundo e que de 130 milhões a 170 milhões desenvolvem a forma crônica, e correm risco de ter cirrose ou câncer de fígado. Segundo a organização, mais de 350 mil morrem em decorrência da hepatite C todos os anos.

De acordo com a OMS, a doença está espalhada em todo o planeta. O Egito, Paquistão e a China são as nações com a mais alta incidência da hepatite C. Nesses países, a transmissão ocorre principalmente pelo uso de seringas e equipamentos contaminados com o vírus da doença.

A hepatite C é transmitida pelo contato com o sangue de uma pessoa contaminada por meio de transfusão de sangue, de mãe para filho durante a gravidez e compartilhamento de seringas ou objetos que furam ou cortantes, como alicates de unha e aparelhos usados em cirurgias, tatuagens, piercing e acupuntura. A transmissão pode ocorrer pela relação sexual sem camisinha, mas é uma forma mais rara de infecção, segundo a OMS.

A organização estima que 80% das pessoas não apresentam sintomas. Por ser uma doença silenciosa, a recomendação é consultar um médico com frequência. Quando os sintomas aparecem, os mais comuns são cansaço, tontura, enjoo, vômitos, febre, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.

Não existe vacina contra a hepatite C. O tratamento é a base de antivirais, como o interferon. No entanto, segundo a OMS, o acesso ao medicamento não é universal e muitas pessoas abandonam a terapia.

A partir desta segunda-feira (18), entram em vigor novas diretrizes para o tratamento da doença no Brasil, entre elas, a que permite ao paciente prolongar o tratamento, por até 72 semanas, na rede pública sem precisar do aval de uma comissão médica.

domingo, 17 de julho de 2011

Déficit de atenção ou apenas infância?

A sigla põe medo em muitos pais, mas nem tudo o que se fala sobre o Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), seus sintomas e formas de tratamento, condiz com a realidade. O caderno Saúde fez uma lista com as principais dúvidas sobre o problema e consultou especialistas para ver o que é verdade e o que não passa de crendice. Veja o resultado:

Todas as crianças com o transtorno são hiperativas.

Mito. Há três tipos de TDAH. O predominantemente hiperativo é caracterizado por crianças que não param quietas, são impulsivas, estão sempre agitadas, são rotuladas como “bagunceiras”, ficam impacientes durante as aulas, vivem mexendo as mãos e os pés, não respeitam limites, falam demais e rapidamente e querem fazer várias coisas ao mesmo tempo. O predominantemente desatento é aquele em que a criança é muito dispersa e distraída, vive “no mundo da Lua”, esquece de passar recados, deixa o material escolar em casa, costuma perder objetos pessoais e tem dificuldade de se manter focada nas atividades cotidianas. O combinado tem sintomas dos dois tipos.

O transtorno tem forte herança genética e é um problema tipicamente masculino.

Verdade. Cerca de 88% das crianças com TDAH têm pelo menos um dos pais com o problema e 80% dos pacientes são meninos. Em geral, as meninas têm o tipo predominantemente desatento, enquanto eles são mais o hiperativo ou o combinado.

O diagnóstico é clínico.

Verdade. Como o transtorno envolve circuitos nervosos variados, que diferem de uma pessoa para outra, não há exames de imagem que consigam identificar o problema. Por isso, o diagnóstico é feito a partir de uma entrevista com os pais, observação da criança e consequente avaliação do neuropediatra.

Todas as crianças com o problema têm problemas de aprendizagem.

Mito.Os casos mais comuns são de crianças que vão mal na escola, mas isso não é uma regra e há várias com notas excelentes. A diferença é que o transtorno leva a uma dificuldade de a criança seguir uma rotina de aprendizado. Por isso, tirar uma nota 9 ou 10 exige um esforço e uma disciplina de estudo muito maiores do que seria necessário para outros.

Este é um problema recente, fruto do uso de computadores.

Mito. O transtorno foi descrito pela primeira vez na literatura médica no final do século 18, muito tempo antes da invenção do computador.

Toda criança muito agitada tem o transtorno.

Mito. Há várias crianças que, naturalmente, são mais ativas e agitadas que as demais. Pesquisas mostram que crianças até os 7 anos conseguem prender sua atenção a uma atividade por apenas 10 minutos. A partir dessa idade, o normal é que sejam 20 minutos sem se dispersar. Na dúvida, encaminhe a criança a um médico neurologista para que ele faça uma avaliação.

Problemas emocionais podem dar origem ao TDAH.

Mito. Grandes mudanças ou situações que causem estresse, como a separação dos pais, a morte de uma pessoa próxima ou a chegada de um irmãozinho, podem agravar o quadro de quem tem o problema, mas não dão origem ao transtorno.

Os sintomas geralmente são percebidos na infância.

Verdade. Como as principais manifestações aparecem no dia a dia da criança na escola, é comum que os pais notem os sintomas a partir dos 6 anos.

O remédio para tratar o problema causa dependência.

Mito. A medicação com uso clínico, dentro das quantidades recomendadas pelos médicos, não vicia. O problema é o abuso, que pode levar à dependência a longo prazo.

Terapia pode substituir a medicação.

Mito. O TDAH é uma doença neurobiológica e não um problema psicológico. Por isso, o acompanhamento com psicólogos e psicopedagogos é uma forma de amenizar alguns sintomas e ajudar a criança a manter uma rotina e aprender novas estratégias para desenvolver suas atividades, mas os resultados mais rápidos e duradouros são vistos a partir do uso da medicação.

Uso de calmantes (sintéticos ou naturais) faz com que a criança dispense a medicação.

Mito. Nada substitui os medicamentos receitados pelo médico.

O tratamento de TDAH dura a vida toda.

Nem Mito, nem verdade. Isso varia de caso para caso. Há crianças que tomam a medicação por alguns meses ou anos, se livram dos sintomas, dispensam os remédios e passam a fazer apenas acompanhamento periódico. Outras permanecem com o transtorno na adolescência e há aquelas que manifestam o problema na vida adulta.

Fontes: Fábio Barbirato, chefe do setor de Neuropsiquiatria da Infância e Adolescência da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro; Pedro Paulo Porto Junior, médico neurologista do Hospital Albert Einstein, em São Paulo; Lúcia Helena Coutinho dos Santos, médica neurologista infantil e professora do departamento de Pediatria da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

sábado, 16 de julho de 2011

Médicos definem cronograma de paralisação; 6 planos são afetados

As associações que representam os médicos em São Paulo, que decidiram no último dia 30 paralizar o atendimento a parte dos planos de saúde, definiram o cronograma de paralisação, que começa em setembro.

As que sofrerão com as paralisações são: Gama Saúde, Green Line, Intermédica, ABET (de uma empresa de telefonia), Companhia de Engenharia de Tráfego e Notredame.

Inicialmente dez planos seriam afetados, mas quatro deles --Porto Seguro, da Caixa Econômica Federal, Cassi (Banco do Brasil) e Embratel-- passaram a negociar com as entidades de classe e o atendimento a eles não será mais interrompido.

A paralisação, por tempo indeterminado, afetará apenas uma especialidade médica por vez. Por exemplo: em uma semana, clínicos gerais deixarão de atender por três dias esses convênios. Na seguinte, é a vez dos oftalmologistas, e assim por diante.

Pelo cronograma de paralisação definido ontem, ginecologia e obstetrícia devem parar entre 1º e 3 de setembro, otorrinolaringologia entre 8 e 10 de setembro, pediatria entre 14 e 16 de setembro, pneumologia entre 21 e 23 de setembro e cirurgia plástica entre 28 e 30 de setembro.

Os anestesiologistas também vão parar acompanhando as áreas que estiverem no rodízio. Por exemplo: vão interromper os procedimentos ligados à ginecologia na primeira semana, os ligados a otorrinolaringologia na segunda semana, e assim por diante.

As urgências e emergências não serão afetadas.

NEGOCIAÇÃO

No último dia 7 de abril, os médicos já haviam realizado uma paralisação nacional que afetou todos os planos de saúde. No dia, eles atenderam apenas urgências e emergências.

Desde então, as entidades que representam a categoria dizem tentar negociar com 15 operadoras, que foram escolhidas aleatoriamente em uma primeira rodada de negociações.

As que sofrerão boicote não responderam às solicitações de negociação ou não informaram o quanto pretendem reajustar.

Os médicos querem passar a receber dos planos R$ 80 por consulta. Hoje, dizem, recebem em média R$ 30.

Eles querem ainda a inserção, no contrato com as operadoras, de uma cláusula que preveja reajuste anual nos honorários com base no índice de aumento das mensalidades dos usuários autorizado pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).

OUTRO LADO

A reportagem procurou os seis planos que devem ser afetados pela paralisação, mas apenas um se pronunciou. A ABET infirmou que "encaminhará, ainda nesta data sexta, correspondência às associações que representam os médicos de São Paulo para comunicar reajuste da consulta médica com vigência para 1º de agosto.

A empresa disse ainda "que a proposta já vinha sendo negociada desde maio de 2011 e que possui um excelente relacionamento com a sua rede de prestadores médicos".

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Cientistas descobrem anticorpos que atacam HIV

As moléculas do sistema imunológico de algumas pessoas que são capazes de neutralizar o HIV têm uma origem comum no DNA, mostra uma nova pesquisa.

A descoberta foi feita por cientistas dos EUA e da Alemanha estudando voluntários que contraíram o vírus, mas não apresentam sintomas da doença.

Desenvolvendo um novo método para identificar anticorpos -proteínas que atacam micróbios invasores no organismo- os pesquisadores descobriram 576 tipos diferentes dessas moléculas.

E a surpresa: todas elas, apesar de marcadas diferenças, eram extremamente agressivas contra o HIV e tinham origem em apenas dois trechos distintos de DNA.

Já se sabia que alguns anticorpos humanos eram capazes de neutralizar o HIV, mas um estudo sobre o novo achado, publicado hoje na revista "Science", é o primeira a dar uma pista sobre como o sistema imune os fabrica.

"Descobrimos que existe uma certa similaridade entre as respostas imunes de diferentes pessoas, que usam o mesmo anticorpo inicial para produzir os anticorpos que neutralizam o HIV", diz Michel Nussenzweig, brasileiroque trabalha na Universidade Rockefeller, de Nova York, e é coordenador do estudo.

"Achamos isso estranho e interessante, porque as respostas imunes costumam ser muito diversificadas na maioria das pessoas."

Isso era uma barreira para cientistas que pretendiam usar esses anticorpos como inspiração para produzir uma vacina. Sem saber a origem das moléculas, era difícil saber como "provocar" o sistema imunológico da maneira correta para produzi-las.

Agora, além de ter uma pista sobre como o corpo começa a produzir essas moléculas, Nussenzweig e colegas conseguiram determinar melhor como elas são.

Ao analisar com detalhe a estrutura de um dos anticorpos obtidos, viram que ele é capaz de atacar o calcanhar-de-aquiles do vírus: o pedaço da carapaça do HIV que se gruda nas células humanas antes de atacá-las.

Se pesquisadores descobrirem a molécula do vírus que desencadeia a produção desse anticorpo, isso poderia ser traduzido em uma vacina.

"Estamos tentando achar outros anticorpos com essa característica, porque talvez seja preciso mais de um para isso", diz o cientista.

A produção de uma vacina a partir dessa ideia ainda pode estar muitos anos à frente, mas a descoberta anunciada hoje pode ganhar outro tipos de aplicação. Segundo Nussenzweig, usando engenharia genética é possível clonar os superanticorpos para usá-los diretamente como agentes terapêuticos.

"Os anticorpos que identificamos são mais potentes do que os que já eram conhecidos e são muito abrangentes, capazes de reconhecer 90% das linhagens de HIV registradas", diz. "Não sabemos ainda se o uso direto dessas moléculas pode ajudar em terapia para soropositivos, mas é possível que sim."

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Equipe médica diz ter descoberto mistério da menina que chora sangue

A Sociedade Brasileira de Clínica Médica divulgou nesta terça-feira (12) um laudo sobre o caso da menina de Meridiano, no interior de São Paulo, que chora sangue. Débora Santos ficou internada durante 13 dias em São Paulo e passou por vários exames. Nenhum problema grave foi constatado no corpo da adolescente. A conclusão é que os vasos sanguíneos próximos dos olhos se rompem com o aumento da pressão. Por isso, o sangue vaza. Débora está sendo tratada com remédios que apresentam resultados positivos.

Segundo o laudo médico, a paciente internada no Hospital São Paulo recebeu, entre 30 de junho e 12 de julho, tratamento de uma equipe multiprofissional formada por oftalmologistas, neurologistas, especialistas em coagulação, psicólogos e psiquiatras. Também foi submetida a exames oftalmológicos, neurológicos e a uma angiorressonância, que afastaram a existência de problemas mais graves.

Antonio Carlos Lopes, chefe da equipe médica que cuidou da paciente, realizou exames clínicos e também conversou longamente com ela. De acordo com o especialista, a paciente conta que os sintomas que precedem o sangramento são calor no rosto e aumento da pressão na cabeça.

A equipe médica trabalha com a hipótese de que se trata de uma disfunção neurovegetativa com alteração na vasomotricidade. Em outras palavras, as pequenas veias na região dos olhos se dilatam e têm sua permeabilidade alterada, rompendo-se com o aumento da pressão sanguínea. Há possibilidade de que essa alteração seja consequência de traumas sofridos na infância.

Os médicos ministraram à paciente um tratamento à base de medicamentos (betabloqueador e calmante leve) que se mostraram eficazes no controle do sangramento. Eles recomendam que ela também receba acompanhamento psicoterápico. Caso haja necessidade de tomar o medicamento pela vida toda, não há nenhum inconveniente, porque é uma medicação que protege o coração, estabiliza a pressão arterial e diminui as chances de infarto e arritmia.

Lopes recomenda que, para a devida eficácia do tratamento, é preciso que a paciente tome corretamente os medicamentos conforme orientação da equipe médica.

“Eu me controlo para não chorar. Não posso me exaltar bastante porque vou sangrar. Eu ainda não me acostumei. É muito chato eu não poder me expressar. Vou fazer prova, fico nervosa, choro e sai sangue. Alguns meninos e meninas ficam assustados e sentem nojo. Ficam longe de mim. Então eu fico meio que isolada dos demais. A minha sorte é que os professores são a melhor coisa da escola”, disse Débora ao G1.

Parentes contam que Débora começou a sangrar com 14 anos, quando trabalhava como babá e foi agredida por sua patroa no Ceará. Os sangramentos eram somente nos ouvidos e nariz.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Cadeira giratória é usada para diagnóstico de labirintite no HC

O Serviço de Otoneurologia do Hospital das Clínicas de São Paulo está usando uma cadeira computadorizada e giratória para fazer diagnósticos de transtornos do equilíbrio - popularmente chamados de labirintite.

Trata-se de um equipamento de ponta, que custa cerca de US$ 100 mil, que foi doado ao Hospital das Clínicas para ser usado em estudos e pesquisas. O ambulatório de otoneurologia atende cerca de 300 pacientes por mês.

Segundo o médico Marco Aurélio Buttino, diretor do serviço, ao sentar na cadeira o paciente veste óculos especiais que possuem câmeras e espelhos. Essas câmeras registram o movimento involuntário dos olhos enquanto imagens são projetadas em um telão e a cadeira é girada. Assim, ela provoca um estímulo no labirinto do paciente, simulando a sensação de tontura.

"O movimento nos olhos é captado, digitalizado e convertido automaticamente em gráficos. Isso vai nos ajudar a fazer um diagnóstico muito mais preciso do transtorno do equilíbrio. É como comparar os resultados de uma radiografia com os de uma tomografia", diz o médico.

Tratamento. Buttino explica que, ao descobrir exatamente qual é a causa do transtorno, fica mais fácil indicar o tratamento adequado para o paciente.

O aposentado Francisco da Silva, de 79 anos, é um dos pacientes que passarão pela cadeira para receber um diagnóstico definitivo que explique as razões de sentir tanta tontura. Ele sofreu um acidente vascular cerebral há 14 anos e, depois disso, passou a sentir fortes tonturas.

O problema se tornou tão prejudicial que ele não consegue mais andar sozinho - depende de um andador ou de uma bengala. Desde junho do ano passado, Silva é acompanhado no Hospital das Clínicas e tem feito uma série de exames para tentar descobrir a razão do transtorno. Agora, vai passar pela cadeira.

Segundo Buttino, o exame na cadeira computadorizada apontará se o problema de Silva está no sistema nervoso central (como consequência do derrame) ou no labirinto (como consequência da idade).

Transtorno. Estima-se que pelo menos 10% da população sofra com tonturas ou algum outro transtorno do equilíbrio - o problema piora com o avanço da idade. O tratamento depende da causa do transtorno, mas, basicamente, envolve três possibilidades: medicamentos, cirurgia ou exercícios para reabilitação.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Doença que dificulta aprendizado de matemática é alvo de especialistas

Cerca de 6% da população mundial sofre de discalculia do desenvolvimento, transtorno neurológico que dificulta o aprendizado da matemática. A incidência é praticamente a mesma da dislexia, problema análogo - bem mais famoso - relacionado à leitura e à escrita. Pesquisadores brasileiros e estrangeiros querem trazer a discalculia do desenvolvimento para a ordem do dia.

Há poucas semanas, uma das principais revistas científicas do mundo - a Science - publicou um artigo sobre a doença. O texto recordava perdas sociais e econômicas para comprovar a gravidade do problema.

Na Grã-Bretanha, por exemplo, estimou-se em R$ 6 bilhões os custos anuais do mau desempenho matemático entre os ingleses. O trabalho também apontava o caráter de transtorno negligenciado da discalculia. Desde 2000, a doença mereceu R$ 3,6 milhões em pesquisas do governo americano. No mesmo período, a dislexia recebeu quase R$ 170 milhões.

"E há trabalhos que mostram que o impacto da discalculia é, pelo menos, tão grande quanto o da dislexia", diz Vitor Haase, do Laboratório de Neuropsicologia do Desenvolvimento da UFMG. "Mas há uma questão cultural: as pessoas não valorizam tanto a importância da matemática quanto a de ler e escrever."

Contextos. Para que uma criança seja diagnosticada com discalculia do desenvolvimento, é necessário comprovar que sua dificuldade no aprendizado da matemática não nasce de uma deficiência intelectual - que comprometeria outras áreas do conhecimento - ou de problemas afetivos. Também deve ser descartada a hipótese de que condições sociais concretas - como um ambiente de vulnerabilidade em casa ou na escola - bastariam para explicar o transtorno.

José Alexandre Bastos, chefe do serviço de Neurologia Infantil da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp), sublinha que os diagnósticos da discalculia do desenvolvimento são sempre feitos por uma equipe multidisplicinar que costuma incluir um neurologista, um neuropsicólogo, um pedagogo e um fonoaudiólogo.

"Vale a pena lembrar o impacto do transtorno em reprovações, abandono escolar, bullying, além de prejuízos à autoestima da criança", afirma a coordenadora do Laboratório de Neuropsicologia da Unesp de Assis, Flavia Heloisa dos Santos. Há vários anos pesquisando o tema, Flavia descobriu que a música pode ser uma poderosa ferramenta para a reabilitação neuropsicológica de crianças com o problema.

Terapia. O tratamento da discalculia não envolve drogas, mas treinamento matemático. Só nos casos em que a criança tem transtorno de déficit de atenção e hipertatividade (TDAH) o médico costuma receitar algum medicamento. "Mas é para tratar o TDAH", afirma Bastos. "Cerca de 40% das pessoas com dislexia e discalculia tem TDAH."

Casos concomitantes de dislexia e discalculia também são comuns. Sheila Guerra, de 11 anos, é um exemplo. Como reforço à escola, ela estuda matemática e português em uma unidade que aplica o método Kumon, em Belo Horizonte. Lá, realiza o treinamento necessário para superar as duas condições. Conta com o acompanhamento da psicopedagoga Miriam Moraes, que afirma que ela deve superar a discalculia em até um ano.

Ruth Shalev, do Centro Médico Shaare Zedek, em Israel, publicou trabalhos comprovando que 47% das crianças que tratam a discalculia conseguem superar o problema. Mas o estudo mostrou que a taxa de sucesso cresce com o diagnóstico precoce.

PARA ENTENDER

"Discalculia não é dificuldade para fazer cálculos complexos", diz o neurologista José Alexandre Bastos. "É a incapacidade de lidar com operações triviais." Os problemas ocorrem em três campos: compreensão dos fatos numéricos (adição, subtração, multiplicação e divisão simples), realização de procedimentos matemáticos (como divisão de números grandes ou soma de frações) e semântica (compreensão da linguagem usada para formular problemas). Ao minar os fundamentos, a discalculia impede a aquisição de conhecimentos mais complexos.



domingo, 10 de julho de 2011

Plástica acessível para todos

Se antes era preciso até vender o carro próprio para fazer uma cirurgia plástica, hoje, com as facilidades de pagamento e a concorrência do mercado em ascensão, fica bem mais fácil estar bela (o). Assim, ficar com as medidas certas não é mais só luxo de celebridades.

Além das classes A e B, as C e D, por exemplo, também entraram na onda do bisturi. As filas de espera nos programas de residentes do Instituto Doutor José Frota (IJF), no Hospital Geral de Fortaleza (HGF), no Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC) e até na Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza revelam a adesão deste público.

No Ceará, conforme mais recente pesquisa da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), são cerca de 21 mil intervenções realizadas por ano no Estado e mais de 629 mil no País, uma média de 58 por dia.

O presidente da regional Ceará da SBCP, Francisco José Fontenele Bezerra, confirma este cenário de popularização entre as classes menos favorecidas. "Qualquer pessoa hoje, programando-se consegue fazer uma plástica. Junta um pouco mais de dinheiro e pronto. Entretanto, os médicos devem priorizar a segurança. Nada de exageros e descuidos. Plástica é coisa séria. Tem que ser feita com responsabilidade", afirma.

Economia

A operadora de caixa, Fernanda Barbosa, 20, nem cabe em si de tanta alegria. O sorriso se vê de longe. Passando pela Avenida Francisco Sá, na Barra do Ceará, Fernanda viu a publicidade dos sonhos pintada no muro do Hospital Distrital Fernandes Távora: facilidade de pagamento e preços acessíveis que cabem no bolso. Vai realizar aumento mamário com prótese e ficar toda "siliconada". Ela passou dois anos juntando dinheiro. "Acho meu seio muito pequeno. Mal me sentia mulher. Vou passar no cartão de crédito e já estou me programando para fazer outra", diz a jovem.

O cirurgião plástico, Davi Pontes, diz que o grande diferencial do trabalho feito no Hospital Fernandes Távora é a qualidade do serviço e a acessibilidade do preço aliada à comodidade de estar no bairro de modo mais descentralizado. "Cada vez mais jovens de classes variadas têm nos procurado. A população busca se prevenir, cuidar da beleza desde cedo", afirma o médico que realiza cerca de 18 procedimentos por mês, a maioria lipoaspiração e colocação de prótese. O especialista ressalta que não há diferença no atendimento na Barra do Ceará e na sua clínica da Aldeota.

O cirurgião plástico, Eduardo Furlani, ajuda os mais pobres operando na Santa Casa de Misericórdia. Atende quem deseja fazer ajuste e tem vergonha do nariz avantajado. Como vantagem, reduz em 75% o valor, não cobra nada pelo seu trabalho. Somente pela equipe médica e pelo hospital. "Já operamos umas 50 pessoas, todas carentes, necessitadas de ficar belas e com mais autoestima".

A auxiliar de laboratório, Maria do Socorro Bispo, 32, eliminou os defeitos do nariz operando na Santa Casa com preço bem em conta. "Dei uma entrada e paguei em sete vezes o valor de R$ 2.240. Fiquei muito satisfeita e feliz", diz.

Atendimento

"Já operamos 50 pessoas na Santa Casa, todas carentes e necessitadas de ficar mais belas"

Eduardo Furlani
Cirurgião plástico da Santa Casa de Misericórdia

INSTITUTO DR. JOSÉ FROTA

Fila de espera por cirurgia passa de 140

Não só de traumas "vive" o Instituto Doutor José Frota (IJF). A partir de portaria 637/2011, o IJF está autorizado a realizar cirurgias plásticas estéticas prioritariamente para servidores e seus familiares. Contudo, a resolução também abrange o público em geral, tudo para atender as necessidades dos residentes na área de cirurgia que, para aprender, precisam colocar "a mão na massa" e assumir o controle dos bisturis.

"Pela sobrecarga de atendimentos atuais em outros segmentos, estamos realizando poucas cirurgias. Assim que possível abriremos para mais gente", diz Cido Carvalho, chefe de cirurgia plástica do IJF. Atualmente, cerca de 140 pessoas aguardam para fazer as intervenções. Muitos pacientes chegam, segundo Carvalho, a esperar mais de cinco anos. Nos últimos 14 anos de instalação da residência médica, mais de 1.680 cirurgias foram realizadas, cerca de 120 por ano.

Números do IJF

1.680 cirurgias plásticas estéticas foram realizadas no IJF durante os últimos 14 anos, período este de funcionamento do programa de residência médica na área, reconhecido pelo MEC.

120 intervenções são realizadas, em média, por ano no IJF, para servidores e familiares em 1º grau. Com a grande demanda de traumas e a lotação do hospital, a fila de espera é longa.

OPINIÃO DO ESPECIALISTA

Cresce o número de cirurgias no CE

No Ceará, a cada ano cresce o número de cirurgias plásticas estéticas. Além do crescimento populacional, vivemos em um país de clima tropical, em que o culto a beleza é fator preponderante. O Brasil é considerado o país número um, quando o assunto é cirurgia estética, gozando de um excelente conceito pela qualidade e pelos preços mais competitivos.

A população mais carente tem acesso a cirurgias estéticas em nosso estado através dos serviços de ensino que são: IJF, HGF e Faculdade de Medicina. O mito que cirurgia plástica é coisa para gente rica, foi há vários anos. É muito importante que o paciente seja informado que toda cirurgia tem riscos

Edmar Maciel
Cirurgião plástico

sábado, 9 de julho de 2011

Casos de catapora crescem 114% na Capital-Ce

A comerciante Teresa Maria Silva não sabe explicar como o filho, Pedro, de quatro anos contraiu catapora. O garoto nem frequenta a escola e, segundo ela, não tem saído tanto assim de casa. No entanto, no bairro onde mora, a Parangaba, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), registrou a maior parte dos 285 casos da doença, deste ano, em Fortaleza.

Os dados são relativos ao período de janeiro a junho e já representam mais que o dobro dos 133 ocorridos em igual período do ano passado.

A preocupação com o avanço da catapora é grande e motivou a Secretaria de Saúde do Estado (Sesa) a divulgar, em maio passado, uma nota técnica com orientações sobre a doença. A Prefeitura confirma que Fortaleza já enfrenta um surto de catapora. A enfermidade apesar de altamente transmissível e necessitar de cuidados especiais para não avançar para forma mais grave, é controlável e pode ser tratada sem maiores danos à saúde dos pacientes.

Mesmo assim, a dona-de-casa Margarida Rodrigues Damasceno tem se desdobrado para cuidar da filha, Andressa, de três anos, que há 15 dias sofre com a infecção viral também conhecida como varicela. "Ela começou com dor na cabeça e uns pontinhos como se fossem picadas de muriçoca, um dia depois, apareceu febre". Margarida mora no Panamericano.

Ela conta que procurou a médica da menina logo que a febre começou. "Fiquei preocupada, mas me disseram que a doença era muito comum antigamente e uma coisa que precisa ser feita é deixar ela sair toda", diz.

De acordo com as orientações dos especialistas, a catapora é uma doença comumente benigna, mas altamente contagiosa. A transmissão é de pessoa para pessoa pelo contato direto ou através do ar, quando uma pessoa infectada tosse ou espirra. O período de incubação é cerca de dez a 21 dias depois da exposição.

Nota técnica

A nota técnica justifica que a vigilância dos casos visa o monitoramento da intensidade da circulação do vírus e fatores associados à gravidade a ao óbito. Segundo o documento, surtos da doença são considerados quando há ocorrência casos acima do limite esperado, com base nos anos anteriores.

Segundo a Sesa, devido ao seu elevado custo, a vacina não é utilizada como rotina pelo Ministério da Saúde. No entanto, é disponibilizada para uso em pessoas que apresentem maior risco de desenvolver as formas graves da doença.

Segundo o médico Paulo Ferreira, a vacinação pode ser ministrada em crianças a partir de nove meses de idade. As reações, segundo ele, são mínimas. Explica que a criança toma a primeira dose aos nove meses e uma nova dose aos quatro anos. Já os adultos, o ideal é que a segunda dose ocorra um mês após a primeira dose para imunizar totalmente a pessoa.

Sintomas

Cansaço

Cefaleia

Erupção cutânea: começa no tronco da criança, espalhando-se rapidamente para o rosto, braços e pernas

Febre: temperaturas de até 40,6oC não são raras nos casos graves de catapora, nos quais o corpo fica coberto de erupções

Perda de apetite

sexta-feira, 8 de julho de 2011

CE tem aumento de 1.110% de mortes por dengue

Na contramão da tendência nacional, os números de óbitos e de casos graves de dengue confirmados aumentaram de forma preocupante no Ceará, segundo dados do Ministério da Saúde. De janeiro ao início de julho deste ano, a quantidade de mortes cresceu 1.100% em relação ao mesmo período do ano passado, passando de cinco óbitos em 2010 para 60 em 2011.

O número de casos graves confirmados no Ceará também assusta: 582 pessoas contraíram o tipo mais grave da doença neste ano, contra 87 no mesmo período de 2010, o que significa um crescimento de 569%. Enquanto isso, o Brasil registrou queda no número de óbitos e de casos graves, 44% e 45%, respectivamente. Já no Nordeste, a quantidade de óbitos aumentou 26,6% enquanto que os casos graves contabilizados na região diminuiram 23,9%.

Conforme o Ministério da Saúde, o Ceará apresenta hoje a maior variação de casos graves e óbitos por conta da doença no País, além de ocupar o terceiro lugar com relação à variação de casos notificados. Em 2010 foram 9.912, já neste ano este número passou para 56.390, um aumento de 469%.

Porém, o último boletim da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) traz números diferentes daqueles divulgados pelo Ministério. De acordo com o levantamento, até a última sexta-feira, foram confirmadas 51 mortes por dengue, 350 casos por complicação e 34.649 registros foram confirmados.

O coordenador de Promoção e Proteção à Saúde da Sesa, Manoel Fonseca, explica que existe uma norma do Ministério da Saúde que determina que os estados devem notificar óbitos ou casos graves suspeitos de dengue até 24 horas depois da ocorrência. "Não sei porque esses dados do Ministério aparecem como confirmados. Os números que a Sesa divulga são confirmados por exames feitos pelo Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) ou pelo Instituto Evandro Chagas".

Mesmo reconhecendo que os números confirmados pela Sesa já configuram uma epidemia, o coordenador afirma que o pior já passou.

Epidemia

A preocupação principal agora é com os casos graves, pois como esta é a quinta epidemia no Ceará em 25 anos, muitas pessoas já tiveram dengue clássica, o que aumenta o risco dos casos de reincidência. "Em 1987, quando houve a primeira epidemia no Ceará, a relação entre casos graves e clássicos era de um para 3.220. Em 2011, essa relação já é de um caso grave para 48 de clássica. E se temos casos mais graves, é maior o risco de morte".

O Ceará já registra a circulação da dengue tipo 1, 2, 3 e 4. Apesar de um ano de epidemia ser seguido por períodos sem grande incidência da doença, fatores, como a disseminação da dengue tipo 4 ou o aumento da infestação do Aedes aegypti podem provocar uma epidemia.

A Sesa informou que publicará hoje uma nota para comentar os dados divulgados pelo Ministério da Saúde.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Mortes aumentam 175% no Ceará-POR MENINGITE

Febre, incômodo na cabeça e dor no corpo. Sintomas comuns a várias doenças, mas que podem ser sinais de meningite, uma patologia grave e que pode levar à morte. No Ceará, somente este ano, 11 pessoas morreram acometidas pelo problema, enquanto que no mesmo período de 2010, as vítimas fatais da doença totalizaram quatro. Um aumento de 175% de óbitos relacionados à meningite.

Enquanto que em 2010, foram registrados 31 casos da doença no Estado, este ano, de janeiro até ontem, 36 pessoas já contraíram meningite. Neste momento, 14 pessoas encontram-se internadas com meningite no Hospital São José, unidade referência em tratamento de doenças infecciosas.

A maioria delas apresenta quadro de meningite bacteriana, mas há meningites que podem ser causadas por vírus e fungos. O tipo que mais preocupa é a meningocócica, que pode levar rapidamente à morte.

O paciente acometido pela doença fica em isolamento nas primeiras 24 horas de tratamento, período após o qual não ocorre mais a transmissão.

Os números, considerados preocupantes, levaram a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) a lançar uma nota de alerta aos profissionais e unidades de saúde. O comunicado apresenta uma série de recomendações sobre a importância do diagnóstico precoce e a tomada imediata de medidas de prevenção e controle da meningite.

Recomendação

Pessoas que apresentem febre, cefaleia (dor de cabeça), vômitos, rigidez na nuca, sinais de irritação, convulsões e manchas vermelhas pelo corpo são consideradas como casos suspeitos de meningite. O conselho é que, nestas situações, o médico colha material biológico para exames e em seguida inicie, rapidamente, o tratamento.

"Quanto mais cedo for feito o diagnóstico da meningite, melhor. Além de evitar possíveis complicações, a identificação precoce permite que o doente tenha o menor contato possível com outras pessoas, evitando a transmissão da doença", explica o infectologista Anastácio Queiroz, diretor do Hospital São José.

Com relação ao aumento no número de casos e óbitos por meningite no Ceará, o infectologista enfatiza que a patologia pode ocorrer em todas as épocas do ano e acometer pessoas de qualquer idade.

Contudo, segundo a Sesa, os médicos e os pais devem dar atenção especial para crianças com menos de cinco anos de idade que não tenham sido vacinadas contra o problema. "Os pais devem sempre ficar atentos se a criança, principalmente com menos de um ano de idade, vier a sofrer de choro ininterrupto, irritabilidade ou apresentar a moleira levantada", reforça Anastácio Queiroz.

Proteção

O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece, gratuitamente, a vacina para combater os dois tipos mais graves da doença. Em clínicas particulares de Fortaleza, cada dose da vacina contra a meningite meningocócica custa, aproximadamente, R$ 150,00.

A meningite é transmitida por meio do contato simples entre pessoas. A contaminação ocorre através das vias respiratórias, por gotículas e secreções, havendo a necessidade de um contato próximo.

Em caso de confirmação do tipo meningocócico, o indivíduo que teve contato com a pessoa contaminada deve receber, imediatamente, em até 48 horas, quimioprofilaxia, medida de prevenção contra a doença.

Para o diretor do São José, Anastácio Queiroz, a combinação de medidas preventivas e de identificação precoce é essencial para evitar que a patologia se alastre. O especialista recomenda atenção aos sintomas da doença, além de evitar lugares fechados e aglomerações.

Saiba mais

Febre, cefaleia, vômitos, rigidez na nuca, irritação, convulsões e manchas vermelhas pelo corpo podem ser sintomas de meningite. A pessoa deve ser levada, imediatamente, a uma unidade de saúde

Indivíduos de qualquer idade são suscetíveis às meningites, mas o grupo etário de maior risco é o de crianças menores de cinco anos.

Diante de um caso suspeito, o profissional de saúde deve coletar e encaminhar o material biológico para confirmar a existência da doença e em seguida iniciar o tratamento o mais rápido possível

Em crianças com menos de um ano, é importante observar sintomas como irritabilidade, choro persistente e moleira levantada

Caso seja confirmada a meningite meningocócica, as pessoas que tiveram contato com o doente devem receber medida preventiva em até 48 horas para evitar transmissão