quinta-feira, 30 de junho de 2016

CE registra 16 mortes por influenza

A previsão é que, a partir de agora, a tendência seja a diminuição no número de casos da doença
No Estado, houve 51 confirmações da doença neste ano; a campanha de vacinação imunizou um público-alvo definido pelo Ministério da Saúde ( FOTO: JL ROSA )
Já foram registrados 16 óbitos por conta do vírus da Influenza em todo o Ceará, além de 51 confirmações no Estado. Um dos mais preocupantes tem sido o H1N1, que ganhou força nos últimos meses nas regiões sul e sudeste. Entretanto, a previsão é de que, a partir de agora, a tendência seja a diminuição no número de casos da doença. Em 2015, foram contabilizados 85 casos de Influenza, porém, o que acaba gerando preocupação é que nenhuma morte havia sido registrada ano passado. Os dados são da Secretaria de Saúde do Estado (Sesa).
Para o infectologista Robério Leite, do Hospital São José (HSJ), referência em doenças infecciosas, o caráter de mutação do H1N1 tem sido crucial em relação à disseminação. "Esse vírus tem uma capacidade de mutação muito grande, então nós não temos ainda nenhum tipo de imunização contra ele. O que acontece é que nesse ano houve aumento nos casos porque provavelmente ele circulou mais no hemisfério norte, já no final da estação de inverno e chegou, principalmente, em São Paulo, vindo para outros Estados", explica, ao também citar o vírus H3N2 e tipo B. Em 2016, no Ceará, os municípios que registraram mortes pela doença, classificada na categoria de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), foram Caucaia, Fortaleza, Jaguaretama, Juazeiro do Norte, Pereiro, Quixeramobim e Sobral. Segundo o boletim epidemiológico da Sesa, divulgado no dia 3 de junho, na Semana Epidemiológica 21, nenhum das pessoas que morreram eram vacinados contra o vírus.
De acordo com Robério Leite, a vacina ainda é o meio mais eficaz de se proteger da doença. "Não existe prevenção melhor do que ela. Esse ano, felizmente, a cobertura vacinal foi melhor. Sob esse aspecto, os casos devem diminuir, até porque o número de pessoas vacinadas foi maior neste ano", afirma.
Meta
A 18ª Campanha Nacional de Vacinação contra a Influenza se iniciou no dia 30 de abril e foi finalizada no dia 20 de maio. A meta era que 1.776.416 fossem imunizadas no Estado. Foram vacinadas 1.622.838, que corresponde a uma cobertura vacinal de 91,35%. A estimativa do Ministério da Saúde era de alcançar 80% do público alvo.
Conforme a Sesa, o objetivo foi alcançado no Estado em todos os grupos prioritários, chegando a uma cobertura de 88,33% entre as crianças de seis meses a menores de cinco anos de idade, 111,98% entre profissionais da saúde, 84,41% das gestantes, 104,55% entre puérperas, 94,62% nos grupos indígenas e 91,08% nos idosos.
Os grupos prioritários foram idosos com 60 anos ou mais, crianças de seis meses a menores de cinco anos, as gestantes, as puérperas, trabalhadores de saúde, indígenas, pessoas com doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais, adolescentes e jovens de 12 a 21 anos de idade sob medidas socioeducativas, a população privada de liberdade e funcionários do sistema prisional.
Em todo o País, as regiões mais afetadas são o Sul e o Sudeste. No Sul, foram 8.294 casos, e no Sudeste 21.023. O destaque fica para São Paulo, o estado que mais contabilizou casos da doença em âmbito nacional: com 15.825 e 1.451 óbitos. No Brasil, segundo o boletim do Ministério da Saúde, houve 35.445 confirmações, com 3.624 óbitos. Destes, 1.120 pelo vírus do H1N1.
Conforme Robério Leite, geralmente, em relação a doenças infecciosas, após um mês ou dois de aumento espera-se que o número de casos comece a cair, essa seria a curva epidemiológica. Mesmo assim, ele ressalta que os cuidados devem ser mantidos e a atenção deve continuar. "É importante que até ano que vem, mesmo com a redução de casos, por exemplo, as pessoas mantenham a adesão à vacinação", reitera em relação à imunidade. (Colaborou Mylena Gadelha)
guyjh

quarta-feira, 29 de junho de 2016

Focos do aedes aegypti-Lei prevê multa para reincidência-Ce

A proposta de punir residências com focos de infestação estava em discussão pelo Governo desde o início deste ano
A Lei Nº 13.301 também ratificou o ingresso forçado nos imóveis em situação de abandono para a eliminação do mosquito e seus criadouros ( FOTO: KIKO SILVA )
Proprietários de domicílios flagrados, por mais de uma vez, com focos do mosquito Aedes aegypti em suas dependências poderão ser multados a partir de agora. A resolução está presente na Lei Nº 13.301, sancionada pelo presidente em exercício Michel Temer e publicada ontem no Diário Oficial da União (DOU). O documento prevê a aplicação de medidas de vigilância sanitária em todo o País quando for observada situação de iminente ameaça à saúde pública em virtude da presença do vetor responsável pela transmissão dos vírus da dengue, da chikungunya e da zika.
De acordo com a legislação, a reincidência na "manutenção de focos de vetores no imóvel por descumprimento de recomendação das autoridades sanitárias" passa a constar na lista de infrações sanitárias, estabelecidas na Lei Nº 6.437, de 1977. A pena para quem cometer a violação será o pagamento de multa equivalente a 10% de valor que pode variar de R$ 2.000 a R$ 75.000. No caso de uma nova reincidência, a pena poderá ser dobrada.
A proposta de punir residências com focos de infestação era discutida pelo Governo Federal desde o início do ano, conforme informações veiculadas na imprensa nacional.
Adequação
No Ceará, segundo a supervisora do Núcleo de Controle de Vetores da Secretaria de Saúde do Estado (Sesa), Roberta de Paula Oliveira, o Governo do Estado também vem debatendo sobre a adoção de medidas mais rigorosas de combate ao mosquito Aedes aegypti, dentre elas a multa para os imóveis reincidentes.
Ela afirma que, agora, o Governo do Estado deve avaliar a nova lei e pensar em meios de aplicá-la nos municípios. "Vamos estudar melhor essa legislação e tentar traduzi-la para a realidade do nosso Estado", explica Roberta. "Sabemos que, infelizmente, as pessoas não aprendem pela necessidade de fazer aquilo pelo próprio bem, e, sim, pelo medo da punição. Como muitos focos são encontrados nas residências, se existisse uma penalidade, certamente iria fazer diferença. Mas isso não depende só da gente. Só podemos dizer que estamos discutindo isso tecnicamente", completa.
Substituindo a Medida Provisória Nº 712, assinada pela presidente afastada Dilma Roussef em fevereiro, a Lei Nº 13.301 também ratificou o ingresso forçado nos imóveis em situação de abandono para a eliminação do mosquito e seus criadouros. A medida já estava prevista em legislação estadual, aprovada no início do ano.
Para o infectologista Robério Leite, do Hospital São José, a implantação de ações mais rígidas para o combate ao Aedes aegypti pode ter efeito positivo em casos pontuais, porém, no geral, o especialista acredita que controle só será obtido a partir de mudanças culturais relacionadas, principalmente, ao cuidado com o meio ambiente.
"Acredito que a aplicação de multas é uma medida difícil de ser executada, porque envolve um controle dentro de uma área privada. Pode acabar virando uma lei que se desgasta e nada resolve", afirma. "O que precisa ser efeito é a educação na base, mudando a criança bem cedo na questão da preocupação com meio ambiente. Essa é a única maneira de solucionar o problema e ainda ter outros benefícios que viriam em consequência", acrescenta.
FIQUE POR DENTRO
Ceará é o estado com mais mortes por microcefalia
Com 21 mortes confirmadas até o dia 18 de junho, o Ceará é o estado brasileiro com mais óbitos por microcefalia. A informação está no mais recente informe epidemiológico do Ministério da Saúde. Conforme os dados, o Estado registrou quatro mortes a mais que a Paraíba, segundo lugar no ranking nacional. O Rio Grande do Norte vem em terceiro, com um total de 13 óbitos.

terça-feira, 28 de junho de 2016

“Meu pai injetou HIV em meu sangue quando eu tinha cinco anos”

“Meu pai injetou HIV em meu sangue quando eu tinha cinco anos”

Brryan Jackson  hoje, aos 25 anos (acima), quando bebê (topo), e seu pai  que pode ser solto: indignação nos EUA

Brryan Jackson hoje, aos 25 anos (acima), quando bebê (topo), e seu pai que pode ser solto: indignação nos EUA
As comunidades médica e jurídica dos EUA e a população americana em geral estão impactadas com a história de Brryan Jackson, 25 anos de idade, narrada à rede BBC. Quando ele tinha cinco anos, o seu pai, um enfermeiro que lutou na Guerra do Golfo de 1991 e dela saiu paranóide, aplicou-lhe na veia uma injeção com sangue infectado por HIV. Jackson sofreu preconceitos na infância, tomou coquetel antirretroviral com 23 comprimidos diários, tem a audição, visão e fala bastante comprometidas. Foi em frente, e hoje dirige uma fundação que cuida de soropositivos. A sua trajetória de vida veio a público porque seu pai, apesar de condenado à prisão perpétua, pode ganhar a liberdade condicional. Os americanos não querem que ele deixe a cadeia. O filho, que terá de estar presente no julgamento de comutação da pena, também não – será a primeira vez que os dois se verão em vinte anos. Ele lerá para o juiz a carta que redigiu pedindo que seu pai fique preso o restante da vida. E explicará porque grafa o seu nome como Brryan: para distingui-lo muito bem do Brian de seu pai.

segunda-feira, 27 de junho de 2016

Transporte aéreo facilita os transplantes de órgãos no CE

O tempo é crucial para o sucesso desse tipo de intervenção cirúrgica, que vem crescendo no Ceará
por Melquíades Júnior - Repórter
Celi de Melo Lopes e Ana Ryane receberam os rins de um mesmo doador e se tornaram mais que amigas, se consideram praticamente irmãs ( Foto: Fernanda Siebra )
O tempo de vida pode ser inversamente proporcional ao tempo de espera para quem está na fila de transplantes. Após se obter um órgão saudável, os desafios seguintes são "como chegar" e "como receber". Por isso, tudo que possa aumentar as chances de um procedimento ter êxito é visto com bastante expectativa.
No Ceará, pessoas na fila esperam que o tempo possa diminuir com a obrigatoriedade de um avião da Força Aérea Brasileira (FAB). A determinação partiu do governo federal, neste mês, uma semana após a Justiça Federal ordenar, em caráter liminar, que haja um avião pronto para os transplantes de emergência. Em 2015, a FAB realizou 24 transportes de órgãos, três a menos que no ano anterior. Rim, córnea e ossos são os órgãos mais transportados por companhias aéreas e pelos Correios. Entre 2013 e 2015, 5.700 órgãos chegaram às unidades transplantadoras via aérea no País, sendo o Ceará um dos Estados tanto receptores como fornecedores. Rim e coração são os principais. O trabalho é monitorado pela Central Nacional dos Transplantes (CNT). O primeiro do ano no Ceará foi um rim, em 6 de fevereiro, cujo doador residia na Paraíba. Dois dias depois, um fígado aterrissou em Fortaleza vindo de Natal (RN).
Referência
No Ceará, o aumento de transplantes, por todas as vias de transporte, ocorre ininterruptamente desde 2012, embora tenha havido uma guinada evolutiva de 321% desde 2006 - o ano de 2015 fechou com 1.433 transplantes, a quase totalidade com órgãos transportados por via terrestre. Entre janeiro e abril foram sete transplantes de coração, o suficiente para manter o Hospital de Messejana entre as três unidades de saúde de referência nacional.
Mas a suspensão dos contratos de prestadores de serviços pelo governo do Estado no início do ano causou apreensão em pacientes na fila de espera. Isso porque os médicos que realizam exame de ecocardiograma nos órgãos doados, também tiveram os contratos suspensos.
"A falta de um ecocardiografista pode impactar no número de transplantes, gerando uma demora na fila de espera, mas a nossa equipe está preparada", afirma o médico João Davi, coordenador da unidade de transplante do Hospital. O diretor-clínico da unidade, José Eldon, admite que a suspensão dos contratos temporários causou mudanças para evitar que haja falta de atendimento emergencial quando se tem um órgão doador.
"Os ecocardiografistas precisam receber via cooperativa, que eles não têm, mas acredito que, em até um mês, esse não será um problema. Enquanto isso, mantemos especialistas de sobreaviso". Indagado se já houve interrupção de transplante pela falta do exame, Eldon disse que só responde pelos 45 dias em que a unidade está com nova gestão. "Nesse período recente, garanto que nenhum procedimento deixou de ser feito".
Irmãs de doação
Não é difícil encontrar pessoas que, pelos mais diferentes motivos, necessitam da substituição de algum órgão por outro saudável. A adolescente Celi de Melo Lopes, de Santa Quitéria, não conhecia ninguém que precisasse de transplante até ela própria começar a hemodiálise. Precisava de um rim. Substituiria um órgão e a rotina de, três vezes por semana, acordar na madrugada para viajar a Sobral para horas de hemodiálise.
"Ligaram várias vezes, mas nunca dava certo. Depois pensei: só venho agora quando for um meu". Para a mãe de Celi, a menina falou pela boca de um anjo, pois no dia 26 de maio conseguiu fazer o transplante. O doador, que havia morrido, também foi o autor da mesma gentileza para Ana Ryane, de 8 anos, companheira de quarto de Celi no Lar Amigos de Jesus, em Fortaleza. "Elas são, agora, irmãs de doação. As duas receberam da mesma pessoa. Todo dia eu oro pelo doador", diz Birlândia da Silva, mãe de Ryane.
FIQUE POR DENTRO
Campanha mobiliza as doações
A campanha "Doe de Coração", realizada pela Fundação Edson Queiroz desde 2003, se tornou referência em todo o País. É reconhecida pela Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) e vem contribuindo sobremaneira para a ampliação do número de doações voluntárias no Estado do Ceará.
A mobilização vem sendo realizada em hospitais, escolas, clínicas, no Sistema Verdes Mares, na Universidade de Fortaleza (Unifor) e em entidades diversas para disseminar essa mensagem de esperança de vida para quem precisa de um gesto tão simples para garantir qualidade de vida ou mesmo a sobrevivência.

sexta-feira, 24 de junho de 2016

Pesquisadores descobrem anticorpos que ‘neutralizam’ o zika

Segundo os cientistas, a descoberta abre caminho para o desenvolvimento de uma vacina contra o zika e a dengue

Pesquisadores europeus anunciaram que encontraram anticorpos capazes de “neutralizar” o zika vírus. A descoberta, publicada nesta quinta-feira na revista científica Nature, abre caminho para o desenvolvimento de uma vacina contra esse patógeno que está relacionado a uma série de problemas de saúde.
Cientistas do Instituto Pasteur de Paris, do Centro Nacional para a Pesquisa Científica (CNRS) da França e da Imperial College London, na Inglaterra, que já estudavam os anticorpos capazes de combater a dengue, passaram a analisar estes anticorpos para o zika vírus. Em laboratório, eles selecionaram dois anticorpos EDE capazes de deter a dengue e descobriram que um deles era particularmente eficaz para neutralizar o zika em células humanas.
A partir daí, com diversas técnicas, os cientistas conseguiram reconstituir o local preciso onde este anticorpo se fixa sobre a proteína que envolve o zika vírus e descobriram que o local de fixação era o mesmo do vírus da dengue. “Esta descoberta permite trabalhar na produção de uma vacina de proteção contra todos os vírus do grupo”, afirmam os pesquisadores no estudo.

A descoberta coincide com outro estudo que sugere que a recente explosão de casos de zika vírus na América Latina pode ter sido favorecida por uma pré-exposição destas populações à dengue. O estudo, realizado por pesquisadores do Imperial College London, do Instituto Pasteur de Paris, e da Universidade Mahidol de Bangkok, Na Tailândia e também publicado nesta quinta-feira na Nature Immunology, revela que a maioria dos anticorpos produzidos por pessoas infectadas pela dengue podem aumentar a potência do zika.
Isso acontece por causa das similaridades dos vírus (ambos são da família dos flavivírus) e assim como no caso de quem pega dengue pela segunda vez – o risco de dengue hemorrágica na segunda infecção é sempre maior do que na primeira -, uma exposição anterior ao vírus da dengue pode acentuar a infecção pelo zika. “Este pode ser o motivo pelo qual o surto atual é tão severo, e porque ele aconteceu em áreas onde a dengue é prevalente”, disse Gavin Screaton, da Imperial College London e um dos autores do estudo.
Segundo ele, a descoberta mostra a importância de uma futura vacina contra o zika utilizar os anticorpos corretos. No entanto, ressalta o pesquisador, ainda há muito trabalho por diante, como a realização de uma pesquisa clínica, que pode levar muito tempo.
Para Jeremy Farrar, diretor da organização britânica Wellcome Trust, que apoiou financeiramente ambos os estudos, ainda “há mais perguntas que respostas” sobre o zika e o grupo de vírus que inclui a dengue. Resta saber, por exemplo, porque o vírus da zika no sudeste asiático e na África, onde está presente há muito tempo, não se desenvolveu da mesma forma que na América do Sul.
Até o momento não existe nenhuma vacina contra o zika, ao contrário da dengue, que já dispõe de uma vacina desenvolvida pelo laboratório francês Sanofi. Em relação à possibilidade do uso dessa vacina para combater o zika, Rey afirma que ela “teria que ser modificada para poder ser utilizada contra o vírus”.

quinta-feira, 23 de junho de 2016

Ceará registra 14 mortes por H1N1

A tendência, conforme especialista, é que os casos diminuam a partir deste mês, devido ao fim da quadra chuvosa
Neste ano, o Estado superou a meta de 80% e alcançou uma cobertura de 91%, com 1.617.838 pessoas dos grupos prioritários imunizadas ( FOTO: NAH JEREISSATI )
Os dados divulgados pela Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa) alarmam para o agravamento dos casos de H1N1 no Estado. Conforme a planilha de atualização semanal das Doenças de Notificação Compulsória referente à semana epidemiológica 24, e se comparado ao documento divulgado na semana anterior, o número de mortes pelo vírus aumentou, aproximadamente, 27%. De 11 óbitos confirmados pela gripe, o número subiu para 14.
Até o dia 18 de junho, data da último levantamento divulgado pela Pasta, 51 pessoas haviam sido diagnosticadas com a doença. Quando se compara com a semana epidemiológica anterior, o número de notificações confirmadas sobe 34%.
Até então, não foram anunciados os perfis das três vítimas recentes. A 9ª morte aconteceu no município de Caucaia e foi de um homem com 59 anos de idade portador de doença crônica cardiovascular e acometido por uma pneumonia bacteriana.
Sobre as novas mortes, a Sesa ressalta que as informações referentes ao estado de saúde das vítimas e onde elas residiam ainda estão sendo apuradas pela Vigilância Epidemiológica. Até maio de 2016, as mortes já haviam sido registradas em seis municípios do Ceará: Fortaleza, Jaguaretama, Pereiro, Sobral, Caucaia e Juazeiro do Norte.
Dentre as vítimas da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), no Estado, está uma criança de 1 ano de idade e um homem portador de doenças crônicas. Ambos se encaixam no perfil do grupo prioritário que deveria ter sido vacinado durante a campanha de imunização anual contra as influenzas.
Vacinação
De acordo com a Sesa, a meta de cobertura vacinal contra gripe no Ceará, neste ano, foi de 80%. No entanto, o Estado superou o percentual e alcançou uma cobertura de 91%, o que se resume a 1.617.838 pessoas dos grupos prioritários imunizadas.
sa Sobre os grupos de risco, o infectologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), Anastácio Queiroz, lembra que idosos, crianças e pessoas com doenças de base precisam consultar um médico para que o diagnóstico seja dado o mais cedo possível, possibilitando maior chance de tratamento bem-sucedido. Para o especialista, neste segundo período do ano, sem as chuvas constantes, a tendência é que o número de pessoas acometidas pela H1N1, assim como pelas outras influenzas, reduza. "Normalmente, no segundo semestre reduz. A estação de gripe é mais no início do ano, mas isso não quer dizer que os profissionais não devam ficar atentos. Também tivemos a vacinação. Esperamos que isso também contribua para uma redução", ressaltou o especialista.
Ontem (22), o Ministério da Saúde divulgou um novo boletim de monitoramento dos casos de H1N1 no Brasil: São Paulo permanece liderando como a localidade com mais vítimas que perderam a vida após serem acometidas pela doença, 34.
Conforme o médico, é importante que as pessoas estejam atentas a determinados sintomas, como a tosse seca persistente a dificuldade para respirar, se direcionem ao médico: "O óbito tem uma relação direta com as pessoas que chegam tarde para procurar ajuda médica".

terça-feira, 21 de junho de 2016

Exame de sangue pode prever risco de infarto

Um estudo mostrou que pessoas com níveis altos do anticorpo IgG no sangue correm risco menor de sofrer problemas cardiovasculares como infarto e derrame

Um exame de sangue pode prever o risco de uma pessoa sofrer um infarto nos cinco anos seguintes ao teste. De acordo com um estudo publicado recentemente no periódico científico EbioMedicine, pacientes com níveis mais altos de anticorpos – moléculas produzidas pelo sistema imunológico – do tipo imunoglobulina G (IgG) são menos propensos a problemas cardiovasculares, como infarto ou acidente vascular cerebral (AVC).
No novo trabalho, pesquisadores do Imperial College London e da Universidade College London, ambas na Inglaterra, acompanharam 1.753 pessoas, em tratamento para pressão alta – fator de risco para problemas cardiovasculares -, ao longo de cinco anos. Destes, 470 sofreram algum evento cardiovascular – infarto ou AVC – durante o período de acompanhamento.
Os resultados mostraram que os voluntários com maiores níveis do anticorpo IgG corriam 58% menos risco de ter doença coronariana ou um infarto e uma probabilidade 38% menor de sofrer um AVC ou outro problema cardiovascular, independente de outros fatores de risco como pressão alta e nível de colesterol.
“Vincular um sistema imunológico mais forte e robusto com uma maior proteção contra ataques cardíacos é uma descoberta muito excitante. Nós esperamos poder usar a nova descoberta para estudar os fatores que levam algumas pessoas a ter um sistema imunológico que ajuda a protegê-las contra o problema, enquanto outras não. Esperamos também explorar formas de fortalecer o sistema imunológico para ajudar a proteger contra doenças cardíacas.”, disse Ramzi Khamis, pesquisador do Imperial College London e coautor do estudo.
A principal causa de doença cardiovascular é a aterosclerose – acúmulo de depósitos de gordura nas paredes das artérias – que pode restringir o fluxo sanguíneo do coração. De acordo com os pesquisadores, embora o nível de imunoglobulina não seja considerado um fator relevante para o risco de doença cardiovascular, há evidências de que certos tipos, como a G, poderiam reduzir o risco de aterosclerose, enquanto outros, poderiam aumentar esse risco.
Atualmente, o risco de um paciente sofrer de problemas cardiovasculares é calculado a partir de seu histórico médico, idade, sexo, pressão e colesterol. De acordo com os autores, a descoberta tem o potencial de ajudar os médicos a calcular de forma mais precisa o risco de uma pessoa sofrer um ataque cardíaco a partir de um exame simples e barato. Além disso, pacientes que fazem tratamento com estatinas ou betabloqueadores talvez não precisem mais destes medicamentos se seu sistema imunológico for forte o suficiente para protegê-los.
Agora, os pesquisadores irão realizar um estudo com outros perfis de pacientes e descobrir formas de fortalecer o sistema imunológico e aumentar a produção de anticorpos do tipo IgG. Estes são os anticorpos responsáveis por proteger de infecções virais e bacterianas, por isso, além de serem encontrados em todos os fluidos corporais, ele são o anticorpo mais abundante em nosso organismo. 

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Dados que curam

Na era digital, a possibilidade de coletar, organizar e acessar um mundo de informações favorece o trabalho dos médicos - e quem mais ganha são os pacientes

“Declare o passado, diagnostique o presente e preveja o futuro”, dizia o fisiologista grego Hipócrates, apelidado de o pai da medicina, no século V a.C. Com essa elegante definição do trabalho médico, o pensador indicava a relevância do acúmulo de conhecimento prévio para guiar os tratamentos. Ao receber um paciente, o profissional de saúde precisa, antes de tudo, relacionar os sintomas relatados a outros quadros similares para realizar o exame, prescrever medicamentos e prever qual será a eficiência da terapia recomendada. Até muito recentemente, porém, antes do desenvolvimento de exames de laboratório complexos e conclusivos, os doutores tinham de confiar apenas na memória de um enfermo para desenhar um caminho de cura.
Deu-se agora uma espetacular guinada com o avanço da era digital, da inteligência alimentada pelos algoritmos e do big data — termo que descreve a possibilidade de organizar e consultar, de forma automática, montantes colossais de dados em qualquer área do conhecimento humano.
No século XXI, médicos dependem cada vez menos do próprio conhecimento, ou do que relatam os pacientes, para “declarar o passado, diagnosticar o presente e prever o futuro”. Bastam alguns cliques no computador para ter acesso a quase toda informação. Está acabando o tempo em que clínicos de pronto-socorro podem se contentar em dizer aos doentes, genericamente: “É uma virose”.
O impacto das novas tecnologias de big data no trabalho médico pode ser medido em números. Ao longo da vida, um indivíduo gera o equivalente a 200 terabytes de informações ligadas à sua saúde. Entretanto, em torno de 90% desses dados se perdem porque não são armazenados, ainda. Estima-se que, se os médicos tivessem acesso ao histórico de todos os pacientes do mundo, seria possível reduzir em 20% a mortalidade global. A precisão nos diagnósticos possibilitaria ainda uma economia de 300 bilhões de dólares ao ano apenas para o sistema de saúde dos Estados Unidos. Esses benefícios levam a uma adoção cada vez mais ampla dessa inovação: a cada ano, aumenta em 20% a digitalização de informações médicas no planeta. Portanto, não está tão longe um futuro no qual não mais 90%, quiçá nem 1%, desse conteúdo será perdido.infografico-os-dados-de-cada-um
Dada a imensidão de estatísticas que podem ser colhidas, como or­ga­ni­zá-­las e compreendê-las? A resposta está nos softwares de big data. Eles são resultado direto do exponencial barateamento da capacidade de armazenamento dos computadores, acompanhado pela multiplicação do processamento dessas máquinas e pelo avanço da tecnologia de sequenciamento genético. Tudo somado, temos a interpretação automática, mesmo por aparelhos comerciais como smart­pho­nes e tablets, de todo o conteúdo compilado pelos profissionais. E haja dados: um único hospital pode acumular 665 terabytes deles ao ano, o equivalente a três vezes todo o catálogo da Biblioteca do Congresso americano, a maior do mundo.
Um dos mais novos e promissores frutos desse caldo tecnológico é o programa Watson Health, próprio para hospitais. Lançado pela IBM em abril de 2015, ele é um refinado produto de inteligência artificial, alimentado pelos potentes servidores da empresa americana, cuja missão é agrupar grande parte dos dados medicinais do planeta para facilitar o trabalho dos médicos. No mês passado, a IBM começou a negociar a instalação do programa em clínicas brasileiras. Como ele vai funcionar? O Watson é alimentado de informações provenientes de laboratórios, hospitais e até mesmo iPhones. Em uma parceria com a Apple, a IBM fez com que seu software tivesse acesso a informações geradas a partir de aplicativos de celular e tablet que medem o estado de saúde de seus usuários. Que tipo de material é coletado? Quantos passos as pessoas dão em um dia, se dormem bem, em que ritmo bate o coração, e muito mais. “Há uns cinco anos começamos a notar quanto essa abordagem da computação, chamada de cognitiva, se tornará chave para a evolução do cuidado médico”, disse a VEJA o oncologista americano Mark Kris, um dos responsáveis pelo projeto do Watson Health. “A ferramenta que criamos é fundamental para a construção de tratamentos individuais, específicos e sob medida, de cada paciente, em qualquer lugar. É o futuro da medicina, começando hoje.”
No consultório, o Watson Health acaba por operar como um Google dos médicos. A tecnologia apresenta subdivisões de acordo com a especialidade do campo da saúde. Uma das mais consultadas é o Watson Oncology, focado na oncologia e desenvolvido em parceria com o prestigiado hospital americano Memorial Sloan Kettering Cancer Center. Durante os últimos cinco anos, médicos abasteceram o Watson — e continuam a fa­zê-lo — com histórias de casos atuais e antigos de câncer, ensinando assim a inteligência artificial a abordar cada variação da moléstia. Hoje, oncologistas com acesso ao programa consultam esse banco de dados antes de atender um paciente. Nele, é possível inserir o quadro clínico geral de um paciente. A partir daí, a inteligência artificial calcula quais são os métodos que se provaram mais eficientes para o tratamento da enfermidade em questão.
Antes da chegada do Watson Health ao país, hospitais brasileiros já vinham instalando tecnologias similares. Há quatro anos o paulistano Sí­rio-Li­ba­nês investe na criação do que denominou de Biobanco, uma central de servidores com dados de amostras de sangue e tecido e com informações sobre tumores de pacientes. A tecnologia, em teste, ainda é acessada apenas por uma área de pesquisas, na qual quarenta pacientes têm servido de voluntários. “Mas estamos felizes com os resultados e logo implementaremos esse recurso em todo o nosso complexo”, diz o bioquímico Luiz Fernando Reis, responsável pela iniciativa.
Outro exemplo do bom uso do big data na área médica vem do laboratório paulistano Mendelics. Fundada há quatro anos pelo neurologista David Schle­sin­ger, a empresa é especializada em sequenciamento genético, técnica que contribuiu para o desenvolvimento desta era do big data. Por menos de 10 000 reais, em média (há cinco anos, esse valor era mais que o dobro), em apenas um mês de trabalho, o Mendelics analisa o DNA de uma pessoa e identifica as alterações nos genes que podem predispor a algum mal, como a doença de Parkinson, por exemplo.
As vantagens dessas inovações são evidentes. É preciso, porém, atentar também para alguns perigos da novidade. Um deles é a exposição da privacidade das pessoas. Afinal, como saber se um paciente concorda que as informações de sua doença sejam coletadas e jogadas em um banco de dados, expondo sua condição a desconhecidos? Ilustra bem esse nó a existência de uma rede social para profissionais de saúde (o cadastro é gratuito, mas apenas acessível a quem é da área), a Figure 1. Ela funciona como um Instagram com imagens de doenças e adoecidos. Em teoria, é preciso preservar a identidade do paciente ao compartilhar uma imagem — conteúdo que pode ser útil, por exemplo, para um médico pedir orientações a um colega, especialista em uma enfermidade, de um hospital do outro lado do planeta. Entretanto, como tudo na internet, há brechas que acabam por expor as pessoas.
Outro dilema, este talvez ainda mais delicado, é a transformação de qualquer paciente em um especialista, dada a facilidade de coletar dados. No Google, 20% das buscas realizadas são relacionadas a doenças — e muita bobagem, como tratamentos sem fundamentos científicos, aparece quando se faz esse tipo de pesquisa. Com a intenção de reduzir danos, o Google se uniu a hospitais como o paulistano Albert Einstein para sempre apresentar informações corretas quando um usuário faz buscas no site. Desde março, quando alguém procura por uma enfermidade, como a zika, aparece, ao lado dos resultados usuais (normalmente, pouco confiáveis), uma tabela feita por especialistas que descreve a evolução da doença e indica onde procurar ajuda. Como é habitual no mundo da inovação, o problema que surge com a tecnologia acabou sendo resolvido, também, pela própria tecnologia. Há, sim, questões a ser discutidas quando se trata de coleta extensiva de informações individuais. Porém, separar o joio do trigo é algo que já começa a ser feito a partir da análise de dados. O “achismo” morreu.

sábado, 18 de junho de 2016

Rio não tem condições de atender os turistas na Olimpíada, diz entidade médica

O Conselho Federal de Medicina divulgou alerta no dia em que o Estado decretou calamidade pública. “Não há condições de atender nem a população”, diz presidente

A maior ameaça à Olimpíada, pelo menos na área da saúde, não é a novidade do vírus zika, como pensam especialistas estrangeiros que pediram o adiamento do evento. É o velho problema da falta de estrutura. O Conselho Federal de Medicina (CFM), entidade que regula a prática médica no país, divulgou hoje (17) um alerta sobre a precariedade do sistema de saúde do Rio de Janeiro para atender os turistas que virão à Olimpíada, que começa em 5 de agosto. O aviso público foi feito no mesmo dia em que o governo do Rio de Janeiro decretou estado de calamidade pública por causa da crise financeira do Estado. No decreto, o governo afirmou que a situação financeira “vem impedindo o Estado de honrar com seus compromissos para realização dos Jogos Olímpicos”.
Paciente atendido em hospital público no Rio de Janeiro. Medidas extras para a Olimpíada não são suficientes, diz CFM (Foto: Zulmair Rocha/UOL/Folhapress)
Em entrevista a ÉPOCA, o presidente do CFM, Carlos Vital Tavares Corrêa Lima, afirmou que o sistema de saúde do Rio de Janeiro não tem condições de oferecer atendimento médico aos turistas. “Não há condições de atender nem à população do próprio Estado”, afirma Corrêa Lima. As medidas já anunciadas pelo Ministério da Saúde e pelo governo estadual do Rio “ reserva de leitos e mais ambulâncias ” também seriam insuficientes. “Essas pessoas que virão de fora terão de recorrer aos serviços privados, que também têm a sua dificuldade”, diz Corrêa Lima. A população será ainda mais prejudicada com as reservas de leito porque a estrutura existente já é insuficiente para atender a demanda que existe. Leia a entrevista completa a seguir.
ÉPOCA – A rede pública de saúde do Rio de Janeiro tem condições de atender os turistas que virão para a Olimpíada?
Carlos Vital Tavares Corrêa Lima – A grande preocupação, até já externada pelo Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro, é de que a estrutura médico-hospitalar é realmente limitada. Há sérios problemas de estrutura. No momento, não há condições de atender nem a população do próprio Estado. Para receber um aporte de aproximadamente 800 mil pessoas nos dias de competição, esse quadro se torna muito mais temerário, particularmente no acesso à emergência e urgência.
ÉPOCA – O governo do Estado do Rio afirmou que 130 leitos foram reservados em hospitais federais e institutos do Estado para atender a demanda extra. O Ministério da Saúde diz ter cedido 146 ambulâncias. Medidas como essas não serão suficientes?
Corrêa Lima – Não se sabe com segurança se essa reserva de espaço é capaz de responder a uma possível demanda na área de urgência e emergência. Certamente, essas pessoas que virão de fora terão de recorrer a serviços privados, que também têm sua dificuldade. Além disso, reservar leitos significa retirar leitos da população quando essa quantidade já não é suficiente. Ela já é muito aquém do que seria necessário. Essa medida penalizará muito mais a população do Estado do Rio, que encontra uma situação lastimável no atendimento à saúde.
ÉPOCA – Qual é a solução, ainda que momentânea, para atender os turistas?
Corrêa Lima – A solução é verificar numa rede complementar o que poderia ser contratado ou conveniado para ter o maior aporte possível de estrutura necessária para esses atendimentos.
ÉPOCA – Contratar serviços na rede privada sobrecarregará ainda mais orçamento. O Estado do Rio de Janeiro acaba de decretar estado de calamidade pública por causa da crise financeira.
Corrêa Lima – A Olimpíada encerra compromissos, traz aportes em termos de orçamento e ao mesmo tempo provoca débitos. São feitas avaliações, que ponderam custos e benefícios. Os custos com saúde no evento têm de ser analisados dentro dessas perspectivas. Os problemas estruturais têm de ser resolvidos a partir de um planejamento para serem implantados efetivamente em tempo hábil.
ÉPOCA – O senhor quer dizer que não se fez um planejamento adequado dos custos para prospectar os investimentos necessários?
Corrêa Lima – A Olimpíada permite uma série de captações, inclusive, em publicidade e em entre outros meios que podem ser usados como fontes. Isso traz reservas ao Estado. Como eu disse, é uma questão de planejamento. Além disso, é preciso ter um diálogo mais transparente com a sociedade civil organizada. É uma maneira até de se conhecer e facilitar, inclusive, as adequações necessárias.
ÉPOCA – Entidades médicas, como o CFM, não tiveram acesso ao planejamento e às discussões?
Corrêa Lima – Há uma dificuldade de ter conhecimento das estruturações que estão sendo feitas. Não ficam claros os detalhes estruturais.

sexta-feira, 17 de junho de 2016

CE é o 2º em casos de invalidez devido a acidentes de trânsito

O estudo aponta que a maioria das vítimas está em idade ativa, uma vez que 90,4% delas têm entre 18 e 64 anos
No total, 2.242 pessoas morreram nas estradas cearenses em 2015, enquanto outras 3.142 se envolveram em sinistros ( Foto: José Leomar )
A violência no trânsito permanece como um dos principais impactos na vida de muitas famílias, além de ser grande responsável por repercussões negativas na economia, tanto em nível estadual, como nacional. No Ceará, só no ano passado, 63.241 pessoas estiveram cadastradas como incapacitadas em decorrência de colisões no trânsito e atropelamentos. O Estado tornou-se, assim, a segunda unidade federativa no Brasil em número de pessoas sem condições de retornar ao trabalho após um acidente, estando à frente só de Minas Gerais, que contabilizou 65.253 pessoas nessas condições.
Os dados foram informados pelo Centro de Pesquisa e Economia do Seguro (CPES), em levantamento que toma como base os indicadores do Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres (Dpvat). O relatório aponta ainda o Ceará como o terceiro estado com maior número de acidentados no trânsito, o que inclui também as mortes e aquelas pessoas que conseguiram se recuperar sem sequelas. Por ordem, Minas Gerais e São Paulo aparecem no topo da lista.
No total, 2.242 pessoas morreram nas estradas cearenses em 2015, enquanto outras 3.142 envolvidas nos sinistros mantiveram-se sem consequências à própria integridade física.
Em termos nacionais, 43 mil pessoas foram a óbito, enquanto houve outros 525 mil casos de invalidez permanente em função da violência no trânsito. Isso gerou como impacto econômico a perda do equivalente a R$197 bilhões, calculando-se a interrupção da atividade produtiva resultante da incapacidade para o trabalho.
O levantamento realizado pelo CPES indica que o País perdeu, no ano passado, o correspondente a 3,3% do Produto Interno Bruto (PIB). Anualmente, cerca de 664 mil pessoas se envolvem em acidentes com veículos automotores. "A Guerra do Vietnã durou 16 anos e não matou tantas pessoas. O tsunami do Japão matou 11 mil. É assustador o número de brasileiros mortos e feridos por ano. Segundo a Organização Mundial de Saúde, somos destaque nesta triste estatística. Em 2010, estávamos atrás apenas da China, Índia e Nigéria", expõe o diretor do CPES, Cláudio Contador, responsável pelo estudo Estatísticas da Dor e da Perda do Futuro, que originou o relatório.
Já no Ceará, o impacto gerado pelo problema chegou ao equivalente a R$12,38 bilhões, o que se compara a quase 10% do PIB do Estado. "Quando uma pessoa morre num acidente, ela deixa de produzir riquezas para seu País. Se fica inválida, deixa de produzir e também impacta a economia de sua família, porque torna-se dependente de cuidados e tem despesas adicionais. É disso que a pesquisa trata", esclarece Cláudio Contador.
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O estudo aponta também que a maioria das vítimas está em idade ativa, uma vez que 90,4% delas têm entre 18 e 64 anos, ou seja, incluem-se em um grupo em plena produção de riqueza para a sociedade, conforme a co-autora do estudo e coordenadora do CPES, Natália Oliveira.
A perda de mão de obra é registrada por um índice chamado Valor Estatístico da Vida (VEV), que calcula os déficits econômicos originados pelo problema. O VEV no Brasil contabiliza que uma pessoa deixa de produzir anualmente por morte ou invalidez uma média de R$2.200. No total, 75% dos óbitos no trânsito são de homens, enquanto 25% são mulheres. Dos homens mortos, 92% têm entre 18 e 64 anos de idade.

quarta-feira, 15 de junho de 2016

15 minutos de exercícios por dia já diminui o risco de morte

Um novo estudo mostrou que tal quantidade já é suficiente para reduzir em 22% a probabilidade de morte

Para pessoas com mais de 60 anos, 15 minutos de caminhada em velocidade rápida são suficientes para reduzir em 22% o risco de morte. A conclusão é de um estudo francês apresentado nesta terça-feira durante o encontro da Sociedade Europeia de Cardiologia, realizado em Sophia Antipolis, na França.
Que praticar atividade física regularmente faz bem para a saúde, todos sabem, mas colocar em prática a recomendação de realizar 30 minutos de exercícios por dia não é tão simples. Pensando nisso, pesquisadores franceses acompanharam dois grupos para verificar se uma quantidade de exercícios menor que a recomendada também era benéfica. O primeiro era composto por 1.011 pessoas com 65 anos, que foram acompanhadas durante 12 anos. No segundo, 122.417 indivíduos com cerca de 60 anos, acompanhados por aproximadamente 10 anos.
Os resultados mostraram que quanto mais atividade física, menor o risco de morte: pessoas que realizam mais atividade do que a quantidade recomendada reduziam seu nível de morte em 35%, já aqueles que realizavam a quantidade recomendada sofriam uma redução de 28% no risco, em comparação aos sedentários. Mesmo as pessoas que realizavam metade da quantidade recomendada de exercícios físicos– o equivalente a 15 minutos de caminhada moderada a vigorosa por dia – já reduziam seu risco de morte em 22%.

terça-feira, 14 de junho de 2016

Células-tronco são nova esperança contra esclerose múltipla

Médicos canadenses conseguiram reverter forma grave da doença em 23 pacientes com um tratamento inovador que utiliza células-tronco

Pessoas incapacitadas devido à esclerose múltipla grave têm uma nova esperança de cura. De acordo com um estudo publicado recentemente no periódico científico The Lancet, 23 pacientes voltaram a andar, trabalhar e até mesmo esquiar após serem submetidos a um tratamento inovador com células-tronco.
A terapia, desenvolvida por pesquisadores canadenses, primeiro destrói completamente o sistema imunológico com a ajuda de uma quimioterapia, para então reconstruí-lo com a transfusão de células-tronco da medula óssea. Dos 24 pacientes submetidos ao tratamento, 70% tiveram a progressão da doença interrompida ou revertida e 40% apresentaram a reversão de sintomas graves como a perda da visão, fraqueza muscular e perda de equilíbrio.
A esclerose múltipla é uma doença neurológica incurável e com efeitos devastadores que atinge cerca de 2,3 milhões de pessoas no mundo, dentre elas 35 000 brasileiros. De causa desconhecida, a doença se manifesta de uma hora para outra, quando o sistema imunológico ataca a mielina, substância que protege as fibras nervosas do cérebro, da medula espinal e do nervo óptico. A cada surto, as lesões formam áreas de cicatrização, ou escleroses, que causam danos irreversíveis e podem deixar sequelas como cegueira, paralisia, lapso de memória e dificuldades na fala e na deglutição. Os medicamentos disponíveis atualmente para conter a moléstia não são 100% eficazes e podem proporcionar fortes efeitos adversos ao paciente.
O estudo canadense é o primeiro a trazer esperança de cura para portadores de esclerose múltipla grave, que não respondem aos tratamentos disponíveis atualmente, e é o primeiro que conseguiu parar e reverter a doença em longo prazo sem a necessidade de outros medicamentos. Todos os pacientes do estudo tinham esclerose agressiva, recidiva e foram acompanhados por até 13 anos após o tratamento. De acordo com o jornal britânico The Telegraph, seus resultados foram considerados ’emocionantes’ e ‘sem precedentes’ por especialistas.
“Nosso estudo é o primeiro a mostrar a supressão completa, em longo prazo de toda a atividade inflamatória em pessoas com esclerose múltipla. Uma variação deste procedimento tem sido utilizada para tratar a leucemia há décadas, mas a sua utilização para doenças autoimunes é relativamente nova. No entanto, é importante notar que esta terapia pode ter riscos e efeitos colaterais graves e só seria apropriada para uma pequena porção de pessoas que têm esclerose múltipla severa”, disse Harold Atkins, professor na Universidade de Ottawa, no Canadá e um dos autores da pesquisa, ao Telegraph.
Durante o estudo, um participante morreu de insuficiência hepática e outro precisou de tratamento intensivo devido a complicações hepáticas. Apesar dos riscos, para cerca de 5% dos portadores da forma grave e recidiva da doença, essa nova terapia talvez seja a única esperança.
Como funciona — Inicialmente, o paciente é submetido a um curto ciclo de quimioterapia que estimula a produção de células-tronco hematopoiéticas – que regeneram o sistema imunológico – no sangue. Em seguida, estas células estaminais são recolhidas, purificadas de qualquer sinal da doença e congeladas para depois serem reinseridas no corpo da pessoa por meio de uma transfusão. Mas, antes disso, o paciente precisa ser submetido a 10 dias de quimioterapia. Essa fase do tratamento, considerada o “inferno” pelos pacientes, tem o objetivo de matar o sistema imunológico doente. Então, as células estaminais congelados são descongeladas e transplantadas para o corpo da pessoa, de modo que elas possam originar um novo sistema imunológico livre da memória anterior de atacar o sistema nervoso central.
O problema é que, ao matar o sistema imunológico do paciente, o corpo não só fica livre da doença, mas também está mais vulnerável a infecções e precisa reaprender a se defender de bactérias e vírus.
Jennifer Molson, uma das participantes do estudo, foi diagnosticada com esclerose múltipla em 1996, aos 21 anos. Apenas cinco anos depois, em 2001, ela vivia em um hospital sob 24h de cuidados, pois não conseguia fazer nada sozinha. “Eu não tinha sensação do peito para baixo. Eu poderia tocar alguma coisa fervendo no fogão e me queimar. Eu podia tocar algum tecido sem saber se é uma lixa”, contou ao site de notícias americano Vox. Jennifer foi submetida ao novo tratamento em 2002 e dois anos depois ela já conseguiu entrar na igreja e dançar em seu casamento.
Atualmente, 15 anos após o procedimento, Jennifer trabalha como assistente de pesquisa no Hospital Ottawa, no Canadá e gosta de esquiar e andar de caiaque aos finais de semana. “Agora eu sou capaz de caminhar de forma independente, viver na minha própria casa e trabalhar em tempo integral. Eu também fui capaz de me casar, caminhar até o altar com meu pai e dançar com meu marido. Graças a esta pesquisa eu tive uma segunda chance na vida.”, disse.
No entanto, nem tudo são flores. Após o transplante, Jennifer precisou tomar todas as vacinas novamente e, por estar mais vulnerável a infecções, acabou desenvolvendo uma infecção no sangue, herpes e graves infecções da bexiga.

segunda-feira, 13 de junho de 2016

Emagreça sem fazer dieta

Novas pesquisas explicam por que os regimes restritivos não dão resultado e mostram como é possível perder peso comendo de tudo

Crédito: RODRIGO CAPOTE
ATENÇÃO Letícia hoje entende mais o que seu corpo precisa. Já perdeu quinze quilos em um ano (Crédito: RODRIGO CAPOTE)


“Mais de 90% das pessoas que restringem a alimentação fracassam na tentativa de perder peso” - Sophie Deram, nutricionista
“Mais de 90% das pessoas que restringem a alimentação fracassam na tentativa de perder peso” – Sophie Deram, nutricionista (Crédito:FELIPE GABRIEL)
Depois de décadas pesquisando as razões pelas quais as dietas não funcionam, a ciência encontrou o culpado: as próprias dietas. Hoje não há um estudioso, médico ou nutricionista sério que avalize a adoção de regimes que preguem a retirada de nutrientes do cardápio. O consenso é que a estratégia até pode levar à perda de peso no começo, mas os quilos extras voltarão. Por esse motivo, as dietas da moda – coloca-se aí a do glúten, da lactose e da gelatina, por exemplo – perdem espaço. “Fala-se muito do impacto que elas terão em três meses, mas não se comenta o fracasso depois de dois anos”, diz a nutricionista Sophie Deram, autora do livro “O Peso das Dietas”. Entender por que esses métodos não cumprem o que prometem exige a compreensão da complexidade que envolve a relação entre o corpo, as emoções e a comida. Tudo seria muito mais simples se a conta para emagrecer requeresse apenas tirar da frente alimentos calóricos. Mas a equação não fecha de forma tão lógica. Há vários fatores que influenciam essa contabilidade, e levantá-los é um dos alvos da ciência do emagrecimento.

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Muitas respostas têm vindo das pesquisas com gente que come bem e não ganha um grama sequer. Qual é o segredo? Entre os cientistas empenhados em desvendá-lo está o médico Tim Spector, do King´s College, em Londres. Ele acaba de lançar no Brasil o livro “O Mito das Dietas – Por Que Algumas Pessoas Comem de Tudo e Não Engordam e Outras Fazem Regime, mas não Emagrecem”, no qual fala do peso da genética na obesidade, entre outros tópicos. Sabe-se que há mais de 140 pontos no genoma associados ao ganho extra de quilos, determinando aspectos como quem armazena mais gordura ou por que o exercício físico tem mais impacto em um ou em outro. Na Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, pesquisadores também procuram saber o que se pode aprender com quem não engorda. Em um dos trabalhos, 147 participantes foram divididos em dois grupos: o primeiro, de voluntários que não faziam restrições na dieta, e, o segundo, de pessoas que se submetiam a regimes regularmente, pensavam a respeito de comida frequentemente e prestavam muita atenção no que ingeriam. Verificou-se que os eternamente magros comem alimentos de alta qualidade nutricional, cozinham em casa, alimentam-se somente quando estão com fome, não têm sentimento de culpa quando exageram e mantêm uma relação prazerosa com a comida. Mais ou menos o que faz a produtora Daniela Dezan, 45 anos, de São Paulo, que sempre foi magra. “Não me privo de nada e acho que, por isso, minha relação com a comida é tranquila”, diz. Na opinião dos cientistas, as conclusões do trabalho são encorajadoras. “Elas demonstram que o ganho de peso pode ser prevenido se ensinarmos às pessoas a ouvir desde cedo seus desejos e dar ênfase à qualidade do alimento, e não à quantidade”, disse à ISTOÉ Anna-Leena Vuorinen, coordenadora do estudo.
De fato, uma das principais lições da pesquisa é a de que a obsessão em pensar em cada caloria ingerida e a culpa de comer – características muito comuns de quem faz dieta – só jogam contra no esforço para emagrecer. “São sentimentos que trazem consigo uma ansiedade grande, que provavelmente será descontada na alimentação”, afirma o médico Pedro Assed, do Grupo de Obesidade e Transtornos Alimentares, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). A estudante Laísa Lopes, 22 anos, do Rio de Janeiro, ficou refém dessa montanha russa durante anos. “As dietas me deixavam ansiosa e eu comia mais ainda. Hoje não me privo de nada”, diz Laísa, que emagreceu após aderir a um programa no qual aprendeu a usar o bom senso nas escolhas e quantidades do que come.

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Um obstáculo puramente fisiológico também é decisivo para o fracasso das dietas. “Restringir a ingestão de nutrientes deixa o organismo em estresse e impossibilitado de realizar as funções bioquímicas naturais”, afirma a nutricionista Cinthia Leitão, do Rio de Janeiro. O corpo dará sinais de que a falta daquele nutriente não é saudável e, para compensar, o apetite aumentará. “Quando se retorna para a alimentação habitual, a tendência é comer em excesso e ganhar mais peso do que se perdeu”, diz a nutricionista Andrea Santa Rosa, do Rio de Janeiro. “Além disso, ao fim da dieta, o organismo está com o metabolismo reduzido e as pessoas voltam a engordar”, diz a nutricionista Paula Castilho, de São Paulo. O carioca Francisco Reis, 46 anos, experimentou por anos o sobe-e-desce dos ponteiros da balança. “Era bailarino e sempre fiz dietas porque precisava manter o peso. Quando diminuí o ritmo da dança, engordei.” Francisco entrou para os Vigilantes do Peso e hoje come o que gosta, mas em pequenas quantidades.
As constatações científicas não deixam dúvidas de que as dietas são ineficazes. “Mais de 90% das pessoas que restringem a alimentação fracassam na tentativa de perder peso”, diz a nutricionista Sophie. “É preciso entender que nossa fome é biológica e psicológica. Quando confiamos no corpo e escutamos o que ele diz, a vida fica mais saudável.” O aprendizado desse conceito pela estudante paulista Letícia Marinho, 18 anos, mudou sua relação com os alimentos. Ela fez dietas durante anos, sem sucesso na manutenção do peso. Sob a orientação de Sophie, descobriu que é possível emagrecer sem restrições alimentares. “Cortei a proibição da minha cabeça e a vontade de comer de tudo sumiu”, diz. Em um ano, ela já perdeu quinze quilos.

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Capital registra 20 bebês com chikungunya-Ce

Especialistas alertam que as mães podem, inclusive, transmitir a febre às crianças durante a gestação
No Estado do Ceará, 14 crianças com até 28 dias de vida sofrem com a doença. No entanto, conforme os levantamentos da Secretaria, a faixa etária de maior prevalência vai dos 41 aos 60 anos de idade ( FOTO: KLEBER A. GONÇALVES )
Lêda Gonçalves - Repórter
Trinta e três crianças foram atendidas pela rede de saúde pública de Fortaleza nos últimos 30 dias com manchas no corpo, febre, bolhas com líquidos e tiveram confirmação laboratorial para chikungunya. Sendo que 20 delas com menos de 12 meses e o restante com até quatro anos de idade. Os dados fazem parte do mais recente boletim epidemio-lógico da Secretaria de Saúde do Município (SMS).
A enfermidade é transmitida pelo Aedes aegypti, assim como a dengue e zika. No Ceará, 14 recém-nascidos com até 28 dias de vida sofrem com a enfermidade. A situação chama atenção de infectologistas e pediatras, que alertam para os perigos da doença em faixa etária tão baixa.
Os casos confirmados da chikungunya avançam no Estado. Na capital cearense, só para se ter ideia do problema, entre janeiro e maio deste ano, os números eram os seguintes: um bebê com menos de um ano; cinco casos de crianças entre um e quatro anos; três casos, de cinco a nove anos e seis confirmações de 10 aos 15 anos. Até o dia 3 de junho, o quadro piorou e Fortaleza contabiliza, além dos 20 bebês, mais 39 crianças, no intervalo de um até nove anos, e 81 na faixa entre 10 a 15 anos. Se considerado o período, entre os menores de 12 meses e cinco anos, a diferença chega a 555,5% em um mês. Nesse período, os casos confirmados aumentaram de 178 para 2.303 ocorrências positivas entre todas as idades.
Os médicos esclarecem que as ocorrências não têm nenhuma ligação com a microcefalia, distúrbio causado pelo zika vírus. No entanto, o foco está nas mulheres grávidas que tiverem a doença, principalmente próximo ao período do parto. Elas podem transmitir o vírus para o bebê via placenta, o que tem gerado preocupação para a Sociedade Brasileira de Pediatria.
"A preocupação é grande, pois elas podem até abortar ou o bebê nascer morto devido à enfermidade, mas isso é raro. O mais comum é que eles nasçam doentes, sejam internados, tratados e depois fiquem bem. A maioria não vai ter sequela nenhuma ao longo da vida", diz a pediatra da Maternidade-Escola Assis Chateubriand, Nerci Ciarlini.
Temperatura
Para a médica, a situação é difícil e mais complicada em pessoas dessa faixa etária ou os mais idosos. "No caso dos bebês, especificamente, é que eles não falam e os cuidados devem ser redobrados. É importante observar se ele está irritado, sem se alimentar direito. É preciso verificar a temperatura, se aparecem bolhas na pele, mantê-lo hidratado e procurar ajuda médica imediatamente", orienta.
Para ela, como não existe a comprovação da eficácia do repelente, a prevenção deve ser em casa no controle do vetor. "É a limpeza da casa, principalmente no quarto da criança, do terreno, não deixar recipientes com água parada. São dicas simples que evitam que tanta a futura mamãe ou o bebê contraem não só a chikungunya, como dengue ou a zika que podem infectar pessoas de qualquer idade".
A doença atinge 85,7% dos 119 bairros da Capital e 44 dos 184 municípios cearenses. Até maio passado, 33,6% do território da cidade tinha registros confirmados para a doença.
No Interior do Estado, um dado que também coloca infectologistas em alerta é que as cidades de Hidrolândia, Campos Sales, São Luís do Curu, Nova Russas, Pentecoste, Crateús e Quixadá apresentam incidência de suspeitas acima de mil casos/100 mil habitantes. Além disso, Apuiarés, Ararendá, Baixio, Forquilha, General Sampaio, Icapuí, Marco, Quixeré, Reriutaba, Salitre, São Gonçalo do Amarante, Tamboril e Varjota têm mais de 300 casos/100 mil pessoas. A taxa de incidência dos casos suspeitos de febre de chikungunya para o Estado do Ceará encontra-se em 120,98 casos/100 mil habitantes. Fortaleza apresenta taxa de 68,5 por 100 mil.
Há seis óbitos suspeitos por febre de chikungunya. Os óbitos em investigação ocorreram em residentes dos municípios de Crateús (um), Fortaleza (três), Quixadá (um) e São Gonçalo do Amarante (um), sendo cinco do sexo masculino e um do sexo feminino, com idades compreendidas entre 12 e 89 anos.

quarta-feira, 8 de junho de 2016

OMS convoca reunião de emergência para debater zika na Olimpíada

A entidade não deve sugerir o cancelamento do evento, mas pode modificar as recomendações de viagem ao Brasil

Por Da redação
Pressionada, a Organização Mundial da Saúde (OMS) convocou para a próxima semana — na fase final de preparação para os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro — uma reunião de emergência para lidar com o surto do vírus zika, A entidade não deve sugerir o cancelamento do evento, mas pode modificar as recomendações de viagem ao Brasil. O dia exato do encontro ainda não foi divulgada.
“Vamos revisar a situação a partir das evidências novas que surgiram e o resultado pesquisas recentes para avaliar se precisam adotar novas recomendações”, confirmou Christian Lindmeier, porta-voz da OMS.

A organização tem sido cobrada a dar uma resposta a cientistas e atletas que ameaçam não ir aos Jogos Olímpicos devido ao risco de infecção. Há uma semana, 150 pesquisadores emitiram um apelo para que o evento fosse cancelado ou adiado. Atletas como Pau Gasol, do basquete, indicaram que poderiam rever sua participação nos jogos.
Apesar das preocupações, a OMS negou o cancelamento do evento, mas admite que as recomendações de viagens poderão ser revistas. Atualmente, a entidade sugere que mulheres grávidas evitem locais com o surto de zika – associado a casos de microcefalia – e traça uma série de recomendações para casais que estejam planejando ir ao Rio.
Ainda segundo a organização, eventuais novas decisões serão tomadas exclusivamente com base na ciência e não em temores.
Numa carta a deputados americanos na semana passada, a diretora-geral da OMS, Margaret Chan, admitiu que o zika estava cada vez mais em seu radar. “Dada a preocupação internacional, decidi convocar a nova reunião de emergência”, escreveu a diretora em uma carta.
Na semana passada, os organizadores do Rio-2016 apresentaram ao Comitê Olímpico Internacional (COI) dados mostrando que o número de casos de dengue na cidade sofre uma dura queda a partir de julho. Além disso, os brasileiros prometeram uma limpeza diária dos locais do evento para evitar a proliferação de focos do mosquito Aedes aegypti, transmissor da zika, dengue e chukungunya.
(Com Estadão Conteúdo)

segunda-feira, 6 de junho de 2016

O hormônio da juventude

Pesquisas feitas pelos centros mais importantes do mundo mostram que já é possível reverter o envelhecimento das células e aumentar a longevidade

O hormônio da juventude
O novo tratamento impede o aparecimento de doenças típicas do avanço da idade, como câncer, infarto e Alzheimer
Atrasar o envelhecimento do organismo integra a lista das prioridades da humanidade. Na semana passada, cientistas deram mais um passo para a conquista desse sonho. Em um artigo publicado no The New England Journal of Medicine, uma das mais prestigiadas revistas científicas do mundo, um grupo de pesquisadores anunciou que, pela primeira vez, provou-se em humanos que o uso de um hormônio reverte o envelhecimento celular. A conclusão abre uma nova perspectiva para a prevenção e o tratamento de doenças resultantes do desgaste do corpo ocorrido com o passar dos anos, como o câncer, o infarto e o Alzheimer. As pessoas poderão ser beneficiadas com os resultados dessas pesquisas em quatro anos.
O feito marca um divisor de águas na história pela busca de soluções que atenuem os prejuízos do envelhecimento. É certo que o processo é complexo, mas há tempos a ciência sabia que uma de suas peças-chave são os telômeros. Trata-se de estruturas localizadas nas extremidades dos cromossomos (onde está o DNA) e que têm como função proteger a integridade dos genes durante a multiplicação das células.  O problema é que, com o avanço da idade, eles ficam cada vez mais curtos e, as células, mais desprotegidas. Em último grau, o fenômeno leva à morte celular. Portanto, estava claro que evitar seu encurtamento era uma estratégia a ser seguida. Para isso, os cientistas usaram a testosterona, hormônio responsável por características masculinas, sobre o qual havia evidências de que atuaria contra o encurtamento. Ela age sobre a telomerase, enzima reparadora dos telômeros.
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O trabalho teve a participação dos médicos brasileiros Philip Scheinberg e Rodrigo Calado durante os anos em que passaram no Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, uma das principais instituições fomentadoras de estudos no mundo e onde a pesquisa foi conduzida. Scheinberg, um dos líderes do projeto, hoje é coordenador do serviço de hematologia do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes, em São Paulo, e Calado dá aula na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, campus de Ribeirão Preto.
Foram recrutados 27 pacientes. Eles tinham alterações genéticas que provocam um encurtamento acelerado dos telômeros, problema que eleva a incidência de fibrose pulmonar, cirrose hepática e anemia aplástica (a medula óssea perde a capacidade de produzir células sanguíneas). “Após dois anos, o resultado surpreendeu a todos”, conta o hematologista Scheinberg. Em doze dos 27 participantes registrou-se uma redução na taxa de encurtamento dos telômeros. Ótimo. Mais do que isso, porém, em onze dos doze pacientes os telômeros haviam se alongado. “Esperávamos diminuir o encurtamento, mas vimos que, além disso, os telômeros ficaram mais longos”, diz o médico.
Na última semana, Scheinberg e Calado foram procurados por cientistas do mundo todo interessados em conhecer mais sobre o trabalho. A possibilidade de aumentar a proteção aos telômeros semeia expectativas muito positivas na maioria das áreas médicas. Indivíduos com redução acelerada dessas estruturas, por exemplo, têm duzentas vezes mais chance de desenvolverem leucemia e risco 1,2 mil vezes maior de manifestarem tumores de cabeça e pescoço.
Em Ribeirão Preto, Calado conduz agora outra etapa da pesquisa. Doze pacientes foram recrutados – o objetivo é chegar a vinte – e serão acompanhados nos próximos dois anos. O médico quer avaliar os efeitos de uma medicação injetável, em vez da oral usada com os pacientes americanos. “Pesquisamos se a versão injetável do hormônio pode ser mais bem tolerada, reduzindo a incidência de efeitos colaterais como náuseas e comprometimento hepático que podem ocorrer com a utilização da versão oral”, afirma.
Por sua importância no intrincado quebra-cabeça do que leva à longevidade, os telômeros são hoje um dos principais alvos da pesquisa antienvelhecimento. No Centro Nacional de Investigações Oncológicas, na Espanha, trabalha um dos mais respeitados grupos de estudo sobre o tema, sob a coordenação da pesquisadora Maria Blasco. Investigações feitas em animais pela equipe demonstraram que a estrutura pode ser alongada por meio de terapia genética. Pela estratégia, o gene que determina a fabricação da telomerase – a enzima reparadora dos telômeros – é inserido nas células. “Os animais submetidos à terapia mostraram maior preservação dos telômeros ao longo do tempo, menos danos ao DNA e um atraso importante na manifestação de doenças relacionadas ao envelhecimento”, disse Maria à ISTOÉ. “A terapia que criamos permitiu que as cobaias vivessem 40% mais do que as demais.”
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Seu papel protetor ficou evidenciado ainda na pesquisa do colombiano Diego Forero, da Universidade Antonio Nariño, em Bogotá. Ele comparou o comprimento da estrutura em pessoas com e sem a doença de Alzheimer. “Nos indivíduos saudáveis, eles são mais longos, mostrando que ajudam a proteger os neurônios”, afirmou. Na Itália, a cientista Lucia Carulli, da Universidade de Modena, descobriu uma maneira simples de ajudar a preservar os telômeros: a perda de peso. Depois de analisar 42 obesos, ela concluiu que quanto maior o emagrecimento, mais longas as estruturas. “A obesidade pode acelerar o envelhecimento e um dos mecanismos que leva a isso é o encurtamento dos telômeros que ela promove”, disse a pesquisadora.
Os esforços certamente resultarão em alternativas importantes. “Estamos desenvolvendo tecnologias que tornarão possível, dentro de trinta anos, retroceder nossos relógios biológicos, dando início a um processo de rejuvescimento”, disse à ISTOÉ o cientista Aubrey de Grey, da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, e criador da Fundação SENS, instituição americana que busca tecnologias para prolongar o tempo de vida humano, mas com qualidade. “Queremos que as pessoas parem de morrer por doenças relacionadas à idade.”

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Cirurgia bariátrica é eficaz no controle do diabetes tipo 2

Novo estudo demonstrou que, após 5 anos, 88% dos pacientes submetidos à cirurgia bariátrica conseguiram controlar o diabetes sem o uso de insulina

Por Giulia Vidale

Um novo estudo concluiu que a cirurgia bariátrica é um tratamento altamente eficaz e duradouro contra o diabetes tipo 2 em pessoas obesas — e superior à terapia baseada em medicamentos. A pesquisa, apresentada durante encontro anual do Colégio Americano de Cardiologia, em Chicago, demonstrou que o procedimento permite que a maioria dos pacientes viva sem insulina e outras drogas usadas para controlar o diabetes pelo menos cinco anos após a operação.
O diabetes tipo 2 ocorre quando o organismo de uma pessoa torna-se resistente à insulina, o hormônio que controla os níveis de glicose no sangue. O excesso de peso é um fator de risco importante para a doença.
“Nossos resultados mostram a durabilidade contínua do controle glicêmico após a cirurgia metabólica, perda de peso persistente, além da redução do uso de medicamentos para doenças cardiovasculares após cinco anos.”, disse Philip Schauer, principal autor do estudo.
O trabalho, feito pela Clínica Cleveland, nos Estados Unidos, é considerado o maior e mais completo sobre o assunto. Foram analisadas três terapias diferentes e os pacientes foram acompanhados por cinco anos. Participaram do estudo 150 pessoas com sobrepeso e diabetes descontrolada, que foram divididas em três grupos: o primeiro recebeu um tratamento à base de medicamentos; o segundo foi submetido à cirurgia com o bypass gástrico; e o último à gastrectomia vertical.
Ao final dos cinco anos de acompanhamento, 88% dos pacientes submetidos à cirurgia bariátrica conseguiram controlar o diabetes sem o uso de insulina. Também houve redução da necessidade de medicações para hipertensão e colesterol. Aqueles submetidos à operação também perderam mais peso, em comparação com os que apenas fizeram a terapia medicamentosa.

Em relação às duas técnicas cirúrgicas analisadas, os pacientes com bypass gástrico mantiveram maior perda de peso e uma taxa mais alta de remissão do diabetes tipo 2, em comparação àqueles submetidos à gastrectomia vertical.
Apesar dos resultados, os autores ressaltam que é preciso analisar os riscos e benefícios da cirurgia de acordo com o perfil de cada paciente. O estudo contou com o apoio da Ethicon Endo-Surgery, do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH, na sigla em inglês) e da Associação Americana de Diabetes.

Cirurgia como tratamento

A cirurgia gástrica deveria ser uma opção de tratamento padrão para pacientes com diabetes, é o que sugere uma diretriz publicada recentemente na revista Diabetes Care. O documento, assinado por 45 entidades mundiais, entre elas a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), aponta a operação como mais uma opção a ser considerada no tratamento do diabetes tipo 2 para pacientes com IMC entre 30 e 35. Atualmente o procedimento é indicado apenas para pacientes com IMC igual ou maior 35, com doenças associadas.
“O tratamento do diabetes com a cirurgia metabólica é uma tendência mundial. No Brasil, representa uma alternativa eficaz para 5% a 15% dos 13,5 milhões de diabéticos existentes no país. Combatendo o diabetes podemos diminuir a possibilidade de surgimento das doenças associadas como os problemas renais, de visão, circulatórios, entre outros”, explica Ricardo Cohen, único brasileiro a participar da elaboração do documento.

Números alarmantes

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o número de adultos com diabetes quadruplicou nas últimas quatro décadas, passando de 108 milhões de pessoas em 1980 para 422 milhões atualmente.
No Brasil, a porcentagem de pessoas com a doença passou de 5% para 8,1% no mesmo período. Em 2014, foram 71.700 mortes causadas no país pela doença.

quarta-feira, 1 de junho de 2016

Crescem 99% casos de chikungunya em Fortaleza

O aumento é registrado entre a publicação de dois boletins, que ocorrem com uma semana de diferença
João Lima Neto - Repórter
No bairro Rodolfo Teófilo, cinco pessoas da mesma família apresentaram os sintomas da doença. No local, há terrenos tidos como possíveis criadouros do mosquito Aedes aegypti e é alto o Índice de Infestação Predial (IPP) ( FOTO: FABIANE DE PAULA )
O aumento de casos de febre chikungunya preocupa moradores de diversas regionais de Fortaleza. No bairro Rodolfo Teófilo, por exemplo, cinco pessoas da mesma família foram diagnosticadas com a doença. Na Rua Monsenhor Furtado, outras 12 relataram ter adoecido ou estarem em processo de diagnóstico. Os dados, divulgados pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS), comprovam os níveis do aumento de pacientes.
O boletim informativo da 21ª Semana Epidemiológica, divulgado no último dia 27, registrou 785 novos casos da febre. No levantamento anterior, do dia 20, eram 800 confirmações da doença, o que aponta um aumento de 99%. Os dados registrados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) mostram que dos 1.585 casos atestados em pacientes residentes em Fortaleza, 14,5% (229) foram confirmados por testes de laboratório. O restante ocorre por meio de diagnóstico clínico.
As primeiras ocorrências da febre de chikungunya confirmadas em residentes do município de Fortaleza foram registrados em 2014. Na época, as investigações evidenciaram tratar-se de casos importados, considerando que os pacientes haviam viajado para áreas com circulação do vírus CHIK. Os primeiros casos autóctones foram confirmados somente em novembro de 2015.Com sintomas da doença, Eridan de Moura Brasil, 66, está acamada há quatro meses. Por sentir fortes dores nas articulações, ela se mexe somente para tomar remédios e se alimentar. "No início da doença eu gritava com muitas dores. Já gastei cerca R$150 reais essa semana com medicação", ressalta. A paciente foi diagnosticada, inicialmente, com a doença em um hospital da rede privada, e depois encaminhada ao Hospital São José.
Em outra casa, o pai da família Paulo Brasil, 65, e a adolescente Victória Vieira França, 16, também sofreram com os sintomas da doença. Já os irmãos José Eudes de Moura, 60, e Maria Odilea de Moura, 83, estão internados em Unidades de Pronto Atendimento (UPA), nos bairros Autran Nunes e José Walter.
Lixo
Na mesma rua, moradores reclamam de terrenos abandonamos que acumulam lixo. A comerciante Ivânia Pereira diz que já tentou buscar os donos de duas áreas com mato no endereço. "Pessoas de outros bairros vêm jogar lixo aqui. Não existe consciência nenhuma. Crianças e idosos estão todos doentes", declara. A reportagem conseguiu contato dos donos de dois terrenos tidos como possíveis criadouros do mosquito Aedes aegypti - transmissor da chikungunya, dengue e zika -, mas as ligações não foram atendidas.
Considerando apenas os dados de 2016, foram notificadas 3.097 suspeitas da febre de chikungunya, sendo 89 de residentes em outros municípios e 3.008 na Capital. Dos moradores de Fortaleza, 1.585 (51,17%) foram confirmadas, 494 descartadas, 24 classificadas como inconclusivas e 903 ainda estão em investigação. Os números de 2016 sugerem que o município tem um cenário de transmissão autóctone sustentada. Esse quadro epidemiológico permite que o Município passe a confirmar suspeitas da febre por critério clínico epidemiológico
dsa Para o professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), Ivo Castelo Branco, clínico infectologista, as ações de combate devem ser realizadas com mais precisão e de acordo com o perfil de cada bairro da cidade. A preocupação do especialista é que diversos pacientes possam sofrer com sequelas. "Cerca de 10% dos pacientes sofrem com doenças como artrite, por exemplo. Diferentemente da dengue, a chikungunya é uma doença incapacitante. As pessoas ficam acamadas e caxingando devido às dores", declara.
O gerente da Célula de Vigilância Ambiental e Riscos Biológicos da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Nélio Morais, afirma que o Índice de Infestação Predial (IIP) do bairro Rodolfo Teófilo é grande. Para ele, diversas ações estão sendo realizadas na região, mas é necessária a consciência das pessoas. "Temos conhecimento dos terrenos com lixo. Já intensificamos, inclusive, o trabalho com carros fumacês. Outra ação na região é a operação quintal limpo".
Sobre as fiscalizações dos terrenos, o gestor informou que a Secretaria Municipal da Infraestrutura (Seinf) repassa todas as informações relativas aos donos do terreno para que a SMS possa entrar em contato para realizar o trabalho de fiscalização.