quinta-feira, 30 de junho de 2011

Bebida diet e aspartame fazem as pessoas engordarem, diz estudo

Pense duas vezes se você consome refrigerante diet para manter a forma física. Um novo estudo americano apresentado durante uma conferência da Associação Americana de Diabetes diz que a bebida diet está associada ao ganho de peso.

A cintura de quem toma dois ou mais refrigerantes diet por dia pode aumentar seis vezes, se comparado com os não consumidores. O estudo que vem da Escola de Medicina da Universidade do Texas acompanhou 474 indivíduos durante dez anos.

A conclusão obtida é que quanto mais uma pessoa bebe refrigerante diet, mais ela engorda. A circunferência abdominal, cujo tamanho pode indicar a propensão ou não a doenças cardíacas, também ficou 70% maior.

Uma outra pesquisa apresentada no mesmo evento médico afirma que o aspartame, presente como ingrediente de produtos diet e usado como adoçante, aumentou o nível de acúçar no sangue de camundongos com propensão a diabetes.

Estudos como esses mostram que o refrigerante diet e o aspartame não são tão bons para as saúde quanto a propaganda sugere.

Para a professora de epidemiologia clínica Helen Hazuda, que conduziu o estudo da Universidade do Texas, os consumidores deveriam ser alertados sobre os perigos à saúde ao ingerir esses produtos.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Material derivado do cimento é usado em canal dentário

Um produto derivado do cimento usado na construção civil mostrou-se eficiente em área bem mais delicada: o tratamento de canal dentário.

Os resultados iniciais mostram que ele é mais resistente, mais barato, causa menos inflamação e mancha menos o dente do que o produto disponível no mercado.

A pesquisa, coordenada pela USP de Ribeirão Preto, foi publicada na revista "Journal of Endodontics".
Os pesquisadores testaram o EndoBinder, material desenvolvido e patenteado pela UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), que já mostrou potencial como adesivo para ossos fraturados.

O produto, que está licenciado para uma empresa privada, ainda aguarda aval da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para estar no mercado.

No primeiro teste, as amostras foram submetidas a compressão. Depois, o produto e o similar foram aplicados no dorso de ratos, região com tecidos semelhantes aos dos nervos dos dentes humanos.

"Constatamos que o EndoBinder produziu menos inflamação", disse a professora Fernanda de Carvalho Panzeri Pires de Souza, coordenadora da pesquisa.

O produto foi aplicado também em dentes de porcos, cujo efeito ainda está sendo analisado, para então ser utilizado em pacientes.

Há também o aspecto estético. Os dois materiais foram aplicados no interior de dentes bovinos, utilizados em estudos pela semelhança com o de humanos. O produto comercial deixou mais manchas acinzentadas do que o material testado no estudo.

A diferença também se vê no bolso: um grama do selante comercial é vendido por R$ 250. O novo produto pode custar até 50% menos.

Segundo Victor Pandolfelli, um dos inventores do EndoBinder, o produto tem princípio ativo similar ao do cimento convencional, mas grau de pureza compatível com o organismo.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Canadá e outros países proíbem uso de bisfenol-A em mamadeiras

Há muitas propostas sobre o possível efeito do bisfenol-A sobre animais e humanos, mas poucas certezas, por enquanto.

Um dos grandes temores é ambiental: há estudos mostrando que a molécula pode atrapalhar a reprodução e o desenvolvimento de organismos aquáticos, como peixes e crustáceos.

Em tese, quedas populacionais bruscas desses bichos poderiam acabar ocorrendo.

Em humanos, a grande preocupação envolve bebês e crianças, já que bagunçar os hormônios sexuais impediria o desenvolvimento correto das características típicas de homens e mulheres, e mesmo a fertilidade.

Oficialmente, a maioria dos países, a exemplo do Brasil, afirma que já há um controle adequado dos níveis da substância para evitar esses riscos.

Contudo, países como o Canadá já baniram a fabricação e a venda de mamadeiras com bisfenol.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Após um ano, ANS volta a cobrar planos por uso do SUS

Após ficar quase um ano sem pedir de volta às seguradoras de saúde ressarcimento das internações de conveniados em hospitais públicos, a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) bateu recorde de cobrança e arrecadação neste ano.

A agência arrecadou de janeiro a maio deste ano R$ 25 milhões, valor superior à soma dos anos de 2008, 2009 e 2010.

Relatório revela que a agência voltou a emitir notificações para as operadoras em julho do ano passado.

Por problemas administrativos, a ANS ficou, entre 2008 e 2009, sem fazer notificações, o que gerou um alerta do TCU (Tribunal de Contas da União) e multa à agência.

domingo, 26 de junho de 2011

Gelo contra a gordura

O desenvolvimento de tecnologias inovadoras para destruir a gordura localizada sem a cirurgia da lipoaspiração carreia milhões de investimento. Na última semana, a mais recente invenção com essa finalidade chegou a alguns dos consultórios mais estrelados do Brasil: um aparelho que usa o resfriamento controlado para congelar a gordura sob a pele e dar fim a ela. É a chamada criolipólise. O Coolsculpting é fabricado pela Zeltiq Aesthetics, companhia sediada na Califórnia (EUA), e foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária em novembro do ano passado.

Em uso desde 2009 nos Estados Unidos, o Coolsculpting é alvo de um marketing intenso na mídia americana. É o mais novo de um arsenal de máquinas que competem pela preferência de um consumidor que paga caro para diminuir em alguns centímetros a gordura da silhueta. Ele disputa espaço com o UltraShape (que recorre às ondas de ultrassom), o Reaction (radiofrequência) e o Zerona, um laser de baixa potência disponível apenas nos EUA e com resultados duvidosos.

Depois de sugar a pele da região a ser tratada como um poderoso aspirador (nessa fase há um pouco de dor), o Coolsculpting promove um resfriamento rápido, baixando a temperatura da área a quatro graus centígrados. Aí, a dor desaparece. A sessão dura 60 minutos. “O resfriamento é feito de forma agressiva o suficiente para iniciar um processo de morte das células de gordura que levará, em média, dois meses para ser concluído”, explica o dermatologista Otávio Roberti Macedo, de São Paulo, um dos primeiros a adquirir o aparelho.
A dermatologista Roberta Bibas, do Rio de Janeiro, confia nas pesquisas que documentam a eficiência do aparelho. “São estudos sólidos e mostram que é necessário selecionar os pacientes: o método é indicado para pessoas que estão no peso certo mas têm gordura localizada”, afirma. Segundo a dermatologista Valéria Campos, de Jundiaí (SP), as pesquisas apresentadas no congresso da Academia Americana de Dermatologia indicam redução de até três centímetros no abdome. “É um ótimo resultado.”

Os trabalhos também mostram que a quebra das células de gordura e sua eliminação pelo sistema linfático e pelo fígado não elevam a quantidade de gorduras no sangue. A pedido de ISTOÉ, o cientista Raul Dias dos Santos, diretor da Unidade de Dislipidemias do Instituto do Coração de São Paulo, avaliou esses estudos. “Aparentemente não há maiores alterações das gorduras no sangue (colesterol, triglicérides) após a criolipólise em pessoas com discreto aumento de gordura subcutânea. Mas um número maior de pessoas deve ser estudado”, afirma o pesquisador. O cuidado é fazer a segunda aplicação do Coolsculpting só depois de dois meses. “Não adianta acelerar o processo”, diz Valéria Campos.

Brasil ajuda a pesquisar 'superpílula' para doenças cardiovasculares

Pesquisadores do Brasil e de seis outros países completaram com sucesso a primeira fase de testes de um remédio para prevenir doenças cardiovasculares. O produto promete substituir quatro medicamentos para prevenir doenças cardiovasculares, a principal causa de mortes no país.

A superpílula combina um princípio ativo que evita o entupimento de artérias do coração, outro que baixa os níveis de colesterol no sangue e dois para reduzir a pressão. Segundo os pesquisadores, a novidade pode melhorar a vida de 30 milhões de pessoas.

Na primeira fase de testes, feita em sete países, 400 pacientes com risco de sofrerem infarto ou derrame experimentaram o remédio.

“Em todos esses países se viu uma redução de 60% no risco da pessoa sofrer um derrame ou infarto no futuro. E uma redução importante na pressão arterial, no colesterol, no risco da pessoa sofrer esse evento”, explicou o diretor de Pesquisas do Hospital do Coração, Otávio Berwanger.

Os resultados deixaram os pesquisadores esperançosos e eles já criaram uma nova versão do remédio, que começa a ser testada em breve no Brasil e em mais cinco países. Durante um ano e meio, 8 mil pessoas que já tiveram derrame ou infarto vão tomar o medicamento.

Só depois dessa nova pesquisa é que vai ser definida a produção em escala da pílula. Os cientistas já sabem que os efeitos colaterais são semelhantes aos do tratamento atual: sangramento, dor no estômago, dor de cabeça, náuseas.

Mas será bem mais econômico. Segundo o Ministério da Saúde, o novo remédio deve custar, por ano, R$ 205, um quarto do que os pacientes gastam hoje com medicamentos convencionais.

“Sendo positivo, os resultados e tem todas as indicações de que será positiva, em 2013, a gente já introduz ele dentro do Sistema Único de Saúde (SUS)”, afirmou o secretário Nacional de Ciência e Tecnologia, Carlos Gadelha.

sábado, 25 de junho de 2011

Prefeitura de Campinas diz ter casos suspeitos de E.coli

Médicos de postos de saúde e hospitais de Campinas, a 93 km de São Paulo, estão em alerta após a suspeita de contaminação da bactéria 'Escherichia coli' por duas pessoas que estão na cidade. Segundo a Secretaria de Saúde, dois moradores da cidade, um deles, um professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), apresentaram sintomas após viajar para a Europa, onde a bactéria causou um surto com registro de mortes.

Em nota, o Ministério da Saúde disse ter sido informado pelas autoridades de Campinas sobre a suspeita e garantiu que, apesar da desconfiança de contaminação, “não há risco de surtos no Brasil a partir destes casos”. A hipótese foi levantada depois que a equipe médica da cidade do interior paulista soube da viagem dos dois homens à Alemanha, país onde houve registros até casos de morte por causa da bactéria. Eles voltaram da Europa no dia 11 de junho e apresentaram os primeiros sintomas três dias depois.

Segundo a Secretaria de Saúde, os pacientes passaram por exames que foram encaminhados para o Instituto Adolfo Lutz, na capital, para a confirmação da contaminação. O resultado da análise não tem previsão de ser divulgado.

A rede de saúde de Campinas foi orientada pela secretaria sobre os riscos de transmissão por meio de um comunicado. Ele informa que pacientes infectados com a bactéria podem estar circulando na cidade e as autoridades precisam ser notificadas.

Na nota, o Ministério da Saúde recomenda que pessoas em viagem internacional, principalmente aos países da Europa e aos Estados Unidos, não devem comer alimentos crus, sobretudo vegetais e produtos de origem animal. Não há nenhuma recomendação de restrição de viagem e é importante seguir as orientações das autoridades de saúde do país visitado. Além disso, o governo afirma que, mesmo com a suspeita em Campinas, “não há risco de surtos no Brasil a partir destes casos”.

Riscos

Segundo a coordenadora de Vigilância Epidemiológica Brigina Kemp, não há preocupação com um possível surto. “É um momento de tranquilidade e não precisa que toda a população fique preocupada”, afirmou. Médicos dizem que a bactéria é uma mutação que é comum em seres humanos. O que está provocando o surto na Europa é uma variação agressiva dessa bactéria. Portanto, as pessoas que viajaram para a Europa e apresentarem sintomas como diarreia com sangue, dores abdominais, náuseas e vômitos devem procurar o serviço de saúde, recomendou Brigina.

Segundo a especialista, é possível a transmissão entre as pessoas e também por meio de alimentos contaminados. “Outras pessoas que tiveram contato com quem chegou de viagem também devem tomar cuidado”, disse a especialista.

O tipo raro de E.coli tem a capacidade de furar a parede do intestino, onde libera toxinas. Alguns pacientes necessitam de cuidados intensivos, como diálise. Segundo Brigina é preciso reforçar a necessidade de medidas básicas de higiene: lavar bem as mãos, os alimentos e, de preferência, cozinhar frutas e verduras. As medidas evitam também futuras transmissões.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pede às pessoas que forem para a Alemanha para evitar consumir vegetais se não forem cozidos.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Cirurgia repõe nódulos linfáticos retirados de axilas

Alguns dos melhores cirurgiões plásticos dos EUA se reuniram em Manhattan, no mês passado, para observar uma operação experimental que pode curar o linfedema, complicação séria no tratamento do câncer de mama.

Enquanto alguns cirurgiões se aglomeravam em uma sala de Nova York, outros assistiam à transmissão ao vivo do vídeo de Corine Becker, médica francesa pioneira na técnica. Ela recolhe gânglios linfáticos da virilha do paciente e os transplanta para as axilas, de onde tinham sido removidos mais cedo durante o tratamento do câncer.

Becker alerta que extrair muito tecido pode machucar o paciente e até causar linfedema em outro membro.

Esse procedimento inovador --chamado de transferência autóloga de nódulo linfático vascularizado-- é usado para tratar o linfedema, efeito colateral comum do tratamento do câncer de mama.

Acredita-se que a remoção dos nódulos linfáticos debaixo dos braços, o mais próximo da área afetada, é capaz de deter o avanço do câncer.

Novas pesquisas, no entanto, sugerem que esse procedimento pode ser evitado em muitos casos. A perda de nódulos linfáticos normalmente leva a inchaços e dores crônicas no braço.

Na nova cirurgia experimental, os nódulos linfáticos que faltam são substituídos com outros, transplantados de outras partes do corpo. Se tudo sair como o esperado, os novos linfonodos ficam "em casa", começando a filtrar resíduos e drenar fluidos que se acumularam no braço.

Apesar disso, a operação é controversa e tem riscos. Embora tenha sido registrada a cura de alguns pacientes e a melhora de muitos outros, ela é pouco realizada.

Até seus defensores propõem que ela deva ser reservada a pacientes que não respondem ao tratamento convencional.

O primeiro teste clínico da técnica está sendo realizado agora em Nova York. Apesar da ausência de dados conclusivos sobre o sucesso, a demanda pelo procedimento certamente irá crescer.

Alguns estudos sugerem que o linfedema se desenvolva, dentro de cinco anos, em até 40% das mulheres que se submetem à cirurgia contra câncer de mama.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Estudo mostra que fungos nocivos crescem em máquinas de lavar louça

Cientistas encontraram um fungo possivelmente nocivo que cresce em máquinas de lavar louça, sobrevivendo a altas temperaturas, a altas doses de detergentes e a tipos de águas ácidas e alcalinas.

Um fungo negro chamado Exophiala dermatitidis foi encontrado com o fungo E. phaeomuriformis em amostras tiradas de máquinas de lavar louça em 189 lares de 101 cidades em seis continentes.
O resultado do estudo indica que 56% das máquinas de lavar louça apresentavam o fungo na borracha de vedação da porta do eletrodoméstico.


Ambas as espécies "são conhecidas por serem capazes de causar doenças sistêmicas em humanos e frequentemente colonizam os pulmões dos pacientes com fibrose cística," indica o estudo.

Os fungos são organismos "extremófilos" que raramente são encontrados na natureza. Isso sugere que registraram uma benefício evolutivo ocupando um nicho doméstico, encontrando um ambiente ideal no calor e na umidade.

O estudo foi apresentado na última edição do jornal Fungal Biology, publicado pela British Mycological Society. O estudo não se concentrou em analisar se o fungo da máquina de lavar louça apresenta alguma ameaça á saúde.

Ele indica que "outros estudos são necessários", dado o risco de mistura genética neste ambiente incomum.
"A coexistência de diferentes genótipos das mesmas espécies permite possivelmente uma recombinação genética, gerando novos genótipos com potenciais patogênicos desconhecidos," indica o jornal.

Outras espécies microscópicas encontradas em máquinas de lavar louça foram membros dos grupos Aspergillus, Candida, Magnusiomyces, Fusarium, Penicillium e Rhodotorula.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

RS confirma mais quatro casos de gripe A

A Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul confirmou nesta terça-feira mais quatro casos de gripe A (H1N1) no Estado. Já são 15 os casos confirmados em 2011. Quatro pessoas morreram nas cidades de Anta Gorda, Bagé, Pelotas e Santa Cruz do Sul.

Os quatro novos casos foram identificados em São Lourenço do Sul, Bagé e Chuvisca. Os pacientes --três mulheres de 22, 55 e 63 anos e um homem de 29 anos-- não haviam sido vacinados contra a gripe.

De acordo com a secretaria de Saúde, três deles apresentam "boa evolução".

Dos 270 casos de gripe A (H1N1) notificados à secretaria, 204 foram descartados e 51 estão sendo investigados.

TRATAMENTO

O Ministério da Saúde ampliou neste mês o uso do medicamento utilizado para tratar a gripe A (H1N1) --a gripe suína--, com a chegada do inverno e, consequentemente, de um maior número de casos de gripes no país.

Segundo o ministério, a epidemia de 2009 que tomou o Brasil e o mundo não deve se repetir.

O novo protocolo para uso do medicamento diz que devem tomar o remédio pessoas com casos graves da doença e que não tenham fatores de risco, mesmo que ultrapassadas as primeiras 48 horas do agravamento dos sintomas. Antes, se o paciente grave não tinha fatores de risco, deveria tomar o medicamento somente nas primeiras 48 horas.

Também passa a ser indicado tomar o remédio, de forma profilática, pessoas de comunidades fechadas (como seminários e asilos) ou com doenças crônicas que não se vacinaram e tiveram contato com infectados pela doença.

Paciente com casos leves ou graves da doença e fatores de risco continuam com a indicação de tomar o remédio, independentemente do período dos sintomas.

São consideradas pessoas com fatores de risco crianças de até 2 anos, adultos jovens, grávidas e mulheres que acabaram de dar à luz e pessoas com comorbidades como diabetes, imunossupressão, doenças cardiovasculares e asma.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Rede melhora qualidade do sono, diz estudo

Paris Uma equipe de cientistas franceses e suíços publicou um estudo que sugere que o movimento de vai e vem de uma rede melhora a qualidade do sono e ajuda as pessoas a dormir mais rapidamente.

O estudo incluiu 12 voluntários do sexo masculino que aceitaram tentar tirar uma soneca tanto em uma cama fixa quanto em uma rede, enquanto seus movimentos cerebrais, oculares e musculares foram monitorados por aparelhos.

Segundo os cientistas, as mulheres foram excluídas do estudo, uma vez que o ciclo menstrual pode afetar a monitoração do eletroencefalograma (EEG).

Dois dos 12 homens tiveram que ser descartados da análise final porque o EEG detectou um mau funcionamento em um deles e o outro ficou ansioso demais para dormir no dia em que lhe coube a cama fixa.

Mas os outros 10 indivíduos dormiram mais rapidamente em uma rede do que na cama fixa e sua sesta de 45 minutos foi mais profunda, destacou o estudo publicado no periódico científico Current Biology.

"Observamos uma transição ao sono mais rápida em cada um dos indivíduos que estavam no modo ´rede´, um resultado que sustenta a noção intuitiva de que o sono é facilitando quando associado a este procedimento" de vai e vem, disse Michel Muhlethaler, da Universidade de Genebra.

"Surpreendentemente, também observamos um espetacular impulso de certos tipos de oscilações (das ondas cerebrais) relacionadas com o sono", acrescentou.

A etapa de sono intermediária, conhecida como N2, que não inclui rápidos movimentos oculares e geralmente ocorre na transição para um período de sono profundo, foi mais longa na ´cama de balanço´.

"A cama de balanço também teve um efeito prolongado na atividade cerebral, aumentando as oscilações mentais e a irrupção da atividade conhecida como eixos de sono.

Os pesquisadores esperam examinar, ainda, se o efeito de balançar é similar em períodos mais prolongados de sono, e averiguar se pode ser utilizado para ajudar pessoas que sofrem de insônia.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Governo altera regras para consulta básica em planos de saúde no Brasil

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), órgão que regula os planos de saúde no Brasil, passou a exigir das operadoras o atendimento em até sete dias a beneficiários para consultas básicas como pediatria, clínica médica, cirurgia geral - incluindo atendimentos odontológicos -, ginecologia e obstetrícia.

A alteração nas regras para os planos de saúde foi publicada no Diário Oficial nesta segunda-feira (20). As novas normas começam a valer daqui a 90 dias. Segundo a ANS e a Federação Nacional de Saúde Suplementar (Fenasaúde), que representa planos de saúde, até agora não havia prazos obrigatórios para o atendimento.

A própria agência já havia feito uma pesquisa junto a planos de saúde em 2010 para saber quanto tempo cada operadora leva para atender à demanda. Depois, entre 3 de fevereiro e 4 de março de 2011, foi conduzida uma consulta pública com 3 mil pessoas sobre o tema.

Para as outras especialidades médicas, o prazo é o dobro: 14 dias. Consultas e sessões com fonoaudiólogos, nutricionistas, psicólogos, terapeutas ocupacionais e fisioterapeutas deverão ser garantidos em até 10 dias pelas operadoras.

Serviços de diagnósticos feitos por laboratórios de análises clínicas deverão ser atendidos em até 3 dias. Já as outras demandas de exames e terapia deverão ser conduzidas em até 10 dias.

O cliente poderá ser atendido na localidade que exigir, desde que esta esteja dentro da área de abrangência do plano.

Para poder cumprir com os prazos, a operadora deverá encaminhar o pedido por consulta ou serviço a qualquer prestador habilitado na rede assistencial do município escolhido pelo cliente. Isso significa que o beneficiário não será atendido necessariamente por alguém escolhido por ele.

domingo, 19 de junho de 2011

Suco de cranberry pode ajudar a prevenir úlcera, diz pesquisa

O suco de cranberry (oxicoco, em português) tem uma longa história como remédio caseiro para infecções da bexiga. Porém, nos últimos anos os cientistas estudaram em silêncio se ele também pode funcionar contra a 'Helicobacter pylori', bactéria responsável pela maioria das úlceras.

Já faz algum tempo que os cientistas sabem que o suco impede de forma eficaz que algumas espécies de bactérias se liguem aos receptores celulares ao longo do trato urinário, o que teoricamente reduziria o risco de infecções na bexiga. Acredita-se que o mesmo mecanismo funcione contra a formação de úlceras. Compostos do suco de cranberry, chamados proantocianidinas, impediriam a fixação da H. pylori na mucosa estomacal.

A maioria dos estudos constatou que consumir suco de cranberry parece produzir melhoras nas pessoas propensas a úlceras.

Em um estudo aleatório duplo-cego publicado em "Nutrition", em 2008, os pesquisadores acompanharam 271 crianças e adolescentes cujos testes deram positivo para H. pylori.

Ao longo de três semanas, um grupo bebeu 200 mililitros de suco de cranberry diariamente, outro recebeu um suplemento probiótico contendo bactérias conflitantes e um terceiro tomou placebo.

No final do estudo, o grupo do suco teve "índices de erradicação" de H. pylori significativamente mais altos do que o grupo do placebo e uma melhora levemente superior sobre aqueles que só beberam probióticos.

Um estudo com quase 200 pessoas publicado em 2005 mostrou resultados similares. Beber um copo de suco de cranberry diariamente eliminava a H. pylori três vezes mais do que nos pacientes que tomaram um suco placebo semelhante à fruta, embora alguns não tiveram melhoras.

Os pesquisadores constataram que o suco de cranberry pode ajudar a prevenir úlceras.

sábado, 18 de junho de 2011

O colesterol supermau

Pesquisadores da Universidade de Warwick, no Reino Unido, anunciaram a descoberta do tipo de colesterol mais nocivo identificado até agora. Trata-se, na verdade, de uma forma de LDL com ação ainda mais prejudicial. Conhecido como colesterol ruim, o LDL deposita-se na parede dos vasos sanguíneos, obstruindo a passagem do sangue. A falta da irrigação sanguínea pode levar a um infarto do miocárdio (se ocorrer no coração) ou a um acidente vascular cerebral (AVC), quando a interrupção da circulação se dá em um vaso localizado no cérebro. O trabalho que revelou como se dá a formação do novo gênero de colesterol foi patrocinado pela Associação Britânica para o Coração e está publicada na edição online da revista científica “Diabetes”.

O que os cientistas descobriram foi que, em determinadas circunstâncias, o LDL passa por um processo no qual moléculas derivadas do açúcar juntam-se a ele. Quando isso acontece, o LDL muda de formato. “Essa alteração expõe regiões na superfície do LDL que apresentam maior poder de aderência à parede dos vasos sanguíneos do que o LDL original”, explicou à ISTOÉ Naila Rabbani, pesquisadora do Grupo de Pesquisa de Sistemas Biológicos da universidade e coordenadora do trabalho. O resultado é que esse LDL (batizado de Mgmin-low-density lipoprotein) gruda mais nas paredes das artérias, tornando o acúmulo de gordura mais intenso.

Os pesquisadores acreditam que esta é uma das razões pelas quais os diabéticos sejam tão vulneráveis a acidentes cardiovasculares. Nesses pacientes, a concentração das moléculas derivadas de açúcar que modificam a forma do LDL é de duas a cinco vezes maior do que entre os não-diabéticos. Portanto, argumentam eles, é de se supor que os portadores de diabetes apresentem taxas mais elevadas desse colesterol. Além deles, os estudiosos creem que os idosos também sejam mais vulneráveis.

Por enquanto, não há medicação específica contra o colesterol supermau. Tampouco há um exame diagnóstico disponível. “Mas estamos trabalhando nisso”, adiantou Naila. A única maneira de se proteger é adotar uma dieta equilibrada, evitando excessos com açúcar e gorduras. “É preciso tentar evitar a oxidação do LDL”, explicou o cardiologista Daniel Magnoni, do Hospital do Coração, em São Paulo.

Teste de urina poderá detectar câncer em estágio inicial

Uma pesquisa conduzida na Universidade de Edimburgo abre caminho para a detecção precoce de câncer em pacientes que ainda não apresentam os sintomas da doença, por meio de exames de urina. Os pesquisadores identificaram proteínas-chave na urina de pacientes com tipos avançados de tumores de intestino, estômago e pâncreas. Holger Husi, autor do estudo, acredita que a descoberta poderá ampliar o tempo de sobrevivência das pessoas. "O objetivo desse trabalho é permitir que os tumores sejam diagnosticados muito mais cedo. Isso nos ajudaria a tratar o câncer antes que ele tenha chance de se espalha", afirmou.

Apenas cerca de 10% dos pacientes com esses tipos de câncer – conhecidos como câncer do trato gastrointestinal superior – permanecem vivos cinco anos após o diagnóstico. Isso ocorre porque esses tumores, que tendem a ser agressivos, normalmente são diagnosticados em estágio avançado. "A maioria desses cânceres é diagnosticada tardiamente, quando nenhuma cirurgia é possível devido ao estágio avançado. O diagnóstico precoce pode fazer com que a cirurgia curativa e a quimioterapia sejam possíveis em mais pacientes”, afirma Husi.

Pesquisa – O estudo, publicado no periódico Proteomics-Clinical Applications, comparou amostras de urinas de pacientes com esses tipos de câncer com a urina de pacientes que estavam livres da doença. Eles analisaram o material e identificaram milhares de tipos de proteínas - entre elas, seis proteínas específicas chamaram a atenção dos pesquisadores. Elas estavam presentes em 98% dos casos de câncer, mas ausente em quase 90% das amostras de pacientes que não tinham câncer.

Depois, os cientistas fecharam ainda o alvo e chegaram até duas proteínas: S100A6 e S1009. Segundo eles, essas proteínas tinham mais probabilidade de aparecer nas amostras de pacientes com câncer e ausentes nos outros testes.

O próximo passo é descobrir se as pessoas com câncer em estágio precoce têm os mesmos níveis de proteínas presentes que os pacientes que já estão com o estágio avançado. Para o novo estudo, serão envolvidos pelo menos 1.000 voluntários, que serão acompanhados ao longo de vários anos.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Estudo indica que azeite de oliva pode reduzir risco de derrame

Pessoas idosas que ingerem azeite de oliva correm menos risco de sofrer um derrame do que aquelas que não o fazem, sugeriu um estudo com mais de 7.000 franceses publicado nesta quarta-feira nos Estados Unidos.

Pesquisadores do Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa Médica, em Bordeaux, França, acompanharam 7.625 pessoas, de 65 anos de idade ou mais, em três cidades --Bordeaux, Dijon e Montpellier-- por um período de cinco anos.

Durante esse tempo, houve 148 derrames. Os indivíduos foram divididos em grupos de acordo com o seu consumo de azeite de oliva, indo daqueles que não consumiam nada àqueles que usavam o produto em molhos, em receitas e no pão.

Quando os pesquisadores levaram em consideração fatores como a massa corporal, atividades físicas e a dieta, constataram que os consumidores "intensivos" de azeite de oliva tinham 41% menos risco de derrame comparados aos que nunca consumiam azeite.

"Nossa pesquisa sugere que uma nova série de recomendações de dieta precisa ser elaborada para prevenir derrames em pessoas de 65 anos ou mais," disse a autora do estudo Cecilia Samieri.

"Os derrames são tão comuns em pessoas idosas e o azeite de oliva pode ser uma forma barata e fácil de ajudar a prevenir isso."

As descobertas foram publicadas no "Medical Journal of the American Academy of Neurology".

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Brasil aprova uso de botox para tratamento de enxaqueca

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou o uso de injeções de botox para o tratamento de enxaqueca crônica. Antes do Brasil, só EUA e Inglaterra haviam autorizado a aplicação do produto no tratamento da doença.

A aplicação do botox, marca da farmacêutica Allergan para a toxina botulínica tipo A, foi aprovada como uma forma de prevenir crises.

A substância é injetada em até 39 pontos da cabeça e do pescoço do paciente. O mecanismo de ação da droga não é totalmente conhecido.
Acredita-se que a toxina iniba a inflamação dos vasos sanguíneos da cabeça e que ela altere a percepção da dor.

A enxaqueca é causada por um desequilíbrio bioquímico de origem hereditária que leva à inflamação de vasos sanguíneos da cabeça.

EFEITO TERAPÊUTICO

A toxina é feita pela bactéria causadora do botulismo, doença que leva à paralisia muscular e até à morte. Seu uso terapêutico foi aprovado pela primeira vez há 20 anos, nos EUA, para tratar estrabismo.

Desde então, passou a ser usada no tratamento de mais de 20 problemas estéticos e de saúde, das rugas às sequelas de derrames. Na maioria dos casos, o benefício à saúde é obtido porque a toxina deixa os músculos mais relaxados.

MENOS DIAS

Para aprovar a indicação do botox contra enxaqueca, a Anvisa usou uma pesquisa com 1.384 voluntários nos Estados Unidos e na Europa.

O estudo mostrou que, após seis meses de tratamento, aqueles que receberam aplicações de botox tiveram 8,6 dias a menos de enxaqueca por mês. Entre os que receberam placebo, a queda foi de 6,6 dias.

A enxaqueca é considerada crônica quando o paciente tem episódios de dor ao menos 15 dias por mês, por três meses seguidos.

Apesar de pequena, "a diferença é estatisticamente significativa", afirma o neurologista Elder Sarmento, presidente da Sociedade Latino-Americana de Cefaleia.

Segundo ele, os efeitos colaterais mais comuns do tratamento são dor no pescoço, fraqueza muscular e cefaleia.

O efeito da toxina é temporário, e, por isso, o tratamento precisa ser repetido, com periodicidade de três a seis meses. "O botox não é a solução, mas é uma nova alternativa para o tratamento", afirma o presidente da Sociedade Brasileira de Cefaleia, Marcelo Ciciarelli.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

EUA aumentam exigências para rótulo de protetor solar

Protetores solares que dizem reduzir o risco de câncer de pele terão que proteger contra os raios UVA e UVB, além de apresentar FPS (fator de proteção solar) igual ou superior a 15, segundo as novas regras dos Estados Unidos, divulgadas nesta terça-feira.

As mudanças de rótulo feitas pela FDA (agência reguladora de medicamentos e alimentos dos EUA) têm como objetivo dar aos consumidores mais informações sobre como se proteger do risco de câncer de pele e do envelhecimento precoce, assim como evitar queimaduras solares.

A queimadura solar é causada principalmente pela radiação UVB, enquanto as radiações UVB e UVA contribuem para o câncer de pele e o envelhecimento precoce.

"Estamos estabelecendo um padrão para os Estados Unidos", disse Janet Woodcock, diretora do FDA.

As novas regras asseguram que todos os produtos que afirmam ter "proteção ampla" passarão por um teste padronizado para os raios UVA e UVB. A proporção de proteção contra os raios UVA e UVB deve aumentar proporcionalmente ao aumento dos níveis de FPS.

A FDA estava estudando a atualização das normas em protetores solares desde 1978. A agência divulgou uma regra proposta em 2007, que incluía um sistema de estrelas separadas para a radiação UVA, mas Woodcock disse que muitos fabricantes estavam preocupados com o entendimento dos consumidores.

Ela disse que o rótulo que contém "ampla proteção" se destina a assegurar aos consumidores uma proteção adequada dos dois tipos de radiação, e o fator FPS lhes dá uma sensação de quanto tempo eles estão protegidos.

Todos os filtros solares também serão obrigados a incluir um aviso para os consumidores dizendo se cumprem ou não as normas mínimas de proteção.

A FDA ainda informou que os rótulos não terão mais os dizeres "bloqueador solar" e "à prova d'água", pois as alegações são enganosas. Em vez disso, os fabricantes poderão usar o termo "resistente à água", e terão que indicar quanto tempo o produto resiste à água.

Woodcock disse que os consumidores devem começar a ver as mudanças no rótulo até o verão de 2012, mas muitos fabricantes vão começar mais cedo.

A agência reguladora também pretende estudar se os protetores solares em embalagem aerossol oferecem uma proteção adequada e se inalar o produto causa qualquer problema de segurança.

Os produtos em aerossol são usados frequentemente em crianças porque são mais fáceis de aplicar. Woodcock disse que, até então, os pais devem garantir que as crianças prendam a respiração enquanto o protetor solar está sendo pulverizado.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Médico que declara laço com indústria também é antiético

O médico que declara seu conflito de interesse com a indústria farmacêutica é mais ético? O senso comum diria que sim. Mas pesquisas recentes na área da psicologia experimental mostram que não é bem assim.

Ao revelar todos os laços que possam influenciar seu julgamento, o profissional se sente livre para continuar adotando comportamentos ainda mais antiéticos.

A conclusão, de estudos em que são simulados cenários de conflitos de interesse, coloca em xeque a declaração feita pelos médicos em congressos e publicações científicas, em que eles reconhecem todo apoio financeiro recebido em seu trabalho.

"Não estamos dizendo que a transparência seja uma coisa ruim. Mas ela não funciona tão bem como pensávamos", disse à Folha o pesquisador Daylian Cain, economista do comportamento na Universidade Yale (EUA).

Ele e colegas realizaram experimentos que simulavam situações em que o médico (e outros profissionais, como advogados) tinham de decidir qual era a melhor indicação para o
paciente/cliente.

Os que tinham conflitos de interesse "como ganhar comissões pela indicação de um produto" deram mais conselhos em benefício próprio, não do paciente.

Os pesquisadores perceberam que, ao revelarem ao paciente o conflito de interesse, os médicos se sentiram ainda mais à vontade para agir em causa própria.

"É o chamado licenciamento moral. A divulgação de um conflito deu às pessoas 'luz verde' para se comportar sem ética, como se fossem absolvidas por terem sido transparentes", diz Don Moore, professor de comportamento organizacional da Carnegie Mellon (Pensilvânia).

BRASIL

Para o professor da USP Reinaldo Ayer, diretor da Sociedade Brasileira de Bioética, o Brasil está atrasado nessas discussões. "Aqui, ainda temos de estimular que a declaração de conflitos de interesse seja rotina entre os médicos."

Roberto D'Àvila, presidente do CFM (Conselho Federal de Medicina), concorda: "Ao declarar, dou condição para quem está lendo uma pesquisa, assistindo a uma aula ou recebendo tratamento de saber que aquilo está contaminado por outros interesses".

Para ele, declarar não acaba com o conflito, mas "torna a relação [entre os médicos e seus pares ou pacientes] mais transparente".

O CFM e a Interfarma (associação das farmacêuticas multinacionais) estão elaborando um novo código de conduta ética.

Já o médico gaúcho Guilherme Brauner Barcellos afirma que a declaração não pressupõe mudança de cultura nas organizações médicas. "É insuficiente para proteger os pacientes."

Barcellos preside a Sociedade Brasileira de Medicina Hospitalar, que há dois anos faz congressos sem ajuda dos laboratórios. "É possível fazer, mas precisamos discutir outras formas de financiamento da educação médica."

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Estudo da Yale mostra como nicotina emagrece quem fuma

Parar de fumar significa quilos a mais na balança. Agora, uma pesquisa publicada na revista "Science" desvendou o mecanismo responsável por diminuir a fome dos fumantes.

A nicotina faz esses neurônios sinalizarem que a pessoa já comeu o suficiente.

Descobriu-se que a nicotina, composto

presente no tabaco e que causa dependência, reduz o apetite ativando um grupo de neurônios no cérebro, na região do hipotálamo, ligados à saciedade

"Há duas maneiras de os fumantes se beneficiarem dessa informação para impedir que ganhem peso quando largarem o hábito", disse à Folha Marina Picciotto, da Universidade Yale (EUA), líder da pesquisa.

A cientista afirma que o uso de substitutos do cigarro, como o chiclete de nicotina, pode ativar os receptores neuronais identificados na pesquisa e ajudar a controlar o apetite da pessoa.

Outra opção, ainda experimental, é o uso da droga contra depressão, disponível na Europa Oriental, que os cientistas testaram em roedores.

"Estudos ainda podem checar se os fumantes que tomaram essa droga, o Tabex, para largar o vício tiveram menos ganho de peso do que os que largaram sem tomar", diz a pesquisadora.O trabalho ajuda a explicar por que os fumantes são, em média, mais magros do que os não fumantes e por que quem para de fumar tende a engordar, como foi demonstrado por vários estudos desde a década de 1980.

A pesquisa, feita em camundongos, submeteu roedores a testes genéticos, farmacológicos, fisiológicos e comportamentais.

A descoberta abre a possibilidade para a criação de drogas que ajudem a parar de fumar e controlem o ganho de peso decorrente disso.

"Entender os mecanismos por trás dos efeitos anoréxicos de fumar também facilita o desenvolvimento de tratamentos para prevenir ou tratar a obesidade", escreveram os pesquisadores.

sábado, 11 de junho de 2011

Brotos alemães são causa de surto de bactéria, dizem investigadores

Autoridades sanitárias alemãs indicaram que brotos de

vegetais cultivados em uma pequena área agrícola em Bienenbüttel, na Alemanha, são responsáveis pela disseminação da bactéria E.coli, que já matou ao menos

30 pessoas -- 29 na Alemanha e uma na Suécia-- e

infectou quase 3.000 pessoas.

As informações foram divulgadas pelos porta-vozes do Instituto Robert Koch (RKI) e do Instituto Federal de Avaliação de Riscos em coletiva de imprensa.

"Foi possível determinar que a causa do surto foram os brotos", disse Reinhard Burger, do RKI. "As pessoas que consumiram esses produtos tiveram nove vezes mais probabilidade de sofrer de diarreia com sangue [um dos principais sintomas da infecção] do que aquelas que não consumiram", acrescentou.

Os porta-vozes anunciaram também que, após a confirmação, foi suspenso no país o alerta contra o consumo de pepinos, alfaces e tomates crus.

"Alfaces, tomates e pepinos já podem ser consumidos normalmente, são produtos saudáves", disse Andreas Hensel, do Instituto Federal de Avaliação de Riscos.

Burger afirmou ainda que é possível que os brotos contaminados já tenham sido consumidos ou jogados fora, mas deixou claro que a crise não acabou e que as pessoas não devem ingerir os brotos.

A fazenda na vila de Bienenbuettel, no norte da Alemanha, que foi apontada como foco de disseminação foi fechada e seus produtos foram apreendidos, mas, segundo os investigadores, não é possível determinar se tais alimentos estão sendo servidos em restaurantes e cafés.

Há também a possibilidade de que outras fazendas da região tenham sido afetadas pelaE.coli, de acordo com as equipes de cientistas.

Burger disse, no entanto, que o número de doentes pela infecção de "E. coli" vem caindo e novamente fez uma chamada à população para que observe as mínimas normas de higiene no manejo de verduras e outros alimentos crus.

Em 25 de maio, os dois institutos tinham advertido oficialmente contra o consumo das citadas verduras para saladas com base nos interrogatórios a que foram submetidos os pacientes internados com a infecção de "E. coli".

ESPANHA

Nesta quinta-feira, a Espanha conseguiu o apoio alemão para tentar reconquistar a boa reputação de suas hortaliças. Autoridades espanholas disseram que a Alemanha lamentou as suas primeiras e precipitadas declarações que acusavam os pepinos provenientes daquele país de propagarem a doença.

O governo alemão se comprometeu a esforçar-se para recuperar o prestígio dos produtos agrícolas espanhóis afetados pela crise sanitária na Europa", afirmou Diego Lopez Garrido, secretário de Estado espanhol para a UE, após reunir-se com seu homólogo alemão, Werner Hoyer.

Lopez Garrido disse que a Alemanha dará apoio a uma campanha de promo

ção dos produtos agrícolas espanhóis que está sendo organizada em Madri para "recuperar o prestígio, a qualidade e a credibilidade dos produtos".

Hoyer "lamentou profundamente" e "expressou insatisfação" pelos danos causados ao setor agrícola espanhol, que se viu "especialmente afetado pelas primeiras declarações que acusaram os pepinos pela origem das contaminações", garantiu o espanhol.

SURTO

O atual surto foi causado por uma variedade supertóxica de E. coli, que normalmente pode ser encontrada nas fezes de humanos e animais e pode se espalhar com maus hábitos de higiene desde a fazenda até o preparo do alimento.

Mais de 3.000 pessoas em 12 países já apresentaram sintomas de infecções intestinais provocadas pela bactéria. Quase todos os casos registrados fora da Alemanha são de pessoas que moram ou viajaram ao país. Ao menos 30 pessoas morreram, 29 na Alemanha e uma na Suécia.

O EHEC tem um período de incubação médio de três a quatro dias e a maioria de pacientes se recupera em dez dias. Mas em uma pequena parte dos pacientes --principalmente crianças e idosos-- a infecção pode levar à Síndrome Hemolítico-Urêmica (SUH), causada por uma toxina específica desta variedade de E.coli que destrói hemácias (células vermelhas do sangue) e provoca insuficiência renal.

"Isso explica por que muitos pacientes que já superaram a fase diarreica apresentam depois graves sintomas neurológicos", disse Greinacher.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Surto da 'E.coli' alemã não oferece riscos ao Brasil, afirma médica

Quem mora no Brasil não tem motivos para se preocupar com o surto da bactéria Escherichia coli, que vem causando mortes na Europa, principalmente no norte da Alemanha, segundo a médica Ana Escobar, do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas e professora de medicina na USP, que pesquisa as infecções causadas pela bactéria.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) reforça que não há nenhum indício de que a bactéria tenha chegado ao Brasil e não pretende restringir a importação de produtos alemães. Alimentos em conserva podem ser consumidos normalmente, pois passam por processos que eliminam as bactérias – acidificação, pasteurização, refrigeração ou adição de conservantes.

A E. coli tem várias cepas, ou sorotipos, que nada mais são que subtipos, variações dentro da espécie. Na maior parte das vezes, esses subtipos são inofensivos. A bactéria normalmente é encontrada no intestino dos seres humanos e dos animais.

Há, no entanto, cepas que provocam problemas de saúde, inclusive no Brasil. A mais conhecida é a O157:H7, que pode causar complicações em crianças.

A variação que está causando mortes na Europa se chama O104:H4. Ela causa os mesmos males que a cepa que já era conhecida, mas é bem mais agressiva. Por isso, está atacando também adultos e provocando problemas tão sérios.

A bactéria provoca lesões na parte de dentro do intestino que fazem com que saia muito sangue nas fezes. Por isso, essa variação também é conhecida como E.coli entero-hemorrágica (Ehec, na sigla em inglês).

Ela pode produzir ainda uma toxina chamada Shiga ou verotoxina, o que justifica suas outras nomenclaturas: E.coli produtora de verotoxina (VTEC) e E.coli produtora de toxina Shiga (STEC). Essa toxina provoca a quebra dos glóbulos vermelhos, o que leva à anemia, e provoca também insuficiência renal. A doença é conhecida como síndrome hemolítico-urêmica (SHU).

Um agravante da Ehec é o fato de que os antibióticos não podem combater seus efeitos. Os sintomas surgem entre três e oito dias após a transmissão. Por isso, quando se descobre a doença, a toxina já se espalhou.

“Quando uma cobra pica uma pessoa, não adianta matar a cobra, deve-se combater o veneno. Com essa bactéria, é a mesma lógica”, compara Ana Escobar.

Longe do Brasil
A especialista afirma também que a bactéria encontrada no Brasil não é transmitida pelo ar. Sua transmissão se dá pela alimentação. Entre pessoas, a única forma de transmissão é a fecal-oral: a bactéria é expelida nas fezes e, por falta de higiene, pode ficar nas mãos e, eventualmente, ser ingerida por outra pessoa.

Por isso, a principal recomendação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária é lavar bem as mãos depois de ir ao banheiro ou entrar em contato com animais e antes de tocar quaisquer alimentos. O procedimento não é específico para a bactéria, serve para evitar a contaminação por alimentos em geral.

Frutas e vegetais devem ser bem lavados, principalmente se forem consumidos crus. Para evitar a transmissão da Ehec, o único meio garantido é cozinhar os alimentos à temperatura de 70ºC.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Novo teste confirma Aids em 20 minutos

A Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) lançará em agosto um teste rápido que confirma o diagnóstico do vírus HIV em 20 minutos.

Hoje, a pessoa faz o teste de triagem e, se for soropositiva, precisa esperar a confirmação do diagnóstico por um outro exame, cujo resultado pode demorar até um mês.

Com os novos kits, será possível fazer o diagnóstico e a confirmação ao mesmo tempo. Os atuais testes de triagem também são rápidos --demoram cerca de dez minutos--, mas podem gerar resultados falsos-positivos.

Isso ocorre porque os antígenos (partículas reconhecidas pelos anticorpos produzidos pelo sistema imunológico) usados no teste podem reagir com anticorpos associados a outras doenças.

Por isso, todos os pacientes apontados como soropositivos no teste de triagem têm que fazer o exame confirmatório em laboratórios fora das unidades de saúde.

Mas muitos pacientes não voltam para buscar o resultado e, portanto, não se tratam.

A expectativa é que o novo teste também mude isso. Quase metade (40%) da mortalidade por Aids no Brasil está relacionada à demora para o início do tratamento

"Ao atrelar os dois ensaios, a pessoa já tem a confirmação rápida, recebe orientação e encaminhamento médico. Isso agiliza o tratamento", diz Antônio Ferreira, gerente de Programa de Reativos de Bio-Manguinhos/Fiocruz.

Para ele, o teste será especialmente útil nas cidades pequenas ou em áreas mais remotas do país porque dispensa infraestrutura laboratorial e é simples de ser aplicado.

Outra vantagem é o preço. Segundo Ferreira, ele terá um quinto do custo dos atuais exames confirmatórios (entre R$ 130 e R$ 150).

O Ministério da Saúde pretende utilizar entre 150 mil a 200 mil testes por ano para atender a demanda do SUS. O novo kit é eficaz já a partir do 25º dia de infecção.

DIAGNÓSTICO TARDIO

Na avaliação de pesquisadores sobre Aids e de organizações que dão apoio aos portadores do vírus, o novo teste será um avanço, desde que esteja disponível em todos os centros de tratamento.

"Temos que diminuir o diagnóstico tardio. Muitas pessoas não se beneficiam do tratamento disponível no SUS porque hoje chegam doentes aos serviços de saúde", diz o doutor em medicina preventiva Mario Scheffer, presidente do Grupo Pela Vidda-SP.

O pesquisador da USP Alexandre Grangeiro, ex-coordenador do serviço de Aids do Ministério da Saúde, afirma que, segundo estudos, quanto menor o tempo para a entrega dos resultados dos exames, menor é a taxa de abandono do tratamento.

Mas, diz ele, o maior impedimento hoje para a utilização dos testes rápidos de HIV é a resistência dos profissionais de saúde em fazê-los.

"O teste é rápido para o paciente, mas não para o serviço de saúde. No mesmo dia, ele tem que fazer o aconselhamento, realizar o teste, dar suporte ao paciente e encaminhá-lo ao tratamento."

Além disso, não há profissionais acostumados a realizar exames diagnósticos, como os biomédicos.

"Na maior parte dos serviços, há assistentes sociais, psicólogos e enfermeiros, que ficam com receio de fazer um teste. Daí a importância de simplificar a metodologia."

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Queimaduras: um descuido, muitas sequelas

Carrinhos de controle remoto e ursinhos de pelúcia espalhados pelo quarto, bonecas com todo tipo de roupinhas e jogos de montar. Para as crianças até os 6 anos, tudo isso fica em segundo plano. A maior diversão é se aventurar pela casa, testar os limites e mexer em tudo para descobrir o que cada objeto faz. O cômodo preferido? “A cozinha. Tanto que cerca de 72% das queimaduras em crianças acontecem lá”, diz José Luiz Takaki, chefe do Serviço de Queimados do Hospital Evangélico.
Estatísticas da ONG Criança Segura de 2010 revelam que a queimadura é o tipo de acidente que mais preocupa os pais e cerca de 71% deles tomam medidas em casa para evitá-la. E para prevenir, os especialistas são unânimes: o cuidado é permanente, e deve ser redobrado nas férias – quando as crianças ficam mais tempo em casa, geralmente ociosas. “Queimadura não é acidente. Por trás de cada criança queimada, existe pelo menos um adulto que foi negligente, mesmo que por alguns segundos. Esse momento de descuido é suficiente para desencadear ferimentos graves”, alerta Takaki.

Problemas mais comuns

Entre os acidentes domésticos mais comuns, a queimadura exige atenção principalmente pelas conse-

quências que ela traz para a vida da criança. Além da dor no dia do evento, há o processo de internação e recuperação, que pode durar meses. E quanto maior a área queimada, maior o risco de morte. “Mesmo que sobreviva, a criança tem sua qualidade de vida totalmente comprometida pelo acidente”, comenta Aramis Lopes, médico pediatra e presidente do departamento de segurança da criança e adolescente de Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

E o perigo não está tanto no processo de queimadura, mas nas inúmeras infecções que a criança pode pegar a partir desta lesão. São bactérias, vírus, vermes e fungos que aproveitam o tecido exposto para entrar no corpo e comprometer seriamente a saúde da criança durante todo o período de recuperação.

“A queimadura deixa sequelas físicas e psicológicas que podem ser permanentes. A criança muda depois de uma queimadura: ela passa de uma vida saudável, fazendo normalmente suas atividades, para uma em que tem que conviver com cicatrizes, precisa de acompanhamento permanente no hospital e sente vergonha das sequelas que ficam no rosto e no corpo”, diz Ingrid Stammer, mobilizadora da ONG Criança Segura.

Mas os problemas não se limitam à saúde dos pequenos. Para os pais e responsáveis, o processo de recuperação também é doloroso. “Primeira­mente, vem a culpa de quem deveria estar cuidando da criança e se sente mal por ter deixado isso acontecer. Depois, vem a dificuldade do pai e, principalmente, da mãe, em diminuir o ritmo de trabalho ou até abrir mão dele para acompanhar o filho por meses no hospital em casos mais graves.”

Prevenção

Cerca de 90% dos acidentes domésticos com crianças poderiam ser evitados se as pessoas seguissem as dicas de prevenção que a maioria dos adultos conhecem, mas que poucos põem em prática. “Queimaduras não são fatalidades, mas eventos que podem ser prevenidos”, alerta Maurício Pereima, cirurgião pediátrico e diretor científico da Sociedade Brasileira de Queima­duras (SBQ).

“Os pais e responsáveis precisam sair da zona de conforto do ‘acontece na casa dos outros, não na minha’ e agir para evitar situações de risco”, diz David de Souza Gomez, médico dermatologista e responsável pelo setor de queimados do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Prevenir exige menos trabalho do que se possa imaginar. O passo decisivo é os pais se reunirem com o cuidador ou babá e transmitir as orientações de forma clara para todos. “Os mesmos cuidados e regras valem tanto para o pai e a mãe quanto para a babá”, diz Vanessa Maria Freitas, enfermeira e professora do curso de Primeiros Socorros do Espaço de Desenvol­­vimento Criança em Foco.

Quanto às crianças, tudo deve ser explicado de maneira educativa. “Não basta isolar as tomadas com protetor porque, conforme ela cresce, descobre um jeito de tirá-los. Ela sempre tem que saber o porquê dos cuidados”, diz Ingrid.

Explicar tudo detalhadamente à criança é uma forma de ela saber o que fazer caso vá a algum lugar que não tem as adaptações feitas na casa dos pais. “Os filhos podem passar as férias na casa da avó ou um fim de semana na casa de um amiguinho e não encontrar o ambiente tão seguro. Se ela conhece os perigos, vai se cuidar”, diz Nadia Almeida, médica dermatologista do Hospital Pequeno Príncipe.

Em cada idade

Até os 4 anos, quando as crianças são mais curiosas e querem conhecer tudo que há dentro de casa, a preocupação deve ser passar as informações de maneira lúdica, dentro do seu nível de compreensão. “Ela ainda não tem uma associação clara que o fogo machuca, então explora a casa de maneira ingênua, sem saber muito bem o que está fazendo. Por isso, converse, mostre que frio e quente são diferentes e podem machucar”, orienta Ingrid.

Depois dessa idade, o melhor é investir na conversa e aproveitar situações oportunas. Sempre que surgir um gancho, como a criança contar que um coleguinha de escola se queimou, pergunte o que ela sabe sobre isso, traga outros exemplos e dialogue, mas nada de mostrar imagens fortes ou fazer ameaças, o que pode ter o efeito contrário.

Atendimento
Nada de receitas caseiras

O que não faltam são receitas caseiras para aliviar a dor da queimadura e acelerar a recuperação. De creme dental a pó de café, passando por leite condensado, margarina, clara de ovo, gelo e enxaguante bucal, a variedade de produtos é grande, mas os especialistas são categóricos: esqueça todos eles.

“Ao invés de ajudar, isso atrapalha, porque aumenta as chances de infecção e não interrompe o processo, a ferida continua queimando e o médico perde tempo tendo que limpar totalmente o local. Como esses produtos costumam grudar na queimadura, a limpeza agride a ferida e causa ainda mais dor à pessoa”, explica David de Souza Gomez, cirurgião plástico e médico responsável pelo setor de queimados do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Por isso, a primeira orientação – mesmo em queimaduras com produtos químicos – é lavar a área com água corrente em temperatura ambiente por cerca de 10 minutos, o que interrompe o processo de queimadura, alivia a dor e retira toda a sujeira. Não use soro fisiológico e não abane o local, o que pode agravar o ferimento. Depois, coloque um pano limpo molhado em cima da região afetada e encaminhe a pessoa para atendimento médico.

“Se a roupa estiver grudada, não tente tirá-la, para não lesionar ainda mais a região e, em caso de queimadura elétrica, antes de tocar na criança, corte a energia para evitar que você também se queime”, recomenda Aramis Lopes, médico pediatra e presidente do departamento de segurança da criança e adolescente de Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Em Curitiba, os pacientes devem ser encaminhados para o Hospital Evangélico, referência no atendimento a queimados.

Serviço

Hospital Evangélico – Alameda Augusto Stellfeld, 1.908 – Bigorrilho. Telefone: (41) 3240-5000.

Tipos
As queimaduras são classificadas em três tipos, conforme o nível de agressão à pele:

- Primeiro grau: bastante frequente, ocorre com a destruição da epiderme, a camada mais superficial da pele. Ela fica vermelha e dolorida, mas os sinais somem em uma semana, não há bolhas e, após a cicatrização, não ficam marcas.

- Segundo grau: compromete a epiderme e a derme, uma camada mais profunda da pele. Causa dor intensa e bolhas. As mais superficiais demoram entre 10 e 15 dias para melhorar, enquanto as mais profundas levam pelo menos três semanas. Em ambos os casos, após a cicatrização, o local fica com uma cor diferente da que era antes, destoando do restante. Se a queimadura for profunda, a cicatriz tende a ficar em alto-relevo. No caso de áreas de articulações pequenas, como dedos das mãos ou dos pés, o acidente gera uma limitação funcional e a pessoa perde o movimento dessas partes.

- Terceiro grau: destrói completamente a epiderme e a derme e compromete outros tecidos, como músculos, ossos, nervos e gordura, o que causa sequelas estéticas e funcionais. Não dói, porque a queimadura destrói as terminações nervosas. O paciente deve ser operado para que seja realizada a reconstrução do tecido lesado (enxerto). As partes implantadas ficam mais escurecidas que o restante da pele, enrugadas, com bordas mais altas e com suas funções limitadas. Com isso, a criança perde o movimento da região afetada. O tempo de recuperação varia, mas é de pelo menos um mês e pode chegar a vários anos. Em casos mais graves, o ferimento pode levar a amputação de áreas como dedos, mãos e pés.

Bolhas e “casquinhas”
Geralmente aparecem em queimaduras mais profundas e não devem ser drenadas (furadas) em casa. Este procedimento só pode ser feito em ambiente hospitalar, com autorização do médico responsável pelo atendimento, já que isso facilita a entrada de bactérias na lesão, levando a infecções. Da mesma forma, pomadas, analgésicos e anti-inflamatórios só podem ser usados com indicação médica.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Novo tratamento prolonga vida de pacientes com melanoma avançado

Um novo tratamento contra melanoma - um tipo de câncer de pele - avançado que reduziu os tumores de forma significativa e aumentou o tempo de vida dos pacientes foi divulgado no jornal New England Journal of Medicine. A técnica age pela inibição de um gene ligado à metade dos casos da doença.

O tratamento experimental de um laboratório suíço, por meio de comprimidos chamados PLX4032 (vemurafenib), neutraliza o gene mutante BRAF, presente em aproximadamente metade dos melanomas. Esta terapia impede que o gene produza uma proteína que tem um papel chave no desenvolvimento do câncer, para o qual até hoje não havia um tratamento eficaz.

"Os resultados obtidos a partir de um teste clínico de fase 3 comparando o PLX4032 com a quimioterapia apontam realmente um grande avanço no tratamento do melanoma", disse o médico Paul Chapman, do centro de câncer Memorial Sloan-Kettering em Nova York e autor do estudo.

A pesquisa foi apresentada na 47ª conferência da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO, na sigla em inglês), a maior conferência mundial de oncologia, realizada entre os dias 4 e 8 de junho na cidade de Chicago.

"Este é o primeiro tratamento eficaz para o melanoma dirigido a pacientes portadores de mutações genéticas específicas no tumor e poderá ser uma das duas únicas terapias para prolongar a sobrevivência dos pacientes com um melanoma avançado", destaca Chapman.

Participaram da pesquisa 675 pacientes com um melanoma metastásico não atendido anteriormente e portadores de mutações do gene BRAF. A metade dos pacientes foi tratada com o vemurafenib e a outra metade, com quimioterapia convencional, a dacarbazina.

Uma análise dos resultados depois de um período médio de três meses mostrou que o vemurafenib reduziu o risco de morte dos pacientes em 63% em comparação com os que receberam quimioterapia.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Campanha de farmacêutica prega vida sem menstruação

Uma campanha na televisão e nas redes sociais está anunciando benefícios de suprimir a menstruação.

Chamada de "Viva sem menstruar", a ação publicitária recomenda às mulheres perguntar ao médico sobre remédios para acabar com o ciclo, sem citar marcas.

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) proíbe a publicidade de drogas vendidas com receita.

A responsável pela campanha é a farmacêutica Libbs, que faz anticoncepcionais.

"Viver sem menstruar é a melhor opção, pois o organismo da mulher não está preparado para tantas menstruações", afirmou a empresa, por meio de sua assessoria.

Mas, para Rogério Machado, da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, isso não é verdade em todos os casos.

"Há mulheres que têm prejuízos com a menstruação e elas merecem ter a opção de suprimi-la. Mas não são todas que têm queixas."

Parar a menstruação não prejudicar a saúde. Mas a pílula de uso contínuo --um dos tratamentos para suprimir o ciclo-- tem contraindicações, como o uso por fumantes acima de 35 anos, por risco de trombose.

César Fernandes, presidente da Associação de Obstetrícia e Ginecologia de São Paulo, critica o estímulo para parar de menstruar.

"Não se pode passar a mensagem de que menstruar faz mal." Mas, para Machado, "o importante é mostrar que dá para mudar a maneira de tomar a pílula."

domingo, 5 de junho de 2011

Surto de bactéria coloca hospitais alemães além do limite

Os hospitais da Alemanha estão tendo dificuldades para lidar com o enorme fluxo de vítimas da bactéria E.coli, disse o ministro da saúde, Daniel Bahr, no domingo, enquanto os cientistas continuam intrigados com a bactéria mortal que já matou 19 pessoas e infectou 1.700 em toda a Europa.

Os hospitais de Hamburgo, epicentro do surto que começou há três semanas, têm dispensado pacientes com doenças menos graves para poder atender às pessoas atingidas por uma cepa rara e extremamente tóxica da bactéria Escherichia coli (E. coli).

"Estamos enfrentando uma situação tensa em relação aos cuidados com os pacientes", disse Bahr ao jornal "Bild am Sonntag", no domingo. Ele acrescentou que hospitais fora de Hamburgo podem ser utilizados para compensar a "falta de leitos" na segunda maior cidade da Alemanha.

Um porta-voz do hospital Regio Clinics, o maior hospital particular do Estado de Schleswig-Holstein, que fica perto de Hamburgo, disse que a crise estava usando os recursos até o limite.

Ele disse ainda que "cirurgias para doenças não fatais estão sendo remarcadas. No entanto, parece que a situação está melhorando, já que agora temos apenas 60 pacientes que precisam ficar isolados, comparados com os 109 na sexta-feira."

GRUPOS

O Hospital Universitário de Hamburg-Eppendorf (UKE), que a Folha visitou anteontem (3), centraliza o atendimento aos casos mais graves da região.

É uma situação que nunca confrontamos no passado", conta Jörg Debatin, diretor do UKE.
"É muito difícil fazer qualquer tipo de previsão quanto à epidemiologia. No fim de semana passado, vimos uma diminuição de infectados, só para sermos surpreendidos com um novo pico há alguns dias", afirma.

De acordo com Carolina Vila-Nova, enviada especial da Folha a Hamburgo, o hospital passou a dividir os pacientes em grupos, segundo a gravidade do quadro clínico. Dos cerca de 700 casos confirmados, o UKE acompanha entre 200 e 250.

O caso mais preocupante é o de 105 pessoas que desenvolveram a chamada síndrome hemolítico-urêmica, ou HUS, apresentando danos renais e neurológicos severos (como falência dos rins e ataques epilépticos) considerados irreversíveis.

Um terço está em unidades de tratamento intensivo e total isolamento. Respiram com a ajuda de aparelhos ou estão em coma. Um segundo grupo, com diarreia sanguínea e outras complicações, tem condições de internamento tradicionais, com diálises e transfusões.

Um terceiro grupo está em casa e tem a evolução da doença monitorada diariamente. O monitoramento é essencial: Hamburgo teve o caso trágico do paciente liberado por uma clínica e que morreu dias depois, em casa.

BIOGÁS

Em busca da origem do surto, cientistas estão seguindo uma série de teorias sobre onde a cepa da bactéria E.coli pode ter surgido.

Especialistas disseram ao jornal "Welt am Sonntag" que ela pode ter se espalhado a partir de uma unidade de biogás. Durante o processo de fermentação de biogás, frequentemente novas bactérias se desenvolvem.

"Elas se cruzam e se fundem", disse Bern Schottdorf. "Até agora não foi pesquisado o que acontece depois disso."

RESTAURANTE

O proprietário de um restaurante alemão cuja comida pode ter sido contaminada pela bactéria disse neste sábado que ficou devastado ao saber que muitos de seus clientes foram infectados.

Registrado na Europa, o surto da bactéria E. coli já causou 19 mortes até o momento.

"Foi como um golpe na cabeça quando eu ouvi a notícia", disse Joachim Berger em entrevista na cozinha de seu restaurante, em Lüebeck, a 60 quilômetros da cidade de Hamburgo, epicentro da doença.

"Nós fizemos todos daqui fazerem exames e tudo foi desinfetado. Eu mesmo paguei pelos exames, porque segurança é importante para os nossos clientes e funcionários", disse.

O jornal "Lübecker Nachrichten" noticiou que cientistas haviam identificado o restaurante local como um possível foco, de onde a bactéria foi transmitida após a morte de uma pessoa e o adoecimento de 17, incluindo um grupo de fiscais tributários alemães, turistas dinamarqueses e uma criança do sul da Alemanha.

"O restaurante não tem culpa nenhuma, mas é possível que a cadeia de fornecedores possa ajudar a determinar como o germe patogênico entrou em circulação", declarou o microbiólogo Werner Solbach, da Clínica Universitária de Lübeck, ao jornal.

O esquema hemograna

Em 2004 os brasileiros se assombraram com a descoberta de uma modalidade de corrupção que há anos se instalara no Ministério da Saúde: uma quadrilha formada por funcionários de diversos escalões e grandes laboratórios fraudava licitações e o governo comprava derivados de sangue para distribuição a hospitais públicos e doentes carentes com um sobrepreço superior a 100%. Para evitar que casos como esse, que ficou conhecido no Brasil como a Máfia dos Vampiros, voltasse a ocorrer, o governo decidiu, com a aprovação do Congresso, criar a Hemobrás, uma estatal dedicada à produção de hemoderivados. Passados sete anos, o projeto já consumiu pelo menos R$ 138 milhões, emprega cerca de 90 pessoas, financiou mais de 40 viagens ao Exterior a seus executivos – sendo 26 delas apenas para Paris –, não produziu uma só gota de derivados de sangue e teve apenas 2,9% das obras de construção de sua fábrica construída. Ou seja, no lugar da Hemobrás se tem uma Hemograna, um esquema que suga dinheiro público há quase uma década.

No Tribunal de Contas da União encontram-se alguns elementos que ajudam a explicar como a Hemobrás se transformou em Hemograna. Ao longo dos últimos anos, por quatro vezes o TCU contestou contratos firmados entre a estatal e seus fornecedores. Na maior parte dos casos, as ações de fiscalização do tribunal encontraram indícios de sobrepreço, que se transformariam em superfaturamento caso os contratos fossem cumpridos. Ainda na primeira fase de construção da fábrica de Goiana (PE), que irá produzir 500 mil litros de plasma por ano quando estiver em pleno funcionamento, o TCU anulou duas concorrências. De acordo com o tribunal, foram encontrados indícios de restrição à competitividade entre os concorrentes e sobrepreço. Com isso, as obras só foram licitadas em 2009, um ano antes da previsão inicial da conclusão da fábrica.

Mesmo assim, a Hemobrás decidiu licitar a segunda parte da construção, orçada em mais de R$ 269 milhões. No mês passado, antes mesmo de os operários iniciarem as obras, mais uma vez o TCU encontrou irregularidades. De acordo com o tribunal, um dos contratos estava superfarturado em R$ 21 milhões e determinou a revisão em toda a planilha de preços para evitar prejuízo aos cofres públicos. A Hemobrás, por sua vez, diz que, antes mesmo de conhecer o resultado da auditoria, já havia revisado a planilha, reduzindo o valor do contrato em R$ 8,6 milhões. O resultado pode ser ainda mais atraso.

Como se não bastassem os casos clássicos de superfaturamento em contratos com empreiteiras, a Hemobrás também chamou a atenção do TCU por um termo aditivo que, senão inédito, bastante raro. A Hemobrás, sem consultar os órgãos reguladores, simplesmente aprovou um aditivo que ampliou de R$ 9 milhões para incríveis R$ 230 milhões um contrato firmado em 2007 com o laboratório francês LFB. Além disso, a estatal simplesmente mudou o objeto do contrato original, sem realizar nova licitação, como determina a lei. Pelo acordo original, a LFB receberia os R$ 9 milhões para fornecer a tecnologia para fracionamento do sangue, o processo básico para a produção de hemoderivados. No aditivo, além de receber R$ 220 milhões a mais do que o previsto inicialmente, os franceses ficaram responsáveis eles mesmos por fracionar o sangue.

Também rara, senão inédita, foi a conclusão a que o relator do processo, o ministro Aroldo Cedraz, chegou ao analisar o caso. Para ele, o acréscimo de 2.700% no contrato representa, a princípio, “afronta à Lei de Licitações”, mas o resultado prático de uma nova tomada de preços “provavelmente seria o mesmo”, ou seja, a contratação do laboratório francês. Com isso, aprovou o aditivo, apesar de os técnicos do TCU afirmarem que existem “indícios de que o aditamento não encontra amparo na Lei 8.666/93”.

Em meio a esse turbilhão de problemas com os órgãos fiscalizadores, os executivos da Hemobrás parecem ter dedicado boa parte do seu tempo de trabalho conhecendo experiências internacionais no setor de hemoderivados. Ao longo dos sete anos de vida da Hemobrás, funcionários ou representantes da empresa realizaram ao menos 40 viagens ao Exterior para conhecer fábricas de hemoderivados ou fechar contratos. A França, sede da empresa que foi contratada pela Hemobrás, foi a que mais atraiu a atenção dos executivos da estatal. Ao menos 26 viagens a Paris foram pagas com dinheiro público aos servidores. A ex-secretária executiva do Ministério da Saúde Márcia Mazolli ficou tão ligada ao país da “Marselhesa” e à empresa que fechou contrato com a Hemobrás que até decidiu abandonar o governo. Márcia agora vai dividir seu tempo entre a França e o Brasil. Ela foi contratada pela Cell for Cure, uma empresa que, apesar do nome anglófono, é francesa de origem e faz parte do mesmo grupo que é dono da LFB, a fornecedora da Hemobrás. Apesar de tantas coincidências incômodas, Márcia não vê nenhum problema em assumir um posto no mesmo grupo que obteve um termo aditivo de 2.700% com a estatal brasileira. “É uma empresa de biotecnologia, é outra área, não terá contratos com a Hemobrás”, justifica a ex-servidora.

sábado, 4 de junho de 2011

Treze países informaram à OMS casos de infectados por bactéria E. coli

COPENHAGUE - Mais de uma dezena de países informaram sobre casos de pessoas infectadas pela Síndrome Hemolítico-Urêmica (SUH) e o variante da bactéria intestinal E. coli Enterohemorrágica (EHEC), informou nesta sexta-feira o Escritório Regional Europeu da Organização Mundial da Saúde em Copenhague.

Alemanha, que notificou 470 casos de SUH e 1.046 de EHEC, lidera a lista, na qual também figuram Áustria (0 e 2), República Tcheca (0 e 1), Dinamarca (7 e 10), França (0 e 6), Holanda (4 e 4), Noruega (0 e 1), Espanha (1 e 0), Suécia (15 e 28), Suíça (0 e 2), Reino Unido (3 e 4) e Estados Unidos (2 e 0). Mais tarde a Finlândia notificou um caso.

Em todos os casos, menos em dois, se trata de indivíduos que residem ou visitaram recentemente o norte da Alemanha durante o período de incubação da infecção, com exceção de uma pessoa que se infectou após ter contato com alguém que tinha estado na Alemanha, assinalou este organismo com sede em Copenhague.

A OMS ressaltou no comunicado que não recomenda nenhum tipo de restrições comerciais relacionadas com o surto e que mantém os Estados-membros da organização informados sobre sua evolução, além de oferecer ajuda técnica e de pesquisa.

Cientistas alemães e chineses conseguiram decifrar na quinta-feira o genoma da "E-coli", identificado como um cruzamento até agora desconhecido de bactérias, que provocou já a morte de 18 pessoas e ameaça arruinar a colheita de agricultores de toda Europa.

A equipe bacteriológica da Clínica Universitária Eppendorf de Hamburgo, a cidade da qual partiu o alerta de saúde e também a retirada precipitada de pepinos espanhóis do mercado, foi quem informou da identificação do genoma da bactéria letal, surgida da combinação entre pelo menos duas variedades.

SAIBA MAIS SOBRE A INFECÇÃO

PERGUNTAS E RESPOSTAS : Higiene previne contaminação

1. Existe mais de um tipo da bactéria?
A E.coli é um dos tipos mais comuns de bactérias. Ela existe não só no intestino humano como no de todos os animais (como bovinos e aves). O índice de coliformes fecais é medido pela quantidade dessa bactéria existente em um líquido, por exemplo. A maior parte dos tipos da bactéria não causa mal à saúde.

2. Por que alguns tipos da bactéria são mais agressivos à saúde?

Quando a bactéria adquire material genético, ela pode se tornar invasiva. Em alguns tipos, ela pode provocar diarreia, vômito e até febre - um quadro de gastroenterite infecciosa. Os tipos mais toxigênicos, como é o caso da E.coli 0157:H7, produzem uma toxina denominada shiga, que pode causar uma doença mais grave, a síndrome hemolítico-urêmica. Ela provoca a destruição das células vermelhas do sangue e o aumento da ureia no sangue, afetando os rins do paciente. Há cólicas abdominais intensas, náuseas e febre. Normalmente, ela é causada por precariedade nas condições de higiene na produção de carne bovina.

3. Como prevenir a contaminação?
O ideal é lavar muito bem os alimentos que serão consumidos crus e também higienizar bem as mãos. Caso viaje para regiões de contaminação, tenha cuidado especial com alimentos crus e malcozidos - evite comê-los.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Paraplégico mexe pernas após terapia com células-tronco

Um paraplégico de 47 anos voltou a ter sensibilidade nas pernas e nos pés e a movimentar os membros inferiores após ser submetido a tratamento experimental à base de células-tronco, na Bahia.

Desenvolvido por cientistas do Centro de Biotecnologia e Terapia Celular do Hospital São Rafael, em Salvador, e da Fiocruz, o tratamento consiste na retirada de células-tronco adultas do osso da bacia e no reimplante no local da lesão.

O primeiro paciente, um policial militar de Salvador cuja identidade foi preservada, ficou paraplégico há nove anos, após uma queda que traumatizou a coluna na região lombar.

Seis semanas após a implantação de células-tronco adultas no local da lesão, o paciente já voltou a sentir as pernas e os pés.

Ele iniciou fisioterapia para fortalecer os músculos que ficaram muito atrofiados após o longo período de inatividade.

A bióloga Milena Soares, que participa do projeto, é cautelosa ao prever se o paciente voltará a andar um dia.

Segundo ela, isso vai depender, sobretudo, da fisioterapia. "Ele já consegue fazer alguns movimentos com a perna, e os resultados já mostram avanços muito significativos para a qualidade de vida do paciente", diz.

Os pesquisadores afirmam que houve um aumento do controle da bexiga e do esfíncter. Com isso, o paciente ficará livre de cateterismos diários feitos para retirar urina.

"Houve uma resposta muito boa no pós-operatório. Quatro dias depois [da cirurgia], o paciente já demonstrou melhora", diz Marcus Vinícius Mendonça, neurocirurgião que integra o grupo.

Nessa fase experimental, que visa atestar a segurança do procedimento, a técnica será aplicada em 20 voluntários. Dois deles receberam as células anteontem e ontem. O próximo fará o procedimento na semana que vem.

Segundo Mendonça, características do pós-operatório verificadas no primeiro paciente, como ausência de dores neuropáticas (característica de lesões neurológicas), se repetiram nos outros dois pacientes.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Reino Unido tem 7 casos de bactéria Escherichia coli (E. coli); Rússia veta vegetais europeus

Após a Alemanha ter confirmado a 18ª morte pelas complicações causadas pela bactéria Escherichia coli (E. coli), as autoridades britânicas confirmaram sete casos no país e a Rússia anunciou um veto total à importação de vegetais crus de todos os países da União Europeia (UE), gerando revolta entre os europeus.

De acordo com a Agência de Proteção da Saúde britânica (HPA, na sigla em inglês), dos sete infectados três são britânicos que viajaram recentemente à Alemanha e quatro são cidadãos alemães.

"Não foi relatado nenhum caso de infecção secundária no território britânico", acrescentou o governo, que ainda não sabe dizer quais produtos com possíveis focos de contaminação foram distribuídos no Reino Unido.

Dos sete pacientes, três desenvolveram insuficiência renal potencialmente fatal, doença conhecida como síndrome hemolítica-urêmica. Os outro quatro apresentaram diarreia entero-hemorrágica.

"A HPA continua acompanhando a situação de perto e está trabalhando com as autoridades alemãs e com outras agências europeias para descobrir as causas do surto", afirmou a doutora Dilys Morgan, chefe do setor de infecções gastrointestinais e doenças zoonóticas do agência.

"Alertamos os profissionais de saúde sobre a situação e aconselhamos que eles investiguem e informem rapidamente sobre qualquer caso suspeito com um histórico de viagem à Alemanha", acrescentou.

O Reino Unido alerta aqueles que embarcam rumo à Alemanha para evitar o consumo de "tomates crus, pepinos e alface", em especialmente no norte do país, até segunda ordem.

RÚSSIA

Também nesta quinta-feira a Rússia anunciou um veto total à importação de vegetais crus de todos os países da UE, atitude considerada "desproporcional" pelo bloco, que deve exigir justificativas formais.

A Rússia já havia banido os vegetais da Alemanha e da Espanha por conta do surto no início desta semana, pelo qual as autoridades alemãs no início culparam os pepinos contaminados importados da Espanha antes de traçar o caminho do surto e se desculpar a Madri.

Gennady Onishchenko, chefe da agência de proteção do consumidor russa, a Rospotrebnadzor, disse que as mortes causadas pelo surto "demonstram que a tão elogiada legislação sanitária da Europa, que a Rússia está sendo exortada a adotar, não funciona", relatou a agência de notícias Interfax.

A nova proibição entra em vigor na manhã desta quinta-feira, disse ele, desencadeando o protesto imediato dos europeus.

"É desproporcional. A Comissão vai escrever às autoridades russas para pedir explicações. Isto representa entre três e quatro bilhões de euros de produtos europeus exportados por ano ", disse Frederic Vincent, porta-voz da área de Saúde da Comissão Europeia (CE), ao comentar a decisão de Moscou.

Reinhard Burger, chefe da agência alemã de controle de doenças Robert Koch Institute (RKI), admitiu que a fonte exata do surto da doença pode nunca ser encontrada.

"Ainda não há indicação de uma fonte definível", afirmou Burger a um comitê parlamentar na quarta-feira, acrescentando ser muito cedo para dizer que se chegou a um patamar de novos casos.

CONTAMINAÇÕES E CAUSA

O surto já deixou 17 mortos nas últimas semanas na Alemanha e uma na Suécia. A bactéria deixou ainda mais de 1.500 infectados em vários países, incluindo 470 que desenvolveram uma rara complicação renal. Quase todas as pessoas infectadas vivem ou estiveram recentemente na Alemanha --como os dois casos de contaminação registrados nesta quarta-feira nos EUA.

O surto já é considerado o terceiro maior envolvendo E. coli na história recente e pode ser o mais fatal. Em 1996, 12 pessoas morreram em um surto no Japão que infectou mais de 12 mil. Em 2000, sete morreram em um surto no Canadá.

A agência europeia de segurança alimentar anunciou nesta quinta-feira ter identificado a cepa da bactéria letal E.coli e reiterou que a bactéria mortal se propagou através de alimentos contaminados na Alemanha.

Mais cedo, a OMS (Organização Mundial da Saúde) afirmou que a variedade da E.coli que causou o surto na Europa é uma bactéria nunca antes vista.

"Esta é uma variedade única que nunca foi isolada em pacientes", disse Hilde Kruse, especialista em segurança alimentar da OMS. "[Esta variedade] tem várias características que a tornam mais virulenta e com maior capacidade de produzir toxinas".