sexta-feira, 31 de agosto de 2018

País corre risco de novos surtos de febre amarela

Autoridades do Ministério da Saúde defendem ampliar a vacinação, mas não há previsão quanto ao CE
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Área de recomendação para que pessoas sejam vacinadas contra o vírus inclui atualmente 4.266 cidades, principalmente em São Paulo, Rio e Bahia ( FOTO: AFP )
Brasília Após dois anos com registro recorde de casos de febre amarela, representantes do Ministério da Saúde já apontam risco de novo aumento na transmissão da doença no próximo verão. Segundo o diretor de doenças transmissíveis, Renato Alves, o alerta ocorre diante da baixa cobertura vacinal e da confirmação de novas mortes de macacos infectados pelo vírus.
Na última semana, o instituto Adolfo Lutz confirmou a morte de três macacos por febre amarela no Parque Estadual da Serra do Mar, em Caraguatatuba, no litoral de São Paulo. Antes, já haviam sido encontrados macacos mortos em Ubatuba e no Vale do Ribeira. Todos os casos ocorreram durante o inverno.
"Vemos que o maior número de casos humanos foi entre dezembro e fevereiro. No entanto a detecção em primatas tem se mantido ao longo de todo o ano", disse Alves.
"Isso indica que no próximo verão devemos ter uma transmissão importante", alertou. Em 2017, a cobertura vacinal acumulada de febre amarela atingiu pouco mais de metade da população, ou cerca de 57,5%. Neste ano, a cobertura atinge 61%.
"Temos um grande risco de um novo surto. Está tudo indicando para isso. Não há nenhuma indicação de que vamos ter um recrudescimento da circulação", afirmou a coordenadora do Programa Nacional de Imunizações, Carla Domingues.
Ciclos da doença
Um dos motivos para esse alerta, afirma, é o próprio histórico de "ciclos" da doença. "A cada vez que temos um pico epidêmico, vemos que ele fica de dois a três anos. Estamos indo para o terceiro ano, em uma área de alta transmissão", explicou Carla.
Diante do risco, autoridades de saúde discutem novas medidas que podem ser adotadas. O tema foi alvo de reunião ontem entre Ministério da Saúde e representantes de estados e municípios. Uma das estratégias em análise é enviar um alerta a todas as cidades com baixas coberturas vacinais para que apresentem um plano para reverter os índices. Segundo Domingues, o ministério também planeja ampliar a vacinação, até o fim deste ano, para toda a região Sul.
Até então, a região ainda tinha cidades fora da lista daquelas que fazem parte da área de recomendação de imunização contra a doença. "Estamos orientando os municípios para que façam essa ampliação da vacinação de forma gradativa", diz ela.
A vacinação também foi ampliada recentemente em outros locais, como São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia.
Atualmente, 4.266 cidades fazem parte da área de recomendação da vacina. De acordo com a coordenadora, não há previsão de ampliar a vacinação para outras regiões, como o Nordeste.
Desperdício de doses
No ano passado, o ministério chegou a anunciar a intenção de ofertar a vacina para crianças de nove meses em todo o país. A ampliação da imunização para adultos também foi cogitada.
Domingues, no entanto, diz que as condições na época eram outras -o que faz com que a medida esteja descartada neste momento. "Isso foi pensado em um momento em que não tínhamos transmissão de febre amarela na velocidade que depois se demonstrou nos últimos anos. O cenário hoje é outro", afirmou.
Questionada sobre a possibilidade da pasta adotar novamente o fracionamento da vacina, Domingues diz que a medida dependerá da circulação do vírus no próximo verão.
Ela defende que municípios invistam em ações de busca ativa de não vacinados como forma de evitar o desperdício de doses.
Hoje, a estimativa é que, de cada frasco de vacina, apenas 30% das doses sejam utilizadas.
Isso ocorre porque há um prazo limite de até seis horas para uso das doses após a abertura de cada frasco. Em momentos de surtos, a taxa de uso chega a 70%. "A população só procura a vacina na hora que tem aumento de casos. Precisamos mudar essa cultura", disse.
"Há oportunidade de buscar nos próprios serviços pessoas a serem vacinadas", observou.
Apesar da necessidade de aumentar a adesão, a coordenadora alerta que a vacina não é indicada a crianças menores de seis meses, gestantes, pacientes imunodeprimidos e pessoas com alergia grave a ovo, entre outros casos. Já idosos devem avaliar possíveis riscos e benefícios em conjunto com o médico.

quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Coração valente

Novo remédio e experimentos com terapia genética reduzem os riscos de óbito por insuficiência cardíaca, uma das principais causas de internações e mortes no mundo

Crédito: Gabriel Reis
FÔLEGO Depois de dois infartos, Matheus recuperou a disposição para os exercícios. O médico Bertini (abaixo) diz que os resultados impressionam (Crédito: Gabriel Reis)
Gabriel Reis
Quando uma pessoa saudável chega aos 75 anos, seu coração terá bombeado quase 180 milhões de litros de sangue para o corpo. Para cumprir a tarefa, bateu aproximadamente 100 mil vezes por dia. Desta forma, assegurou ao organismo oxigênio e nutrientes necessários ao funcionamento dos órgãos. Nem sempre isso ocorre com perfeição. Cerca de três milhões de brasileiros sofrem de insuficiência cardíaca, doença caracterizada pela deficiência do coração em bombear ou encher-se de sangue de maneira adequada. Nos Estados Unidos, são seis milhões de pessoas. Lá, como aqui, a enfermidade está entre as principais causas de hospitalizações e de óbitos, especialmente entre indivíduos com mais de sessenta anos.
Até há pouco tempo, as opções de tratamento não tinham se diversificado. Recentemente, o avanço no conhecimento da enfermidade permitiu o surgimento de novas possibilidades. Uma delas é o medicamento Entresto, da farmacêutica Novartis. É a primeira novidade em remédios depois de vinte anos. A medicação associa uma substância já usada, a valsartana, a uma molécula nova (sacubitril), inaugurando uma nova classe de drogas contra a insuficiência.
Disponível há um ano no Brasil, o remédio faz diferença na vida do engenheiro José Luis Matheus, 57 anos. O fôlego e a disposição de Matheus ficaram frágeis por causa da insuficiência cardíaca que surgiu após dois infartos. Voltaram depois que começou a usar o remédio. “Agora consigo caminhar ao menos uma hora todos os dias”, diz Matheus. Infartos são responsáveis por cerca de 30% dos casos. Entre as outras causas estão a hipertensão, a diabetes, cardiomiopatias de origens diversas e, no caso do Brasil, a doença de Chagas.
Menos internações
Os estudos demonstraram que a droga reduziu em 20% o risco de morte por causa cardiovascular em comparação ao tratamento padrão (com apenas um remédio), diminuiu em 21% as internações decorrentes de complicações e melhorou a qualidade de vida. Responsável pela indicação do remédio a cerca de 60 pacientes, o cardiologista Paulo Bertini, de São Paulo, está entusiasmado. “A melhora clínica é impressionante”, afirma.
O Entresto foi aprovado pela FDA — agência americana responsável pela liberação de remédios — em regime de fast-track, no qual drogas com potencial para suprir necessidades não atendidas têm seu processo de revisão acelerado. Um artigo publicado pelo cientista Arthur Feldman, da Temple University (EUA), porém, sugeriu que a medicação elevaria a chance de desenvolvimento de Alzheimer, doença neurodegenerativa, e de degeneração macular relacionada à idade, uma das principais causas de cegueira. “Os médicos estão prescrevendo sem saber dos riscos”, escreveu. A Novartis afirma que as chances são teóricas, sem comprovação clínica. E que se comprometeu com a agência a incluir testes de cognição em pesquisas futuras, assegurando que, em estudos com cobaias e humanos saudáveis não encontrou associações.
Na Escola de Medicina Mount Sinai, em Nova York, os cientistas trabalham em outra frente: terapia genética. Uma experiência em animais mostrou que a intervenção em um gene associado à doença a reverteu em até 25% e diminuiu em 10% o tamanho do coração das cobaias. “Será uma opção viável de tratamento”, disse Roger Hajjar, coordenador do trabalho.

terça-feira, 28 de agosto de 2018

Sem sangramento

Primeiro de sua categoria, remédio diminui hemorragias de pacientes com hemofilia

A identificação precisa do alvo a ser atingido nos tratamentos é o caminho da medicina. É assim no câncer, na cardiologia e, agora, também contra a hemofilia. De origem genética, o distúrbio leva a problemas graves de coagulação, podendo causar sangramentos fatais. Depois de mais de duas décadas sem novidade no tratamento, acaba de ser aprovado no Brasil o medicamento emicizumabe, fabricado pela Roche. Trata-se do primeiro anticorpo monoclonal contra a doença. A classe de remédios tem como característica atuar sobre uma substância específica associada às enfermidades.
No caso da hemofilia, imita a ação do Fator VIII, proteína essencial ao processo de coagulação sanguínea. Deficiências na sua produção caracterizam o tipo A da doença, o mais comum, afetando cerca de 320 mil pessoas no mundo. No tipo B, o fator atingido é o IX. Cerca de 50% a 60% dos portadores do tipo A apresentam a forma grave da doença, com sangramentos frequentes. Até agora, existia apenas a reposição com o Fator VIII sintético. Porém, o composto pode gerar em diversos pacientes a produção de anticorpos contra a substância (os chamados inibidores), o que a torna ineficaz.
Por enquanto, o novo medicamento é indicado para tais pacientes. “Eles estavam órfãos de tratamento”, explica a hematologista Claudia Lorenzato, coordenadora do Hemocentro do Paraná. Nos estudos feitos com pacientes maiores de 12 anos tratados profilaticamente, houve redução de 87% nas taxas de sangramento. Sua administração, com injeções subcutâneas, é mais confortável do que as infusões endovenosas e a periodicidade das aplicações oscila de acordo com os níveis de sangramento. Na opinião da especialista, a droga representa esperança no controle da doença: “Ela traz uma luz de mudança no tratamento como um todo.” C. P.

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Cirurgia plástica feita com segurança

Cada procedimento é indicado para situações específicas e deve ser analisado previamente por um especialista
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Antes de se submeter ao implante de silicone, seja na mama ou nos glúteos, é fundamental que a pessoa saiba a procedência da prótese e a conduta do profissional
A insatisfação com determinadas partes do corpo tem levado um número crescente de pessoas cada vez mais cedo a procurar recursos para modificar o visual instantaneamente.
O fato é que, na busca pelo imediatismo para conquistar a silhueta perfeita, a pessoa se deixa seduzir pelos baixos valores dos procedimentos e a rapidez nos resultados, abrindo precedentes para os falsos médicos e intervenções perigosas.
Para evitar desgastes posteriores, em ambos os aspectos, o cirurgião plástico Dr. Giancarlo Dall'Olio, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, destaca pontos essenciais que o paciente deve seguir antes de se submeter a qualquer processo cirúrgico.
Em relação às referências do profissional, o Dr. Giancarlo diz que uma das maneiras de constatar a veracidade e integridade do cirurgião plástico é pesquisar pelo registro do médico, no Conselho Federal de Medicina e na Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. "Essas medidas possibilitam conferir também se, ele está registrado no Estado e na especialidade".
Outro cuidado é prestar atenção no tipo de divulgação que os profissionais fazem sobre seu trabalho. "Publicações com fotos de 'antes e depois' e número de seguidores nas redes sociais não são parâmetros para avaliar a qualificação e credibilidade de um profissional", alerta.
A estrutura do local onde será realizado o atendimento deve ser analisada com atenção. Além do alvará da Prefeitura e da Vigilância Sanitária serem indispensáveis para garantir o funcionamento do espaço, o especialista afirma que os procedimentos jamais devem ser concluídos fora de consultório e ambiente hospitalar.
Decisão
Independentemente de o procedimento ser no rosto ou em qualquer outra parte do corpo, o especialista e o paciente devem decidir juntos se há necessidade e se a cirurgia plástica pode ser realizada. De acordo com o médico, a estação do ano, as condições de saúde, o tempo e a tranquilidade para a recuperação são fatores que devem ser discutidos.
Em alguns procedimentos, são utilizados próteses de silicone com a intenção de reestruturar os seios ou os glúteos. "Nesses casos, é de fundamental importância que as próteses sejam aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária Anvisa", alerta o cirurgião plástico.
Quando a indicação é de lipoescultura e preenchimento para se conquistar maior volume, o procedimento mais recomendado de acordo com o Dr. Giancarlo Dall'Olio é a enxertia de gordura.
"Nesse caso, o profissional utiliza a gordura retirada durante a lipoaspiração para preencher outra parte do corpo sem riscos de rejeição do organismo", revela.
Cuidados
A preparação do paciente para se submeter à cirurgia plástica é tão importante quanto as outras etapas e influencia diretamente na recuperação. Antes de qualquer resolução, o cirurgião plástico precisa solicitar do paciente a realização de exames laboratoriais para uma avaliação médica.
A qualidade de vida do paciente é uma questão importante para ser levantada e condições específicas, mesmo de caráter pontual devem ser informadas ao especialista.
O paciente preferivelmente não deve ser fumante, evitar bebidas alcoólicas por um determinado tempo antes e depois da cirurgia e não tomar medicamentos sem o conhecimento do cirurgião.
O período de internação varia de 12 a 48 horas. Conforme o profissional, a alta hospitalar acontece após a avaliação médica e é de fundamental importância que as consultas pós-operatórias sejam respeitadas na fase de reestabelecimento. "Isso ajuda a prevenir complicações e adversidades que podem comprometer o funcionamento do procedimento", diz o Dr. Giancarlo.

Cabe ao paciente

Em alguns casos, após a cirurgia plástica, o profissional exige até 12 meses de cuidados específicos para que a recuperação seja completa;
Dentre as recomendações médicas para garantir um pós-cirúrgico livre de complicações, está a necessidade de o paciente manter alimentação equilibrada. Optar por refeições leves e em pequenas quantidades podem evitam náuseas;
Beber bastante líquido para hidratar. Repousar numa posição confortável e adequada, de acordo com o local da cirurgia. Trocar o curativo no consultório médico, conforme a data combinada;
Os exercícios devem ser evitados nas primeiras semanas. Por isso, é importante que o paciente cumpra as determinações quanto à indicação de retorno às atividades físicas;
Aderir a sessões de drenagem linfática, utilizar cintas de compressão ou sutiãs pós-cirúrgicos são alguns dos cuidados primordiais para alcançar o resultado almejado.

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Migração de vírus é origem do surto


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Vírus da doença foi levado por macacos infectados por mosquitos para áreas urbanas ( Foto: Ag. Brasil )
São Paulo. Os dois surtos recentes de febre amarela no País, com pouco mais de 2 mil casos confirmados e 850 mortes de julho de 2016 e junho deste ano, foram os maiores do Brasil em cem anos e levantaram a suspeita de que poderia ter voltado a ocorrer a transmissão urbana da doença. Mas uma ampla pesquisa que investigou, do ponto de vista genético e epidemiológico, as origens do surto bate o martelo: o que vimos ainda é a febre amarela silvestre.
O trabalho publicado esta semana na revista "Science" revela que o surto emergiu em macacos em Minas Gerais no final de julho de 2016, com vírus que migraram do Norte ou do Centro-Oeste para a Sudeste. Os pesquisadores estimam que eles chegaram possivelmente com a ajuda de atividades humanas, como transporte de mosquito em carros e tráfico ilegal de macacos.
A pesquisa, liderada pela Universidade de Oxford (Inglaterra) e da Fiocruz, aponta que uma linhagem do vírus se espalhou no ciclo silvestre entre primatas não humanos sem ser percebida em 2016, saltando para humanos no início de 2017.
Com análises genéticas, epidemiológicas e espaciais, foi observado que a partir do momento em que as ocorrências foram identificadas em macacos, os casos humanos apareciam cerca de quatro dias depois, o que corrobora a noção de que esses animais são mesmo sentinelas da febre amarela. O trabalho traz o sequenciamento de 62 genomas do vírus que circulou no primeiro surto. "Os surtos trouxeram vários aprendizados, reforçados pelo estudo O primeiro é sobre a importância de se manter vigilância constante sobre a expansão do vírus entre macacos. Fazer o diagnóstico rápido e seguir os avanços o mais rápido possível é o que vai permitir perceber quais são as áreas onde tem de se ampliar a vacinação", diz o pesquisador Renato Souza, do Instituto Adolfo Lutz, um dos autores do trabalho.
O vírus adormecia nos confins da Amazônia quando, em 2016, saltou para o Sudeste, levado por macacos infectados e mosquitos que os picavam. Com velocidade de cerca de 3,3 km por dia, o vírus chegou ao Rio e São Paulo. A febre amarela pode matar em menos de dez dias, devastando o corpo com sintomas como icterícia, dores abdominais, vômitos e sangramento.

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Bicicleta seria o meio de transporte mais saudável, para o corpo e a mente

Segundo um estudo, usar a bike nos trajetos diários seria até mais positivo do que caminhar. E deixa a cabeça bem mais tranquila do que carro, ônibus...

Um trabalho feito pelo Instituto de Saúde Global Barcelona (ISGlobal) sugere que a bicicleta é o meio de transporte que mais beneficia a saúde das pessoas – inclusive quando comparada à caminhada. Seu uso também aumenta o bem-estar, mantém a mente saudável e diminui a sensação de solidão.
Antes de abordar os benefícios em si, vale destacar que um diferencial dessa análise foi contemplar o uso de várias formas de locomoção de um indivíduo durante o dia. Por exemplo: talvez você precise pegar um ônibus e um trem para chegar ao seu trabalho. Ou utilizar a bicicleta e, depois, o metrô para ir até a faculdade.
Apesar de comum no dia a dia, essa interação entre diferentes meios de transporte era pouco considerada pela ciência. Dito de outra forma, os estudos anteriores costumavam comparar uma forma de se locomover com outra, isoladamente.
Segundo Ione Ávila Palencia, ambientalista e líder da pesquisa, a avaliação em conjunto desse mix foi feita para o artigo ser mais realista. “É a primeira vez que o uso de diversos meios de transporte é associado a efeitos no corpo, na mente e nas relações sociais”, afirmou, em comunicado à imprensa.

Como o estudo foi feito

Os cientistas recorreram a um banco de dados com 8 802 moradores de sete cidades europeias: Antuérpia (Bélgica), Barcelona (Espanha), Londres (Inglaterra), Örebro (Suécia), Roma (Itália), Viena (Áustria) e Zurique (Suíça). Todos responderam questionários sobre como se locomoviam e qual a percepção da própria saúde física e mental. Ao final de dois anos, 3 567 participantes voltaram a preencher os formulários.
Os meios de transporte considerados na pesquisa foram carro, moto, transporte público (ônibus, metrô etc), bicicleta, bicicleta elétrica e caminhada. Resultado: a bike foi associada às respostas mais positivas com relação à saúde. E também foi vinculada a sensação de mente sã, vitalidade e menos estresse e solidão.
Andar a pé ficou em segundo lugar na lista. Isso sinaliza como os chamados meios de transporte ativos podem contribuir para a qualidade de vida.
Por outro lado, o uso de questionários para reportar a própria saúde é uma limitação do levantamento. Às vezes, a pessoa se engana, ou não sabe que possui uma doença, ou tem o desejo de exaltar sua condição física…
De qualquer forma, os resultados mais positivos indicam ao menos que os voluntários estão se sentindo bem. E isso já é muita coisa.

Não é só uma questão de mobilidade

Normalmente, a magrela é lembrada por aliviar o trânsito das ruas cheias de carros ocupados por apenas uma ou duas pessoas. Mas, de acordo com Mark Nieuwenhuijsen, diretor da Iniciativa de Planejamento Urbano, Desenvolvimento e Saúde da ISGlobal, é preciso olhar também para os benefícios pessoais relacionados à saúde, tanto física como mental.
“É necessária integrar planejamento urbano, mobilidade e saúde pública a fim de desenvolver políticas para promover o transporte ativo”, conclui Mark.

E no Brasil?

De acordo com um relatório de 2013 do Sistema de Informações da Mobilidade Urbana, da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos), apenas 4% das viagens cotidianas nas cidades brasileiras são realizadas de bicicleta. Para se ter uma ideia do quanto esse número é baixo, na Holanda ele corresponde a 34% da população.
Porém, as vias mais amigáveis para pedalar vêm se expandindo. O portal Mobilize Brasil fez um levantamento mostrando que, entre 2015 e 2017, a rede de ciclovias e ciclofaixas de 19 capitais avançou cerca de 21%, crescendo 453 quilômetros no total.

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Nas Américas Casos de sarampo ultrapassam os 5 mil


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Campanhas de imunização tentam reduzir o alcance dos surtos da doença em países como o Brasil ( Foto: Ag. Brasil )
Washington/Genebra. O número de casos confirmados de sarampo na região das Américas mais que dobrou em um mês. Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), 11 países do continente notificaram 5.004 casos confirmados da doença este ano: Antígua e Barbuda (1), Argentina (8), Brasil (1.237, incluindo seis mortes), Canadá (19), Colômbia (60), Equador (17), Estados Unidos (107), Guatemala (1), México (5), Peru (4) e Venezuela (3.545, incluindo 62 óbitos).
Até 20 de julho, os mesmos países haviam confirmado 2.472 casos. "Tendo em vista a velocidade de propagação da doença pela região, a Opas ampliou as recomendações que já vinham sendo feitas aos países. Entre elas, aumentar a cobertura vacinal e fortalecer a vigilância epidemiológica, a fim de aumentar a imunidade da população e detectar/responder rapidamente a casos suspeitos de sarampo", informou a entidade, por meio de comunicado.
Na nota, o organismo internacional orienta ainda que, durante surtos, seja estabelecido um manejo correto de casos intra-hospitalares para evitar a transmissão nas próprias unidades de saúde, com um fluxo adequado de pacientes para salas de isolamento - evitando o contato com outros pacientes em salas de espera e/ou locais de internação.
Brasil
O Ministério da Saúde promove até o dia 31 deste mês a Campanha Nacional de Vacinação Contra a Poliomielite e Sarampo. A meta é imunizar pelo menos 95% de 11,2 milhões de crianças com idade entre 1 ano e menores de 5 anos, independentemente da situação vacinal delas, e criar uma barreira sanitária de proteção da população.

terça-feira, 21 de agosto de 2018

Colangite biliar primária, a doença do fígado que causa coceira e fadiga

Cerca de 30 mil brasileiros sofrem com esse problema, que provoca prurido, cansaço e outros sintomas. E há um tratamento que pode ser incluído no SUS

Uma fadiga crônica, que insiste em não ir embora sem motivo aparente, e uma coceira chata, principalmente na palma das mãos e na sola dos pés. Estão aí os principais sintomas da colangite biliar primária, doença autoimune que afeta o fígado e que ganhou destaque recentemente pela possível incorporação de um medicamento contra ela no sistema público.
Falaremos mais pra frente do tratamento. Antes, é importante compreender esse problema.

O que é colangite biliar primária

O fígado possui os chamados dutos biliares, que transportam a bile produzida ali para o intestino, onde participará da digestão dos alimentos. “Na colangite biliar primária, por algum motivo as células de defesa atacam esses canais, o que leva a um processo inflamatório”, explica o médico Paulo Bitencourt, presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia.
Por causa da agressão do próprio organismo, a bile não escoa como deveria. Aí, há um acúmulo de substâncias tóxicas na região. “Com o tempo, elas levam à fibrose no fígado e, posteriormente, à cirrose”, diz Bitencourt.
Ou seja, a colangite biliar primária é uma enfermidade autoimune que pode comprometer o funcionamento desse órgão e exigir até transplante. Estima-se que 30 mil brasileiros sofram com ela, a maioria mulheres a partir dos 35 anos.

Os sintomas e o diagnóstico

Como a hepatite C, a colangite biliar primária não manifesta sinais claros no início. Os primeiros indícios físicos costumam ser uma coceira frequente, especialmente na palma da mão e na sola do pé, e o cansaço crônico. Às vezes, esses sintomas somem após um tempo. Conforme o fígado é destruído, surgem manifestações como pele e olhos amarelados (icterícia), inchaço da barriga e dor abdominal.
Esse transtorno é associado a um maior risco de outras doenças autoimunes. A pessoa não raro sofre com alterações na tireoide, artrite reumatoide, xerostomia (boca seca)… Ao detectar essas encrencas, o médico pode investigar também a presença da colangite biliar primária.
E como ele faz isso? “A princípio, com dois exames de sangue muito usados para analisar a função hepática”, revela Bitencourt. São os testes de fosfatase alcalina e de Gama GT, comuns em checkups.
Caso eles acusem algo suspeito, o profissional pede avaliações sanguíneas complementares, associadas a exames de imagem para verificar o estado do fígado. Por ser uma doença rara, muitas vezes o indivíduo demora até uma década para descobri-la.

O tratamento

É aqui que reside a maior discussão do momento no Brasil. A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) abriu uma consulta para que todos deem suas opiniões sobre a inclusão do remédio ácido ursodesoxicólico na rede pública.
A consulta fica aberta até o dia 23 de agosto. Por enquanto, a recomendação preliminar da Conitec é não incorporar o medicamento. Segundo ela, o nível de evidência dos benefícios e o grau de recomendação são baixos – ou seja, seriam necessárias mais pesquisas para atestar o real poder da droga em questão. Além disso, o custo dessa medida aos cofres do governo seria de 11,77 milhões de reais no primeiro ano.
O médico Paulo Bitencourt faz ponderações sobre a alegação de que faltam estudos confiáveis: “Acompanhar um grande número de pacientes por um longo período de tempo é um processo complicado quando se fala de uma doença rara. Mas temos levantamentos que mostram benefícios e prova disso é que as autoridades dos Estados Unidos e da Europa oferecem o ácido ursodesoxicólico à população”.
Além disso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que aprova a comercialização de remédios no Brasil com base em sua segurança e eficácia, autorizou a venda desse fármaco faz algum tempo já. Até por isso, ele está disponível nas farmácias – só não de graça, claro.
De qualquer forma, o ácido ursodesoxicólico parece frear a progressão da colangite biliar primária por reduzir a inflamação no fígado. Segundo Bitencourt, seu uso foi associado a uma menor necessidade de transplantes hepáticos.
Os profissionais também podem recorrer a comprimidos que controlam a cirrose, por exemplo. E, como já dissemos, eventualmente optam pelo transplante.
No mais, o tratamento envolve o controle de problemas associados à colangite biliar primária, como a osteoporose, e o manejo dos sintomas que já mencionamos.
Com um bom atendimento, a vida desses pacientes pode melhorar bastante.

sexta-feira, 17 de agosto de 2018

STJ permite importação direta de canabidiol para tratamento médico pela 1ª vez

O canabidiol, derivado de plantas de cannabis, não causa efeito de euforia - AFP/Arquivos
STJ permite importação direta de canabidiol para tratamento médico pela 1ª vezEm decisão inédita no Superior Tribunal de Justiça (STJ), a Segunda Turma da Corte permitiu a importação direta de canabidiol (medicamento extraído da Cannabis sativa) para ser usado no tratamento de uma criança com paralisia cerebral. O caso foi julgado num recurso apresentado pela União, que buscava derrubar uma decisão da Justiça Federal que, além de permitir a importação direta, também proibiu a União de destruir, devolver ou impedir que o canabidiol importado chegue ao seu destino.
No recurso ao STJ, o governo afirmou que não seria apropriado participar como parte no processo. Segundo a União, somente a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) poderia autorizar a importação do medicamento. O argumento foi negado pelos ministros.
Ao votar contra o recurso e manter a decisão da Justiça Federal, o ministro relator do caso, Francisco Falcão, destacou que a União pode ser o ‘polo passivo’ da ação, porque a controvérsia no processo não estava relacionada ao fornecimento de medicamento pelo poder público, mas de autorização de importação para garantir acesso ao produto.
“Não se mostra razoável a conclusão de que a garantia de acesso aos medicamentos, inclusive pelo meio de importação direta, deva ficar restrita ao ente público responsável pelo registro. Tal qual ocorre no caso em análise, por vezes, o acesso aos fármacos e insumos não é obstado por questões financeiras, mas sim por entraves burocráticos e administrativos que prejudicam a efetividade do direito fundamental à saúde”, explicou o ministro.
Foi a primeira vez que o STJ permitiu a importação direta do medicamento, sem obstáculos. Apesar do caso tratar de uma pessoa específica, a decisão da Corte abre precedente importante para processos semelhantes, que tramitam em instâncias inferiores.
CASO. O processo chegou ao STJ depois de passar pela primeira e segunda instância da Justiça. No caso, um casal de Pernambuco buscava a autorização para importação do medicamento para uma filha com paralisia cerebral. A criança sofre de epilepsia intratável, tendo em média 240 crises epilépticas por mês. Como os tratamentos tradicionais não funcionavam, os médicos indicaram o canabidiol como terapia alternativa.
Como o produto não está disponível na rede pública ou privada, os pais tiveram de buscar a autorização por meio da Justiça e entraram com uma ação contra a União e a Anvisa para conseguir a medicação por meio da importação direta.

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Família de Michael Schumacher vai transferi-lo para mansão em Maiorca, na Espanha

Ex-piloto sofreu um acidente enquanto esquiava nos Alpes franceses, em dezembro de 2013

Por ESTADÃO CONTEÚDO
Schumacher e Corinna estão juntos há 20 anos. É ela hoje quem cuida da recuperação do ex-piloto
Schumacher e Corinna estão juntos há 20 anos. É ela hoje quem cuida da recuperação do ex-piloto -
Suíça - A família do ex-piloto Michael Schumacher pretende transferir o alemão de Gland, na Suíça, para a cidade de Andratx, na ilha de Mallorca, na Espanha. Prefeita do município espanhol, Katia Rouarch confirmou a informação de que Corina Schumacher, a esposa do heptacampeão mundial de Fórmula 1, vai se mudar com o marido para uma luxuosa casa comprada na região.
"Posso confirmar oficialmente que Michael Schumacher virá morar no nosso município e aqui todos estão preparados para recebê-lo", disse Katia Rouarch à revista suíça 'L'Illustré', em entrevista publicada nesta quarta-feira.
De acordo com a revista, o lugar é cercado por paredes sólidas e apresenta "numerosas vantagens". Está situado em um pontal - acidente geográfico formado por uma massa de terra que se estende até um oceano, mar ou rio. Um pequeno precipício torna a propriedade "inacessível a olhares indiscretos", disse o relato, ilustrado por fotos da mansão.
De acordo com a revista L'Illustré, o terreno de 15 mil metros quadrados foi comprado por 30 milhões de euros (cerca de 133 milhões de reais) e a residência principal tem 3 mil metros quadrados. A revista também ressalta que cerca de 3,5 mil alemães moram em Andratx. Michael Schumacher costumava tirar férias na ilha de Maiorca, hábito mantido pelo irmão do heptacampeão da Fórmula 1, Ralf, também ex-piloto da categoria.
Aos 49 anos, Michael Schumacher vive situação de saúde delicada desde que sofreu um acidente enquanto esquiava nos Alpes franceses, em dezembro de 2013. As informações sobre possíveis sequelas e danos cerebrais sofridos pelo ex-piloto não são divulgadas por Corina e familiares do alemão.

sexta-feira, 10 de agosto de 2018

Brasil já registra 5 mortes por sarampo e 1 100 casos confirmados

A campanha vacinação de 2018 visa justamente impedir que os surtos de sarampo se alastrem e afetem mais brasileiros. Saiba quem deve tomar as doses

O Ministério da Saúde revelou, em plena campanha nacional de vacinação contra o sarampo e poliomielite, que o país já registra 1 100 casos confirmados da doença. Até o momento, os surtos ocasionaram cinco mortes em 2018 – quatro em Roraima (três estrangeiros e um brasileiro) e uma no Amazonas (um brasileiro).
Do total de pessoas afetadas, 788 estão no Amazonas e 281, em Roraima. Há ainda episódios isolados em São Paulo (1), Rio de Janeiro (14), Rio Grande do Sul (13), Rondônia (1) e Pará (2). Mais: pelo menos 5 058 casos suspeitos de sarampo permanecem em investigação no Amazonas e 111 em Roraima.

A campanha de vacinação contra poliomielite e sarampo

Ela começou no dia 6 de agosto em todo território nacional e segue até 31. O Dia D está marcado para o 18 de agosto, um sábado, quando mais de 36 mil postos de saúde estarão abertos no país.
A meta é imunizar pelo menos 95% do público-alvo para não deixar a pólio retornar ao país e para impedir que o sarampo se alastre ainda mais. Todas as crianças com idade entre 1 ano e menores de 5 anos devem ser levadas aos postos de vacinação. Sim, mesmo as que tomaram as doses necessárias anteriormente vão se beneficiar de uma dose de reforço.
Adultos não participam da campanha, mas ainda assim têm que estar com as doses de sarampo em dia. Conforme previsto no Calendário Nacional de Vacinação, pessoas com até 29 anos que não tiverem completado o esquema na infância devem receber duas doses da tríplice viral. Já as entre 30 e 49 anos que não foram imunizadas direito tomarão uma dose da tríplice viral.
O adulto que não souber sua situação vacinal pode procurar o posto de saúde mais próximo para tomar as injeções previstas.
Este conteúdo foi adaptado da Agência Brasil.

quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Sensibilidade feminina

Com o “Agosto Dourado” batendo à porta, médicas falam da relevância do aleitamento e da relação com as mães
por Mylena Gadelha - Repórter
BEBE
MÉDICAS
Rebeca Dourado, Mayna Moura, Nathalia Posso, Anna Dorotheia e Gabriela Alcântara se uniram para um atendimento diferenciado na área de ginecologia e obstetrícia ( Foto: Natinho Rodrigues )
O mês de agosto chegou e junto com ele a conscientização sobre a importância do aleitamento materno, tanto para o bebê como para as mães. O assunto não é novidade quando o tema é nascimento, porém uma série de questões ainda é abordada por médicos para destacar uma ação tão importante.
Denominado como “Agosto Dourado”, o mês inteiro é designado a mostrar para as mães quais os benefícios da amamentação e, além disso, acolher alguns casos quando esta tarefa pode ser um pouco mais complicada.
Assim, nesse momento, o bem-estar pode ser um dos fatores atingidos pelas relações pessoais e é importante cuidar do ambiente ao redor da mulher.
Pensando nisso, um grupo de obstetras em Fortaleza realiza um trabalho diferenciado nesse assunto. Amigas há algum tempo, Rebeca Dourado, Mayna Moura, Nathalia Posso, Anna Dorotheia e Gabriela Alcântara se juntaram para montar uma clínica especializada em ginecologia e obstetrícia, a Femme Vie. Desde a faculdade, com extensão pela residência, as cinco mulheres criaram vínculos e desenvolveram uma proposta de atendimento mais acolhedor às mulheres. A ideia é aproximar a paciente que está realizando o seu atendimento.
Claro, que além do aleitamento existem diversas outras questões do universo feminino abordadas durante a consulta. Desde a primeira relação sexual, com as mais jovens, até o nascimento do bebê, com as grávidas, elas contam que a representatividade e o contato entre mulheres facilita e, muito, o trabalho no consultório.
Especial
De acordo com a obstetra Anna, os dias que se passam durante o mês de agosto são especiais, mas o trabalho de conscientização é realizado ao longo de todo o ano.
O processo de conversa e aconselhamento, muitas vezes, se inicia antes mesmo que uma mulher engravide.
“A gente indica que o ideal é procurar o consultório antes mesmo de engravidar para ficar preparada para todo esse processo que vai se seguir”, comenta ela.
No entanto, não é sempre que a gravidez ocorre de uma maneira planejada. A partir daí, o processo de acompanhamento do bebê e da conscientização sobre o leite materno já se inicia no pré-natal desta mãe.
“A gente busca fortalecer o vínculo do médico e do paciente, até mesmo para saber do perfil psicológico com que estamos lidando. Saber se o bebê foi programado, esse tipo de coisa, para entender como vai ser esse processo de gestação”, explica.
Enquanto isso, Gabriela Alcântara, que também faz parte do grupo de médicas, acredita na importância que tem o contato feminino durante esse período.
“Eu acredito que ninguém melhor para entender uma mulher do que outra mulher”, opina a médica.
Afinidade
Para além das questões do aleitamento materno, a história das cinco profissionais é bem interessante. Ainda na faculdade, os laços se formaram e os interesses em comum surgiram entre elas, tendo a obstetrícia como o principal deles.
A partir deste ponto se seguiram inúmeros momentos em que começaram a discutir para um modelo em que trabalhassem juntas e que pudessem praticar os ideais em comum que possuíam.
“Como nós já éramos amigas foi quase que uma coisa natural e as características de uma acabam complementando a das outras”, conta Gabriela sobre a relação.
Já Rebeca Dourado ressalta o sonho que todas elas ainda possuem. Atualmente com a clínica funcionando, elas também querem montar conexões com médicas de outras especialidades.
“Eu como mulher, que já passei por esse processo de gestação, e acabo me conectando. No fundo a gente deseja encontrar a possibilidade de ser atendida por várias mulheres com diversas especialidades”, comenta.
 Delicadeza
Ao falar de questões tão delicadas como o aleitamento, por exemplo, é normal que muitas mulheres procurem um ambiente em que sejam bem recebidas e o acolhimento seja prioridade.
Mayna Moura, que falou ao Zoeira ainda durante um atendimento que realizava em uma paciente, ressaltou o sentimento de segurança que muitas mulheres buscam.
De acordo com ela, não é raro que meninas cheguem em situações delicadas no consultório e, nesse momento, a sensibilidade acaba sendo essencial para realizar qualquer tipo de trabalho.
“Esse cuidado todo também tem que ser feito com quem vem acompanhando essa paciente. É bem importante o exercício que a gente tem todo dia juntas como mulheres. E é isso que é interessante para a gente. Nós pensamos diferente, mas acabamos conversando e nos comunicando para melhorar e alcançar o objetivo que temos”.
Ela também reitera que o atendimento que se realiza dentro da obstetrícia e da ginecologia é minucioso e envolve uma série de fatores sérios e que são repassados nesse contato mais profundo.
Conselhos 
Voltando para a questão do que o leite representa no início da vida da criança, as médicas não abrem mão de dizer que muitas mulheres já chegam com a consciência formada em relação a isso. “As dicas que damos são sempre baseadas em tudo que a gente já viu e faz ao longo do pré-natal que essa mãe realiza. Ao longo desse período esse é um dos tópicos de mais importância e preparamos a mãe para tudo que envolve isso”.
Inclusive, um dos pontos abordados durante uma consulta é sobre a possibilidade de que uma mãe não consiga amamentar. Seja por fatores psicológicos ou até mesmo naturais, é necessário que a mulher esteja ciente e preparada de que casos como esse podem surgir logo após o parto. “Isso não quer dizer que essa mulher será menos mãe por isso. Existem diversos pontos que poderão influir nesse período”, reforça Mayna.
Ao mesmo tempo, Rebeca aproveita para ressaltar que a força de outras mulheres também pode ser essencial no meio disso. “Eu sempre digo que todas nós somos capazes de amamentar. Porém, se uma mulher não consegue, não quer dizer que ela será uma má mãe”, afirma.
Diante de todos estes pontos, o que fica é que além da medicina e procedimentos de consultórios, um ambiente em que o feminino é regra auxilia em momentos difíceis e bonitos de uma mulher.

terça-feira, 7 de agosto de 2018

Quando a pressão é considerada alta?

Em quais números ficar de olho e o que a hipertensão provoca se não controlada

A hipertensão é uma encrenca tão sorrateira e suas consequências podem ser tão graves que os médicos tiveram que encontrar um jeito simples de verificar como as artérias estão. Isso é feito, claro, medindo a pressão, principalmente com aquele aparelhinho colocado no braço da gente. Hoje se considera que a pressão está ótima quando o valor de medição fica na faixa de 12 por 8 — ou, como preferem os especialistas, 120 por 80 milímetros de mercúrio (mmHg). Se o índice passou dos 14 por 9, aí ela é considerada alta.
Quando os números variam entre 12 por 8 e 14 por 9, o quadro é chamado de pré-hipertensão, segundo o consenso da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Recentemente, os médicos americanos atualizaram suas diretrizes de hipertensão e passaram a enquadrar esses valores intermediários como uma “pressão elevada”.
Agora, em terras americanas, taxas acima de 13 por 8 já recebem o diagnóstico de hipertensão mesmo. O objetivo é chamar atenção para flagrar o problema mais cedo e, a partir daí, iniciar mudanças de estilo de vida que vão fazer toda a diferença na saúde de veias e artérias.
No entanto, como não é só a hipertensão que sabota o coração, o ideal é que as metas sejam individuais e traçadas pelo médico, que vai considerar outros fatores de risco. Uma coisa é certa: as evidências deixam claro que a ameaça de um acidente vascular cerebral, o AVC, é maior entre quem ultrapassou os 14 por 9.

Convém ficar atento a essa história porque a escalada da pressão arterial não costuma dar sintoma. Muitas vezes, quando uma pessoa é diagnosticada com hipertensão, já tem danos no coração, nos rins, nos olhos… Por isso que os experts reforçam tanto a importância de checar a pressão pelo menos uma vez por ano. Quando o problema é flagrado cedo, com ajustes no estilo de vida e, se preciso, o apoio de um medicamento, a situação pode ser muito bem controlada.

segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Vaidade em risco

Como uma perigosa combinação de sociedades médicas clandestinas, desinformação de pacientes e desejo de obter beleza a qualquer custo tem resultado em complicações e mortes que ameaçam a confiança em cirurgias e procedimentos estéticos

Crédito: Divulgação
Casos recentes de erros médicos e óbitos decorrentes de cirurgias plásticas expuseram os riscos de uma atividade que tem atraído uma parcela crescente da população, sobretudo feminina. Dados do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) mostram uma explosão de queixas envolvendo a especialidade. Em 2015, foram 10 denúncias. O número saltou para 27 em 2016 e chegou a 68 no ano passado. Apesar do aumento, as reclamações ainda não refletem a realidade: muitos pacientes prejudicados preferem o silêncio. Não denunciam seus médicos e nem ingressam com ação judicial, mesmo quando há comprovação de erro durante o procedimento. As razões para não levar processos adiante são muitas. “Há descrença no Judiciário, indisposição para enfrentar um processo que pode ser custoso e demorado, além da falta de estrutura emocional para as vítimas reviverem os fatos infelizes e trágicos pelos quais passaram”, diz Fernando Polastro, voluntário responsável pelos primeiros atendimentos, triagem e direcionamento de pacientes que procuram a Associação Brasileira de Vítimas de Erro Médico (Abravem). “Outros não denunciam por desconhecimento de seus direitos ou dúvida sobre ter havido ou não erro médico em seu caso”. Como resultado dessa omissão, mais e mais pessoas se tornam sujeitas a procedimentos inseguros, negligência, imperícia e imprudência de médicos. A falta de bom sendo na busca por um corpo perfeito, modelado por implantes de silicone ou lipoesculturas é outro fator que contribui para o aumento de casos sem final feliz. Para atender a uma crescente demanda por transformações estéticas, surgiram no País até sociedades médicas clandestinas, que colocam em risco a vida de pacientes.
Código ultrapassado
A divulgação de procedimentos cirúrgicos por meio de redes sociais deve ser vista com desconfiança. “Cirurgia plástica só com cirurgião plástico. Procedimento estético pode ser com dermatologista”, afirma Alexandre Senra, cirurgião do Hospital Albert Einstein e membro da Sociedade Americana de Cirurgia Plástica Estética (ASAPS). “Não existe mágica. Desconfie de preços muito abaixo da média, afinal é a sua vida”, adverte. Segundo ele, o código de 1957 sobre o exercício da medicina que diz que após os seis anos de formação o médico pode exercer qualquer especialidade está ultrapassado. “Existe uma jurisprudência que diz que o médico que faz procedimento sem estar habilitado pode ser penalizado. A relação médico-paciente continua primordial, mas está se perdendo. O médico precisa conhecer o paciente e vice-versa. Sem isso, somos apenas técnicos.”
A filosofia da cirurgia plástica é gerar bem-estar, auto-estima e contribuir para a harmonia da auto-imagem do paciente. Bem diferente da venda de fantasias e ilusões feita por profissionais não habilitados colocando em risco pacientes. O presidente da SBCP, Níveo Steffen, afirma que a Sociedade é frontalmente contra a banalização dos procedimentos cirúrgicos. “Cabe ao cirurgião plástico ser honesto ao examinar e escutar o paciente para identificar a indicação ou não da cirurgia plástica, informando sobre as reais possibilidades de resultado, riscos cirúrgicos e pós-operatório”. Segundo Steffen, a SBCP tem cerca de 6.500 membros. Apenas seis cirurgiões plásticos e um dermatologista estão entre os 289 médicos processados por problemas em procedimentos relacionados à cirurgia plástica entre 2001 e 2008.
Corporativismo
Ainda que poucos cometam erros, o corporativismo da classe costuma proteger os negligentes. Uma empresária de Campo Grande de 36 anos, que pediu para não ser identificada, tem vivido esse drama. Ela colocou prótese nas mamas em 2006. No ano passado, depois de amamentar dois filhos, achou que os seios estavam um pouco assimétricos e consultou um renomado cirurgião plástico da cidade, professor da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, indicado por várias pessoas. “Combinamos a retirada das próteses com correção estética no mesmo procedimento.” Segundo ela, consta no prontuário médico que foi uma cirurgia de retirada de implantes mamários com correções estéticas. “Não sei no que ele errou, mas sei que o resultado foi um pesadelo na minha vida”.
“O médico precisa conhecer o paciente e vice-versa. Desconfie de preços muito abaixo da média, afinal é a sua vida” Alexandre Senra, cirurgião plástico (Crédito:Kelsen Fernandes / AG. ISTOE)
Segundo a paciente, o cirurgião se negou a dar fotos do pós-cirúrgico e a cópia do contrato de prestação de serviço. Ele disse que após seis meses suas mamas voltariam ao normal, o que não aconteceu. Quando ela voltou a procurar o médico, ele deixou de atendê-la e a bloqueou no WhatsApp. A empresária consultou outros médicos que constataram lesão muscular em uma das mamas, mas quando pedia um laudo, se negavam, por serem colegas do renomado cirurgião e não quererem se comprometer. “O que vai valer é a avaliação judicial, mas os peritos serão os colegas do cirurgião que fez minha plástica. Será difícil encontrar um que aceite se comprometer.” Depois da perícia médica, ela fará a cirurgia reparadora nos Estados Unidos. “Não confio mais nos médicos daqui”, diz, frustrada.
Erros fatais
AP Photo/Military Police Press Office
Denis Furtado, “Dr. Bumbum”, expôs a realidade da cirurgia plástica no Brasil. Médico sem nunca ter feito residência médica e sem título de especialista em qualquer área da Medicina, ele tem no currículo pós-graduações não reconhecidas pelo Ministério da Educação. Denis (na foto com a mãe, Maria de Fátima) foi preso no dia 19 de julho acusado de ter causado a morte de sua paciente, a bancária Lilian Calixto (foto), de 46 anos, após um procedimento estético realizado no apartamento do médico no Rio de Janeiro.
Divulgação
Precauções que salvam vidas
Casos atuais de erros e mortes em procedimentos estéticos chamam a atenção para escolha criteriosa do profissional, esclarecimento do paciente sobre possíveis riscos e os cuidados no pós-operatório
  • Certifique-se de que o profissional é registrado como cirurgião plástico no site do Conselho Regional de Medicina de sua localidade e/ou no site da SBCP
  • Sempre pesquise sobre antecedentes e idoneidade do profissional
  • Dê preferência a cirurgiões conhecidos ou próximos de sua família. Cuidado com recomendações feitas por falsos pacientes criados para elogiar profissionais em mídias sociais e blogs
  • Exija o Termo de Consentimento Informado. Médico e hospital têm a obrigação de informar o paciente com linguagem clara sobre todas as possibilidades de sua cirurgia, incluindo os riscos e fatores imponderáveis, até mesmo a morte
  • Siga criteriosamente as orientações médicas antes e após a cirurgia
Fonte: Níveo Steffen, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP)

sexta-feira, 3 de agosto de 2018

CE visa vacinar 500 mil contra pólio e sarampo

Profissionais da Saúde alertam que imunizar é indispensável; campanha tem início segunda-feira (6)
por Theyse Viana - Repórter
A coordenadora municipal de Imunizações, Vanessa Soldatelli, reforça o alerta. "A orientação é vacinar todas as crianças, porque 5% delas, mesmo já tendo tomado, não desenvolvem os anticorpos ( FOTO: JOSÉ LEOMAR )
Duas doenças atualmente ausentes no Ceará, mas que, ainda assim, exigem atenção, devem ganhar uma força-tarefa de combate: a partir de segunda-feira (6), tem início a Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e o Sarampo. De acordo com a Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), todos os 2.345 postos de saúde distribuídos na Capital e no Interior já receberam as doses enviadas pelo Ministério da Saúde. A meta é imunizar, no mínimo, 483.724 crianças no Estado, o que corresponde a 95% dos 509.183 cearenses com idades de 1 a 4 anos, 11 meses e 29 dias.
Apesar da meta, como reforça a coordenadora de Imunizações da Sesa, Ana Vilma Leite, a ideia é que todo o público-alvo da Campanha seja imunizado. "É uma campanha indiscriminada: mesmo que já tenham sido vacinadas, 100% das crianças dessa idade precisam passar pelos postos de saúde. Quando protegemos a população infantil, protegemos também quem convive. É uma imunização coletiva", aponta a gestora.
A coordenadora municipal de Imunizações, Vanessa Soldatelli, reforça o alerta. "A orientação é vacinar todas as crianças, porque 5% delas, mesmo já tendo tomado, não desenvolvem os anticorpos. A Campanha foca na correção dessa falha. Sarampo e pólio são eliminadas no Ceará, mas os vírus continuam circulando no mundo. São duas doenças graves, que podem levar à morte ou deixar sequelas irreversíveis. Não dá para vacilar", frisa Vanessa, contabilizando que "uma criança vacinada protege outras 11 não imunizadas".
Riscos
A poliomielite, popularmente conhecida como paralisia infantil, está erradicada no Brasil há quase três décadas, desde 1990. Já o sarampo teve pelo menos 211 casos confirmados no Ceará, em 2015, situação controlada um ano depois - em 2016, o País recebeu o certificado de eliminação da circulação do vírus da doença pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e, até o ano passado, nenhum caso local ou nacional da virose havia sido registrado. Neste ano, porém, estados das regiões Norte, Sudeste e Centro-Oeste já confirmaram casos da enfermidade.
No Ceará, 61 municípios têm "risco alto" de retorno do vírus, sendo Fortaleza e Caucaia - as duas cidades com maiores populações do Estado - classificadas entre as que apresentam "risco muito alto" de reintrodução do agente causador do sarampo, conforme análise divulgada pela Sesa e publicada pelo Diário do Nordeste no último dia 31. Em outras 67 localidades cearenses, a ameaça é avaliada pela Sesa como "média".
Vacinas
Um desafio para atingir a cobertura vacinal das crianças, lamenta Ana Vilma, é a necessidade de descartar os mitos sobre "reações" e os efeitos colaterais das doses. "Se a criança está doente, febril, orientamos que os pais esperem que fique bem. Não por existir problema, mas porque tudo o que acontece depois da vacina é associado a ela. A vacina só protege, evita que a criança adoeça, e não o contrário. Algumas pessoas não são adeptas e impedem que as crianças tomem. Mas orientamos e reforçamos: vacina não traz prejuízo a ninguém, é proteção", esclarece, sob a concordância total da psicóloga Ana Cristina Gama, 30.
Mesmo com o cartão de vacinação da caçula Ana Luíza, de três meses, completamente em dias, a psicóloga não baixa a guarda quando o assunto é a proteção da pequena. "Mês passado ela tomou a primeira dose da vacina da pólio, e já estou atenta à data da próxima. Eu tenho consciência da importância da imunização, acho irresponsabilidade essa crença em mitos. É muito melhor prevenir do que, depois, tentar remediar", opina, afirmando que próxima segunda-feira é a vez do filho de dois anos ir ao Centro de Saúde do Meireles para tomar as duas gotinhas contra a poliomielite e a injeção contra sarampo.
Postos
Em Fortaleza, as salas de vacinação de todos os postos de saúde ficam abertas de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 18h30. Nos fins de semana, apenas os postos Paulo Marcelo, no Centro, e Messejana abrem, das 8h às 16h30. Já no Dia D da campanha, 18 de agosto, sábado, todos os postos ficam abertos, e a Capital deve contar ainda com minipostos móveis, localizados em praças, igrejas, supermercados e escolas, a fim de facilitar o acesso da população e atingir as 138.317 crianças entre um e menos de cinco anos de Fortaleza. Os locais, informa Soldatelli, ainda serão definidos e divulgados.
Além das crianças e como prevê o Calendário de Vacinação 2018 divulgado pela Secretaria da Saúde, a imunização contra sarampo, caxumba e rubéola deve ser aplicada também em adolescentes entre 11 e 19 anos, em duas doses; mesma quantidade preconizada para adultos de 20 a 29 anos. A população com idade entre 30 e 49 anos também deve procurar a vacinação tríplice viral, em dose única.
"É importante saber: a vacinação contra a poliomielite e o sarampo é de rotina, está sempre disponível. Na campanha, o foco são as crianças, que receberão uma dose independentemente de já terem tomado. Os adultos também podem se vacinar, mas seguindo o previsto no calendário", pontua a coordenadora municipal de Imunizações.

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Câncer de próstata tem novo tratamento aprovado pela Anvisa

Produto será comercializado na forma farmacêutica de cápsula gelatinosa, com concentração de 40 miligramas

Por Agência Brasil
Remédio aprovado pela Anvisa
Remédio aprovado pela Anvisa -
Brasília - A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a inclusão de indicação terapêutica do medicamento Xtandi (enzalutamida) para o tratamento de homens com câncer de próstata não metastático resistente à castração. O produto será comercializado na forma farmacêutica de cápsula gelatinosa, com concentração de 40 miligramas (mg).
O produto tem registro na Anvisa desde dezembro de 2014, com indicação aprovada como antineoplásico para o tratamento de câncer de próstata metastático resistente à castração, em adultos que são assintomáticos ou ligeiramente sintomáticos, após falha de terapia de privação androgênica. Também tem uso aprovado para tratamento de câncer de próstata metastático resistente à castração em adultos que já tenham recebido terapia com docetaxel.
Segundo a agência, estudos realizados pela indústria apontam que o Xtandi apresentou melhora na sobrevida livre de metástases. Testes indicaram que o medicamento reduziu em 70,8% o risco de agravamento da doença quando comparado ao placebo, além de ter aumentado a mediana da sobrevida livre de metástases de 14,7 meses (no grupo placebo) para 36,6 meses no grupo da enzalutamida (diferença de 21,9 meses).
Tratamento
Após a avaliação inicial e diagnóstico de câncer de próstata, a maior parte dos homens passa por tratamento local primário, com intenção curativa. A terapia de privação androgênica, por meio da castração cirúrgica ou medicamentosa, é frequentemente iniciada em homens com aumento do antígeno prostático específico, depois da realização de terapia primária.
Após a terapia de privação androgênica, o próximo estado clínico mais frequente no atual modelo de progressão da doença é o câncer de próstata resistente à castração. Homens com este quadro podem ter doença metastática ou não-metastática.

quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Proteste encontra traços de glúten em “macarrão sem glúten”

De 23 alimentos avaliados dentro da categoria glúten-free, apenas o penne da Fit Food foi reprovado. Entenda o teste e sua repercussão na saúde dos celíacos

Não pretendemos demonizar o glúten. Mas, principalmente para pessoas com doença celíaca, ele de fato deve ser evitado – daí a importância de rótulos claros e confiáveis. Acontece que uma avaliação da Proteste – Associação de Consumidores encontrou essa proteína dentro da embalagem do macarrão penne, da marca Fit Food, que exibia inscrições como glúten-free.
Antes de tudo, os responsáveis pelo teste selecionaram 23 alimentos de lojas de produtos naturais ou voltadas especificamente para mercadorias livres dessa substância na cidade de São Paulo. Eles pertenciam a diversas categorias, de macarrão a cerveja. Confira a lista completa:
Macarrão Penne Cookie Integral Barra de cereal Pão Torrada Cerveja
Tivva Nutri Cookie Harts Love —– Sabor Vital Tássila
Urbano Gullón Flormel Grani Amici Fred Germânia
Fit Food —– Trio Équilibri Aminna Wienbier 55
Colavita Vitalin Natural Life —– Schär —–
Barilla Good Soy Agtal —– —– —–
Esses itens foram então levados para um laboratório certificado pelo Inmetro. A boa notícia: no fim da avaliação, quase todos passaram pelo crivo da Proteste. A má: o macarrão penne da Fit Food tinha 27,73 ppm de glúten (ou partes por milhão, uma métrica empregada no teste). Em duas análises posteriores do mesmo lote para confirmar o resultado, foram encontradas 15,59 e 14,57 ppm de glúten, respectivamente.

Mais polêmica com glúten à vista

Há um manual internacional que determina padrões e códigos de conduta relativos à produção de alimentos chamado Codex Alimentarius, vinculado à Organização Mundial da Saúde. Segundo ele, mercadorias intituladas de glúten-free não podem exceder a quantia de 20 ppm dessa proteína. Sim, é possível que mesmo produtos que estampam em sua embalagem a frase “não contém glúten” apresentem resquícios da substância – até porque, por exemplo, o método utilizado pela Proteste não consegue detectar concentrações menores de 5 ppm.
Enfim, seguindo a regra do Codex Alimentarius, o penne da Fit Food teria ficado acima do limite em um teste e abaixo dele nas duas análises subsequentes. Mas tem mais pano para manga.
De acordo com a Proteste, a legislação brasileira não determina quaisquer valores mínimos de glúten. Uma lei federal diz apenas que todos os alimentos industrializados precisam conter em seu rótulo as inscrições “Contém Glúten” ou “Não Contém Glúten”.
Cabe ressaltar que, no caso do produto da Fit Food, só na parte da frente da embalagem há quatro menções à ausência dessa proteína. E, segundo o rótulo, o macarrão é feito 100% de farinha de milho, um ingrediente a princípio livre de glúten (falaremos mais pra frente de eventuais contaminações cruzadas).
Frente a essas questões, a Proteste decidiu acionar judicialmente a Fit Food para pedir que todo esse lote do penne seja retirado dos mercados. Trata-se do lote A, com validade de 13 de setembro de 2019. A entidade ainda quer que a empresa reembolse os consumidores que compraram esses pacotes especificamente.
De acordo com a Proteste, há evidências sólidas de que o alimento coloca em risco pacientes com doença celíaca, que dependem dos rótulos para evitar complicações do seu problema.
Já a Fit Food, por meio de nota à imprensa, disse que solicitou à Proteste detalhes sobre a metodologia dos testes. Afirmou ainda que segue as normas internacionais do Codex Alimentarius, como mencionamos anteriormente. Leia o comunicado logo abaixo:
“O Macarrão Penne Fit Food é um alimento feito 100% a partir do milho pelo maior fabricante de macarrão de milho do mundo, líder na Europa. Por ser importado, o produto apresenta análises que atendem ao Padrão Alimentar Internacional – Codex Alimentarius, regulamentando que alimentos livres de glúten devem conter valores menores ou igual a 20 partes por milhão (ppm) da proteína. A Fit Food já solicitou detalhes sobre a metodologia da pesquisa e aguarda resposta da Proteste.”

Onde está o glúten

Essa proteína é achada originalmente nos grãos de trigo, centeio e cevada. Mas, pela chamada contaminação cruzada, é possível que produtos com outros grãos apresentem glúten. Como assim?
Seja pelo compartilhamento do solo na agricultura, pelo armazenamento em locais comuns ou pelo uso da mesma maquinaria de fabricação e embalagem, resquícios de grãos com glúten podem se misturar a outros produtos que, em tese, não carregariam a tal molécula em sua composição.
Isso é relativamente comum em itens feitos com aveia. Mas, a princípio, tal fato também poderia ocorrer com alimentos à base de milho.
Daí porque a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sugere que, havendo a possibilidade de contaminação por glúten, o rótulo deveria, por via das dúvidas, incluir a frase “Contém glúten”.