quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Gripe suína no Brasil

Os Estados de Minas, Rio Grande do Sul e Goiás confirmaram nesta quarta-feira mais mortes em decorrência da gripe suína --a gripe A (H1N1). Nos últimos dias, as secretarias de saúde do Paraná, Rio, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia e Distrito Federal também confirmaram novos óbitos e, com isso, o total de mortes no país já chega a 1.047 --segundo dados das secretarias. Também nesta quarta, a Secretaria de Saúde de São Paulo confirmou as 327 mortes referentes ao Estado divulgadas pelo Ministério da Saúde na semana passada --o maior número do país. Por telefone, o órgão informou que os dados sobre a doença em São Paulo deverão ser divulgados apenas pelo ministério de agora em diante.
De acordo com o último balanço do Ministério da Saúde, divulgado na quarta-feira (16) passada, foram confirmadas 899 mortes no país de pacientes com a gripe suína.Porém, segundo os dados das secretarias de Saúde, o número de óbitos registrados por Estado é de: São Paulo (327), Paraná (242), Rio Grande do Sul (183), Rio de Janeiro (81), Santa Catarina (69), Minas Gerais (75), Goiás (33), Mato Grosso do Sul (8), Mato Grosso (7), Distrito Federal (6), Bahia (4), Amazonas (2), Espírito Santo (2), Roraima (1), Pará (1), Paraíba (2), Rondônia (1), Acre (1), Rio Grande do Norte (1), Piauí (1). A gripe suína é uma doença respiratória causada pelo vírus influenza A, chamado de H1N1. Ele é transmitido de pessoa para pessoa e tem sintomas semelhantes aos da gripe comum, com febre superior a 38ºC, tosse, dor de cabeça intensa, dores musculares e nas articulações, irritação dos olhos e fluxo nasal.
Para diagnosticar a infecção, uma amostra respiratória precisa ser coletada nos quatro ou cinco primeiros dias da doença, quando a pessoa infectada espalha o vírus, e examinada em laboratório.
O tratamento precoce com os antivirais Tamiflu ou Relenza pode ajudar a reduzir a gravidade e a duração da infecção, de acordo com o CDC (Centros de Controle de Doenças dos Estados Unidos).

Philips faz recall mundial de 5.400 desfibriladores

A empresa holandesa Philips anunciou que vai retirar do mercado mundial 5.400 desfibriladores automáticos devido a uma falha eletrônica."A Philips foi informada sobre falhas do chip de memória de uma pequena quantidade de aparelhos FR2+ fabricados em 2007 e no início de 2008", informa a empresa.
"A falha deste chipe pode tornar o desfibrilador inoperante", completa.
Segundo a Philips, o problema foi detectado em testes e treinamentos e não prejudicou nenhuma vítima com parada cardíaca.
O equipamento serve para aplicar uma corrente elétrica em um paciente para reverter esse tipo de problema cardíaco.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

9 pessoas recebem transplantes em menos de 24 horas no Ceará

As últimas horas da Central de Transplantes do Estado e das equipes transplantadoras nos hospitais têm sido bem movimentadas. Foram realizados nove transplantes de órgãos doados por duas famílias. A família de uma jovem de 23 anos, vítima de atropelamento no Centro da Capital, decidiu doar todos os órgãos. As duas córneas, dois rins, o coração e o fígado já foram transplantados na madrugada desta terça-feira (29). A outra família é de um homem de 57 anos, que doou os rins e o fígado.
Com esses novos transplantes aumenta para 520 o total de transplantes realizados no Ceará este ano. Esse número já é superior a quantidade de transplantes feitos em todo o ano de 2006 e está próximo do número de 2007, quando o Ceará realizou 618 transplantes. Em 2008, bateu recorde, com 739 transplantes. “O sentimento e a decisão de doar devem ser cultivados sempre para que mais gente saia da fila de espera e tenha a chance de voltar a viver com saúde”, afirma o secretário da Saúde do Estado, João Ananias. Ele lembra que há 1.130 pessoas, no Ceará, aguardando órgãos ou tecidos novos.
Ceará lidera aumento no número de transplantes
O número de transplantes realizados com órgãos de doador morto no Estado do Ceará, no primeiro semestre deste ano, saltou de 72 para 117, em comparação com o mesmo período de 2008. O aumento - de 81,25% - foi o maior registrado no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde. No País, o número de transplantes realizados com doador morto subiu 24,3%, passando de 1.688 para 2.099.Segundo a coordenadora da Central de Transplantes do Ceará, Eliana Régia Barbosa de Almeida, os bons resultados alcançados pelo Estado se devem à mobilização dos agentes e ao trabalho que vem sendo feito com associações de pacientes, escolas, unidades de saúde e meios de comunicação locais no sentido de incentivar as doações. “A central de captação também foi reestruturada. Antes tínhamos dois médicos. Hoje, contamos com nove”, diz.Filas continuam grandes, mesmo com aumento nos transplantes.Apesar do crescimento de transplantes no Ceará, a fila dos que aguardam um órgão continua grande, com 1.135 pessoas: 654 à espera de córnea, 10 de coração, 159 de fígado, 283 de rim e 29 de medula óssea. No Brasil, o número chega a 63,8 mil, contra 64 4 mil do ano passado, uma queda de apenas 1%. O aperfeiçoamento dos processos de gestão das centrais estaduais influenciou o resultado, pois as listas têm sido atualizadas e os pacientes, recadastrados.O Brasil ainda apresenta um número pequeno de doadores por morte encefálica. Em 2008, a cada 1 milhão de brasileiros havia 7,2 doadores nessa situação. Na Argentina, a taxa é de 13,1, nos Estados Unidos, de 26,3, e na Espanha, de 34,2. “Aumentar o número de doadores é o grande objetivo a ser perseguido para equacionar melhor as demandas por transplantes', diz Rosana Nothen, coordenadora do Sistema Nacional de Transplantes (SNT).

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Seres que sobrevivem sem água inspiram técnica de preservação de órgãos

Parece mágica. Bichos e plantas que levavam todo o jeito de estar mortos, ressequidos feito cadáveres há muito sepultados, voltam à vida com um pouquinho de água.É o fenômeno da anidrobiose, uma das estratégias de sobrevivência mais fascinantes e pouco compreendidas do planeta. Um grupo de biólogos brasileiros quer domesticar a anidrobiose e colocá-la a serviço da medicina moderna. A possibilidade mais ambiciosa da pesquisa: descobrir como se produz um coração de pedra. Literalmente de pedra.
Mudando vidas
"Já me cansei de dar palestras dizendo para as pessoas que a vida delas nunca mais será a mesma depois de me ouvir", brinca Tiago Campos Pereira, reconhecendo que a ideia tem um quê de megalomania.
Entusiasmo não falta ao biólogo, recém-aprovado para o cargo de professor na USP de Ribeirão Preto. Os olhos de Pereira brilham ao explicar os detalhes bizarros do fenômeno. "É quase como se o organismo se transformasse inteiramente num mineral, numa espécie de cristal", compara ele. A anidrobiose, em geral, é um último recurso de organismos relativamente simples que, como todas as outras formas de vida, dependem de água para manter seu metabolismo andando. Os mestres do truque são animais como os rotíferos (os invertebrados minúsculos que ilustram esta reportagem) e as artêmias (pequenos crustáceos que os peixes de aquário adoram devorar). Mas criaturas maiores também são capazes de entrar nesse estado e sair dele sem maiores problemas.
"Um exemplo impressionante é a planta-da-ressurreição [nome dado a várias espécies de vegetais de áreas desérticas], que realmente parece ser capaz de ressuscitar", conta Pereira.
O que acontece é que, diante de situações ambientais adversas, nas quais o organismo "sabe" (sem consciência disso, claro) que não vai conseguir sobreviver, o metabolismo é simplesmente desligado. A animação suspensa em estado "mineral" pode ser prorrogada por anos a fio, até que as condições melhorem e a criatura em questão possa retomar sua vidinha de sempre. Agora, o pulo-do-gato: imagine a utilidade disso para preservar qualquer tipo de material biológico --um coração a ser transplantado, por exemplo-- nas situações mais adversas do mundo.
"O grande desafio é que os animais anidrobiontes são pequenos, da ordem de milímetros, em comparação com os tecidos e órgãos humanos. Orquestrar todo esse processo de entrada e saída da anidrobiose em estruturas orgânicas tão grandes será um desafio para a biologia molecular, celular e de tecidos", reconhece Pereira.
O trunfo do pesquisador para atingir esse objetivo é conhecido como Panagrolaimus superbus. Apesar do nome grandiloquente, trata-se de um verme nematoide, uma das formas mais simples de invertebrado. O P. superbus tem duas grandes vantagens: é um anidrobionte e, ao mesmo tempo, é parente do C. elegans, verme que é um dos organismos mais estudados nos laboratórios mundo afora. Com o C. elegans, os biólogos aprenderam como estudar a função de dezenas de genes em paralelo, graças ao uso da RNAi (interferência de RNA). É tudo uma questão de dar a comida certa ao bicho.
A RNAi consiste em "silenciar" ou "desligar" certos genes de maneira indireta, com a ajuda de formas específicas de RNA, a molécula "irmã" do DNA. A técnica impede que a receita para a produção de proteínas contida nos genes vá para a "linha de montagem" da célula. Assim, se o gene deixou de servir de receita para proteínas, a falta que isso faz para o organismo é percebida pelos cientistas, os quais podem inferir a função de cada região do DNA para o bicho.
Repasto de RNA
Pereira explica que basta oferecer um lanchinho especial aos C. elegans para que a técnica funcione --são bactérias que produzem as moléculas responsáveis por iniciar a RNAi.
"Vimos que o mesmo processo pode ser feito em P. superbus. Além disso, como ambos são nematoides, isso permite que diversas técnicas de biologia molecular, de cultivo em laboratório e manipulação de C. elegans, muito bem conhecidas e estabelecidas, sejam aplicadas em P. superbus", diz ele.
Manipular o funcionamento de muitos genes em paralelo é importante porque isso deve ajudar a elucidar as vias metabólicas que regem a anidrobiose, ou seja, a interação entre muitos genes que torna possível esse fenômeno. O maior desafio vem depois: aplicar esse conhecimento a células e tecidos de mamíferos --e, espera-se, humanos, os maiores interessados no truque.
"A anidrobiose é um mistério, tanto na entrada quanto na permanência e na saída desse estado. O que sabemos é que o processo existe na natureza, ou seja, é possível emergir dele sem graves danos", diz Pereira.

Mastectomias são cada vez mais frequentes nos EUA na ocorrência de tumores

WASHINGTON, EUA (AFP) - O número de mulheres que retiraram os dois seios após um câncer diagnosticado apenas em um aumentou, apesar de haver poucas indicações sobre a eficácia de uma mastectomia dupla para aumentar as chances de sobrevivência, segundo um estudo divulgado nesta segunda-feira.Entre 1995 e 2005, a quantidade de mulheres submetidas a uma mastectomia dos dois seios após um câncer diagnosticado apenas em um mais do que duplicou, segundo o estudo realizado no Roswell Park Cancer Institute de Nova York.
Mais de 680 mulheres sofreram uma mastectomia bilateral em 2005, contra menos de 300 em 1995, segundo os dados estudados.
A quantidade de mulheres que não sofriam câncer, mas que tiveram uma mastectomia profilática (preventiva) também aumentou no período, passando de 106 para 128, segundo este estudo divulgado na revista "Cancer", publicação da American Cancer Society.
Apesar de a quantidade total de mastectomias preventivas ter se mantido pequena, "a utilização dessa cirurgia está em alta", ressaltou Stephen Edge, principal autor do estudo, que recomenda que as mulheres com câncer de mama "sejam informadas cuidadosamente sobre as vantagens e riscos" antes de permitir que um seio saudável seja retirado.
A quantidade de mastectomias profiláticas nos Estados Unidos poderá também ser menor que na realidade devido a um relatório estatístico incompleto, já que algumas seguradoras não reembolsam o custo da cirurgia.
A cada ano morrem mais de 41.000 mulheres norte-americanas em consequência do cãncer de mama, sexta causa de mortalidade feminina do país.

domingo, 27 de setembro de 2009

Nó no estômago

Boa notícia para os obesos: nova técnica de cirurgia bariátrica, ainda em fase de experiência, pode fazer emagrecer commenos riscos e menos sacrifício.Para as pessoas realmente obesas, as opções são duras: enfrentar a variedade de doenças quase sempre associadas a quem está várias dezenas de quilos acima do peso desejado ou cortar, literalmente, o estômago. Chamada de cirurgia bariátrica por derivação gástrica, a operação reduz o estômago a um pedaço mínimo diretamente ligado à porção média do intestino e pode ter uma série de complicações. As mais comuns são fístulas, hemorragias e embolia pulmonar, num primeiro momento; infecções, aderências intestinais e anemia, posteriormente. Em razão da multiplicidade de riscos do método tradicional, vem sendo bem recebida como opção menos arriscada uma técnica nova, a gastrectomia vertical, que tira um pedaço menor do estômago e mantém todas as suas conexões originais, sem desvios nem atalhos. "Por ser nova e ainda pouco testada, essa cirurgia por enquanto é recomendada só para obesos anêmicos, que tenham deficiência de cálcio e vitaminas, e também para os muito jovens ou muito idosos, que precisam receber todos os nutrientes", explica Thomas Szegö, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM). À medida que for passando pelo teste da prática, a técnica poderá se tornar dominante.
Na versão hoje mais comum da derivação gástrica, chamada de cirurgia de Fobi-Capella, realizada em cerca de 75% dos casos, a redução chega a alcançar 95% do estômago. A pequena parte que continua funcional – situada justamente no ponto de menor elasticidade – é ligada à porção média do intestino. Por causa desse atalho, a absorção dos nutrientes diminui drasticamente. A parte isolada do estômago continua produzindo suco gástrico, que é eliminado pelas vias normais, e não precisa ser removida. Já a gastrectomia vertical não altera o caminho seguido pelos alimentos, mas elimina a porção ociosa do estômago. Essa parte, equivalente a cerca de 80% do estômago, é cortada e retirada – o que torna a cirurgia, evidentemente, irreversível. "O que sobra é grampeado. Como o corte é feito ao longo do estômago, ele vira um tubo gástrico que segue do esôfago ao duodeno, na sua sequência normal", diz Szegö. A cirurgia pode ser feita por laparoscopia, às vezes com um corte de 2 centímetros na altura do umbigo, contra 6 da operação tradicional. O tempo de internação diminui para dois dias e a dieta é menos restritiva – e todo mundo já ouviu histórias sobre o sofrimento, e os abusos, de obesos operados que só podem comer porções de passarinho. Ainda não reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina, mas regulamentada pela Sociedade desde julho, a nova técnica parece ser tão eficiente quanto a derivação gástrica. A cirurgia bariátrica de qualquer tipo é indicada para obesos mórbidos cujo índice de massa corpórea (IMC) esteja acima de 40 ou na faixa de 35 no caso de pessoas que sofrem de doenças associadas ao peso excessivo, como diabetes ou hipertensão.
Como acontece com frequência na medicina, a eficiência da gastrectomia vertical foi descoberta por acaso. Praticada há cerca de trinta anos como parte inicial de um procedimento mais complexo recomendado principalmente em casos extremos de obesidade, a técnica foi experimentada em 2002 pelo médico canadense Michel Gagner como primeira parte de uma cirurgia bariátrica em duas fases. Mas um grande número de pacientes perdeu cerca de 70% do excesso de peso apenas com a gastrectomia, sem necessidade de passar pela segunda etapa do procedimento. "Acreditava-se que, sem alterar a parte intestinal, a perda de peso não seria tão significativa. Hoje se sabe que sem o fundo do estômago, onde é produzida a grelina, comumente chamada de hormônio da fome, o paciente sente menos vontade de comer e fica mais saciado", diz o cirurgião Ricardo Cohen, que faz operações bariátricas desde 1996 e participou de um estudo com obesos que tinham IMC acima de 50. Entre seus operados havia onze reis momos – hoje, todos bem mais esbeltos. Numa das poucas pesquisas comparativas realizadas até agora, Gustavo Peixoto, professor assistente do Departamento de Cirurgia da Universidade Federal do Espírito Santo, operou no ano passado 65 mulheres obesas, 32 por derivação gástrica e 33 por gastrectomia vertical. Os primeiros resultados, um ano depois, indicam que a perda de peso e o controle de doenças como diabetes e hipertensão foram iguais nos dois grupos. A gastrectomia confirmou vantagens em relação à absorção de nutrientes; a derivação gástrica se mostrou mais eficiente na diminuição do mau colesterol e dos triglicérides. "No momento, a gastrectomia é recomendada como plano B, para obesos com doenças do fígado, inflamação intestinal, pancreatite ou anemia – pacientes até então excluídos do tratamento cirúrgico e que finalmente encontraram uma alternativa", diz Peixoto. "Mas tudo indica que a longo prazo ela vai assumir o primeiro lugar de cirurgia bariátrica."

Trânsito gera dor nas costas crônica

BR Press*) - Cada vez mais as metrópoles brasileiras sofrem com o aumento no trânsito, e uma das consequências graves desse problema é a saúde da população. De acordo com dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), circulam pelas ruas e estradas do país cerca de 45 milhões de veículos. Só a região Sudeste concentra 24 milhões, e desses, 6 milhões transitam na cidade de São Paulo. Segundo Dr. Luiz Pimenta - presidente em exercício da Sociedade Mundial de Coluna e Diretor do Instituto de Patologia da Coluna em São Paulo - longos períodos em uma mesma posição podem sobrecarregar a coluna e sua musculatura, gerando dores nas costas, e podendo desenvolver doenças graves a longo prazo.De acordo com um levantamento feito pelo Ibope no início de 2008, 63% dos paulistanos gastam entre 30 minutos e 3 horas nos deslocamentos para a escola, universidade ou trabalho."Hoje em dia a população está passando mais tempo dirigindo, causando muitas dores musculares. A maior parte das queixas vem de uma má postura ao dirigir, o que é facilmente tratado e evitado apenas com a melhora postural e exercícios físicos regulares. Os automóveis atuais permitem um melhor ajuste do encosto, e mantendo-se uma boa altura e angulação do assento, bem como proximidade do motorista ao volante, é possível prevenir ou minimizar as dores nas costas", garante Dr. Pimenta.
Alongamentos
Ele dá dicas para prevenção de dores na coluna causadas pelo longo período no trânsito. "O mais importante é que a pessoa não precise desencostar do banco para acionar os pedais, realizar manobras ou visualizar os retrovisores. O motorista deve também fazer pequenas pausas durante longos períodos ao volante, sempre realizando alongamentos simples para as pernas e braços, bem como a região lombar e cervical", alerta o médico. · Manter o ângulo do assento entre 100 a 110 graus, dando apoio total à coluna e mantendo-a relaxada (isso evita lesões dos músculos do pescoço e articulações da coluna, quando o assento estiver muito angulado);
· Ajustar o encosto de cabeça de acordo com a altura do motorista, de preferência na altura dos olhos (evita efeito chicote da cabeça e protege das lesões no caso de uma colisão traseira);
· Usar um suporte lombar (alguns carros dispõem do dispositivo, mas uma pequena almofada ajuda na melhor distribuição da carga sobre a coluna);
· Os braços devem ficar levemente flexionados ao segurar o volante. Com os braços esticados, o volante deve estar na altura dos punhos (evita lesões em colisões frontais; permite respostas rápidas frente às situações de perigo; alivia a tensão na musculatura do pescoço);
· Os calcanhares devem estar sempre apoiados no assoalho do veículo, evitando a sobrecarga da coluna lombar;
· Devem-se alcançar os pedais de tal forma que mesmo pressionados, os joelhos continuem um pouco flexionados;
· Os joelhos devem estar ao nível dos quadris ou acima, para evitar sobrecarga da coluna lombar.

Doentes imaginários

Ronaldo Martins, de 4 anos, tem um tumor cerebral. Em tratamento num hospital de ponta, vem apresentando melhoras animadoras. A mãe, Maria Helena, aguarda ansiosa o resultado de uma tomografia. O menino está numa das salas do centro de diagnóstico, sob efeito de anestesia geral – necessária para que a criança fique absolutamente imóvel durante os dez minutos previstos para durar o exame. Terminado o procedimento, ao contrário das previsões iniciais, o médico não tem boas notícias.
– Dona Maria Helena, eu sou o doutor Rodrigo, médico que aplicou a anestesia no seu filho.
Sentado numa cadeira em frente à mãe, ele continua, de forma cuidadosa, mas sem rodeios:
– Eu e os meus colegas seguimos as melhores condutas médicas, mas infelizmente seu filho teve uma reação inesperada à anestesia e sofreu uma parada cardiorrespiratória. Embora tenhamos feito todo o possível para salvá-lo, ele faleceu.
A mãe entra em choque:
– Como assim "faleceu"? Ele já tinha feito esse exame outras vezes, sem nenhum problema.
No momento mais tenso da conversa, Maria Helena diz:
– O senhor está me dizendo que errou e, por causa disso, o meu filho está morto. E tudo o que o senhor tem a me dizer é "sinto muito"?
A cena vivida pelo anestesista Rodrigo de Angelis, de 34 anos, não é real. Faz parte de um treinamento realizado no Centro de Simulação Realística do Hospital Albert Einstein, em São Paulo. O papel da mãe é desempenhado pela atriz Maria Teresa Cordeiro. O objetivo desse teatro é treinar os médicos para enfrentar situações tão delicadas quanto frequentes. "A maioria das faculdades não prepara os médicos para falar com pacientes e familiares", diz Angelis. "É muito mais difícil lidar com o desespero e a indignação de uma mãe que perdeu o filho do que passar por testes técnicos, como aplicar uma anestesia ou realizar as manobras de ressuscitação." O treinamento médico mediante a simulação de situações que podem ocorrer em centros cirúrgicos, salas de emergência e leitos de terapia intensiva surgiu nos Estados Unidos nos anos 90. O objetivo era aprimorar habilidades técnicas, adestrar os profissionais para a tomada rápida de decisões e afinar o trabalho em equipe. De uma década para cá, no entanto, as simulações incorporaram cenas que visam a suprir uma das maiores carências entre os médicos: a dificuldade de comunicação. As dramatizações servem para que aprendam a transmitir notícias difíceis e também adquiram a capacidade de conquistar a confiança dos doentes e de criar empatia com eles. Os médicos, por exemplo, são ensinados a não desviar os olhos do paciente enquanto falam com ele (existe algo mais irritante do que médico que faz perorações enquanto olha para a tela do computador?). "A partir do século XIX, com o avanço nos conhecimentos científicos e o aumento do tecnicismo, recursos básicos como escutar, observar e confortar o doente foram se perdendo", diz Roberto Padilha, diretor do Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Acredita-se que um médico que preserve tais cuidados, além de muito mais agradável, pode ser mais certeiro em seus diagnósticos.Algumas faculdades de medicina no Brasil oferecem aulas sobre a relação médico-paciente, como ocorre na Universidade Federal de São Carlos e na Universidade de São Paulo. O modo como o médico se comunica com o paciente é tão valorizado hoje em dia que entrou para o processo seletivo de hospitais brasileiros. Há três anos, a avaliação para a residência no Hospital Sírio-Libanês incorporou à prova prática testes teatrais para aferir o desempenho dos candidatos em situações que exigem comportamentos mais cuidadosos. As simulações respondem por 40% da nota final.
No século XVII, o dramaturgo francês Molière (1622-1673) usava o palco para criticar a precariedade da ciência de seu tempo e condenar, em especial, o comportamento dos médicos, marcado pelo charlatanismo, descaso e frieza. Em O Doente Imaginário, uma de suas peças mais encenadas, os médicos são bufões que só pensam em dinheiro. Talvez fosse interessante – e instrutivo – incluir a leitura de Molière nas simulações que ensinam os médicos a ouvir, consolar e olhar nos olhos de seus pacientes

sábado, 26 de setembro de 2009

As pazes com a aprendizagem

Médicos e psicólogos aprimoram terapia para tratar a discalculia e a disortografia, distúrbios pouco conhecidos que afetam a compreensão da escrita e da matemática.Para a maioria dos estudantes, a matemática é considerada uma das disciplinas mais difíceis. Mas, para quem sofre de discalculia, compreender os conceitos dessa disciplina é uma tarefa quase impossível. Sofrimento semelhante passam as crianças e adolescentes portadores de disortografia quando se deparam com textos e gramática. Porém, embora estejam entre as principais causas de comprometimento da aprendizagem, os dois transtornos ainda são pouco conhecidos. O primeiro interfere no raciocínio aritmético. As pessoas apresentam dificuldade acentuada para entender a tabuada, resolver cálculos que envolvam adição e subtração, por exemplo, para escrever corretamente números ou cifras ou mesmo para agrupar objetos em conjunto. Já a disortografia é caracterizada pela limitação para compor textos, acentuar e fazer a pontuação correta nas palavras e frases, entre outros problemas.
Entender os mecanismos que levam a essas alterações tem sido alvo de esforço de médicos e psicólogos. O que se sabe até agora é que essas manifestações seriam resultado de alguma falha no funcionamento do sistema nervoso central que ocorreria em regiões do cérebro ligadas ao aprendizado.
Um estudo feito na University College London, por exemplo, indicou que a área envolvida pode ser o lobo parietal, no qual são processadas informações associadas à linguagem. Estuda-se, ainda, o papel da hereditariedade. "Quando trazem os filhos ao consultório, muitos pais se identificam com os sintomas das crianças" diz o neuropediatra Jobair Ubiratan Aurélio, do Centro de Referência em Distúrbios da Aprendizagem (CRDA), de São Paulo.
Normalmente, o diagnóstico é feito quando a criança está em idade escolar um pouco mais adiantada. Contudo, os primeiros sinais podem ser percebidos antes. "Aos cinco anos, a criança já consegue fazer algumas correlações. Mas quem tem os distúrbios apresenta dificuldade para contar de um a dez, não consegue pintar dentro de uma figura e nem elaborar um desenho, mesmo quando estimulada", afirma Aurélio.
Para ter os transtornos reconhecidos, a criança precisa apresentar sintomas como esses, é claro, mas manifestar nível médio ou superior de inteligência e ter boa saúde física. Estes dois fatores demonstram que não há outros problemas que poderiam estar na origem das dificuldades. A estudante Giovanna Faiser, 12 anos, teve o diagnóstico de discalculia confirmado. "Ela não entendia o enunciado dos exercícios nem tampouco conseguia fazer cálculos. Mesmo que fosse uma simples conta de somar", conta a mãe, a professora Rosivet Cardoso Faiser.
A partir das informações que estão sendo levantadas, os especialistas estão aperfeiçoando o tratamento. Já está certo que a melhor abordagem é a multidisciplinar, envolvendo fonoaudiólogos, psicólogos e psicomotricistas (profissional que estimula a coordenação motora). E também há indicações de que o mais eficiente é aplicar a terapia em grupo. É o método que está sendo adotado no CRDA, por exemplo. Lá, são atendidos grupos de quatro crianças. "Juntas, elas se sentem à vontade, expõem-se, conversam, vão à lousa escrever", explica a psicopedagoga Carminha Holler. "É um comportamento muito diferente do praticado na sala de aula."
Com auxílio certo, os dois distúrbios ficam sob controle. Samuel Gustavo, 10 anos, apresenta muitos progressos desde que iniciou o tratamento. "Ele já consegue escrever sem tantos erros e confusões ortográficas" diz a mãe, a pedagoga Leila Oliveira. O mesmo está acontecendo com Giovanna. Hoje, com o tratamento e um esforço extra, em casa, ouvindo as aulas gravadas, ela já pode comemorar uma nota 8 em matemática.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Doenças emergentes assolam o planeta

Miséria e desmatamento são os principais responsáveis pelo aparecimento de novas infecções e pela volta de surtos que pareciam ter sido erradicados da Terra.No fim do século passado, acreditava-se que seria possível erradicar todas as doenças infecciosas do planeta e que a única preocupação da humanidade seriam as doenças crônico-degenerativas. A explosão da aids, durante a década de 1980 e o reaparecimento de doenças que tinham praticamente sumido do mapa como a dengue e a tuberculose, fez com essa teoria caísse por terra.
A pandemia da influenza A (H1N1), a chamada gripe suína, que hoje se espalha pelo mundo nos alerta para o fato de que, provavelmente, jamais nos livraremos das doenças infecciosas – o que não quer dizer que seremos para sempre reféns dos vírus e bactérias que parecem tomar conta do mundo. O controle e a vigilância constante são as armas que temos para combatê-los.
Podemos classificar as doenças infecciosas como emergentes e reemergentes. As emergentes, como explica a epidemiologista Mirian Marques Woiski, chefe do Departamento de Vigilância e Controle em Agravos Estratégicos do Estado do Paraná, são as doenças novas, que nunca existiram em um determinado meio ou que já existiam, mas nunca chegaram a atingir o homem. “Também podemos chamar de emergentes as doenças que causaram infecções em outras populações e que chegam a uma nova região, pela primeira vez. Caso da micobactéria, que já existia em outros estados do Brasil, mas que só chegou ao Paraná em 2007.”
As reemergentes, por sua vez, são doenças que apareceram, foram controladas, mas que voltaram a se manifestar depois de um determinado período. “A dengue e o cólera são alguns exemplos aqui no Brasil. É comum o vírus sofrer uma mutação ou se combinar com outros e voltar a atacar com novas características”, explica.
Por isso, o controle e prevenção da doença, principalmente por meio da vacinação, é fundamental. “Temos a falsa impressão de que doenças imunoprevisíveis como o sarampo e a poliomelite foram completamente erradicadas. Mas, na verdade, se não continuarmos tomando as precauções necessárias, elas podem voltar. É mais difícil manter controlada uma doença que ‘não existe mais’ do que controlar doenças novas, que chamam a atenção da população sobre os cuidados que devem ser tomados, como é o caso da gripe suína. Com doenças como o sarampo, é comum baixar a guarda. Pais deixam de vacinar os filhos, por exemplo, pensando não haver mais riscos”, explica Woiski.
Causas e controle
O comportamento humano é o principal culpado pelo aparecimento e pela transmissão desses patógenos. O desmatamento e a invasão das florestas fez com que a nossa convivência com di­­ferentes espécies de animais se tor­­nasse mais próxima, segundo a infectologista Rosana Camar­go, diretora do Hospital Oswaldo Cruz. “Para sobreviver, muitos animais migram para as áreas urbanas. É o caso da hantavirose. Enquanto nós desmatamos o ha­­bitat dos ratos silvestres, eles se aproximaram dos galpões de grãos, em busca de alimento e pas­­saram a transmitir a doença.”
O acúmulo de lixo e a falta de saneamento básico, comum nas periferias das grandes cidades, também contribui para a disseminação das doenças, ao provocar o aumento das populações de mosquitos e outros animais que servem como vetores.
A facilidade de deslocamento para outros estados e países é outro fator que aumenta a velocidade das transmissões, causando surtos. Seria o preço da globalização. “Muitas doenças chegaram ao Brasil dessa forma. Caso da febre amarela, que foi trazida da África”, lembra Mirian Woiski.
Para Rosana Camargo, é necessário investir na educação da população sobre as doenças e em um sistema integrado de comunicação para minimizar o impacto das doenças emergentes. Mas, apesar das limitações, os órgãos de vigilância tem conseguido impedir diversos surtos no país. “Conseguimos conter doenças a síndrome respiratória aguda severa (Sars) e a febre do Nilo. Mas esse controle não envolve apenas o trabalho dos órgãos de saúde. É preciso trabalhar em conjunto com outras áreas como agricultura e meio ambiente”, aponta Woiski.
Explosão da aids foi choque de realidade
A explosão da aids durante a década de 80 foi uma espécie de “tapa na cara”, que acabou de vez com a esperança de livrar o mundo das doenças infecciosas. Sem vacina, sem tratamento e se espalhando em um ritmo assustador, o misterioso mal causou pânico e se tornou a doença emergente mais temida pela população.
O Hospital Oswaldo Cruz, em Curitiba, que na época era referência no tratamento de diversas doenças infecciosas, passou a receber pacientes com HIV e teve de se adaptar, rapidamente, a uma nova realidade. “Existia muito preconceito em relação à aids, pois estava ligada ao sexo e ao uso de drogas ilícitas. Nenhum hospital queria atender esses pacientes, por isso passamos a recebê-los em troca de outros com meningite, hepatite e leishmaniose”, lembra a médica Rosana Camargo, diretora do hospital.
A especialista conta que, no início da pandemia, não havia nada a fazer a não ser acompanhar o doente até a morte. “Hoje, a realidade é outra. A maioria dos pacientes pode viver uma vida normal, em sociedade e sem apresentar nenhum sintoma, graças aos tratamentos que existem”, conta. A banalização da aids, en­­tretanto, causada justamente pela eficiência do tratamento, fez com que casos graves da doença vol­­tassem a aparecer nos últimos dois anos. “Muitos pacientes, além de terem tido um diagnóstico tardio, não estão se tratando e, por isso, estão apresnetando sintomas, como o sarcoma de Karpos, que só existiam no início da epidemia. No momento, temos seis pacientes internados com tuberculose, o que costumava ser raro”, completa.
A médica lembra que, embora o tratamento exista, a aids continua sendo uma doença letal e cercada de preconceito. “Estamos am­­pliando o hospital para poder oferecer aos pacientes uma unidade de terapia intensiva e equipamentos para a realização de diversos exames porque ainda encontramos muita resistência ao mandar um paciente nosso a uma UTI convencional”, explica.
Embora atualmente 98% dos pacientes do Hospital Oswaldo Cruz sejam portadores de HIV, o plano é tornar-se um instituto de infectologia referência no tratamento de outras doenças infecciosas.
Epidemias que causaram pânico no Brasil e no mundo
Aids
Sexualmente transmissível, a síndrome da imunodeficiência adquirida foi reconhecida nos Estados Unidos em 1981, mas o vírus HIV teve a sua origem em chimpanzés da África sub-Saariana. Acredita-se que existam 33 milhões de pessoas infectadas em todo o mundo. Não se conhece cura para a doença, mas é possível minimizar os seus sintomas.
Influenza
Durante o século 20, o vírus influenza causou três pandemias que mataram milhões de pessoas: a espanhola (1918), a asiática (1957) e a de Hong Kong (1968). Altamente transmissível, afeta animais domésticos como aves, suínos e equinos e possui um código genético de fácil mutação. A gripe suína causou uma nova pandemia neste ano e a gripe aviária continua sendo uma ameaça em todo o mundo.
Dengue
Surgiu durante a década de 50 no sudeste asiático e se espalhou pelo mundo. Na década de 80, reemergiu na América Latina. É causada por quatro tipos diferentes de vírus e transmitida por um vetor: o mosquito Aedes aegypti. Ainda não existe vacina para ela.
60% das doenças emergentes têm origem nas doenças de animais, transmissíveis ao homem, as chamadas zoonoses. A maior ameaça vem de animais selvagens.
20% das doenças emergentes têm como origem a resistência aos tratamentos, como o uso de antibióticos, crescente nos países ricos.
80 é a década que apresentou o maior número de doenças emergentes. Acredita-se que isso tenha ocorrido por causa do vírus HIV, que deixou uma grande parcela da população vulnerável a outras enfermidades.
Fonte: Mapeamento das regiões de risco para novas infecções, publicado pela revista Nature (abril, 2008).

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Vacina contra Aids testada na Tailândia baixa em 31% risco de infecção

Uma vacina contra Aids conseguiu pela primeira vez passar com sucesso por um teste importante com humanos. Os resultados de três anos de acompanhamento foram divulgados às 3 horas da madrugada (hora de Brasília) desta quinta-feira (24) na Tailândia pelos parceiros da iniciativa: o Exército dos EUA, o Ministério da Saúde Pública tailandês, o laboratório francês Sanofi-Pasteur, a Global Solutions for Infectious Diseases e o Instituto Nacional de Doenças Alérgicas e Infecciosas dos EUA. Com cautela, a Organização Mundial da Saúde saudou a iniciativa como promissora.
A vacina RV 144 combina dois imunizantes que não tinham funcionado. O que é curioso, justamente, é que a combinação de dois fracassos (um da Sanofi-Pasteur e outro da Global Solutions) tenha resultado em um sucesso, mesmo que ainda bastante modesto.Modesto porque o resultado foi o seguinte: metade dos 16.402 voluntários recebeu seis doses das duas vacinas em 2006 e metade recebeu placebo (substância sem efeito). A partir de então, fizeram testes regulares para verificar a presença do HIV durante três anos. Do grupo que tomou placebo, 74 pessoas foram infectadas. Do grupo que tomou vacina, 51.Na avaliação do coronel Jerome Kim, médico que gerencia o programa da vacina contra o HIV no exército americano, ainda que a diferença seja pequena, é estatisticamente significativa e quer dizer que a vacina foi 31,2% efetiva.Para Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Doenças Alérgicas e Infecciosas, dificilmente um cientista consideraria tentar licenciar uma vacina que não seja 70% ou 80% efetiva. Mas acrescentou que "se você tem um produto, ainda que pouco protetor, você vai observar as amostras de sangue, compreender que tipo de resposta particular foi efetiva e direcionar pesquisas para isso".
Uma das duas substâncias que foram combinadas para criar a RV 144 foi a Alvac-HIV, da Sanofi-Pasteur, um vírus em que foram embutidos três genes do HIV. Variações da Alvac foram testadas na França, Tailândia, Uganda e Estados Unidos: eram seguras, mas geravam pouca resposta imunológica.
A outra, Aidsvax, é uma versão criada por bioengenharia de uma proteína localizada na superfície do vírus da Aids. Foi testada entre usuários de drogas tailandeses em 2003 e entre homossexuais dos Estados Unidos e da Europa. O resultado foi que a Aidsvax simplesmente não protegia da infecção.
A Alvac foi concebida para criar anticorpos. A Aidsvax, para alertar leucócitos. Se foram um fiasco sozinhas, parece que a dupla consegue algum sucesso no combate ao HIV.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Mulher da Indonésia dá à luz bebê de 8,7 quilos e 62 centímetros

Uma mulher deu à luz em um hospital da Indonésia um bebê de 8,7 quilos e 62 centímetros, informou nesta quarta-feira (23) a imprensa local.
A criança, que nasceu saudável na segunda-feira - embora tenha tido que receber oxigênio, porque, a princípio, teve dificuldades para respirar -, veio ao mundo através de cesariana, por decisão dos médicos do hospital da cidade de Medan, onde a mulher foi atendida.
A mãe, que no momento do parto atravessava o nono mês de gestação, tem outros três filhos, todos eles nascidos com ajuda de uma parteira e mediante o método tradicional, segundo o jornal digital "Detik".

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Sorriso amarelo nunca mais

Tratamentos de canal, tabagismo, traumatismo e uso de antibióticos são algumas das causas de manchas e escurecimento dos dentes. Mesmo quem escova, passa fio dental e faz tudo certinho, também não está livre do problema. Quer ver? Experimente colocar um papel ou um tecido branco perto da sua boca...
O fato é que muitos alimentos que consumimos possuem corantes, que acabam manchando os dentes com o tempo. Entre os exemplos mais comuns estão o café, chás, vinho tinto e a coca-cola.
O jeito é apelar mesmo para o clareamento, que hoje em dia conta com técnicas cada vez mais modernas, simples e acessíveis.
Em casa-Produtos que prometem clarear os dentes são encontrados aos milhares por aí, inclusive nos supermercados. Não se anime! A opinião dos dentistas é unânime e nada positiva. Eles podem acabar gerando irritações ou lesões em contato contínuo com a gengiva.
Mas existe uma versão de clareamento caseira permitida, desde que seja acompanhada por um profissional. Primeiro o dentista faz um molde com gesso da arcada dentária do paciente e manda confeccionar uma placa de acetato, chamada de moldeira. Toda noite, a pessoa deve aplicar um gel a base de peróxido de carbamida na moldeira e dormir com ela. Feita sob medida, a placa garante que a substância não entre em contato com a gengiva, apenas com os dentes. O tratamento dura aproximadamente 3 semanas.
No consultório-A substância mais usada é o peróxido de hidrogênio, ou seja, água oxigenada, só que em altas concentrações. Uma opção mais moderna é associar o laser, que ativa as moléculas de oxigênio, tornando o processo mais rápido e eficaz. Em geral são necessárias duas sessões, mas os resultados já são observados logo na primeira.
Dúvidas mais comuns
As substâncias usadas no clareamento dental são seguras à saúde, apesar de já terem sido acusadas de carcinogênicas. Fique tranqüila, desde que sejam usadas em quantidades corretas e adequadamente por um profissional.
Ao contrário do que muita gente pensa o clareamento não enfraquece os dentes. Sua ação é limitada ao esmalte e n dentina, ou seja, é superficial, não afetando a estrutura dental.
A técnica só não é indicada para quem possui muitas restaurações, já que elas não conseguem ser clareadas. Quem tem poucas, até pode pensar em trocá-las por novas.

Cirurgia brasileira trata defeito em válvula cardíaca

Uma técnica cirúrgica desenvolvida por um médico brasileiro deverá se tornar referência em todo o mundo no tratamento da anomalia de Ebstein -má-formação cardíaca que provoca a dilatação do lado direito do coração, que, com o tempo, perde sua função.
Existem várias cirurgias para corrigir o defeito -a maioria faz a troca da válvula, substituindo-a por uma prótese. O problema é que o procedimento normalmente é feito em crianças e, com o passar dos anos, o paciente precisa passar por outra cirurgia para substituição dessa prótese.
Um dos principais especialistas na área, o cirurgião cardíaco José Pedro da Silva, do Hospital Beneficência Portuguesa, desenvolveu a chamada técnica do cone -método que usa o tecido da própria válvula doente para reconstruí-la, em forma de cone, para que ela volte a funcionar corretamente.
Os diferenciais da técnica do cone são que o paciente não precisa passar por outra cirurgia para trocar a válvula anos depois, não existe rejeição e ela reconstrói a válvula deixando a anatomia próxima do normal.
"Existem várias técnicas para corrigir o problema, pois a anatomia das válvulas é muito diferente em cada paciente. A vantagem do cone é que ele é capaz de atender a praticamente todos os tipos de anatomia e pacientes em qualquer idade", afirma o cirurgião.Experiência no Brasil
Silva reúne 88 casos de pacientes operados com sucesso usando a técnica do cone. Um estudo com os resultados foi apresentado nos EUA em 2006 e, desde então, a metodologia passou a ser usada por vários centros de cirurgia do mundo.
Na sexta-feira passada, um grupo de cirurgiões do German Heart Center Munich (Alemanha) veio ao Brasil para aprender a técnica. O cirurgião alemão Rüdiger Lange, que atualmente aplica outros métodos em seus pacientes, disse que a tendência é que o hospital passe a usar a técnica do cone em todos os procedimentos.
"Vim ao Brasil para ver como a cirurgia é feita. Pretendo passar a usá-la, pois, entre as técnicas existentes, essa é a única que realmente reconstrói a válvula do ponto de vista anatômico e funcional e apresenta os melhores resultados na qualidade de vida dos pacientes."
Marcelo Jatene, cirurgião cardíaco pediátrico do HCor (Hospital do Coração), usa a técnica do cone em seus pacientes desde o final de 2007. De acordo com ele, o método tem detalhes importantes que tornam o procedimento mais eficaz do que os outros.
"A tendência mundial é fazer cirurgias que preservem a válvula em vez de trocá-la. A técnica do cone tem a particularidade de conseguir consertar a válvula e também recuperar quase completamente a função cardíaca", afirma o médico.
Jatene diz que, apesar de ser uma cirurgia relativamente nova no mundo, trata-se de uma técnica que tende a ser difundida e ser escolhida como primeira opção. "A ideia nos centros que opero é usar sempre que possível a técnica do cone. Se a anatomia do paciente não permite, a gente pensa em outra alternativa", explica.
O cirurgião Gilberto Barbosa, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardíaca, também elogia a metodologia. Ele diz que a técnica brasileira é "bem original e criativa".
"A cirurgia beneficia fundamentalmente as crianças e tem resultados positivos. Melhora a sobrevida e tem menos mortalidade. Vários centros do mundo querem aprender a fazer."
A doença de Ebstein
A anomalia de Ebstein, que normalmente é descoberta na infância, é provocada por uma deficiência na válvula tricúspede (que fica entre o átrio e o ventrículo direitos). O defeito impede que a válvula funcione plenamente, fazendo com que o sangue que sai do átrio para o ventrículo volte para o átrio.
Assim, o sangue se acumula do lado direito do coração, que aumenta de tamanho. Os principais sintomas são cansaço, falta de ar, arritmias e pele arroxeada (por causa da dificuldade de oxigenação do sangue).

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

OMS afirma que A (H1N1) parece não ter sofrido mutação

Hong Kong, 21 set (EFE).- A diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan, que está em Hong Kong para participar de um fórum regional de saúde, disse hoje que o vírus A (H1N1) parece não ter sofrido mutação."O vírus pode sofrer mutação a qualquer momento. Mas, de abril até agora, podemos observar, pelos dados que os laboratórios nos ofereceram, que o vírus ainda é muito similar (a seu estado prévio)", disse Chan na conferência, que reúne até sexta-feira ministros e especialistas de saúde de 37 países e territórios da região do Pacífico oeste.
Chan também afirmou que a produção das vacinas continua progredindo, além de indicar que estas foram, até o momento, muito efetivas, informou hoje a "Rádio Televisão de Hong Kong".
"No mundo todo, há cerca de 25 farmacêuticas fazendo vacinas, e gradualmente estão chegando a sua produção", disse a responsável da OMS, acrescentando que, apesar de a maior parte das firmas se encontrar em países desenvolvidos, também estão sendo produzidas vacinas em países em desenvolvimento, como a China.
Além da pandemia da nova gripe, o fórum debaterá sobre a malária, o tabagismo, a aids e a tuberculose.
Segundo o mais recente relatório da OMS, cerca de 300 mil pessoas no mundo todo foram infectadas com o vírus da nova gripe, das quais 3,486 mil morreram, o que situa o nível de mortalidade em 1,17% (frente a 0,1% da gripe comum).
Outros potenciais vírus "pandêmicos" dos quais a OMS tinha alertado desde 2003, como a gripe aviária ou a Sars (Síndrome Respiratória Aguda Severa), mostram índices letais de entre 40% e 60%.
No entanto, também não sofreram mutações que permitissem seu contágio em massa entre humanos, como aconteceu em 1919 com a gripe espanhola (índice letal de 20%), que deixou entre 40 e 50 milhões de mortos.

domingo, 20 de setembro de 2009

Abacaxi pode ajudar na luta contra câncer, indica pesquisa

As folhas de abacaxi contêm duas moléculas que permitiriam a produção de um novo medicamento contra o câncer, anunciaram nesta quinta-feira cientistas australianos.Trata-se de duas moléculas de bromelaína, extrato derivado obtido a partir do abacaxi, que tem a capacidade de bloquear o crescimento de um amplo leque de tumores, informaram pesquisadores do Instituto de Pesquisas Médicas de Queensland (QIMR).Uma das moléculas, a CCZ, estimula o sistema imunológico a destruir as células cancerígenas, enquanto a outra, CCS, bloqueia a proteína conhecida como Ras, que costuma ser deficiente em 30% dos cânceres."O potencial desta descoberta é imenso", comentou Tracey Mynott, pesquisadora do Instituto de Queensland. "O funcionamento destas moléculas difere de qualquer outro medicamento utilizado atualmente (...) A descoberta representa uma maneira totalmente nova de tratar o câncer e uma categoria completamente nova de agentes anticancerígenos", concluiu.

sábado, 19 de setembro de 2009

Contra a cegueira

Pesquisadores brasileiros descobrem que a retinopatia diabéticapode ser detectada antes que ocorram as primeiras lesões na retina.Depois da catarata, a retinopatia diabética é a maior causa de cegueira no Brasil em pessoas com mais de 60 anos. Caracterizada por lesões nos vasos da retina, provocadas pelo excesso de glicose no sangue, a doença avança lenta e silenciosamente. Os pacientes descobrem-se portadores do distúrbio quando a visão já está, em menor ou maior grau, comprometida. Quem flagra a doença mais cedo, caso da metade dos pacientes, consegue retardar seus efeitos mais sérios. Os que recebem o diagnóstico tardiamente só conseguem controlar a retinopatia por meio de tratamentos invasivos, como injeções e aplicações de laser. Liderados pela neurocientista Mirella Gualtieri, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) constataram que, antes de danificar os vasos sanguíneos, o diabetes interfere na comunicação elétrica entre os neurônios da retina. Essa interferência, que se manifesta antes que ocorram as primeiras lesões, pode ser identificada por exames específicos. A expectativa é que, com a descoberta brasileira, tais exames entrem para os protocolos de prevenção da retinopatia.
De acordo com o Ministério da Saúde, o diabetes, em especial o do tipo 2, costuma ser diagnosticado entre sete e dez anos depois do início da enfermidade, com o aparecimento dos primeiros sintomas. Em cada quatro doentes, três não se tratam adequadamente. Ou seja, estão sujeitos às diversas complicações causadas pelas altas taxas de glicemia no sangue. Para se ter uma ideia do que isso representa, 7 milhões de brasileiros são portadores de retinopatia diabética. Já está provado que o monitoramento rigoroso do diabetes reduz em quase 80% os riscos de danos na retina. "Quanto mais cedo conseguimos identificar essas alterações, maior é a chance de o paciente preservar a saúde da visão", diz Francisco Max Damico, oftalmologista do Hospital Sírio-Libanês e um dos orientadores da pesquisa da USP.
O trabalho brasileiro teve como ponto de partida experiências realizadas no exterior com ratos de laboratório. Nos animais, as falhas de comunicação entre os neurônios da retina começaram a ocorrer dois anos antes do surgimento das primeiras lesões nos vasos. Os pesquisadores da USP concluíram que, em seres humanos, o processo é semelhante. Para medir a atividade elétrica dos milhões de neurônios existentes na retina dos nossos olhos, eles recorreram, por exemplo, à eletrorretinografia multifocal. Em uso desde o início dos anos 2000, para o rastreamento de doenças congênitas raras e intoxicações por medicamentos, o exame funciona como um eletrocardiograma do olho. O paciente tem o olho anestesiado com um colírio e permanece por vinte minutos no escuro, de modo a reduzir ao máximo a atividade dos neurônios. Em seguida, por meio de uma lente de contato conectada a um eletrodo, ele é submetido durante vinte minutos a uma descarga de 101 flashes. O eletrodo registra como os neurônios da retina reagem aos estímulos luminosos e transfere essas informações para um computador. Os pesquisadores constataram que 55% dos pacientes diabéticos que não têm o diagnóstico de retinopatia pelo método tradicional, feito por lente de aumento, apresentam alterações quando submetidos a uma eletrorretinografia multifocal. Ou seja, estão a caminho de desenvolver a doença. Os resultados obtidos pela equipe de Mirella Gualtieri serão publicados até o início de 2010 na revista americana Investigative Ophthalmology and Visual Science, uma das mais prestigiosas publicações da área oftalmológica.

A saúde fica esquecida


sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Jovem que sobreviveu à raiva humana recebe alta no Recife

Um adolescente de 16 anos recebeu alta médica de um hospital do Recife, nesta sexta-feira (18). Segundo os médicos, ele é o primeiro brasileiro que se curou da raiva humana. Uma ambulância do município de Floresta, onde vive a família, chegou à unidade de saúde logo cedo para fazer o transporte do paciente.
O garoto contraiu a doença depois de ser mordido por um morcego, enquanto dormia. Ele estava internado na unidade de saúde desde outubro do ano passado e saiu da UTI em fevereiro deste ano, após mais de cem dias de tratamento. O pai deixou o trabalho para fazer companhia para o filho.
De acordo com a assessoria de imprensa do hospital, ele teve algumas sequelas, não está andando, fala com dificuldade, mas vai continuar tendo acompanhamento médico.
O paciente deve voltar à unidade de saúde em três semanas para nova avaliação e deve ser submetido a uma cirurgia ortopédica no quadril.
O tratamento usado foi baseado Protocolo de Milwaukee, criado nos Estados Unidos em 2004. O hospital informa que foram usados antivirais, sedativos e anestésicos.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Gripe suína no Brasil

Quatro Estados confirmaram nesta quarta-feira (16) novas mortes pela gripe suína --a gripe A (H1N1)-- no país. Em Minas, a Secretaria da Saúde informou que o total de óbitos no Estado pela gripe A chegou a 65. Em Uberlândia, sete moradores morreram, incluindo um que estava viajando para São Paulo. Na sequência, Belo Horizonte teve seis mortes e Uberaba, três.
A Vigilância em Saúde do Rio Grande do Sul informou a ocorrência de mais 13 óbitos confirmados com gripe suína. Três dos mortos eram de Canos e dois de Porto Alegre. Agora, são 178 as mortes no Estado.
Em Goiás, a Secretaria da Saúde informou que os óbitos chegam a 25 no Estado. Entre os mortos, 15 tinham idades entre 20 e 39 anos. Já no balanço divulgado pela Secretaria da Saúde de Mato Grosso do Sul, haviam sete mortos pela gripe suína no Estado até o dia 10 de setembro.
Com as confirmações, o total de mortes no país já chega a, pelo menos, 883 --segundo dados das secretarias estaduais de Saúde. Já o Ministério da Saúde confirmou 899 mortes no país em decorrência da doença, ontem (16). O número de mortos divulgado pelas secretarias e pelo ministério podem divergir. A diferença ocorre porque os critérios considerados pelos órgãos não é o mesmo --algumas secretarias contabilizam apenas os moradores do Estado que morreram por gripe suína, outras contam todos os óbitos, independentemente de sua origem.

Gripe A e dengue são prioridades de saúde em 2010, diz Temporão

O minsitro da Saúde, José Gomes Temporão, reconheceu nesta quarta-feira, 16, que o país terá duas questões de saúde pública “para dar conta” em 2010, ao se referir à dengue e à influenza A (H1N1) – gripe suína. “Cada uma com a sua especificidade e com uma estratégia distinta”, acrescentou. Sobre a dengue, Temporão garantiu que toda a estratégia de enfrentamento está “pronta”, incluindo uma agenda de viagens com o objetivo de mobilizar prefeitos e governadores. “Nosso grande desafio é não só diminuir o número de casos, mas reduzir o número de casos graves e de óbitos”, afirmou. O protocolo médico, segundo ele, já foi elaborado e classifica a doença em três níveis: leve, moderado e grave. Em relação à gripe, o ministro avaliou que a demanda de pacientes caiu “drasticamente” no país e que, por isso, os estados já começaram a desmobilizar os centros de atendimento específico para a doença. Mas o alerta, segundo ele, está mantido. “Sabemos que, mesmo durante o período mais quente, possivelmente teremos casos”, disse. Perguntado sobre a quantidade do medicamento Tamiflu disponível no país, ele lembrou que há apenas um fabricante do remédio, o que provoca atrasos na entrega. “Ficamos totalmente nas mãos do fabricante”. Temporão também reconheceu que há um acúmulo de amostras a serem testadas em laboratório e afirmou que a pasta está fazendo “um grande esforço” para atualizar os dados da doença e liberar os laudos dos pacientes. “A expectativa é de que a segunda onda da doença venha no período mais frio. Estamos trabalhando com todos os cenários e vamos nos preparar para dar conta disso tudo.”

Transplante pode curar anemia falciforme

A Sociedade Brasileira de Transplante de Medula Óssea acaba de concluir o consenso que inclui a anemia falciforme entre as doenças que têm indicação de transplante de medula óssea. As novas orientações serão publicadas na "Revista Brasileira de Hematologia".
A elaboração do documento levou em consideração dados da literatura internacional, que apontam cura dos doentes tratados com transplante. É considerado curado o paciente que não desenvolve mais a doença depois de cinco anos.
Atualmente, esse tipo de procedimento não consta da lista de indicações do Ministério da Saúde, por isso ele ainda não é coberto pelo SUS. Os cerca de dez transplantes realizados no Brasil foram feitos em caráter experimental, em centros especializados. No mundo, foram realizados cerca de 400.
A anemia falciforme, que atinge principalmente a população negra, é uma das doenças genéticas mais frequentes no país. Ela costuma ser diagnosticada clinicamente, por causa da anemia. Em alguns Estados brasileiros, o diagnóstico é feito durante o teste do pezinho.
A doença provoca mudanças no formato das hemácias (glóbulos vermelhos) --em vez de serem redondas, passam a ser rígidas e a ter formato de foice.
Isso causa dois problemas: quando o organismo detecta a anormalidade, passa a destruir as hemácias, o que leva à anemia crônica. Além disso, o formato de foice dificulta a circulação e facilita a formação de coágulos, aumentando o risco de AVC e de trombose.
O tratamento atual envolve uso de medicamentos e também transfusões de sangue para corrigir a anemia. "O problema é que esses pacientes estão sujeitos aos riscos da transfusão crônica e à sobrecarga de ferro no sangue", diz o hematologista Luís Fernando Bouzas, diretor do Centro de Transplante de Medula Óssea do Inca (Instituto Nacional de Câncer).
De acordo com Bouzas, já existe uma experiência razoável de transplantes em anemia falciforme no exterior. Ele ressalta que a indicação é adequada em alguns casos específicos.
Bouzas diz que a SBTMO recomenda o transplante para pacientes que já apresentam algum grau de deficit neurológico, que já sofreram ao menos um episódio de AVC, que tenham doença vaso-oclusiva grave ou que sejam resistentes ao tratamento padrão.
"Estimamos que cerca de 20% dos pacientes com anemia falciforme terão a indicação para o transplante. A discussão com o Ministério da Saúde tem como objetivo beneficiar essas pessoas", afirma.
O hematologista Vanderson Rocha, diretor-científico do Projeto Eurocord, é um dos defensores do transplante nesses casos. Segundo Rocha, o Hospital Saint Louis, na França, já realizou 54 transplantes do tipo, sendo que 53 pacientes são considerados curados e apenas um rejeitou o transplante.
"Os resultados são muito bons, essas pessoas estão curadas. Três anos de tratamento com drogas e transfusões de sangue correspondem ao preço do transplante", afirma.
O imunologista Júlio Voltarelli, responsável pela Unidade de Transplante de Medula Óssea do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, concorda. Ele já tratou cinco pacientes com transplante e todos os resultados são positivos. "O Brasil tem uma população enorme de negros e afrodescendentes. Muitos seriam beneficiados", diz.
Apesar de ser uma alternativa promissora, o transplante tem algumas limitações: o paciente precisa encontrar um doador na família (30% de chances), pois, como a técnica não é regulamentada, não é possível buscar pessoas compatíveis nos cadastros.
"O processo [de transplante] custa cerca de US$ 30 mil. Esse é um custo que o Ministério ainda não cobre para esse tipo de doença", afirma Voltarelli. Além disso, o transplante também tem uma fase crítica, com risco de morte por causa da baixa imunidade do paciente. "O transplante não é para todos. O médico tem que avaliar os reais riscos e benefícios."
O Ministério da Saúde informou, em nota, que ainda não incluiu a anemia falciforme na lista de indicações de transplante, pois acredita que os estudos ainda não apresentam evidências suficientes para recomendar a disponibilização da técnica de forma irrestrita.
A pasta informou, ainda, que pretende iniciar um protocolo de pesquisa para avaliar a eficácia e a segurança da técnica. Os pacientes seriam acompanhados em centros de referência escolhidos pelo ministério.

Norte-americana recupera visão graças a implante de "lente de dente" no olho

Uma mulher norte-americana de 60 anos que estava cega há quase uma década recuperou a visão após uma cirurgia que envolve o implante de um dente da paciente em seus olhos, convertido em lente.
A técnica teve origem na Itália e foi aplicada pela primeira vez nos Estados Unidos.
A bem-sucedida operação foi realizada no Instituto de Olhos Bascom Palmer, da Escola de Medicina Miller da Universidade de Miami, informaram os médicos.
A técnica, que foi desenvolvida na Itália, denominada Osteo-Odonto-Queratoprótese Modificada, possibilita recuperar a visão por meio do implante nos olhos do paciente de um fragmento de dente, que é esculpido e permite uma prótese de lente.
"Estou esperando para ver meus sete netos mais novos pela primeira vez", disse a mulher, natural do estado do Mississippi, que ficou cega em 2000 devido à chamada síndrome Stevens-Johnson, uma estranha doença que destrói as células na superfície do olho.
"Isto é realmente um milagre", afirmou a mulher, cuja identidade não foi revelada pelos médicos. "Para alguns pacientes cujos organismos rejeitam uma córnea artificial ou transplantada, este procedimento 'de último recurso' implanta um dente do paciente no olho para permitir uma prótese de lente e restaurar a visão", explicou o médico Victor Perez, do Instituto de Olhos Bascom Palmer.
"No caso de nossa paciente, implantamos seu dente canino", acrescentou.
"Os pacientes nos Estados Unidos têm agora acesso a essa complexa técnica de cirurgia, que estava disponível apenas em um limitado número de centros", disse Eduardo Alfonso, médico e diretor do Instituto de Olhos Bascom Palmer, considerado o mais importante dos Estados Unidos na especialidade.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Linfomas matam três mil por ano

Quanto mais cedo for diagnosticada a doença, maiores as chances de cura. Orientação é buscar médico logo no início.Ontem foi o Dia Mundial de Conscientização sobre Linfomas, um tipo de câncer pouco conhecido pela população, mas de alta incidência. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), a doença é responsável por cerca de três mil mortes por ano no Brasil.Trata-se de um câncer do sistema linfático que origina-se com a alteração de um tipo de glóbulo branco, chamado linfócito, que vem de uma célula doente. As células doentes se agrupam e formam tumores malignos que se juntam nos linfonodos, deixando-os inchados, ou em outras partes do sistema linfático. Cerca de 35 tipos de linfomas já foram identificados e subdividem-se em linfomas de Hodgkin e Não-Hodgkin.Conforme o hematologista do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce), Fernando Barroso, a incidência dos linfomas é elevada e crescente. "O linfoma é uma doença que geralmente aparece na quarta ou quinta década de vida, mas, no Ceará, cada vez mais é comum vermos em jovens. Vários transplantes de medula óssea em pessoas jovens já foram realizados no Estado", disse.Ele ressalta que a doença têm cura, principalmente se for diagnosticada precocemente. A cura, conforme Barroso, pode acontecer pelo tratamento quimioterápico ou transplante de medula óssea, quando há indicação para o procedimento.O hematologista alerta que o principal sintoma da doença é o inchaço indolor dos linfonodos (íngua) no pescoço, debaixo dos braços ou na virilha. A orientação, conforme ele, é o paciente buscar um médico ao primeiro sinal dos sintomas. Ele explica que os pacientes atendidos em ambulatório no Hospital Universitário Walter Cantídio fazem tratamento no Hemoce.IncidênciaDados da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale) mostram que a incidência anual de linfomas praticamente dobrou nos últimos 35 anos. Não se sabe ao certo quais as razões. Verifica-se, conforme estudos, um aumento aparente de incidência do linfoma em comunidades agrícolas. Pesquisas associam componentes específicos de herbicidas e pesticidas à ocorrência do linfoma, porém, em termos quantitativos, a contribuição de tais agentes para o aumento da freqüência ainda não foi definida.Indivíduos infectados pelos vírus HTLV (que atingem as células T humanas) ou pelo vírus HIV apresentam maior risco de desenvolver linfoma. No entanto, a grande parte dos casos da doença ocorre em indivíduos sem fatores de risco identificáveis. A incidência do linfoma de Hodgkin atinge um pico de 5 a 6 casos por cada 100 mil indivíduos em torno de 20 anos de idade. Essa taxa cai para menos da metade na meia idade e volta a aumentar nos mais idosos.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

FDA aprova vacinas contra gripe suína nos EUA

WASHINGTON - A Agência de Drogas e Alimentos dos Estados Unidos (FDA, por suas iniciais em inglês) aprovou nesta terça-feira, 15, quatro vacinas desenvolvidas para combater o vírus A H1N1, causador da doença popularmente conhecida como gripe suína.
As aprovações foram anunciadas nesta terça-feira, 15, pela secretária de Saúde e Serviços Humanos, Kathleen Sebelius, durante audiência promovida pela Comissão de Energia e Comércio da Câmara dos Representantes dos EUA em Washington.
Uma porta-voz da FDA disse que a agência aprovou as vacinas produzidas pelos laboratórios Sanofi Aventis, Novartis, CSL e MedImmune.
Num depoimento preparado para a audiência, Sebelius disse que um programa de vacinação em larga escala começará em meados de outubro nos EUA. O governo supervisionará a distribuição das vacinas.
As primeiras doses serão reservadas aos trabalhadores dos serviços de saúde, às gestantes, às crianças e aos adultos jovens, que foram desproporcionalmente afetados pelo novo vírus.

Conselho de Medicina quer proibir vende de lentes sem receita

Está em trâmite na Câmara Federal parecer do Conselho Federal de Medicina para que a indicação, adaptação e prescrição de lentes de contato sejam feitas exclusivamente por oftalmologistas. Para o Conselho o ato médico não se restringe às lentes corretivas, mas também as cosméticas que são usadas para mudar a cor dos olhos. O objetivo é reduzir complicações oculares causadas pela má adaptação e falta de informação. Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto 1 em cada 4 adaptações no País seja feita sem supervisão médica e mais da metade é de pessoas que querem trocar a cor dos olhos. Usar receita de óculos para ajustar lentes corretivas é um erro, comenta, porque o tipo de lente depende do vício de refração. Além disso, como as lentes ficam justapostas à córnea e os óculos a uma distância média de 12 milímetros, nos graus mais elevados de vícios de refração é necessário que o oftalmologista corrija esta diferença. Mesmo que a finalidade seja só estética precisa de supervisão médica, alerta. Isso porque, a perfeita adaptação exige análise da curvatura e relevo da córnea, exame de refração, avaliação do filme lacrimal, fundoscopia, além de utilização de lentes para teste. O especialista diz que o uso de lentes vencidas ou durante o sono, quando a produção lacrimal tem uma redução de 50%, são as causas mais frequentes de úlcera de córnea. Estas duas atitudes aumentam o risco de contaminação em 10 vezes por reduzirem a oxigenação da córnea. O erro mais comum na manutenção de lentes, ressalta, é enxaguar com soro fisiológico. Isso porque, soro não contém conservante e depois de aberto se torna um campo fértil para a multiplicação de bactérias e fungos. Ao primeiro sinal de desconforto - olhos vermelhos, dor, sensibilidade à luz, visão embaçada e sensação de corpo estranho – o especialista indica interrupção do uso e passar por consulta com um oftalmologista. As principais recomendações para usuários de lentes são: - Lavar cuidadosamente as mãos antes de manipular as lentes. - Utilizar soluções multiuso tanto na limpeza quanto no enxágüe das lentes e estojo. - Friccionar as lentes para eliminar completamente os depósitos - Não usar soro fisiológico ou água na higienização - Retirar as lentes antes de remover a maquiagem e quando usar spray no cabelo - Colocar as lentes sempre antes da maquiagem - Guardar o estojo em ambiente seco e limpo - Trocar o estojo a cada quatro meses - Respeitar o prazo de validade das lentes - Jamais dormir com lentes, mesmo as liberadas para uso noturno. - Interromper o uso a qualquer desconforto ocular e procurar o oftalmologista - Retirar as lentes durante viagens aéreas por mais de três horas - Não entrar no mar ou piscina usando lentes.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Butantan garante autossuficiência e inovação

A FUNDAÇÃO Butantan (FB) entrega a cada ano cerca de 150 milhões de vacinas -90% das vacinas completamente produzidas no Butantan- para o Ministério da Saúde. A parceria Sanofi-Butantan ajudou a construir, sem nenhum pagamento futuro, a única fábrica de vacinas de influenza da América Latina, que começa a produzir em outubro.
O vírus da influenza sofre mutações ao acaso, que podem tornar um vírus mais ou menos agressivo. Quando dois vírus diferentes convivem na mesma célula, eles trocam pedaços do RNA, formando novos vírus, como o vírus AH1, que tem pedaços de vírus do porco, de aves e do homem.
O vírus AH1 é, no momento, pouco agressivo se comparado à gripe do ano, mas se transmite com grande eficácia e esparramou-se por todos os países (pandemia). Desaparecerá no verão, mas pode voltar muito agressivo no próximo inverno.
A Organização Mundial da Saúde, com a colaboração de centros em muitos países (como o Adolfo Lutz), colhe os vírus que surgem e manda produzir o lote de vírus atenuados (que não causam a doença), que é dado a todos os produtores, inclusive o Butantan. No caso da influenza, não temos que reinventar a vacina!
É necessária uma fábrica complexa, que leva mais de três anos para ser construída e equipada. Daí a importância da parceria entre a Secretaria da Saúde de São Paulo (R$ 65 milhões para a construção) e o Ministério da Saúde (RS 40 milhões na aquisição de equipamentos) com a FB (R$ 15 milhões), que está empregando e treinando os técnicos que vão produzir.
Quando surgiu a ameaça da influenza aviária, que mata metade dos enfermos, a FB criou, com auxilio financeiro da OMS e da Finep, um laboratório piloto que, usando o lote semente preparado pela OMS, já produziu as primeiras 20 mil doses e poderá produzir milhões de doses da vacina.
Insistimos em 2006 que, se lográssemos adicionar à vacina um adjuvante, poderíamos reduzir a quantidade para cada pessoa e, com isso, aumentar a capacidade de fabricação de vacinas -e (óbvio) reduzir o custo. Estávamos certos: a vacina da gripe aviária era pouco potente -a vacina sem adjuvante exigia seis vezes mais vírus mortos que a vacina do ano.
Desenvolvemos um novo adjuvante e mostramos que dez milionésimos de grama bastam para vacinar camundongos contra influenza aviária com um quarto da dose. Podemos produzir 30 kg/ano, suficiente para 3 bilhões de doses de vacina.
Está garantida nossa autossuficiência: temos a fábrica e sabemos produzir. Como vírus só se reproduzem no interior de uma célula viva, usamos ovos com embriões, que devem ser produzidos em grandes quantidades, numa grande empresa nacional aprovada por técnicos da Sanofi, livres de outros vírus, bactérias e antibióticos. E temos o adjuvante, que neste mês será ensaiado em voluntários, para estabelecer a menor quantidade segura da vacina para evitar a influenza.
Em 2010, forneceremos ao Ministério da Saúde a vacina do ano para os maiores de 60 anos e pacientes com risco. Com o MS, vamos alterar o programa de vacinação, começando em janeiro no Norte, onde a vacinação chegava depois da gripe.
Se o adjuvante funcionar como esperado, os 26 milhões de doses poderão ser produzidos a partir de vírus de 7 milhões de doses. Como o Japão faz há 20 anos, teremos vacinas para implantar a vacinação nas escolas primárias (já está em ensaio em São Paulo), evitando que essas crianças tenham influenza, fiquem com pneumonia ou surdas por infecção do ouvido e que levem o vírus para casa, infectando crianças pequenas e os pais.
É preciso inovar, visando a soluções de baixo custo. A produção piloto da vacina da influenza aviária prevê que poderemos produzir até uma dose de vacina por ovo, usando o vírus da vacina inteiro, que contém, além das proteínas H e N, proteínas do interior do vírus, que não sofrem tantas mutações e que, na vacina, aumentam a proteção dos vacinados, ainda que ocorram mutações.
Com a demanda de vacinas do ano e da influenza AH1, não haveria tempo para produzir tanto. Com anuência do MS, adquirimos 17 milhões de vacinas AH1 incompletas da Sanofi, que receberão o adjuvante do Butantan e provavelmente poderão se transformar em 34 milhões de doses.
Está programado produzir mais 15 milhões-30 milhões de doses no Butantan. Estamos aguardando um novo vírus semente que produz quatro vezes mais. Contando com os ovos especiais, nossa produção poderá chegar a 200 milhões de doses por ano, preparando o Brasil para 2011-2012 e permitindo ajudar outros países.
Reduzindo a incidência de todas as formas de influenza, reduziremos a demanda de internações hospitalares no inverno, o que já vem acontecendo com os maiores de 60 anos.
Estamos prontos para testar até 2010 uma nova vacina contra a pneumonia, em parceria com o Children's Hospital, de Harvard, que custará apenas R$ 3-R$ 4 contra R$ 20-R$ 30 das vacinas conjugadas e, esperamos, com maior eficiência para evitar infecções de dezenas de pneumococos diferentes.

domingo, 13 de setembro de 2009

Um ministério doente

Enquanto o Brasil perde a batalha contra a gripe suína, o ministro da Saúde se empenha em criar uma nova CPMF e derruba a popularidade de Lula.Na última reunião do Conselho Político da Presidência da República, em Brasília, o debate girou em torno da Saúde. E o nome do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), que foi ministro da Saúde de Fernando Henrique Cardoso, entrou na discussão. "Eu e três líderes do Conselho dissemos ao presidente Lula que o grande debate eleitoral no ano que vem será nessa área", contou à ISTOÉ o coordenador da Frente Parlamentar da Saúde, deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS). "Dissemos ao presidente que a atual situação da Saúde vai fortalecer a candidatura de Serra em 2010." Preocupado com o avanço da gripe suína, o vice-presidente da República, José Alencar, também fez uma advertência: "Presidente, o grande debate será mesmo a Saúde", disse Alencar durante a reunião.
Numa atitude surpreendente, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, admitiu que a situação vivida por sua pasta não é boa, mas lavou as mãos e fez uma previsão fúnebre: "Se não houver mais recursos, a pilha de cadáveres vai aumentar no ano que vem." O problema é que a precária situação da Saúde não está necessariamente ligada à falta de recursos.
Se Serra será ou não beneficiado pelos fiascos da gestão de Temporão ainda é cedo para afirmar, mas uma consequência já é palpável: a imagem do governo Lula está sendo arranhada pelos desacertos do ministro da Saúde. Pesquisa Sensus/CNT divulgada na terça-feira 9 confirmou o que os participantes da reunião do Conselho Político já anteviam. A popularidade de Lula perdeu quase 5 pontos percentuais em julho, caindo de 81,5% para 76,8%. A aprovação do governo como um todo também diminuiu de 69,8% para 65,4%. E o fator que mais pesou no ânimo dos entrevistados foi exatamente o péssimo desempenho de Temporão. Segundo o levantamento do Instituto Sensus, 42,1% avaliam que o País não tem combatido a gripe suína de forma adequada e 49,4% acham que a Saúde piorou nos últimos seis meses. Uma importante personalidade da cúpula do PT afirmou à ISTOÉ que o Ministério da Saúde "é, sem dúvida, a parte mais fraca do governo". Segundo ele, a gestão de Temporão "é muito ruim" e Lula só não troca o ministro porque está na reta final de seu segundo mandato. Mas isso já não é tão certo, pois, no vácuo da queda da popularidade de Lula, também caíram as intenções de voto na ministra Dilma Rousseff, de 28,7%, em maio, para 25%. Em parte pelo que fez na Saúde, José Serra mantém-se à frente na corrida presidencial, com 39,5%.
Alheio às nuvens negras ao seu redor, Temporão insiste em culpar a falta de dinheiro disponível para as ações de Saúde e parece ter colocado como prioridade convencer os partidos da base aliada a criar a Contribuição Social da Saúde (CSS), que recriaria o imposto sobre o cheque. "O orçamento está menor", reclamou o ministro. "Temos que nos preparar para uma segunda onda da gripe no ano que vem." Sua proposta, porém, abriu uma nova fonte de desgaste para o governo. Com os recordes de carga tributária, é pólvora pura falar de novos impostos no País. Tanto assim que o próprio presidente Lula disse a Temporão que não vai arcar com o ônus de recriar a CPMF e ainda devolveu a criatura ao subordinado. "Para aprovar novo imposto, só se a sociedade, os prefeitos e o pessoal do Conselho Nacional de Saúde se mobilizarem", desvencilhou-se Lula.Apesar da recomendação, o ministro insistiu e levou a ideia ao Congresso. Ali, a repercussão foi a pior possível. "A bússola do ministro só se volta para a criação de imposto, o País tem a maior carga tributária no mundo e não vamos deixar passar uma brutalidade dessas", afirmou o senador Demóstenes Torres (DEM-GO). "Já existe um tsunami de recursos para abastecer a Saúde, não precisa de mais dinheiro, precisa, sim, é de outro ministro."A cruzada de Temporão pela CSS durou pouco e até o PT deixou o ministro ao relento. "Nós não assumiremos a frente do movimento para aprovar o novo imposto para a Saúde. Há uma resistência clara aqui na Casa", resumiu o líder do partido na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP). Temporão, porém, não se rende aos fatos. Nas conversas com seus auxiliares, o ministro se diz injustiçado e continua a atribuir as dificuldades do setor à falta de recursos. "As demandas sociais crescem e o dinheiro da Saúde diminui.
Os números são dramáticos", diz Temporão, que não assume a culpa pela queda na popularidade de Lula. Porém, longe dos ouvidos do ministro, membros de sua equipe reconhecem que os impasses na área da Saúde podem fortalecer a campanha tucana. "O Serra é conhecido como o ministro que garantiu remédio para os portadores de HIV e introduziu os medicamentos genéricos no mercado", diz um auxiliar de Temporão.
Para agravar a situação do ministro, o Brasil ganhou o título de campeão em casos de mortes pela gripe suína, com 657 óbitos registrados até a sexta-feira 11. A notícia correu mundo e ganhou destaque no site da CNN na véspera das comemorações da Independência. Diante de tamanho fiasco, os parlamentares que têm a Saúde como bandeira eleitoral deixaram de acreditar que Temporão possa se recuperar. Membro da Comissão de Assuntos Sociais do Senado, o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), que é médico, acha que a Saúde é administrável com o atual orçamento de R$ 59 bilhões.
Para ele, Temporão deveria se preocupar mais com a gestão de sua pasta do que com "discursos emocionais" em torno dos problemas do setor. "O Temporão disse que a Funasa era um órgão corrupto e não tomou providências, porque ele sofreu pressão partidária", acusa Cavalcanti. "O ministro faz jus ao sobrenome que tem, ele é temporão, é fora de época." O 2º vice-presidente da Comissão de Seguridade Social da Câmara, deputado Eduardo Barbosa (PSDB-MG), também acha que o problema da Saúde é de gestão. "Houve retrocesso na Saúde no Brasil. A gestão do Temporão é arroz com feijão, não tem nenhuma transformação, nenhuma mudança", diz Barbosa.
A falta de foco no Ministério da Saúde deixa estarrecidos os maiores aliados do presidente Lula no Congresso. Autor da emenda 29, que organiza os gastos da Saúde, o senador Tião Viana (PT-AC), que também é médico, diz que o setor vive uma "tragédia". Amigo de Temporão, o senador não acha que o problema esteja na figura do ministro. Prefere destacar os limites financeiros: "O Ministério da Saúde tem um orçamento aquém das suas necessidades e mais de 20 Estados desviam o dinheiro do setor para outras finalidades." Mas a presidente da Comissão de Assuntos Sociais do Senado, senadora Rosalba Ciarlini (DEM-RN), diz que a questão orçamentária é desculpa esfarrapada. "Se um governante não der atenção ao que a população cobra dele para a Saúde, isso vai refletir na sua aprovação", afirma ela, prevendo consequências para o PT nas eleições do ano que vem.
A senadora está cobrando a presença do ministro da Saúde no Senado ainda esta semana, para explicar a política de combate à gripe suína. "Os países da Europa estão com o calendário marcado e nós até agora não recebemos informações sobre nosso calendário de vacinação." Temporão disse a Rosalba que irá ao Senado prestar os devidos esclarecimentos. Vai-se descobrir finalmente se o ministro da Saúde tem algo a dizer.

sábado, 12 de setembro de 2009

DENGUE HEMORRÁGICA-Sesa confirma a 16ª morte

Fortaleza registra mais um óbito por dengue com complicação. 497 casos da doença estão sob investigaçãoDe acordo com o boletim epidemiológico da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa),divulgado ontem, a dengue matou mais uma pessoas em Fortaleza, que lidera o ranking entre os municípios, com 11 óbitos. Deste total, sete por dengue com complicação, e quatro por febre hemorrágica da doença. O número de mortes por Dengue no Estado sobe para 16.Segundo o gerente da Célula de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Antônio Lima, o caso pertence a primeira semana do mês de março, e não a esta última divulgada pela Sesa. Informou ainda, que a vítima era um homem, de 51 anos, morador do Bairro Bom Sucesso."Só obtemos o resultado agora, porque o Laboratório Evandro Chagas, no Pará, é responsável pelos exames das regiões Norte e Nordeste, por isso a demora", explicou.Em Fortaleza, os bairros com maior número de casos e incidência da doença estão na Secretaria Executiva Regional (SER) VI, com 1.001 casos registrados somente em 2009. Os bairros de Messejana (159), Jangurussu (156) e Dias Macêdo (129) lideram com o maior número de confirmações da doença.Já a SER V vem em segundo lugar, com 831 registros. Os bairros de Bom Jardim (117), Granja Portugal (83), Mondubim (83) e José Walter (58) são os líderes em ocorrências. Para combater o mosquito nos quatro bairros, a SMS realiza hoje das 8h às 12 horas, algumas ações preventivas.Segundo Antônio Lima, as atividades consistirão de panfletagem, com exposição educativa sobre a doença, e teatro de fantoches. Os agentes passarão pelo Projeto Bom Jesus, no Bom Jardim, Associação do Moradores do Novo Mondubim, Centro Educacional Doris Jonhson, e na Escola Municipal de Ensino Fundamental Irmã Rocha.No mesmo dia, outra equipe estará na Regional I, na Igreja Batista Vale de Bênção, no Bairro São Gerardo. Também com as mesmas atividades de panfletagem educativa. A Regional I é a 6ª em números de casos na Capital, com 272 ocorrências da doença, sendo a Barra do Ceará, o local mais infestado, com 81 casos de dengue.Este ano já foram notificados pela SMS 5.696 casos da doença. Destes, foram confirmados 3.750, os descartados somam 1.233, sendo que ainda estão sob investigação 497 casos. Os meses com maior número de ocorrências foram os de março (1.585), fevereiro (713), e abril (521), que correspondem ao período de chuvas.De acordo com Lima, a preocupação agora é em fazer ações preventivas para diminuir os números de casos em 2010,na quadra chuvosa. Pois segundo ele, esse último mês de agosto teve poucos registros da doença, com apenas 29 casos, pequeno se comparado ao mesmo período de 2008, quando foram registradas 340 confirmações.No Interior, os números de registro de mortes de dengue hemorrágica não aumentaram, permanece com um óbito em Canindé. Está sob investigação uma em Maranguape.Os casos de morte por complicação continuam nos municípios de Ibiapina, Trairi e Pentecoste. Porém foi registrado um aumento no número de localidades, duas a mais, se comparado ao boletim do dia 28 de agosto, onde constava apenas Caucaia e Pentecoste. A Secretaria da Saúde do Estado alerta para a necessidade da população continuar fazendo a prevenção.CONFIRMADOS-Fortaleza - 11 casos.Pentecoste - 2 casosTrairi - 1 caso.Ibiapina - 1 caso.Canindé - 1 caso