terça-feira, 31 de maio de 2011

Maioria dos brasileiros apoia proibição de sabores em cigarro

A cabeleireira Lara K., 26, diz que não consegue abandonar o cigarro mentolado por uma razão meio infantil """o frescorzinho" que ele provoca na boca. "Já ouvi que cigarro mentolado é mais nocivo, mas não consigo parar. Fazer o quê?"

O desconforto de Lara com a dependência do aroma não é uma exceção. Pesquisa Datafolha feita para a Aliança de Controle do Tabagismo mostra que 75% dos brasileiros aprovam a proibição de aditivos como menta e chocolate em cigarros.

A pesquisa foi feita para aferir quais são as melhores medidas para reduzir o consumo de cigarro entre jovens e adolescentes.

O aumento de imposto para cigarros teve apoio de 76% dos entrevistados, e o fim da publicidade em bares e outros pontos de venda, de 78%.

Os aromas de menta, chocolate e morango são adicionados ao cigarro com um único objetivo, segundo Agenor Álvares, diretor da Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária): "Como o tabaco tem um gosto ruim, esses aromas facilitam a iniciação ao cigarro. O aditivo é um truque sujo para conquistar os jovens".

A Souza Cruz nega que o alvo sejam os jovens.

A Anvisa faz uma consulta pública sobre o tema, com vistas a proibir os aditivos.

O mentol, o mais comum deles, diminui o desconforto da nicotina ao reduzir a irritação na garganta, por conta de seu efeito anestésico.

Nos cigarros com teores mais baixos, ele tem uma função adicional: aumenta a potência da nicotina, segundo pesquisas da FDA, agência do governo do EUA que cuida de drogas e tabaco.

JOVENS

Estatísticas no Brasil e nos EUA comprovam que os jovens são os maiores consumidores desse tipo de fumo.

Entre 2002 e 2005, o Inca (Instituto Nacional de Câncer) e pesquisadores da Universidade John Hopkins ouviram 13 mil estudantes em dez capitais brasileiras e descobriram que 44% deles usam cigarros com aroma. O índice é o dobro dos fumantes na população em geral (22%), segundo a pesquisa.

Nos EUA, os levantamentos mostram que, enquanto o percentual de fumantes está em queda, o índice dos que consomem cigarros mentolados só cresce.

Entre os jovens de 18 a 24 anos, os fumantes de cigarro mentolado representam 40%. Na população acima de 26 anos, esse índice cai para 32%, segundo a FDA.

O órgão recomendou a proibição do mentol em fevereiro, mas o Congresso não aprovou a sugestão.

A facilidade na iniciação não é o único problema com os aromatizantes, de acordo com a FDA. É mais difícil largar um cigarro com menta ou tuti-frutti do que um sem.

No Brasil, não há pesquisas sobre a dificuldade de abandonar os mentolados ou congêneres, mas a médica Stella Martins, diretora do Programa de Atenção ao Tabagista do Cratod (Centro de Referência em Álcool, Tabaco e Outras Drogas), órgão do governo paulista, diz que a percepção do usuário desse tipo de fumo é diferente.

"O problema dos que fumam cigarro com sabor é que eles acham que esse tipo de cigarro não é um problema".

Um levantamento feito pela entidade sobre o uso de derivados do tabaco nos cinco primeiros meses deste ano mostra que o cigarro com sabores ocupa a segunda posição na preferência. Segundo a consulta, 22% dizem ter fumado cigarro com sabor nos últimos 12 meses. O uso de narguilé foi relatado por 28%.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

EUA alertam para falta de segurança de prótese de quadril

A segurança das próteses metálicas de quadril está sendo questionada por instituições como a Associação Britânica de Ortopedia e a FDA, agência que regula os produtos de saúde dos EUA.

Estudos indicam que essas próteses soltam uma quantidade de resíduos metálicos potencialmente perigosa para a saúde.

"As minúsculas partículas soltas pelo desgaste do material podem causar efeitos locais e sistêmicos [que afetam o corpo todo]", diz o ortopedista Luiz Marcelino Gomes, presidente da Sociedade Brasileira de Quadril.

Como efeitos locais, segundo o médico, os resíduos de cromo e cobalto (material das próteses) podem provocar uma reação alérgica nos tecidos ao redor do implante, causando dores, falsos tumores (sem células cancerosas) e até destruição óssea.

Os efeitos generalizados estão relacionados à toxicidade dos metais. "Eles podem afetar a função renal em pessoas predispostas, por exemplo", diz Gomes.

O risco de câncer associado a esses materiais está sendo discutido, mas ainda não foi comprovado.

Segundo o ortopedista Emerson Honda, do hospital Oswaldo Cruz, em São Paulo, os níveis de metal no sangue das pessoas que usam essas próteses são 20 vezes mais altos do que os considerados normais.

Outros tipos de prótese, feitas com polieteno (material plástico) ou cerâmica, levam uma capa de metal. Elas também soltam resíduos, mas em concentrações menores.

CONTROLE

Nos Estados Unidos, a FDA pediu para que todos os fabricantes de próteses metálicas de quadril apresentem mais estudos sobre a segurança do implante ao longo do tempo.

Aqui, o acompanhamento das próteses e o monitoramento da sua qualidade devem começar a ser feitos agora, segundo a Anvisa.

Em parceria com a Sociedade Brasileira de Quadril, a agência iniciou o registro nacional de artoplastia [cirurgia do quadril], para seguir a evolução dos pacientes.

No Brasil, são colocadas por ano cerca de 30 mil próteses, de todos os materiais, contra 250 mil nos EUA.

Os tipos mais usados são os implantes com polieteno, que têm a desvantagem de durarem menos tempo, e os de cerâmica, que duram mais, mas podem quebrar.

"Não existe prótese que seja o substituto ideal do osso", afirma o ortopedista Moisés Cohen, presidente da Isakos (Sociedade Internacional de Artroscopia, Cirurgia do Joelho e Medicina Esportiva Ortopédica).

Para Cohen, os implantes feitos totalmente de metal podem ser uma opção para os mais jovens. "Essas prótesestêm uma estabilidade que permite a prática de atividades de maior impacto."

O problema é que, quanto mais mais jovem o paciente, mais tempo as substâncias tóxicas circulam em seu organismo. "Ainda não sabemos quais são as consequências a longo prazo que os resíduos metálicos podem causar", diz Honda.

Na avaliação do ortopedista Lafayette Lage, especializado em próteses de quadril para atletas, o problema não está no material, mas sim na técnica cirúrgica. "Se a prótese é colocada com inclinação errada, vai ter liberação de metais. Por erro de colocação, esse material está sendo crucificado."

domingo, 29 de maio de 2011

Os médicos detetives

Neste momento, um time formado por alguns dos melhores médicos do mundo está empenhado em realizar uma tarefa que nenhum outro colega, no planeta, conseguiu finalizar: fazer o diagnóstico dos mais misteriosos casos da medicina. Eles integram o Programa de Doenças Não Diagnosticadas do Instituto Nacional de Saúde (NIH), dos Estados Unidos. Sua missão, como “médicos-detetives”, é esclarecer a razão do sofrimento de pacientes que já passaram pelas etapas tradicionais de diagnóstico, mas saíram da maratona consultórios-laboratórios sem saber o que tinham. “Atendemos casos sobre os quais ninguém havia chegado a uma resposta”, disse à ISTOÉ William Gahl, diretor do programa.

Não há serviço como esse em nenhum outro lugar do mundo. No programa, estão reunidos médicos das mais diversas especialidades. Eles trabalham em conjunto e recorrem aos mais modernos métodos de exames para obter informações precisas sobre as condições de saúde dos pacientes. A tarefa, apesar dos recursos de que dispõem, não é fácil: dos primeiros 160 pacientes avaliados, por exemplo, apenas 35 tiveram algum tipo de diagnóstico desvendado.

A razão está nas dificuldades impostas pela alta complexidade dos casos. No programa, caso fácil não entra. Alguns números dão a dimensão do rigor da seleção dos escolhidos. De 2008, quando o serviço começou, até hoje, cerca de 4,6 mil pacientes pleitearam a oportunidade de ser atendidos pelo serviço. Porém, apenas 380 foram aceitos e 330 efetivamente examinados ou tiveram agendamento de consulta confirmado.

Há cerca de 15 dias, os médicos do programa anunciaram mais uma vitória obtida no desafiador cenário em que trabalham. Em um artigo divulgado na publicação científica “The New England Journal of Medicine”, os cientistas informaram a descoberta da causa genética de uma condição chamada calcificação arterial. Rara e debilitante, a doença ainda não havia sido explicada na literatura médica. Sua principal característica é a formação de calcificações em vasos sanguíneos de pés e mãos.

O trabalho que levou à identificação da origem da enfermidade é um exemplo do que busca a divisão de “médicos-detetives” americana. “Queremos ajudar os pacientes e, ao mesmo tempo, contribuir para o progresso da medicina”, afirmou Francis Collins, diretor do NIH.
O achado só foi possível porque indivíduos de duas famílias nas quais há casos foram atendidos pelo serviço. A partir da descoberta, espera-se que seja possível criar remédios contra a doença. Está aí, inclusive, um dos maiores esforços dos médicos. “Uma das dificuldades do nosso trabalho é atender pacientes desesperados e chegar a diagnósticos de doenças que não têm tratamento”, lamenta Gahl. “Por isso, desejamos que as informações ajudem na criação de soluções para esses doentes.”

sábado, 28 de maio de 2011

Empresa lança máquina tipo Nespresso para leite de bebê

A Nestlé lançou ontem, na Suíça, a BabyNes, uma máquina de fazer leite para bebês com um sistema parecido com o da cafeteira Nespresso.O aparelho usa cápsulas de leite em pó e prepara uma mamadeira em menos de um minuto, na dose e na temperatura certas, segundo informa o site da fabricante.

"É uma virada de jogo na categoria de fórmula de leite infantil", disse Martin Grieder, diretor de sistemas avançados de nutrição da Nestlé. "É muito simples, intuitivo, higiênico e seguro."

Há seis tipos de cápsulas, de acordo com a faixa etária, para crianças de um mês até três anos. Há também uma cápsula especial para bebês com problemas digestivos.

O site tem um teste para a mãe saber qual o tipo certo de cápsula, mas para entrar na página é preciso ler um alerta da Organização Mundial da Saúde sobre a importância da amamentação.

A máquina é vendida por 249 francos suíços (R$ 464) e as cápsulas custam R$ 3,50. O produto ainda não tem data para chegar ao Brasil.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Anvisa aprova vacina de HPV para homens

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou a aplicação da vacina contra HPV (papilomavírus humano) em meninos e homens entre 9 e 26 anos.

A imunização previne as verrugas genitais causadas, principalmente, pelos tipos 6 e 11 do vírus. A vacina, conhecida como Gardasil (Merck Sharp & Dohme), está liberada para os homens nos EUA desde 2009.

No Brasil, ela foi aprovada para mulheres em 2008, mas só está disponível na rede privada, ao custo de R$ 900.

Para liberar a imunização masculina, a Anvisa se baseou em um estudo publicado no "New England Journal of Medicine", que comprova a redução de 90% das lesões genitais externas.

O estudo clínico, que acompanhou 4.065 homens em 18 países, inclusive o Brasil, comprovou a eficácia da vacina contra lesões ligadas aos tipos 6,11, 16 e 18 do HPV.

O tipo 16 é o que tem levado ao aumento dos tumores de boca e da região da garganta (orofaringe) no Brasil, conforme revelou a Folha ontem. Em hospitais brasileiros, até 80% desses cânceres estão associados ao HPV.

PROTEÇÃO

Segundo a pesquisadora Luisa Villa Lina, professora da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e uma das maiores especialistas em HPV no país, além das verrugas genitais, espera-se que a vacina proteja os homens contra tumores de pênis, ânus e orofaringe.

A infecção pelo papilomavírus está ligada a cerca de 40% dos casos de câncer de pênis e de 30% a 40% dos de câncer anal em homens.

Segundo Lina, o ideal é que, assim como as meninas, os garotos sejam vacinados antes do início da vida sexual. No Brasil, pesquisas indicam que isso acontece aos 13 anos, no caso dos homens, e aos 15, para as mulheres.

Mas a pesquisadora acredita que, mesmo que já tenham sido expostos ao HPV, homens e mulheres podem ser beneficiados, porque a vacina evita novas infecções e reduz o risco de câncer.

O pesquisador da USP Adhemar Longatto Filho afirma que a aprovação da vacina para homens vai trazer "um benefício tremendo". "O homem é o principal vetor de muitas das lesões causadas pelo HPV. É crucial que ele seja vacinado."

CONTÁGIO

É comum o HPV permanecer no organismo sem qualquer sintoma por meses ou anos. Os cânceres, por exemplo, podem demorar de dez a 20 anos para se desenvolver.

O risco de contágio é alto (de até 80%), e o vírus pode ser passado mesmo latente (sem manifestação visível).

A maioria dos tipos de HPV não causa sintoma e desaparece espontaneamente sem tratamento, o que significa que muitas pessoas não sabem que são portadoras.

Um estudo recente mostrou, por exemplo, que 50% dos homens saudáveis já foram infectados pelo HPV. A vacina contra o papilomavírus é administrada em três doses, com aplicação intramuscular.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Procuradoria investiga segurança de esmaltes no Brasil

O Ministério Público Federal de Belo Horizonte informou que instaurou um inquérito civil público para investigar denúncias sobre a presença de substâncias alergênicas em esmaltes comercializados no Brasil.Conforme a Folha noticiou em abril, uma pesquisa da ProTeste (órgão de defesa do consumidor) mostrou que os esmaltes contêm em sua fórmula as substâncias tolueno e furfural, assim como dibutilftalato e nitrotolueno, em níveis acima dos limites de tolerância admitidos na Comunidade Europeia.

O dibutilftalato já foi banido de cosméticos, inclusive esmaltes, em toda Europa. As demais substâncias já foram ligadas ao desenvolvimento de câncer em animais.

De acordo com a ProTeste, o problema é que a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) não estipulou limites para uso do tolueno e furfural, nem menciona as outras substâncias em resolução que lista os ingredientes proibidos e os que devem ter suas quantidades limitadas em cosméticos.

A Procuradoria da República de Minas Gerais também informou que a legislação brasileira, em especial o Código de Defesa do Consumidor, estabelece que os produtos colocados à venda no mercado não poderão trazer riscos à saúde ou à segurança dos consumidores, obrigando os fornecedores a dar as informações necessárias e adequadas a respeito.

O procurador da Repúblico Fernando Almeida afirmou que deve haver uma regulamentação específica pela Vigilância Sanitária para estabelecer limites máximos de tolerância.

Ainda requisitou informações à Anvisa para saber se o órgão tem conhecimento dos fatos apontados pela pesquisa da ProTeste e que providências teria tomado para proteger os consumidores.

As empresas que produzem as marcas de esmalte com irregularidades também foram notificadas, e terão prazo de 15 dias corridos para resposta.

OUTRO LADO

Na matéria publicada pela Folha em abril, todos os fabricantes das marcas testadas na pesquisa da ProTeste disseram que estão de acordo com a regulamentação nacional.

"Ressaltamos que a Risqué cumpre rigorosamente as legislações vigentes. As substâncias utilizadas em nossos esmaltes são aprovadas pela Anvisa e cumprem os níveis permitidos de segurança", diz nota da Hypermarcas, que fabrica os esmaltes Risqué.

A empresa questionou a validade dos testes. "As análises não foram acompanhadas por técnicos e representantes da marca, o que não permitiu claro entendimento dos resultados."

A fabricante confirma que o esmalte contém tolueno, solvente de uso controlado na Europa. "Ressaltamos que as concentrações encontradas são inferiores aos limites permitidos pelas leis brasileiras, europeias e americanas."

Sobre os solventes furfural e o nitrotolueno, detectados no teste, a Hypermarcas afirma que as substâncias não são adicionadas na fabricação e, se foram encontradas, podem ter sido derivadas de outras matérias-primas.

Segundo o Laboratório Avamiller de Cosméticos, responsável pela Impala, todos os esmaltes da marca, inclusive os hipoalergênicos, seguem as leis nacionais.

Em nota, a empresa disse que os produtos passam por "testes clínicos de sensibilização cutânea e fotoalergia", recomendados pela Anvisa.

O laboratório reafirmou a segurança dos produtos, mas afirmou que não é recomendado usar esmaltes feitos para adultos em crianças.

Os esmaltes Colorama, da L'Oréal, não informam na embalagem que são hipoalergênicos. Segundo a análise da ProTeste, todos têm níveis aceitáveis das substâncias que podem causar alergias.

A empresa diz que, em 2005, as fórmulas foram alteradas para excluir os compostos, mas alguns ainda estão presentes, em níveis baixos.

Segundo a Abihpec (Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos), os produtos vendidos no Brasil têm segurança comprovada e são usados em larga escala pela população, "que confia nos lançamentos do setor".

A associação discorda da comparação das leis brasileiras com as de outros países. "Diferentes nações possuem diferentes entendimentos sobre os processos de análise."

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Esclareça as principais dúvidas na hora de escolher um plano de saúde

Escolher um plano de saúde, trocá-lo por outro ou até entender aquele que você já tem não é uma tarefa fácil. É preciso atenção às regras do setor e às mudanças anunciadas pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).

Problemas com contratos de saúde (cobertura, abrangência, reembolso) e negativas de cobertura são as queixas mais comuns que chegam aos serviços de serviços de defesa do consumidor.

Quase um quarto da população brasileira (43 milhões) tem plano de saúde, a maioria (mais de 70%) vinculada a contratos empresariais.

A Folha levantou as principais dúvidas na hora de adquirir um plano ou de recorrer de abusos praticados pelas operadoras, como reajuste excessivo de preços ou atendimento inadequado. Saiba quais são seus direitos e deveres.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Novo implante aprovado no país controla glaucoma

Menor que um grão de arroz, um novo dispositivo de aço, implantado no olho, controla a pressão ocular em pessoas que têm glaucoma. Batizado de Ex-press, o produto será lançado no Brasil nesta semana, no 14º Simpósio Internacional de Glaucoma, que acontece entre os dias 26 e 28 de maio em Belo Horizonte (MG).O dispositivo foi aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em abril. Nos EUA, ele foi aprovado em 2003, e na Europa, em 1999.

Estima-se que o glaucoma, principal causa de cegueira irreversível no mundo, afete 1 milhão de brasileiros. Há vários tipos de glaucoma. A forma crônica simples, que representa cerca de 80% dos casos e é mais comum nas pessoas acima de 40 anos, é causada por uma alteração anatômica no olho.

Ao longo dos anos, essa alteração impede que um líquido produzido pelo olho, chamado humor aquoso, seja drenado e caia na corrente sanguínea. Isso aumenta a pressão intraocular.

CICATRIZAÇÃO

O implante é colocado, por meio de cirurgia no olho, entre a córnea e a esclera, sobre um orifício feito pelo cirurgião, por onde o líquido sai. Assim, a pressão baixa.

Na cirurgia convencional, abre-se um orifício no mesmo local para que esse líquido possa escapar.

"Mas, sem o dispositivo, não dá para controlar o fluxo e a abertura, que tende a cicatrizar", diz Vital Paulino Costa, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Glaucoma e chefe do setor de glaucoma da Unicamp.

Para Regina Cele Silveira, oftalmologista do setor de glaucoma da Unifesp, o grande problema da cirurgia é a cicatrização.

"Nessa cirurgia, a cicatrização é 'vilã'. O buraco ainda pode se fechar, mas, com o dispositivo, essa possibilidade é muito menor."

Ela afirma que cinco anos depois da cirurgia convencional, 65% dos pacientes perdem a capacidade de drenagem pelo orifício e podem precisar de novas operações.

Segundo Costa, o dispositivo ainda causa menos inflamações e diminui a necessidade de medicamentos no pós-operatório.

CRÍTICAS

Segundo o presidente do Conselho Brasileiro de Oftalmologia Paulo de Arruda Mello, há um grande interesse no dispositivo, que simplifica muito a cirurgia.

"Mas ainda é necessário fazer mais estudos para afirmar que ele traz mais benefícios do que a cirurgia convencional", afirma. Para Cele, o dispositivo é "perfeito" do ponto de vista técnico, porque faz a cirurgia de glaucoma durar mais. Porém, diz que não se sabe por quanto tempo os benefícios permanecem.

"Não dá para jogar a técnica antiga no lixo. Faltam dados de mais longo prazo."

Outro ponto negativo é o preço ""nos EUA, o dispositivo custa US$ 1.200 (R$ 1.956), segundo Cele. "Não sabemos quanto ele custará no Brasil, mas estamos pressionando o fabricante por um preço mais acessível."

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Alemanha sinalizará com 'semáforos' higiene em restaurantes

Alemanha deve implantar em breve um sistema de controle a base de 'semáforos' para informar aos clientes as condições sanitárias dos restaurantes. Os ministros de Proteção ao Consumidor de todos os Länder (Estados alemães), com exceção da Baviera, aprovaram a medida nesta quinta-feira, em Brêmen.
"É um grande avanço em matéria de proteção ao consumidor. Os consumidores devem saber qual é a situação da higiene dos diferentes estabelecimentos alimentícios", declarou a senadora de Saúde de Brêmen, a social-democrata Ingelore Rosenkötter.
O "barômetro" de controle deve ser instalado em um lugar visível no restaurante e mostrar os resultados dos últimos três controles oficiais realizados no estabelecimento. Para isso, está previsto instalar uma escala de cores em transição, na qual uma seta indicará a avaliação do restaurante.
A cor verde garante que o restaurante respeita as condições higiênicas, enquanto a amarela vai indicar a presença de algum tipo de infração em matéria sanitária. A vermelha vai alertar sobre descumprimentos graves.
Embora o projeto final ainda não tenha sido concluído, "o importante é que seja compreensível a primeira vista", ressaltou Rosenkötter.
Os ministros esperam que este sistema de avaliação comece a funcionar a partir de 1º de janeiro de 2012.
O objetivo é implantar o projeto também em padarias, açougues, cantinas, comércios alimentícios e mercadinhos. No caso de serviços delivery, está previsto que a informação seja consultada pela internet.

domingo, 22 de maio de 2011

Médicos investigam ligação de remédio para impotência a surdez

O Viagra e outras drogas similares para impotência já foram ligados a centenas de casos de surdez súbita no mundo todo. Após uma série de reclamações de americanos com problemas auditivos, médicos começaram a alertar sobre possíveis danos provocados pelos remédios à audição dos usuários.

Especialistas dos hospitais Charing Cross, Stoke Mandeville e Royal Marsden, no Reino Unido, estavam tão preocupados com as reivindicações que exigiram uma investigação oficial em três continentes.

A informação foi publicada no site do jornal britânico "The Telegraph".

Usuários na América, Ásia e Austrália foram questionados se sofreram perda auditiva logo após tomar as pílulas.

Quarenta e sete casos de suspeita de perda auditiva neurossensorial --uma rápida perda de audição em um ou ambos os ouvidos-- foram relacionadas ao Viagra e aos medicamentos Cialis e Levitra, sendo oito no Reino Unido.

No entanto, outras 223 notificações feitas nos EUA foram ignoradas devido à falta de detalhes.

Os pesquisadores não sabem explicar de que maneira o Viagra pode afetar a audição, mas desconfiam que as reações químicas que o remédio desencadeia pode provocar repercussões no ouvido interno.

A média de idade dos homens atingidos foi de 57 anos, embora dois dos envolvidos tinham apenas 37, segundo o estudo.

No entanto, a Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde, fiscalizadora de drogas do Reino Unido, disse que as queixas de perda auditiva vinculadas ao Viagra eram "extremamente raras".

Um porta-voz acrescentou que relatórios de uma reação adversa a um medicamento não provam que ele é o responsável.

A pesquisa foi publicada na revista "The Laryngoscope".

sábado, 21 de maio de 2011

Duas crianças morrem por dengue na Capital

Foi confirmada, ontem, pelo boletim epidemiológico da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), a morte de duas crianças, de Fortaleza, devido a dengue. Ao todo, neste ano, 20.357 casos da doença foram notificados, das quais 41 faleceram. A expectativa da Sesa é que, a partir desse mês, a epidemia esteja perdendo a sua força.

As duas crianças, uma de nove meses e a outra com três anos, eram de Fortaleza e morreram no dia 16 de abril. A mais nova ficou internada por cinco dias, enquanto a mais velha passou oito dias no hospital, ambas tinham o tipo 1 da doença.

Há duas semanas não é feita nenhuma notificação de óbito devido a dengue. No mês de março foram registradas 16 mortes, até agora esse é o período com maior número de óbitos, em seguida vem fevereiro. Abril tem sete casos confirmados e 12 ainda em investigação. Em janeiro foram seis.

Fortaleza lidera o número de mortes no Estado, foram confirmados 17 óbitos devido a doença. A região com maior número de infectados é a da Secretaria Executiva Regional (SER) VI que registrou 2.602 casos.

Segundo o coordenador de Promoção e Proteção à Saúde da Sesa, Manuel Fonseca, a secretaria tem notado que a epidemia está em uma curva descendente. "Houve uma redução no número de casos e também na quantidade de transferência de infectados do Interior para a Capital. Isso mostra que aconteceu uma quebra na transmissão da dengue", comentou.

Ele explicou que na última epidemia, em 2008, o mês de maio marcou o pico, com maior quantidade de casos. Este ano março e abril foram os meses que mais tiveram infectados.

Fonseca acredita que vários fatores contribuiram para a redução. Os principais foram a Secretaria da Educação do Estado (Seduc) e a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) que realizaram ações de conscientização. O uso do Ultra Baixo Volume (UBV), conhecido como fumacê, e a divulgação da mídia também ajudaram.

"Esse ano a mobilização social em todo o Estado do Ceará foi muito grande. Empresas e escolas combateram a epidemia", afirmou .

Preconceito ainda barra combate à Aids

O estigma associado à Aids ainda prejudica o controle da epidemia no mundo, mesmo 30 anos depois de identificada como doença.

Hoje, 33,3 milhões de pessoas vivem com o vírus HIV. A África responde por 88% das pessoas infectadas.

"A discriminação impede a utilização dos serviços disponíveis", afirma o médico Daniel Ndaki Nkonya, do programa de combate à Aids do Ministério da Saúde e Bem-Estar Social da Tanzânia.

"Há mulheres mais interessadas em proteger sua imagem social do que a criança em sua barriga, ou não querem correr o risco de perder o parceiro com HIV que paga suas contas", diz Jovin Tesha, diretor da Pasada, sigla para Atividades e Serviços Pastorais para Pessoas com Aids da Arquidiocese de Dar es Salaam, maior cidade do país.

MAIS TRATAMENTO

A Tanzânia é um bom exemplo do que pode ser feito para controlar a epidemia.

O país é um dos cinco maiores destinatários de verbas, entre outros 146, do Global Fund to Fight Aids, Tuberculosis and Malaria (Fundo Global para o Combate à Aids, Tuberculose e Malária).

O fundo é uma instituição de financiamento internacional com sede em Genebra, Suíça, criado em 2002.

Desde então, já apoiou mais de 600 programas de combate a essas três doenças infecciosas, com US$ 21,7 bilhões em recursos. A Tanzânia recebeu US$ 992 milhões.

O dinheiro vem de governos que doam ao fundo e de instituições privadas.

Segundo relatório divulgado ontem pela instituição, os financiamentos bateram o recorde no ano passado, com US$ 3 bilhões, que permitiram, por exemplo, pagar o tratamento de 3 milhões de pessoas com os antirretrovirais que combatem o HIV.

Há 10 milhões de pessoas na fila para receber os remédios, em países pobres.

Hoje, 52% dos pacientes na Tanzânia recebem tratamento. Outros desafios para o controle da epidemia no país são a carência de profissionais de saúde e a infraestrutura inadequada.

Em média, 5,7% dos adultos entre 15 e 49 anos estão infectados com o HIV no país, em uma população total de cerca de 45 milhões. Um dos sucessos da Tanzânia é a diminuição da transmissão de mãe para filho.

O Hospital Temeke, em Dar es Salaam, é um exemplo dos desafios enfrentados no combate à Aids. "O espaço é pequeno, falta o básico e só temos uma ambulância velha", diz o médico Amaani Malima.

O hospital tem um moderno laboratório de diagnósticos. Mas uma vala com água suja atravessa o terreno, parte dele repleta de lama e de poças d'água quando chove. E chove muito na Tanzânia.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Médicos americanos exigem 'morte' de Ronald McDonald

Centenas de médicos americanos participam de uma campanha para proibir a rede McDonald's de promover seus produtos entre as crianças e forçar a gigante do fast food a eliminar seu mascote, o palhaço Ronald McDonald.

A carta aberta, publicada na quarta-feira (18) nos grandes jornais do país, coincide com uma reunião anual dos diretores do McDonald's em Chicago, que será realizada na quinta.

Um grupo de religiosas já havia proposto que o McDonald's publicasse na ocasião um documento avaliando sua resposta às "preocupações da opinião pública a respeito da relação entre fast food e obesidade infantil".

A carta dos médicos vai além e pede ao McDonald's que deixe de incluir brindes em seus "McLanches Felizes", refeições que contêm sanduíches hipercalóricos e ricos em sal, gordura e açúcar.

A carta faz parte de uma campanha conduzida pela organização sem fins lucrativos Corporação de Responsabilidade Internacional (Corporate Accountability International), conhecida por sua luta para que a marca de cigarros Camel deixe de usar seu mascote, o simpático camelo Joe.

O palhaço Ronald McDonald --que com seus enormes sapatos e cabelos vermelhos enfeita as entradas dos restaurantes da rede-- tem sido usado por décadas como um simpático porta-voz corporativo.

Em um comunicado, o McDonald's defendeu seu mascote, seus cardápios e sua política de publicidade.

"Como o rosto da Ronald McDonald House Charities (braço encarregado das atividades de caridade do grupo), Ronald é um embaixador a serviço do bem, que dá mensagens importantes às crianças sobre segurança, alfabetização e um estilo de vida ativo e equilibrado", redigiu a empresa.

"Servimos alimentos de alta qualidade e nossos 'McLanches Felizes' propõem opções e variedade nas porções adaptadas às crianças", continuou.

A obesidade infantil triplicou nos últimos 30 anos nos Estados Unidos. Atualmente, uma criança em cada três tem excesso de peso ou é obesa no país.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Droga que ajusta relógio biológico é eficaz contra depressão

Um remédio que imita a ação do hormônio do sono é eficaz contra depressão, diz revisão de estudos publicada hoje no periódico "Lancet".

A substância testada foi a agomelatina, que, por ser similar à melatonina ""hormônio que atua à noite"" ajuda a regular o relógio biológico.

Segundo os autores do estudo, pesquisadores das universidades de Sydney e Central Queensland, Austrália, existe uma relação direta entre depressão e desequilíbrio dos ritmos biológicos, marcados pelo horário e pela duração do sono e da vigília.

Uma mudança no relógio biológico pode resultar em alterações metabólicas.

Cerca de 80% das pessoas que têm depressão sofrem de alguma alteração no sono. O inverso também vale: insones têm maior chance de ter transtornos de humor.

"Até pouco tempo, pensava-se que os distúrbios do sono eram um sintoma da depressão. Hoje, sabemos que eles podem levar ao desenvolvimento da doença", afirma a psiquiatra Gisele Minhoto, professora da PUC-PR.

ANTIDEPRESSIVO

A melatonina sozinha, vendida em cápsulas no exterior e pela internet, não é um antidepressivo. A agomelatina, além ser similar ao hormônio, age no neurotransmissor serotonina, como outros antidepressivos.

De acordo com os pesquisadores, que revisaram 105 trabalhos sobre o tema, a droga é tão eficaz quanto os antidepressivos tradicionais, com a vantagem de não ter os mesmos efeitos colaterais (não causa perda de libido ou irritações gastrointestinais).

A longo prazo, os pacientes têm a metade das recaídas em relação ao grupo-controle, dizem os autores do estudo, que declararam ser patrocinados pela Servier, fabricante do Valdoxan, droga à base de agomelatina.

O remédio é vendido no Brasil por, em média, R$ 200.

"É uma nova classe de medicamentos, eficaz e com ação mais localizada. Por isso, tem menos efeitos colaterais", diz José Alberto Del Porto, psiquiatra da Unifesp.

Ele afirma que receita a droga para pacientes depressivos com alterações no sono e para os que não toleram os efeitos colaterais dos outros antidepressivos.

O neurologista John Araujo, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, diz que a droga pode causar tontura e boca seca. "É cedo para receitá-la em larga escala. É preciso fazer mais estudos."

Oxi avança pelo país e polícia registra apreensões em 12 estados e no DF

Levantamento realizado pelo G1 junto à Polícia Federal e às polícias civis estaduais aponta que pelo menos 12 estados e o Distrito Federal já registraram apreensão de oxi (veja mapa), a nova droga que avança no país feita com a mistura de pasta base de cocaína com substâncias químicas, como cal, querosene e ácidos. Três estados (Rondônia, Piauí e Rio de Janeiro) ainda aguardam resultado de perícia técnica para confirmação da substância.

No Norte, por onde a droga entra no Brasil através da Bolívia e Peru, o oxi já vem sendo amplamente usado nas ruas há pelo menos dois anos, segundo delegados. “Fiz uma apreensão de 17 quilos de oxi há 17 anos no meu primeiro mês na polícia”, diz o delegado Silvano Alves Rabelo, da Polícia Civil do Acre.

Segundo ele, a droga avançou no estado, principalmente na capital, Rio Branco, com usuários que a adquiriam achando que se tratava de crack. “A olho nu, o oxi é igual ao crack. Além disso, ambas as drogas são consumidas da mesma forma.”

Os estados do Acre, Pará e Amazonas são os que primeiro registraram a presença do oxi. Desde o início de 2011, porém, a droga tem sido encontrada pela polícia nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul. As maiores apreensões ocorreram em São Paulo, onde o Departamento de Narcóticos (Denarc), da Polícia Civil, apreendeu mais de 6 mil pedras. No Acre, o oxi é encontrado com maior grau de pureza e as pedras são vendidas por valores entre R$ 2 e R$ 5, segundo o delegado Maurício Moscardi, da Divisão de Repressão a Entorpecentes (DRE) da PF. Pelo mesmo preço as pedras estão sendo vendidas na Cracolândia, região central de São Paulo.

“Apreendemos a droga muito na forma bruta, ainda nem oxidada, muitas vezes é cocaína com pureza de até 60% que entra pela fronteira sem sofrer processo químico”, diz Moscardi. A última grande apreensão no Acre foi de 12,8 quilos na forma bruta, que renderiam até 12.800 pedras de oxi. “Cada pedra, normalmente, tem um grama”, afirma.

Segundo o delegado, há relatos de que indígenas da região estejam consumindo o oxi, mas a informação não foi confirmada pela polícia. Moscardi acredita que o avanço recente da droga no Sudeste deve-se ao aumento da produção na Bolívia e no Peru.

“Zonas produtoras de coca estão aumentando e encaminhando cada vez mais para o Brasil, principalmente por Rondônia, Acre, Amazonas e Mato Grosso do Sul, que são as portas de entrada para o oxi se espalhar pelo país”, diz o delegado da PF.

Em São Paulo, a droga é apreendida com baixo grau de pureza e bastante diluída em produtos como carbonato de cálcio e querosene. “Mas os traficantes estão cada vez mais acrescentando outras substâncias, como ácido sulfúrico, ácido bórico, até rejunte de azulejo, para fazer render a droga até três, quatro vezes mais”, diz o delegado Clemente Calvo Castilhoni Júnior, do Denarc.

“O oxi apreendido em São Paulo é um crack de péssima qualidade, com menos cocaína e menor grau de pureza. Os usuários acham que é mais forte que o crack, mas, pelo contrário, o efeito dele é menor, mas mais destrutivo, porque está refinado. A saúde da pessoa é que sai bem mais prejudicada”, acrescenta Castilhone. No interior do estado, traficantes chegam a vender a pedra de oxi até por R$ 10.

A Polícia Civil já localizou laboratórios para produção de oxi em Heliópolis, na Zona Sul da capital, e em Ibiúna, Valinhos, Atibaia e Jundiaí. “Os pequenos traficantes fazem oxi até em balde, misturando de tudo, desde adrenalina, até cafeína e anestésicos, como cloridrato de lidocaína e a benzocaína”, acrescenta Castilhoni.

Apesar das recentes apreensões de oxi em quilo, ainda em pasta bruta, em Mato Grosso do Sul e Paraná, a droga que chega a São Paulo, segundo o delegado, é procedente da Bolívia. Questionado sobre o porquê de ainda não ter chegado ao Rio de Janeiro, ele negou ter conhecimento de que uma ou outra facção criminosa tenha decidido ou não vender o oxi.

Na quarta-feira (18), 18 pedras de entorpecente que podem ser oxi foram encontradas em uma colônia de pescadores de Niterói, na região metropolitana do Rio. O material foi levado para o Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) para ser periciado “Ainda não temos nenhuma informação confirmada de oxi no Rio. Há algumas apreensões suspeitas, mas ainda estamos avaliando. O material está passando por perícia”, diz o chefe da Divisão de Combate às Drogas da Polícia Civil fluminense, Pedro Henrique Medina.

Entre maio e abril, vários estados, entre eles Ceará, Bahia, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, anunciaram ter feito a primeira apreensão da droga, sempre em pequenas quantidades, de até um quilo ou menos de algumas dezenas de pedras, segundo a polícia. No Nordeste e em Santa Catarina, onde o oxi ainda não chegou, a polícia está preocupada e atenta para mudanças de perfil dos usuários.

Delegados ouvidos pelo G1 comentaram que há demora na confirmação de que a droga apreendida é mesmo oxi, pois é necessária perícia técnica especializada na droga que, além de demorada, muitas vezes inexiste nos estados.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Estudante paraplégico "anda" em formatura usando exoesqueleto

Um estudante paraplégico americano conseguiu andar em sua formatura com a ajuda de um exoesqueleto desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Berkeley, onde ele estudou.

Diante de uma plateia de 15 mil pessoas, Austin Whitney usou um controle em um andador para acionar o exoesqueleto amarrado às suas pernas e dar os tão esperados sete passos para receber o diploma em Ciência Política e História.

"Foi realmente além dos meus sonhos mais incríveis", disse Whitney.

"No segundo em que eu apertei o botão e me levantei, eu fui inundado por uma série de emoções."

Ele descreveu como os altos e baixos de sua vida passaram por sua mente enquanto ele andava, desde o momento em que ele ficou paraplégico quatro anos atrás em um acidente de carro até o dia em que ele descobriu que havia sido aceito pela Universidade de Berkeley.

"Foi realmente impressionante", disse ele.

O exoesqueleto que ajudou Whitney a andar depois de anos foi desenvolvido por uma equipe de alunos de pós-graduação liderada pelo professor de engenharia mecânica Homayoon Kazerooni.

Austin Whitney trabalhou com a equipe durante meses, testando a estrutura robótica e dizendo o que funcionava e o que precisava de ajustes. Em homenagem a ele, o exoesqueleto foi batizado de "Austin".

TECNOLOGIA MILITAR

A tecnologia que ajudou Whitney a andar começou a ser criada em 2002, quando Kazerooni recebeu um financiamento do Departamento de Defesa americano para inventar um aparato que permitisse que pessoas carregassem enormes cargas por longos períodos.

Segundo o departamento de imprensa da universidade, a ideia na época era ajudar pessoas como médicos militares carregando um soldado ferido ou bombeiros que precisam subir escadas com equipamento pesado.

Quatro anos depois, foi criado o Bleex (Berkeley Lower Extremity Exoskeleton). O dispositivo tem uma mochila que se conecta às pernas da pessoa e usa sua própria fonte de energia para movê-las sem colocar pressão desnecessária sobre os músculos.

Mas o professor tinha planos mais ambiciosos para o exoesqueleto: ajudar pessoas que não podem andar.

EMBRIAGADO

O acidente que colocou Whitney em uma cadeira de rodas aconteceu no dia 21 de julho de 2007, quando ele assumiu a direção do carro após ter consumido bebidas alcoólicas.

Seu melhor amigo quase morreu e Whitney quebrou a coluna e ficou paraplégico.

"Foi minha culpa", disse ele.

"Eu fiquei com muita raiva de mim mesmo, mas percebi que tinha duas escolhas: eu podia viver no passado e me encher de pena ou enfrentar a adversidade na minha vida e impedir que isso enterrasse meu objetivos, sonhos e aspirações."

Após entrar para a universidade, Whitney passou a dar palestras para estudantes sobre os perigos de beber e dirigir.

Ele também disse esperar que o sucesso da caminhada em sua formatura dê esperanças a outros paraplégicos de que eles um dia possam contar com máquinas de preço acessível que os ajudem a recuperar alguma mobilidade.

"Esta tecnologia pode ser usada por um grande número de pessoas e esta é nossa missão", disse Kazerooni.

"Estamos dizendo à comunidade que isso é possível. Este é apenas o começo de nosso trabalho."

terça-feira, 17 de maio de 2011

Tratamento curto evita novos casos de tuberculose

Um novo tratamento, mais curto, mostrou-se seguro e eficaz para tratar pessoas que foram infectadas pela tuberculose, mas não manifestaram a doença de imediato.

Entre essas pessoas, que contraíram o bacilo de Koch (responsável pela tuberculose) mas não mostram sintomas, 10% desenvolvem a doença nos dois primeiros anos após a contaminação.

Hoje, a prevenção é feita com o uso diário de um antibiótico oral (isoniazida) por seis a nove meses. O novo tratamento, que dura só três meses, é feito com uma dose semanal desse remédio combinado a outro antibiótico, a rifapentina.

De acordo com um estudo apresentado ontem no congresso da Sociedade Americana do Tórax, em Denver (EUA), o tratamento mais curto não provocou mais reações adversas do que a terapia tradicional e conseguiu melhores resultados, reduzindo pela metade a chance de a doença aparecer.

Coordenado pelos Centros de Controle de Doenças dos EUA, o trabalho foi feito em 19 centros nos Estados Unidos, no Canadá, na Espanha e no Brasil. Participaram do estudo cerca de 8.000 pessoas ""660 do Brasil.

Durante dez anos, as pessoas contaminadas foram encaminhadas, aleatoriamente, para o tratamento diário de nove meses ou para o semanal, de três meses.

No primeiro grupo, 15 pessoas adoeceram, contra sete da terapia mais curta.

MENOS REMÉDIOS

"O objetivo era pesquisar se um tratamento mais rápido e mais fácil de ser seguido era seguro e tinha, no mínimo, o mesmo resultado da terapia convencional", diz o pneumologista Marcus Conde, da comissão de tuberculose da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia.

Conde foi o coordenador do grupo brasileiro do estudo, realizado no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

"No novo tratamento, você toma menos remédio e por menos tempo. É muito mais fácil a pessoa não desistir [de se tratar] no meio."

Para o pneumologista Elie Fiss, da Faculdade de Medicina do ABC, que não participou do estudo, os resultados são muito importantes para melhorar o controle da doença no país.

"Um dos grandes problemas é a baixa adesão ao tratamento. Essa nova forma de tratar economiza remédios e tempo e aumenta a aderência do paciente."

O Brasil tem, aproximadamente, 75 mil novos casos de tuberculose por ano, mas o número total de pessoas contaminadas pelo bacilo é cerca de 250 mil, segundo Marcus Conde.

"O tratamento preventivo evita o aparecimento da doença em cerca de 20 mil pessoas. Isso quer dizer que podemos reduzir em quase 30% os casos de tuberculose."

QUEM DEVE FAZER

Pessoas que tiveram contato direto com doentes devem procurar um serviço de saúde para fazer o teste que detecta o bacilo. No Brasil, o exame é feito na pele.

"A transmissão da tuberculose é feita principalmente por via aéreas. Quem fica muito próximo do doente, em lugar fechado, deve fazer o teste o mais rápido possível e se for positivo, começar o tratamento", diz Conde.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

PF prende 35 por desvio de verbas para compra de medicamentos

A "Operação Saúde" da Polícia Federal prendeu até as 11h desta segunda-feira (16) pelo menos 35 pessoas em sete estados do país investigadas por fraudes e desvio de verbas públicas federais para a compra de medicamentos em prefeituras. A ação, que contou com o apoio da Controladoria-Geral da União (CGU), ocorreu nos estados de Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pará e Rondônia.
Conforme a CGU, os presos são, principalmente, sócios e representantes de empresas, além de servidores municipais. As buscas foram feitas em dez sedes de empresas e seis prefeituras do Rio Grande do Sul, Pará e Mato Grosso. Fiscalizações realizadas nos dois últimos anos pela CGU em 22 municípios confirmaram prejuízo de mais de R$ 3 milhões para os cofres públicos.

A "Operação Saúde" tinha como objetivo cumprir 64 mandados de prisão temporária e 70 mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça de Erechim (RS). A ação mobilizou 282 policiais federais e 18 auditores.

Investigação
As apurações começaram em 2009 e apontaram a atuação de três grupos criminosos distintos, todos sediados em Barão do Cotegipe, no Rio Grande do Sul, e com atuação em estados próximos, conforme a CGU. Os grupos envolviam empresas do setor de saúde que agiam em com apoio de servidores de várias prefeituras.

Segundo a CGU, as empreses envolvidas no esquema venciam as licitações, oferecendo preços baixos em pregões presenciais de municípios de pequeno ou médio porte. Em muitos casos, a licitação já estava direcionada para as empresas envolvidas no esquema, apontou a investigação.

PF realiza prisões em 7 estados por desvio de verbas na saúde

A Polícia Federal deflagrou na manhã desta segunda-feira (16) a Operação Saúde, que tem como objetivo cumprir 64 mandados de prisão em sete estados do país. Segundo a PF, a operação investiga organizações criminosas que atuam no desvio de verbas públicas federais destinadas para a compra de medicamentos em prefeituras.

A ação está sendo realizada nos estados de Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pará e Rondônia e é coordenada pela PF de Passo Fundo (RS).

O trabalho tem suporte da Controladoria Geral da União (CGU).

Os suspeitos estão sendo detidos por fraude a licitações, corrupção ativa e passiva, peculato e formação de quadrilha.

sábado, 14 de maio de 2011

Oxi, uma droga ainda pior

Pedro tinha 8 anos quando começou a fumar maconha. Aos 14, experimentou cocaína. Com 19, foi apresentado ao crack. “Eu fumava cinco pedras e bebia até 12 copos de pinga.” Em janeiro deste ano, seu fornecedor de drogas, em Brasília, passou a oferecer pedras diferentes, com cheiro de querosene e consistência mais mole. Pedro estranhou. “Dizia a ele que a pedra estava batizada, que não era boa. O cara me dizia que era o que tinha e ainda me daria umas (pedras) a mais.” Não demorou para Pedro notar a diferença no efeito. A nova pedra era mais viciante. Para não sofrer com crises de abstinência, dobrou o consumo para até dez pedras por dia. Descobriu então que, em vez de crack, estava fumando uma droga chamada oxi. “Quando soube, vi que estava botando um veneno ainda maior no meu corpo. Fiquei com medo de morrer.” Aos 27 anos, depois de quase duas décadas de dependência química, Pedro sentiu que tinha ido longe demais. Internou-se numa clínica.

A história de Pedro (nome fictício) ilustra o terror provocado pelo oxi, droga que está se espalhando rapidamente pelo Brasil. O oxi está sendo tratado pelos médicos como algo mais letal que o crack, considerado até agora a mais devastadora das drogas. Mas é consumido por pessoas que não sabem disso, porque é vendido em bocas de fumo como se fosse crack. “O oxi invadiu os postos de venda tradicionais. Isso preocupa”, diz o delegado Reinaldo Correa, titular da Divisão de Prevenção e Educação do Departamento de Investigações sobre Narcóticos (Denarc), da Polícia Civil de São Paulo.

A primeira apreensão confirmada do oxi em São Paulo ocorreu quase por acaso. Em março, a polícia apreendeu 60 quilos de algo que foi classificado como crack. O equívoco foi corrigido quando esse carregamento foi usado numa demonstração para novos policiais. “Queimamos algumas pedras e, pelos resíduos, concluímos que era oxi”, afirma Correa. Quase diariamente, a polícia de algum Estado do Brasil anuncia ter apreendido a droga pela primeira vez (leia o mapa abaixo) . Em alguns casos, como em Minas Gerais, Bahia, Paraná e Rio Grande do Sul, as primeiras apreensões foram feitas na semana passada. Não é que o oxi surgiu em tantos lugares em tão pouco tempo. Ele já havia se espalhado sem ser notado.

Como o crack, o oxi é vendido em pedras que, quando queimadas, liberam uma fumaça. Inalada, em poucos segundos vai para o cérebro, provocando euforia e bem-estar. “Visualmente, são quase idênticas”, diz Correa. A diferenciação pode ser feita pela fumaça, que no caso do crack é mais branca, ou pelos resíduos: o crack deixa cinzas, enquanto o oxi libera uma substância oleosa. Por causa da dificuldade em distinguir uma droga da outra, é impossível ter exata noção da penetração do oxi entre os usuários. “Sabemos apenas que ele está aqui há algum tempo”, afirma Correa.

Recente nos Estados mais ao sul do país, o oxi é velho conhecido dos viciados da Região Norte. Acredita-se que a droga entrou no Brasil ainda na década de 1980, a partir de Brasileia e Epitaciolândia, cidades do Acre que fazem fronteira com a Bolívia. O consumo da substância foi registrado por pesquisadores em 2003, quando Álvaro Mendes, vice-presidente da Associação Brasileira de Redução de Danos (Aborda), pesquisava o uso de merla, outro derivado da cocaína, entre os acrianos. “No primeiro momento, o oxi era usado pelas classes sociais mais baixas e por místicos que iam ao Acre atrás da ayahuasca (chá alucinógeno usado em cerimônias do Santo Daime)”, diz Mendes. A droga chegou à capital, Rio Branco, de onde se espalhou para outros Estados da região. “Hoje, é consumida em todas as classes sociais”, diz Mendes.
A dentista Sandra Crivello se lembra de quando viu o primeiro caso de dependência por oxi em São Paulo. Foi no fim do ano passado, quando recebeu uma ligação de uma Organização Não Governamental (ONG) que faz atendimento a jovens viciados em drogas. Queriam que ela atendesse um rapaz com problemas na boca. Encontrou o paciente na porta da ONG. A imagem do rapaz chocou Sandra, que há mais de 20 anos atende meninos de rua viciados. Loiro, pele branca e aparentando 20 anos, chocava pela magreza e pelo cheiro quase insuportável de vômito e fezes. “Ele estava em condição de torpor, parecia viver em outro mundo.”

– Foi você que veio me ver? Olha, está doendo muito – disse o rapaz, chorando, antes de puxar os lábios com força exagerada. Sandra não se esquece do que viu. “Tinha até osso necrosado.” Perguntou ao rapaz:

– O que você usou? Não vem me dizer que é crack que eu sei que não é.

– Eu bebi.

– Bebida não é. O que você usou?

– Foi oxi.

Sandra, que já tinha ouvido falar do oxi, diz que respirou fundo. “Agora que essa porcaria chegou aqui, não falta mais nada. Só pedi que Deus nos ajudasse.” Como Sandra, vários profissionais que têm contato com o mundo das drogas temem que o oxi tome o lugar do crack. Motivos não faltam, da facilidade de fabricação ao preço baixo. O crack é feito com pasta-base de cocaína, misturada com bicarbonato de sódio e um solvente, que pode ser éter ou amoníaco. É difícil obter grandes quantidades dessas substâncias, porque a venda é controlada pela Polícia Federal. Já o oxi é feito com pasta-base de coca misturada a cal virgem e a gasolina ou a querosene. “O refinamento do crack demanda uma cozinha e um processo laboratorial mais complexo”, diz Ronaldo Laranjeira, coordenador do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “Para fabricar o oxi, basta misturar a pasta-base com um derivado de petróleo em qualquer panela. Pode ser feito no fundo de um quintal.” O resultado é que os traficantes podem cobrar preço menor. Se uma pedra de crack custa ao viciado entre R$ 7 e R$ 10 na “cracolândia”, região central de São Paulo onde usuários e traficantes circulam livremente dia e noite, a pedra de oxi sai por cerca de R$ 2. Esse valor torna a droga acessível a um público muito maior. “Dependentes buscam o que é mais barato”, diz Luiz Alberto Chaves de Oliveira, chefe da Coordenadoria de Atenção às Drogas da Prefeitura de São Paulo. Também procuram o que tem efeito mais forte e mais rápido. O oxi, ao que parece, atende a essas necessidades. E tem tanto ou mais poder de viciar que o crack. “O oxi parece gerar ainda mais dependência. É potencialmente mais forte que o crack, que já é muito destrutivo”, diz Cláudio Alexandre, psicólogo do Grupo Viva, que atende dependentes de drogas.

O agente penitenciário André (nome fictício), de 34 anos, morador de Rio Branco, no Acre, conhece bem os efeitos do oxi. “Quem usa chama de veneno”, diz. Como todo veneno, é traiçoeiro. André descreve o gosto da fumaça como algo “gostoso”. “Pega mais, dá uma viagem.” Não demora e surgem os efeitos adversos – dor de cabeça, vômitos e diarreias. E paranoia. André diz que ouvia vozes. “Era o demônio falando no meu ouvido.” Os efeitos também são físicos. “Via muitos usuários sujos de vômito e diarreia.” Mesmo assim, André não conseguia abandonar o uso. Vendeu o que tinha para comprar pedras. “Pedia aos boqueiros (quem trabalha nas bocas de fumo) que passassem na minha casa e pegassem tudo.” Geladeira, fogão, DVD, um a um, todos os móveis e eletrodomésticos foram trocados por pedras brancas. “Só não troquei a vida”, diz André, que está internado numa clínica ligada a uma ONG em Rio Branco. Ele afirma que só buscou tratamento porque, desempregado, não tinha mais dinheiro para abastecer o vício.

Na última semana, as polícias de quatro Estados anunciaram as primeiras apreensões de oxi
Paulina Duarte, da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad), diz que o governo federal está avaliando o impacto do oxi. Junto com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a Senad está finalizando uma pesquisa sobre o uso de derivados de cocaína no país. O estudo incompleto sugere que, pela facilidade com que é produzido, o oxi pode subverter a lógica usual do tráfico. “Não há um fornecedor fixo que distribui um só produto”, diz Paulina. “A droga é produzida em casa, de forma primitiva e artesanal.” Uma nova organização do tráfico poderia exigir uma mudança na forma de repressão policial. “Para combater o oxi, não temos de caçar apenas grandes traficantes”, afirma Paulina. “Precisaremos de uma polícia ativa, que atue diretamente nos pontos urbanos.”

Também é preciso que o serviço de saúde tenha exata noção das substâncias que compõem o oxi, a fim de entender seus efeitos e propor tratamento adequado. Por enquanto, faltam estudos laboratoriais que atestem a composição da substância. Na década de 1980, a Alemanha queria montar uma política para diminuir as mortes provocadas por overdose de heroína. Descobriu-se que o que estava matando era uma versão da droga com aditivos. Somente a partir dessa constatação o serviço de saúde organizou a melhor forma de tratamento. O Brasil suspeita, mas não tem certeza, do que é feito o oxi. Saber é o primeiro passo de uma longa batalha contra a nova droga.

Novo teste detecta câncer de próstata com mais precisão

Um novo método para diagnosticar câncer de próstata promete ser mais preciso do que o teste usado hoje, o PSA (antígeno prostático específico, na sigla em inglês).

O PSA detecta a elevação de uma proteína produzida pela próstata. É um indicativo de câncer, mas é criticado por dar falsos-positivos.

Uma dosagem alta de PSA pode significar também infecção ou crescimento benigno exagerado da próstata.

O novo teste, chamado de 4PLA, foi desenvolvido pela Universidade Uppsala, na Suécia. O estudo com os resultados do exame foi publicado nesta semana no periódico "Proceedings of the National Academy of Sciences".

O exame detecta, no sangue, a quantidade de prostassomas, microvesículas produzidas na próstata.

Normalmente, essas estruturas são liberadas no sêmen para aumentar a mobilidade dos espermatozoides. Se há câncer, a produção das microvesículas aumenta, e elas caem na corrente sanguínea.

No estudo, o teste detectou níveis até sete vezes maiores dessas estruturas no sangue de 20 pacientes com câncer, em comparação com outras 20 pessoas sem câncer.

O exame conseguiu ainda distinguir a gravidade da doença. A diferença foi vista em 59 pacientes com câncer de próstata com graus de 5 a 9 na escala de Gleason. A graduação vai de 2 a 10 e mostra a agressividade da doença.

A primeira versão do teste foi mais precisa para detectar cânceres de média e alta gravidades do que tumores menos agressivos.

MENOS BIÓPSIAS

Especialistas veem os resultados iniciais do teste como promissores.

"Um teste como esse pode ser de grande utilidade clínica, porque o PSA alto nem sempre significa câncer, e muitos pacientes fazem biópsias desnecessárias", diz o urologista Anuar Ibrahim Mitre, do Hospital Sírio-Libanês.

Hoje, dependendo da dosagem do PSA e do exame de toque, além de fatores como história familiar, o paciente pode ser submetido a uma biópsia para saber se tem ou não câncer de próstata.

O procedimento pode causar sangramento e, mais raramente, infecções, além de angústia, afirma Mitre.

ALTO OU BAIXO RISCO

Como o novo teste determina a gravidade do câncer, ele também pode ser usado para saber se é necessário ou não fazer o tratamento, de acordo com Gustavo Guimarães, oncologista e diretor do núcleo de urologia do Hospital A.C. Camargo.

"O PSA não faz isso, e esse é o diferencial desse novo marcador", afirma Alexandre Crippa, uro-oncologista do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira.

Alguns tumores progridem lentamente, e o tratamento, que pode causar disfunção erétil e incontinência urinária, pode ser substituído por acompanhamento médico.

"Hoje, não conseguimos diferenciar os pacientes que vão ou não morrer de câncer. Por isso se busca algo que mostre se o câncer é de alto risco, para reduzir o número de tratamentos desnecessários", diz Guimarães.

O pesquisador Masood Kamali-Moghaddam, um dos autores do estudo, afirma que o teste precisa de melhorias. Os resultados iniciais devem ser sustentados por uma pesquisa maior, que já começou.

"Ainda pode levar alguns anos até que o exame seja usado de forma rotineira", afirmou à Folha.

ULTRASSOM 3D

Um novo método, que une ressonância magnética e ultrassom 3D, faz biópsias mais precisas e pode ajudar a distinguir a gravidade do câncer. A tecnologia foi desenvolvido pela Universidade da Califórnia e pode beneficiar quem já fez biópsia e continua com PSA alto e quem faz acompanhamento de tumor de baixo risco.

Para Guimarães, o teste, de alta tecnologia e, portanto, mais caro, pode ser usado de forma complementar ao PSA e indicado para os pacientes que têm resultados alterados.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Internações de idosos com pneumonia crescem no país

O número de internações relacionadas à pneumonia no Brasil aumentou 15% em idosos de 70 a 79 anos e 45% entre os maiores de 80, entre 2000 e 2007.

Aumentou também, em 13%, a incidência de pneumonia em adultos maiores de 50 anos hospitalizados.

Os dados sobre a doença no Brasil foram apresentados no 21º Congresso Europeu de Microbiologia Clínica e Doenças Infecciosas, que terminou ontem, em Milão, na Itália.

As informações também foram publicadas no "International Journal of Infectious Diseases".

O pneumologista Ricardo Corrêa, professor da Universidade Federal de Minas Gerais, que esteve no congresso, cita o envelhecimento da população como fator de aumento de internações.

"O idoso sofre mais, porque já tem doenças que prejudicam a imunidade."

Já Mauro Zamboni, ex-presidente da Sociedade Latino-americana do Tórax, acredita que esse aumento reflete o grande número de internações desnecessárias.

"No Brasil, mais da metade das pessoas com pneumonia são internadas. Segundo dados da literatura, essa taxa deve girar em torno de 20%, quando são seguidos corretamente os critérios."

ESTAÇÃO

O número de casos da doença aumenta até 30% nos meses mais frios, segundo Ricardo Stirbulov, presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia.

Na semana passada, a infecção acometeu a presidente Dilma Rousseff.

Gripes e pneumonias são mais comuns nessa época porque a transmissão de germes é mais fácil em lugares fechados, diz Stirbulov.

A gripe pode evoluir para pneumonia em pacientes com baixa imunidade. Por isso, a vacinação contra o vírus protege contra a pneumonia.

O país tem também a vacina contra pneumonia, incluída no calendário de imunização infantil e oferecida a idosos hospitalizados.

Para Stirbulov, os casos de pneumonia hospitalar podem estar aumentando por causa do abuso de antibióticos, que aumenta a resistência bacteriana aos remédios.

Já Corrêa acredita que mesmo o uso adequado possa causar esse problema.

"A população está vivendo mais. Portanto, está mais sujeita a ter doenças e usa mais antibióticos. Isso aumenta a resistência, mesmo que o uso seja correto. É um efeito colateral da modernidade."

De acordo com o pneumologista, muitos estudos apresentados no congresso buscaram identificar as mutações de bactérias para melhorar o tratamento.

No Brasil, diz Zamboni, ainda não foram registrados casos graves de resistência.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Doenças psiquiátricas roubam mais anos de vida do brasileiro

Com mudanças no estilo de vida dos brasileiros, os transtornos psiquiátricos passaram a ocupar lugar de destaque entre os problemas de saúde pública do país.

De acordo com dados citados em uma série de estudos sobre o Brasil, publicada ontem no periódico médico "Lancet", as doenças mentais são as responsáveis pela maior parte de anos de vida perdidos no país devido a doenças crônicas.

Essa metodologia calcula tanto a mortalidade causada pelas doenças como a incapacidade provocada por elas para trabalhar e realizar tarefas do dia a dia.

Segundo esse cálculo, problemas psiquiátricos foram responsáveis por 19% dos anos perdidos. Entre eles, em ordem, os maiores vilões foram depressão, psicoses e dependência de álcool.

Em segundo lugar, vieram as doenças cardiovasculares, responsáveis por 13% dos anos perdidos.

Outros dados do estudo mostram que de 18% a 30% dos brasileiros já apresentaram sintomas de depressão.

Na região metropolitana de São Paulo, uma pesquisa, com dados de 2004 a 2007, mostrou que a depressão atinge 10,4% dos adultos.

Não é possível dizer se o problema aumentou ou se o diagnóstico foi ampliado, diz Maria Inês Schmidt, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e uma das autoras do estudo.

Ela afirma também que são necessários mais estudos para saber de que forma o modo de vida nas cidades pode influenciar o aparecimento da depressão, além das causas bioquímicas.
No caso da dependência de álcool, no entanto, há uma relação com o estilo de vida, uma vez que pesquisas recentes do Ministério da Saúde apontam um aumento no consumo abusivo de bebidas.

IDADE AVANÇADA

O envelhecimento da população também contribui para o aparecimento de transtornos psiquiátricos.

De acordo com o estudo, a mortalidade por demência aumentou de 1,8 por 100 mil óbitos, em 1996, para 7 por 100 mil em 2007.

"O Brasil mudou com consumo de álcool, envelhecimento e obesidade e, com isso, temos novos problemas de saúde", disse o ministro Alexandre Padilha (Saúde).

Em relação às doenças psiquiátricas, ele afirmou que a pasta irá expandir os Caps (centros de atenção psicossocial) e aumentar o número de leitos para internações de curto prazo.

A série de estudos do "Lancet" coloca como outros problemas emergentes de saúde diabetes, hipertensão e alguns tipos de câncer, como o de mama. Eles estão associados a mudanças no padrão alimentar, como o aumento do consumo de produtos ricos em sódio.

Por outro lado, a mortalidade por doenças respiratórias caiu, principalmente devido à redução do número de fumantes.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Um em cada sete derrames acontece enquanto a pessoa está dormindo

Uma pesquisa da Universidade de Cincinnati, nos EUA, revelou que aproximadamente um em cada sete Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC’s) – também chamados de derrames – ocorrem durante o sono. O estudo foi publicado pela revista “Neurology”, que é ligada à Associação Norte-americana de Neurologia.

Os autores do artigo analisaram por um ano todos os casos de ataques isquêmicos – aqueles em que corrente sanguínea é bloqueada no cérebro – em atendimentos de emergência na região metropolitana Cincinnati e no Norte do estado de Kentucky.

Dentre os 1.854 ataques estudados, 273 – ou 14,7% – só foram percebidos no momento em que o paciente acordou. Segundo o levantamento, a porcentagem é a mesma, independentemente de sexo, estado civil e de fatores de risco como pressão alta, diabetes, tabagismo ou colesterol alto.

“Como o único tratamento para o ataque isquêmico deve ser feito dentro de poucas horas após os primeiros sintomas, quem acorda com os sintomas muitas vezes não pode ser tratado, já que não sabemos quando os sintomas começaram”, afirmou o autor Jason Mackey, em material divulgado pela universidade.

“Técnicas de mapeamento estão sendo desenvolvidas e testadas e vão nos ajudar a determinar melhor quando os derrames aconteceram, para que os pacientes possam receber o tratamento adequado”, explicou o cientista.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

HC testa estímulo magnético para tratar dor crônica

Para aliviar dores crônicas que não melhoram com remédios, o Hospital das Clínicas de São Paulo está testando um tratamento com estimulação magnética.

Uma bobina que gera um campo eletromagnético é apoiada na cabeça do paciente. O aparelho estimula áreas do cérebro ligadas à dor e à liberação de substâncias produzidas pelo próprio corpo que têm efeito analgésico.

A técnica, não invasiva e indolor, é indicada para dores neuropáticas, que atingem 7% da população.

Quando se torce o pé, por exemplo, o nervo saudável leva a informação da dor para o cérebro. Na dor neuropática, a lesão é no próprio nervo. A sensação pode ser de queimação, formigamento ou pontadas.

É o caso de dores causadas por mal de Parkinson, esclerose múltipla, fibromialgia, diabetes e quimioterapia, em pacientes com câncer.

De acordo com Daniel Ciampi, neurologista e coordenador do grupo de dor clínica do HC, mais de 500 pacientes já foram submetidos à estimulação.

MENOS REMÉDIOS

Um estudo do grupo, publicado on-line no periódico "Pain", mostrou a eficácia da técnica para dor de fibromialgia. A pesquisa avaliou 40 pessoas por seis meses.

Para Pedro Schestatsky, chefe do comitê europeu de dor da Sociedade Europeia de Neurologia, não há dúvidas sobre os benefícios da estimulação magnética.

"Não é mais 'achismo'. Os benefícios já foram provados em estudos muito bem feitos pelo mundo", afirma.

Uma vantagem da técnica, diz ele, é a redução do número de remédios para pacientes que já tomam outras medicações, como diabéticos.

A estimulação também pode ajudar quem não tem bons resultados com remédios. Ciampi afirma que 25% dos pacientes com dores crônicas neuropáticas não respondem aos medicamentos (antidepressivos e antiepilépticos).

O neurologista afirma que a técnica, ainda experimental, deve ser aprovada pelo CFM (Conselho Federal de Medicina) ainda neste mês.

RESSALVAS

Estudos apontam que a estimulação transcraniana pode causar dor de cabeça e, mais raramente, epilepsia.

Segundo Marcos Vidal Dourado, pesquisador do departamento de neurologia da Unifesp, o tratamento pode causar efeitos colaterais temporários, como tontura e visão com pontos luminosos.

"Deve-se aguardar mais estudos para esclarecer as aplicações da técnica e dar mais segurança aos pacientes." Ciampi afirma que 60% dos pacientes têm benefícios.

O auxiliar de expedição Djair Rosendo da Silva, 46, espera estar em breve dentro do grupo beneficiado.

Há 22 anos ele sofre com uma dor constante no lado esquerdo do rosto. Começou a fazer a estimulação nesta semana. "Uso medicação há 12 anos, mas não adianta muito", conta."Os médicos já estavam meio perdidos comigo, sem saber o fazer. Agora, espero que melhore."

domingo, 8 de maio de 2011

Lipoaspiração faz gordura mudar de lugar, mostra pesquisa

Uma lipoaspiração pode reduzir a gordura de coxas e quadril. E, com o tempo, trazer novas curvas não desejadas, diz estudo da Universidade de Colorado, nos EUA.

A pesquisa, publicada no periódico "Obesity", mostrou que, em um ano, a gordura retirada das coxas volta a se acumular na parte superior do abdome e nos braços.

Os autores acompanharam 32 mulheres na faixa dos 36 anos, que tiveram suas circunferências corporais e percentuais de gorduras medidos. Dois meses após a lipoaspiração, elas tinham perdido 2% de gordura e quase o mesmo em circunferência.

Um ano depois, as medidas foram reavaliadas. A gordura total voltou aos índices originais, mas concentrada na parte superior do corpo.

Segundo os pesquisadores, isso acontece porque o corpo "defende" suas reservas de gordura. Se as células adiposas são eliminadas de uma área, a gordura vai "inchar" células em outro lugar.

"Observamos isso na prática", diz Carlos Alberto Komatsu, presidente da SBCP-SP (regional paulista da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica). Mas, para ele, os pesquisadores deveriam ter orientado as mulheres a mudar a alimentação.

"Se você come mais do que gasta, a gordura volta mesmo", afirma Komatsu.

INFLAMAÇÃO

Além do acúmulo de gordura em outros lugares, a lipoaspiração pode ter outras consequências.

Um estudo da SBCP-SP, ainda em andamento, mostra que, quando a retirada de gordura passa de três litros, os níveis de substâncias do corpo que sinalizam inflamação sobem bastante.

"Uma hora, a coisa desanda. Você mexe de um lado, sobe de outro", diz Komatsu.

sábado, 7 de maio de 2011

Número de casos de dengue tende a aumentar no CE

Os registros em todo o Estado crescem a cada semana, o que obriga a população a redobrar os cuidados

O número de casos de Dengue no Ceará (hemorrágica e a clássica) não para de crescer. Até o início de maio de 2011, já foram registrados 14.883 casos da doença tipo clássico, 207 por complicação e 101 do tipo hemorrágica.

Para se ter uma ideia do aumento, em todo o ano de 2010 foram registrados 13.143 casos da dengue tipo clássico, 127 por complicação e 53 da hemorrágica. Os dados são do Boletim Epidemiológico da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) divulgado ontem. E a tendência é que o número de pessoas infectadas pelo mosquito Aedes aegypti aumente ainda mais.

Aumento

No boletim semanal fornecido pela Sesa, no espaço de uma semana, o número de casos confirmados em todo o estado aumentou de 96 para 103. Sendo 50 na Capital e 53 no Interior. O número de óbitos também cresceu e saltou de oito para 12 óbitos. Questionado sobre o crescimento alarmante da dengue este ano no Ceará, o secretário de Saúde do Estado, Arruda Bastos, atribui a dois fatores fundamentais: a demora para o término da quadra chuvosa e o aumento dos vírus circulantes, no caso, o do tipo 1, 3 e 4.

"As chuvas constantes que caem desde janeiro estão atrapalhando e muito os nossos trabalhos. Com a chuva vem consequentemente o acúmulo de água em pneus, garrafas e outros recipientes. Já sobre os vírus, o do tipo 1, há 16 anos não circulava aqui na nossa região e muita gente não está protegida. Vale também para a do tipo 2. E a tipo 4 é a que começou agora, desconhecida até então, mas já estamos trabalhando para que toda a população fique protegida delas", explicou o secretário Arruda Bastos.

Parceria

O dirigente estadual reforça que o Governo do Estado está trabalhando de forma árdua para combater a dengue. De acordo com ele, a atual gestão aumentou o número de agentes de saúde para intensificar as visitas nos domicílios e preparou com capacitações todos os profissionais da área da saúde para identificar, com mais eficácia, cada tipo de dengue.

Por fim, Arruda Bastos lembrou que além dos esforços dos órgãos públicos, a população deve continuar a trabalhar de forma conjunta com o governo. "O cidadão deve manter aqueles já conhecidos cuidados para não dar chance ao mosquito, como por exemplo, não usar vasos ou jarros de flores ou plantas com água acumulada, manter os vasos de plantas secos, tampar caixas d´água, manter o quintal livre de pneus, copos, latas e quaisquer recipientes que possam acumular água e facilitar a reprodução do mosquito, além de evitar jogar lixo próximo a bueiros.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Doenças negligenciadas

A cada ano são registrados cerca de 650 mil novos casos de tuberculose, malária, leishmaniose, hanseníase e doença de Chagas no Brasil, de acordo com os últimos registros disponíveis. Apesar da incidência considerada elevada, não há novos medicamentos por parte de laboratórios nem grandes gastos em saúde pública na assistência farmacêutica a estas enfermidades, que re­­cebem a denominação de doenças negligenciadas pela Orga­ni­­zação Mun­­dial da Saúde. A incidência destes agravos está diminuindo no Brasil, mas o país ainda tem desafios para o futuro.
As informações fazem parte do recente estudo “Epidemiologia das doenças negligenciadas no Brasil e gastos federais com medicamentos”, feito por pesquisadores do Instituto de Pesquisa Eco­nômica Aplicada (Ipea). Segundo o documento, por afetar os mais po­­bres, as doenças não representam mercados comerciais favoráveis para medicamentos e vacinas. “O estigma social, o preconceito, a marginalização, a pobreza extrema das populações atingidas e a baixa mortalidade são fatores que contribuem para a negligência a estas doenças”, cita o estudo.

Por outro lado, o Brasil lidera a lista dos países em desenvolvimento que mais têm aplicado recursos em estudos de novas formas de tratamento para as doenças negligenciadas.

Gastos ínfimos

O gasto com os medicamentos para estas doenças é relativamente pequeno quando comparado com a despesa total, informa o levantamento. Entre as possíveis causas estão o fato de alguns dos medicamentos serem obtidos por meio de doações da Organização Pan-Americana da Saúde ou de fabricantes e o baixo custo unitário desses remédios.

Segundo dados publicados no site da Iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas, uma entidade sem fins lucrativos, embora as doenças tropicais e a tuberculose sejam responsáveis por 11% da carga global de doença, apenas 1% dos novos medicamentos registrados entre 1975 e 2004 foram desenvolvidos especificamente para estas enfermidades.

A coordenadora da unidade médica da organização Médicos Sem Fronteiras no Brasil, Caro­lina Batista, observa um desinteresse por parte das grandes in­­dústrias. “Infelizmente, por es­­tas doenças atingirem pessoas que são invisíveis e que têm pouco ou nenhum poder político, essas ferramentas de diagnóstico e de tratamento são insuficientes”, diz. No caso da doença de Cha­­gas, por exemplo, não há um teste padronizado que possa confirmar se a pessoa foi curada. Somente um laboratório no mundo produz tratamento de primeira linha para tratar a enfermidade, exemplifica a médica.

Há também o problema de subnotificação pelo fato de que muitas pessoas não têm acesso a estruturas de saúde por questões pessoais e sociais, diz a médica. Quando há o acesso, existe dificuldade no diagnóstico. O país tem conseguido reduzir os casos através de ações preventivas, mas ainda é preciso abordar todas as pessoas infectadas no passado, observa Eric Stobbaerts, diretor regional da Iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas na América Latina.

Falta preparo

Professor do Departamento de Zoologia da Universidade Federal do Paraná, Mário Navarro cita ainda a falta de preparo em todo o ter­­ritório nacional para enfrentar os males negligenciados. Ele afirma que, enquanto o sistema da Ama­zô­­nia está preparado para o diagnóstico rápido da malária, isso nem sempre acontece em outras regiões que não registram muitos casos.

Outro desafio é que os vetores estão criando condições para ampliar sua distribuição territorial, devido a chuvas constantes, aproximação do homem ao ambiente natural, entre outros fatores. “Os vetores foram se modificando diante da necessidade de sobrevivência”, diz Navarro.

Brasil investe alto em novos tratamentos

Com investimentos crescentes, em torno de R$ 75 milhões ao ano, o Brasil lidera a lista dos países em desenvolvimento que mais têm aplicado recursos em estudos de novas formas de tratamento para as doenças negligenciadas, de acordo com o relatório do Ipea. Por meio do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento em Doenças Negligenciadas no Brasil, lançado em 2006, 140 projetos foram financiados.

A coordenadora da unidade médica da organização Médicos Sem Fronteiras no Brasil, Carolina Batista, diz que avanços importantes foram feitos no país, onde há pessoal qualificado em saúde pública e qualidade tecnológica na produção de medicamentos. Para ela, o Brasil pode assumir uma postura de liderança neste processo o que falta é colocar todo o conhecimento em prática.

Para Eric Stobbaerts, diretor regional da Iniciativa Medica­mentos para Doenças Negligen­ciadas na América Latina, é necessário fazer com que as ações em pesquisa se convertam em produtos concretos à população. Se­­gundo ele, a solução passa por parcerias público-privadas. Segun­do o estudo do Ipea, a tuberculose é a única doença negligenciada que terá medicamentos produzidos por meio desta parceria.

O secretário de vigilância em saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, diz que o Brasil tem investido nas parcerias. “Já existem experiências bem sucedidas no Brasil demonstrando que a parceira pode facilitar bastante.”

Segundo Barbosa, há medicamentos para estas doenças que estão em uso há vários anos, reforçando a importância da pesquisa. Ele cita o caso da leishmaniose, para a qual o “medicamento é tóxico, injetável e difícil de administrar”. Ele afirma que esta é a única entre as doenças negligenciadas que não está reduzindo no Brasil.

Além de investimentos em tecnologia, o país atua na expansão da atenção básica. Quanto aos gastos considerados baixos na comparação com despesas para outras doenças, levantados pelo estudo do Ipea, o secretário diz que os medicamentos disponíveis são baratos. “O problema não é de compra. O problema é a dificuldade de acesso, mesmo o medicamento existindo.”

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Droga para deficit de atenção tem uso excessivo, diz estudo

Quase 75% das crianças e dos adolescentes brasileiros que tomam remédios para deficit de atenção não tiveram diagnóstico correto.

O dado é de um estudo de psiquiatras e neurologistas da USP, Unicamp, do Instituto Glia de pesquisa em neurociência e do Albert Einstein College of Medicine (EUA), que será apresentado no 3º Congresso Mundial de TDAH (transtorno de deficit de atenção e hiperatividade), no fim do mês, na Alemanha.

A pesquisa colheu dados de 5.961 jovens, de 4 a 18 anos, em 16 Estados do Brasil e no Distrito Federal.

Os autores aplicaram questionários em pais e professores para identificar a ocorrência do transtorno, tendo como base os critérios do DSM-4 (manual americano de diagnóstico em psiquiatria).

As informações foram comparadas aos relatos dos pais sobre o diagnóstico que seus filhos receberam de outros profissionais, antes do período das entrevistas.

Só 23,7% das 459 crianças que haviam sido diagnosticadas com deficit de atenção realmente tinham o transtorno, segundo os critérios do manual. Das 128 que tomavam remédios para tratá-lo, só 27,3% tinham o problema, segundo os pesquisadores.

"Isso mostra que há muitos médicos prescrevendo o remédio, mas que não conhecem bem o problema", diz o neurologista Marco Antônio Arruda, coautor do estudo e diretor do Instituto Glia.

O remédio usado para tratar o transtorno é o metilfenidato, princípio ativo da Ritalina e do Concerta. A substância é da família das anfetaminas e age sobre o sistema nervoso central, aumentando a capacidade de concentração.

Entre os efeitos colaterais causados pela droga estão taquicardia, perda do apetite e o desenvolvimento de quadro bipolar ou psicótico em pessoas com predisposição.

Guilherme Polanczyk, psiquiatra da USP, relativiza a conclusão do estudo. "Muitas das crianças avaliadas podem estar sem sintomas por conta do uso dos remédios."

terça-feira, 3 de maio de 2011

Cientistas identificam receptor dos vírus Ebola e Marburg

Uma equipe de pesquisadores liderada pela microbióloga Wendy Maury, da Universidade de Iowa, nos EUA, identificou uma proteína que age como receptor para os vírus Ebola e Marburg. O estudo foi publicado pela revista científica “PNAS”.

A proteína se chama TIM-1 fica dentro das células, especialmente nas epiteliais. Essas células ficam em superfícies com mucosa, como os olhos e as vias aéreas. A descoberta de que a proteína ocorreu por meio de experimentos com uma nova abordagem bioinformatizada, e foi confirmada em experimentos subsequentes.

Os vírus Ebola e Marburg têm estruturas e origens parecidas. Eles causam febre hemorrágica nos humanos e em outros primatas, e a infecção provocada pode levar a morte em mais da metade dos casos registrados. Os dois surgiram na mesma região, no Leste da África, e ainda ocorrem surtos das doenças com certa frequência.

“Este é o primeiro receptor identificado para os vírus Ebola e Marburg”, afirmou Maury. “Isso é importante, porque se você conseguir identificar e compreender o primeiro passo da infecção – como o vírus entra nas células –, então pode ser que você consiga evitar a infecção cortando pela raiz”, completou.

Os pesquisadores testaram a possibilidade de bloquear a entrada dos vírus nas células. Usando um anticorpo chamado ARD5, conseguiram, com bastante eficiência, impedir que os vírus ficassem presos ao TIM-1. Esse passo, porém, não é suficiente para a criação de alguma vacina.

“Está claro que há outros receptores para o Ebola, pois, embora o TIM-1 seja encontrado em muitas células epiteliais, não é encontrado em tipos celulares importantes que são infectados pelo vírus”, disse Maury. “As células epiteliais não são um alvo tão importante para o vírus como outros tipos, mas podem ser o ponto de entrada para o Ebola”, explicou a cientista.