quarta-feira, 31 de julho de 2013

Chineses recriam 'dente' a partir da urina humana

Dente humano | Foto: BBC
Dente recriado na China é rudimentar e menos rígido que o dente humano natural
Cientistas chineses criaram dentes rudimentares a partir de algo que poderia ser considerado improvável: a urina humana.
O resultado do estudo, apresentado pela publicação científica Cell Regeneration Journal, mostrou que a urina pode ser utilizada como fonte de células-tronco que seriam capazes de se transformar em pequenas estruturas parecidas com os dentes humanos.
O time de cientistas da China espera que a técnica possa ser desenvolvida para possibilitar a reposição de dentes perdidos.
No entanto, outros pesquisadores de células-tronco ponderam que para atingir esse objetivo muitos obstáculos ainda precisam ser vencidos.
Times de pesquisadores em todo o mundo estão estudando maneiras criar novos dentes para repor aqueles perdidos pela idade ou por má higiene bucal.

Urina

As células-tronco, que são as células capazes de se transformar em qualquer outro tipo de tecido, são assunto popular de pesquisas.
Os pesquisadores do Guangzhou Institutes of Biomedicine and Health, na China, utilizaram a urina como ponto de partida para seus experimentos.
Células que normalmente são expelidas pelo corpo, através do sistema urinário, foram alteradas em para que se tornassem células-tronco.
Uma mistura dessas células com outros materiais orgânicos retirados de ratos foi então implantada nos próprios roedores.
"Esta (a urina) é provavelmente uma das piores fontes, pois existem muito poucas células desde o início (do processo) e a eficiência de transformá-las em células-tronco é muito baixa"
Chris Mason, professor da University College of London
Os cientistas chineses afirmaram que depois de três semanas o grupo de células começou a se parecer com um dente: "a estrutura parecida com o dente continha polpa dental, dentina, espaço de esmalte (área vazia do dente que possivelmente poderia ser ocupada pelo esmalte) e órgão de esmalte (estrutura que precede o surgimento do esmalte no dente)".
Entretanto, o dente criado pelos chineses não era tão rígido quanto um dente natural.
Mas ainda que o resultado do estudo chinês não venha a ser utilizado pelos dentistas como uma opção viável, seus pesquisadores defendem que pode nortear pesquisas mais aprofundadas para se chegar ao "sonho final de total regeneração do dente humano para terapia clínica".

Fonte inadequada

Para o professor Chris Mason, da University College of London (UCL), a urina utilizada pelos chineses foi um ponto de partida inadequado.
"Esta (a urina) é provavelmente uma das piores fontes, pois existem muito poucas células desde o início (do processo) e a eficiência de transformá-las em células-tronco é muito baixa", rebate Mason.
"Você simplesmente não faria (a pesquisa) dessa forma", reforça o pesquisador da UCL.
O cientista também alertou sobre os riscos de contaminação, como aquela causada por bactérias, que seriam bem maiores se comparados ao uso de outros tipos de células.
"O grande desafio aqui é que o dente tenha polpa com nervos e vasos sanguíneos que temos que ter certeza que se integrariam para se transformarem num dente permanente".

terça-feira, 30 de julho de 2013

Sem limites para pedalar mais longe

Daniel Auer, conhecido como “o ciclista sem mãos”, percorreu mais de mil quilômetros em viagens pelo país e sonha agora com uma aventura internacional
  Gisele Barão, especial para a Gazeta do Povo Ciclista, comerciante, palestrante e campeão de para-tiro. Tudo cabe na rotina do ponta-grossense Daniel Auer. Desde que conheceu o esporte, ele traçou na vida o caminho que bem entendeu. Daniel nasceu sem as mãos por causa de um medicamento receitado para a mãe durante a gravidez, para tratar os enjoos. As sequelas eram pouco conhecidas na época. Tentando proteger o filho, dona Valderez nunca deu ao menino a tão desejada bicicleta. Mas aos 12 anos, encontrou uma por conta própria, abandonada na rua. Aí não tinha mais jeito de impedir.
Hoje com 38 anos, Daniel mora no bairro de Oficinas com a esposa, a filha de 11 anos e uma enteada. Desde o ano passado, cuida praticamente sozinho de uma mercearia construída em um cômodo da casa: ele mesmo colocou o piso, os azulejos, aplicou o grafiato nas paredes.
Infância
Primeira bicicleta foi encontrada abandonada
Mesmo estragada e sem pneus, a primeira bicicleta, encontrada na rua, virou seu brinquedo favorito de Daniel Hauer durante a infância. “Foi a bicicleta que eu mais caí. Mas nunca desisti. Era meu jeito de sentir o vento soprar no rosto”, conta. As próximas bikes precisaram apenas de uma adaptação: as alavancas do freio ficam viradas para cima, facilitando o acionamento.
Quando Daniel era criança, dona Valderez colocava uma capa nas costas do filho, amarrada ao pescoço. Assim, era possível outra brincadeira: imitar a capa do Super-Homem contra o vento, enquanto ele pedalava pelas ruas do bairro. Vendo dessa maneira, nem parece que a mãe morria de medo que ele andasse de bicicleta. E essa era só a primeira aventura.
Há dois meses, também atua como diretor de esportes na Associação Pontagrossense de Esportes para Deficientes Físicos (Apedef). O envolvimento com a prática esportiva ajudou o homem que, pela timidez, não gostava nem de sair de casa. “Hoje em dia, só Deus me segura”, diz.
Quando a cidade ficou pequena para o tamanho da vontade, o ciclista sem mãos passou a planejar viagens de bike pelo Brasil. A primeira foi em 2007, quando seguiu até Itajaí (SC) para participar de evento esportivo para pessoas com deficiência. Foram 350 quilômetros pedalados em cinco dias de estrada. Lá, conheceu atletas com necessidades ainda maiores. “Vi que o mundo era outra história. Fiquei pensando que, na verdade, não tenho nada. Tenho só que agradecer por conseguir me virar”, diz. No retorno, foi preciso lidar com a quantidade de telefonemas. Todo mundo queria saber sobre sua aventura.
Na segunda vez, o destino foi Aparecida no Norte (SP), em 2008. A motivação era cumprir uma promessa para curar o câncer da mãe, descoberto naquele ano. Infelizmente, dona Valderez faleceu dois meses antes da viagem. “Mas eu fui mesmo assim. Fiz como uma homenagem a ela”, conta. Lá se foram mais 822 km de pedal em 12 dias.
Para 2014, ele planeja uma viagem internacional com a bicicleta, talvez para algum país vizinho. “Com humildade e trabalho, a gente consegue o que quer”, defende.
Palestras dão a noção de como é viver sem as mãos
Quando a visibilidade aumentou, começaram os convites para dar palestras em escolas, faculdades e empresas. Nessas ocasiões, Daniel Auer tentar dar aos espectadores uma noção da dificuldade que enfrentou. “Eu chamo algumas pessoas da plateia e enrolo as mãos delas com fitas. Depois faço elas quebrarem ovos, cortarem pão. O pessoal se diverte, mas a coisa é séria”, relata.
Nos eventos, Daniel afirma que consegue mudar a percepção do público sobre sua limitação. “No começo, sou visto como coitado. No fim das palestras, as pessoas estão emocionadas. Hoje, me olham como vencedor”, diz.
Nessa história toda, teve ainda experiência como repórter em uma emissora local. No programa, ele mostrava problemas de mobilidade em Ponta Grossa. A preocupação com o tema o levou também a participar de grupos cicloativistas e a se candidatar ao cargo de vereador nas eleições do ano passado. Recebeu 584 votos – 0,34% dos votos válidos –, o suficiente para ser suplente.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

1 em 4 erros cirúrgicos se deve a problemas com tecnologia

Segundo pesquisa, esses problemas incluem, por exemplo, o uso indevido da tecnologia pelo profissional e a falta de equipamento no momento da operação

Consulta pública: na lista de 50 procedimentos disponíveis para voto, constam 36 tipos de cirurgias minimamente invasiva por videolaparoscopia
Cirurgia: problemas com tecnologia e equipamentos correspondem a 20% dos erros maiores registrados em uma sala de operação (Jupiterimages/Thinkstock)
Uma análise publicada nesta quinta-feira no periódico BMJ Quality and Safe sugere que a cada quatro erros médicos que ocorrem durante uma cirurgia, um é provocado por problemas relacionados à tecnologia ou a algum equipamento. A maioria desses problemas se dá por inabilidade do profissional em usar a tecnologia ou o equipamento, pela falta de disponibilidade dos mesmos e por defeitos nas máquinas.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Surgical technology and operating-room safety failures: a systematic review of quantitative studies​

Onde foi divulgada: periódico BMJ Quality and Safe

Quem fez: Ruwan A Weerakkody, Nicholas J Cheshire, Celia Riga, Rachael Lear, Mohammed S Hamady, Krishna Moorthy, Ara W Darzi, Charles Vincent e Colin D Bicknell

Instituição: Imperial College de Londres

Dados de amostragem: 28 pesquisas sobre erros durante cirurgias

Resultado: Aproximadamente um quarto (23,5%) dos erros que ocorrem durante uma cirurgia se deve a problemas relacionados à tecnologia ou a algum equipamento. Por exemplo: uso indevido da tecnologia, indisponibilidade do equipamento ou mau funcionamento deste. Esses problemas também correspondem a 20% de todos os erros maiores em salas de operação.
Estudos anteriores já mostraram que erros médicos atingem até 16% de todos os pacientes que são internados em hospitais.  De acordo com a nova pesquisa, feita por especialistas do Imperial College de Londres, na Grã-Bretanha, são registrados 2,4 erros para cada operação, em média.
As conclusões do levantamento se basearam em 28 pesquisas que já haviam sido publicadas sobre erros e problemas que ocorrem em uma sala de operação. Segundo a análise, um quinto de todos os problemas que ocorrem durante uma cirurgia pode ser considerado como “maior”. E, dos erros maiores, 20% são provocados por problemas relacionados à tecnologia ou a algum equipamento. Problemas de comunicação entre os profissionais e falhas técnicas, por exemplo, são menos prevalentes e correspondem a 8% e 13%, respectivamente, desses erros maiores. 
Segundo os pesquisadores, os maiores problemas ocorrem nas cirurgias mais dependentes de tecnologia. No entanto, os especialistas ressaltam que esses resultados não querem dizer que os médicos devem evitar o uso da tecnologia, já que, na opinião deles, o avanço tecnológico melhorou as chances de sobrevivência dos pacientes ao longo dos anos. 
"O uso crescente da tecnologia em todas as especialidades cirúrgicas também pode aumentar a complexidade do processo cirúrgico e, por isso, representar um aumento da propensão ao erro de falha de equipamento”, escreveram no artigo. No entanto, os autores recomendam que a revisão dos equipamentos médicos passe a ser uma prática rotineira dos profissionais da saúde e entre no Checklist de Segurança em Cirurgias da Organização Mundial da Saúde (OMS) — lista que inclui, por exemplo, dados do paciente, aplicação de anestesia e questões sobre o histórico de saúde do indivíduo.

domingo, 28 de julho de 2013

A medicina invisível da nanotecnologia

Vanessa Fogaça Prateano, Gazeta do Povo
O pesquisador Valten­­cir Zucolotto sabe o quão difícil é produzir conhecimento científico no Brasil. Entretanto, ele assinala que apesar de haver uma grande diferença no volume de recursos destinados no país à pesquisa em relação às nações mais avançadas, em muitas áreas os brasileiros estão em pé de igualdade com outros pesquisadores. “Em áreas da nanomedicina, como na produção de sistemas de diagnóstico mais precisos e baratos de doenças infecciosas, e na produção e funcionalização de alguns outros nanomateriais nos destacamos, basta ver o número de publicações internacionais que temos realizado”, diz.
Em quais áreas médicas (diagnóstico/terapia) o Brasil está mais avançado?
Em várias áreas da nanomedicina nos equiparamos à boa produção internacional. Outra área muito relevante, em que estamos em igualdade, ou em alguns casos, à frente, é na área de nanotoxicologia. Essa área acompanha sempre os estudos de nanomedicina e tem por objetivo estudar os potenciais efeitos tóxicos dos nanomateriais em seres vivos, meio ambiente etc. Ou seja, precisamos garantir que o que estamos produzindo, depois de usado, manipulado e descartado, não prejudicará o ser humano ou o ambiente. Essa é uma área nova, e nosso grupo tem publicado artigos internacionais e desenvolvendo novas metodologias de análise de risco de nanomateriais.
E quais são as maiores evoluções na área?
Em diagnóstico, as áreas mais avançadas referem-se à fabricação de biossensores, ou seja, dispositivos miniaturizados para detecção de várias substâncias de interesse (uréia, glicose, dopamina, anticorpos etc.) com baixo custo e descartáveis, para serem utilizados no conceito de point-of-care, pelo próprio paciente, ou em ambulatório.
Na terapia, os sistemas teranósticos (que congregam terapia e diagnóstico no mesmo material) são grandes apostas. Por exemplo, pode-se utilizar uma mesma nanopartícula para promover o contraste da imagem por ressonância magnética (RM), e após a localização do tumor, esse mesmo material pode liberar um quimioterápico no local e até causar aumento localizado da temperatura, causando morte celular no tumor. Em nosso laboratório, a produção e aplicação desses nanomateriais teranósticos está em andamento.
De que forma a nanotecnologia aplicada à medicina aprimora o diagnóstico e o tratamento de doenças?
De várias formas, tanto em diagnóstico quanto em terapia. Em diagnóstico, ressaltamos a utilização de nanopartículas – partículas, geralmente esféricas, com diâmetros da ordem de alguns nanometros (1 nm = 1 x 10-9 m) que possuem propriedades magnéticas e são praticamente não-tóxicas – como agentes de contraste em imagem por ressonância magnética. Uma nanopartícula é decorada com receptores específicos que identificam tumores dentro do corpo, e se alojam nesses locais. Isso facilita o contraste da imagem por RM, de maneira que tumores que antes seriam pouco visíveis, agora são visualizados.
Em terapia, várias nanopartículas de diferentes materiais (metais, polímeros e cerâmicas) têm sido estudadas para carregar um fármaco até um local específico dentro do corpo, por exemplo, um tumor ou um órgão afetado. Ao chegar à região específica, essas nanopartículas podem entrar nas células e liberar o fármaco, como um quimioterápico, aumentando a eficácia do tratamento e diminuindo os efeitos colaterais, pois a nanopartícula só libera o fármaco no local correto. Outra forma de terapia é através da hipertermia, na qual com um estímulo externo, pode-se aumentar a temperatura do local onde estão alojadas as nanopartículas, e assim promover a morte celular de um tumor, por exemplo.
Os nanomateriais podem ajudar ainda os processos biomédicos, como na fabricação de biossensores (como o glicosímetro), pois podem tornar as análises clínicas mais baratas e eficazes.
Em relação aos materiais usados, eles podem encarecer um tratamento/diagnóstico futuro?
Pelo contrário, na maioria das vezes (há exceções) o que se busca é um sistema de diagnóstico ou de terapia mais eficiente e a custo bem mais reduzido. Os materiais utilizados para a fabricação das nanopartículas podem não ser baratos, como, por exemplo, ouro ou alguns polímeros, mas as quantidades [usadas para a fabricação] são muitíssimo pequenas, o que faz com que o produto final tenha uma ótima relação custo-benefício.
Valtencir Zucolotto, físico, professor e pesquisador do Laboratório de Nanomedicina e Nanotoxicologia do Instituto de Física de São Carlos, da USP.
* * * * *
Usos
Confira algumas aplicações da nanomedicina:
Contraste
As nanopartículas são desenvolvidas para funcionarem como mísseis teleguiados, que rumam em direção a um tumor e se fixam especificamente ao redor de células tumorais. Por serem pequenas e funcionalizadas, há menor risco de que acabem abrangendo também as células saudáveis. Carregam consigo marcadores que agem como contraste e permitem que o tumor seja localizado por meio de técnicas de ressonância magnética.
Sensores
Um dos projetos desenvolvidos pelo IFSC em parceria com o Instituto do Coração (Incor) é monitorar o nível de uma proteína chamada troponina que é produzida e liberada quando há risco de infarto. Para isso, são criados biossensores feitos a partir de nanopartículas que detectam níveis muito pequenos e precisos da troponina no sangue de um paciente, assim como se houve aumento na variação desses mesmos níveis que alertem para um risco de infarto. O mesmo pode ser aplicado para exames de diabetes e de anticorpos produzidos por doenças específicas.
Fase da pesquisa
As nanopartículas ainda não fazem parte da clínica médica em humanos, sendo testadas apenas em células in-vitro e modelos animais. Ainda não se sabe se o corpo se adaptará a elas sem nenhum risco, mas estudos estão sendo feitos nessa área. O Laboratório de Nanomedicina e Nanotoxicologia do IFSC/USP, por exemplo, possui linhas de pesquisa justamente com esse fim, além de estudar seus efeitos sobre o meio-ambiente.
Materiais
A maior parte das nanoestruturas é desenvolvida com metais como ouro, prata, platina, carbono e polímeros naturais.
Diferenças
Veja as distinções entre a medicina tradicional e a nanomedicina:
A nanotecnologia aplicada à área da medicina vale-se de nanomateriais, em geral, as nanopartículas, partículas compostas por algumas centenas de átomos que, por terem um tamanho muito pequeno, possuem características únicas que permitem agir de forma mais eficaz ou localizada sobre um tumor ou se associar melhor a uma proteína importante para se chegar a determinado diagnóstico. Em geral, partículas “normais”, por terem um tamanho maior, muitas vezes superior ao das células que se pretende tratar, perdem algumas características importantes para aperfeiçoar o tratamento ou o diagnóstico. Um exemplo: por ser muito pequena, uma nanopartícula quimioterápica pode se infiltrar melhor dentro de uma célula cancerígena, fazendo não só com que o contato com esse tumor seja maior (já que a nanopartícula tem maior área superficial específica), mas com que o tratamento seja mais localizado, evitando que o quimioterápico atinja muitas células vizinhas que são saudáveis.

sábado, 27 de julho de 2013

Novos testes para a depressão

A doença que afeta 17 milhões de brasileiros poderá ser detectada por exames de sangue e de imagens cerebrais e não mais apenas por avaliação dos sintomas feita pelo psiquiatra. Esses recursos também permitirão um melhor tratamento

Mônica Tarantino
Cerca de 17 milhões de brasileiros sofrem de depressão. Em face da gravidade do problema, a ciência procura formas de superar os obstáculos ao seu controle. Os dois principais são a dificuldade de obter um diagnóstico preciso – hoje, ele é realizado basicamente pela avaliação dos sintomas feita pelo psiquiatra – e as limitações para melhorar a resposta de cada paciente aos antidepressivos. A estimativa é de que apenas 30% dos indivíduos melhorem com a primeira opção indicada.
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MARCADORES
Zanetti, da USP, estuda a aplicação de exames de imagem
para rastrear alterações cerebrais associadas à doença
Em relação a soluções para este último problema, a novidade é a chegada de exames capazes de apontar de que maneira um paciente responderá ao remédio. Começou a ser usado no Brasil, por exemplo, o teste MD Metal. A partir de uma amostra de saliva, ele analisa o DNA para identificar variações em genes ligados ao metabolismo e a eficácia de medicamentos psiquiátricos. “Ajuda o médico a prever a resposta a mais de 40 antidepressivos, estabilizadores de humor e antipsicóticos”, diz o patologista Hélio Torres Filho, diretor do Laboratório Richet, no Rio de Janeiro, que oferece o teste há um mês.
No Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo, pacientes que apresentam dificuldade na adaptação ao tratamento podem ser submetidos a um teste que analisa alterações genéticas associadas ao ritmo de absorção dos remédios. “Estudos mostram que 20% das pessoas os metabolizam mais rápido ou mais lentamente, o que interfere no sucesso do tratamento”, explica o psiquiatra Marcus Zanetti, do Laboratório de Neuroimagem da USP. Esse tipo de investigação poderá ser feito também por exames de imagem. Recentemente, a neurologista Helen Mayberg, da Universidade Emory (EUA), identificou padrões cerebrais diferentes que predizem melhor aceitação à terapia ou aos remédios: pessoas com atividade maior na região da ínsula direita do cérebro, área ligada às emoções, se dão melhor com antidepressivos do que com terapia. Menor atividade metabólica na região indica os que se saem melhor com terapia. “São pesquisas promissoras. Atualmente essa escolha é feita com base nos sintomas, mas é comum trocar o remédio porque não surtiu efeito”, diz o psiquiatra Eduardo Nogueira, da PUC/RS, onde estão em andamento experimentos para aprimorar o diagnóstico e o tratamento da doença.
No que diz respeito ao diagnóstico, os cientistas estão à procura de indicadores – substâncias no sangue ou alterações cerebrais associadas à doença. “Queremos definir marcadores equivalentes aos que os cardiologistas identificaram no sistema circulatório para o risco de doenças cardiovasculares”, disse à ISTOÉ o pesquisador Peter Williamson, da Universidade Western (Canadá).
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PESQUISA
Nogueira, do Instituto do Cérebro da PUC/RS, avalia pacientes em
busca de biomarcadores que ajudem a definir o melhor tratamento
Algumas informações já foram obtidas e originaram algumas possibilidades de testes. Já se sabe, por exemplo, que os pacientes costumam apresentar menor fluxo sanguíneo em determinados pontos do cérebro. Um teste de imagem cerebral que registra a ação e que pode ser adotado é o PET. Outro instrumento possível é medir as ondas cerebrais por meio de eletroencefalograma (80% dos pacientes tendem a ter padrões anormais durante o sono). Na área de compostos químicos identificados em exames de sangue, há, entre outros, a medição de uma substância (5-HIAA) associada à doença e o chamado teste de supressão de dexametasona. Este último ajuda a diferenciar o diagnóstico de depressão do de esquizofrenia.
Na PUC/RS, o neurorradiologista Ricardo Soder irá explorar o potencial da ressonância magnética funcional aplicada a doentes com transtornos como a depressão. Ele procura alterações na forma como as áreas do cérebro se conectam para trabalhar em conjunto. “As imagens são comparadas às de pessoas sem as doenças. O objetivo é encontrar um teste para ajudar no diagnóstico”, diz.
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Outro campo explorado é achar marcadores capazes de revelar a predisposição à enfermidade. Na Universidade Johns Hopkins (EUA), cientistas anunciaram um possível marcador para identificar gestantes com maior risco de depressão pós-parto. “São dois genes que se mostram alterados em mulheres que tiveram depressão pós-parto”, explicou à ISTOÉ Zachary Kaminsky, autor do estudo. O pesquisador acredita que a detecção das alterações químicas associadas à ação desses genes poderia antecipar com 85% de acerto o risco dessa modalidade da doença.
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Fotos: Rogério Cassimiro; Marcos Nagelstein

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Mulheres maiores têm mais chance de desenvolver câncer, diz estudo

Cientistas descobriram relação entre estatura e doença

AFP
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As mulheres mais altas enfrentam maiores riscos em relação a diversos tipos de câncer, segundo estudo norte-americano publicado nesta quinta-feira.

Os pesquisadores estudaram uma mostra de quase 145.000 mulheres, após a menopausa, de entre 50 e 79 anos para uma análise publicada na revista norte-americana Cancer Epidemiology.

Os cientistas descobriram que a cada 10 centímetros adicionais de altura haveria um risco 13% maior de contrair câncer.

"Em última instância, o câncer é resultado de um processo relacionado com o crescimento e faz sentido que os hormônios ou outros fatores de crescimento que influenciam a altura também afetem o risco de câncer", afirmou o principal autor do estudo, Geoffrey Kabat, epidemiologista do Albert Einstein College of Medicine da Universidade de Yeshiva em Nova York.

Após 12 anos acompanhando mulheres que começaram o estudo sem ter câncer, os pesquisadores encontraram vínculos entre uma maior altura e uma maior possibilidade de desenvolver câncer de mama, colo, endométrio, rim, ovário, reto, tireoide, assim como mielomas múltiplos e melanomas.

O vínculo com a altura permaneceu inclusive depois de os cientistas ajustarem fatores que podem influenciar esses tipos de câncer, como idade, peso, educação, fumo, consumo de álcool ou terapia hormonal.

"Estamos surpresos com o número de tipos de câncer que são associados positivamente com a altura", acrescentou Kabat.

Em alguns cânceres houve maior risco entre mulheres mais altas, como risco de 23 a 29% a mais de desenvolver câncer de rim, reto, tireoide e sangue a cada 10 centímetros adicionais de altura.

Nenhum dos 19 cânceres estudados mostrou um menor risco relacionado com uma altura maior.

O estudo não estabeleceu um certo nível de altura em que o risco de câncer começa a aumentar e Kabat afirmou que é importante lembrar que o aumento do risco é pequeno.

"É necessário levar em conta que aspectos como a idade, o fato de ser fumante, o índice de massa corporal ou outros fatores de risco têm efeitos muito mais consideráveis", disse.

"A associação da altura com vários tipos de câncer sugere que as exposições, nos primeiros momentos da vida, incluindo a nutrição, desempenham um papel na hora de influenciar o risco de uma pessoa a sofrer câncer".

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Fugir de aglomeração, lavar as mãos e tomar vacina evitam doenças no frio

Médicos dão dicas para prevenir problemas como gripe, resfriado e alergia.
Para não ter ressecamento e coceira na pele, tome banhos mais curtos.

Luna D'Alama Do G1, em São Paulo
Paulistanos se deparam com ar frio da rua ao sair do metrô São Bento, no centro da cidade (Foto: Caio Kenji/G1)Contato humano em ambientes de aglomeração, como metrô, pode favorecer doenças (Foto: Caio Kenji/G1)
Com o frio intenso e repentino dos últimos dias, muitas pessoas – principalmente no Sul e Sudeste – já estão preocupadas com possíveis gripes, resfriados e outros problemas respiratórios ligados à queda das temperaturas. Para evitar essas e outras doenças, o G1 ouviu especialistas no assunto e traz algumas dicas para você se prevenir.
Segundo o infectologista e imunologista Esper Kallás, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), não é o frio que transmite doenças, mas a aglomeração de pessoas em um mesmo lugar, principalmente se houver tosse, espirros e contato físico.
"Se o responsável fosse o frio, os países do norte e extremo sul do planeta teriam mais doenças, e não é o que a gente vê. O importante é evitar contato com quem está doente, lavar sempre as mãos (com água e sabão ou álcool em gel) e manter o calendário de vacinação atualizado (contra gripe e meningite, por exemplo), principalmente entre os grupos de risco", enumera. Com a imunização, se a doença vier, será mais fraca, por vírus não incluídos na dose deste ano.
Vá ao PS só em emergência
O médico lembra, ainda, que não se deve ir ao pronto-socorro à toa, apenas quando o indivíduo precisar de fato, se estiver passando muito mal.
Se o paciente estiver com um resfriado simples, febre baixa, não compensa (ir ao pronto-socorro)"
Esper Kallás,
infectologista e imunologista
"Caso o paciente esteja com um resfriado simples, febre baixa, não compensa (ir ao PS), pois pode acabar pegando alguma doença mais séria por lá", diz Kallás.
O pediatra Clóvis Francisco Constantino, vice-presidente da Sociedade de Pediatria de São Paulo, reforça que, se a criança ou o adulto apresentar algum sintoma respiratório, é melhor procurar um médico no consultório, e só ir ao PS se for uma situação verdadeira de urgência ou emergência.
"Se a criança estiver alegrinha, com uma atividade boa, não é urgente", destaca. O clínico geral Arnaldo Lichtenstein, do Hospital das Clínicas de São Paulo, complementa: "Se os sintomas não melhorarem em dois ou três dias, com muita coriza, tosse e outros sinais, aí sim é bom procurar um médico", diz.
Crises de asma, rinite e bronquite costumam piorar
no frio (Foto: ilustrativa/Jupiterimages BananaStock)
Problemas respiratórios, alérgicos e circulatórios
Já quem tem problemas respiratórios (como asma) ou alérgicos (como rinite e bronquite) deve fazer acompanhamento contínuo com um profissional e estar medicado, e não apenas se tratar durante o frio, quando há maior risco de choque térmico e piora das crises.
Cerca de 80% dos pacientes com asma já enfrentaram crises de rinite (Foto: ilustrativa / Jupiterimages BananaStock) Por isso, de acordo com Lichtenstein, é importante se agasalhar bem e evitar sair muito rápido de um ambiente quente para o frio.
"Banhos muito quentes e demorados ressecam a pele e podem dar coceira intensa", afirma.
Mas é preciso ficar atento para não se cobrir demais nem "encapotar" as crianças, para que a pessoa não sue, tire a roupa e se exponha de forma abrupta a esse contraste, diz o pediatra Constantino.
O clínico Lichtenstein lembra, ainda, que a pressão arterial costuma aumentar no inverno, por isso quem tem hipertensão deve manter a doença sob controle.
Banhos muito quentes e demorados ressecam a pele e podem dar coceira intensa"
Arnaldo Lichtenstein,
clínico geral
Para o clínico geral Alfredo Salim Helito, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, pessoas que apresentam problemas circulatórios, principalmente nos membros inferiores, devem ter muito cuidado com água quente, aquecedores e cobertores térmicos.
"Prefira meias de lã e roupas que realmente aquecem, e não métodos mecânicos, pois essas doenças causam alteração de sensibilidade e a pessoa pode queimar o pé sem perceber", ressalta.
O médico pede atenção especial para crianças, idosos, diabéticos, pacientes com câncer, transplantados e imunossuprimidos em geral (como indivíduos com HIV), que ficam ainda mais suscetíveis a doenças.
"Uma boa dica é pôr as roupas de frio e cobertores ao ar livre, para ventilar, mesmo que não tenha sol. Isso destrói os ácaros e é melhor que usar um aquecedor, que pode ressecar demais o ar e ainda aumentar o risco de acidentes, queimaduras e até incêndios", diz Salim Helito.
Beber água ajuda a fortalecer o sistema imune
durante o inverno (Foto: reprodução/TV Tem)
Umidade do ar chegou a 15% na região de Lins. Clima de deserto. (Foto: reprodução/TV Tem)Alimentação e hidratação
É importante também se manter bem alimentado e hidratado nesta época. O clínico do Sírio-Libanês recomenda sopas, leite e chá quente para manter o corpo aquecido.
Mas Lichtenstein alerta para os exageros: "No frio, a gente costuma comer demais, por isso é importante ficar de olho".
O pediatra Constantino reforça a necessidade de ingerir bastante líquido. "Um organismo bem hidratado é mais resistente a doenças, o sistema imune funciona melhor, o sangue circula de forma mais eficiente e oxigena bem os tecidos", enumera.
Sobre os alimentos, ele diz que é preciso comer sem restrições, mas com moderação. E fazer isso devagar, de maneira suave, mastigar bem, para não chegar nada gelado no fundo da garganta.
Uma boa dica é pôr as roupas de frio e cobertores ao ar livre, para ventilar, mesmo que não tenha sol. Isso destrói os ácaros e é melhor que usar um aquecedor"
Alfredo Salim Helito,
clínico geral
Pele
Um dos órgãos que mais sofrem durante o inverno é o maior do corpo humano: a pele. Segundo o pediatra Constantino, quando for tomar banho, aqueça primeiro o ambiente, por cerca de 5 minutos, para melhorar o nível de conforto. Não há problema em usar aquecedor no local, segundo ele. Antes de sair e se trocar, porém, desligue o aparelho, para não sofrer nenhum choque térmico.
Além disso, vários problemas de pele podem piorar com o frio, segundo a médica Denise Steiner, presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia. É o caso da acne, da psoríase (doença inflamatória que causa manchas avermelhadas com descamação), da rosácea (doença crônica que deixa o rosto avermelhado) e dos eczemas (inflamações que causam coceira, vermelhidão e inchaço pelo corpo).
Isso ocorre porque o frio aumenta o ressecamento da pele e acaba piorando a coceira. Ao se coçar, a pessoa fica com mais lesões. E os mais velhos sofrem ainda mais, por já terem a pele naturalmente mais seca.
Hidratante evita ressecamento e coceira na pele e
é melhor ser usado após o banho (Foto: TV Globo)
creme hidratante (Foto: TV Globo) A dica de Denise é não tomar mais de um banho por dia, principalmente no frio, e hidratar bem a pele do corpo inteiro.
"Passe o creme com a pele ainda úmida, após tirar o excesso de água com a toalha. Essa é a hora ideal, pois a pele fica mais receptiva à penetração do produto. Além disso, existem alguns hidratantes próprios para o banho, para usar debaixo do chuveiro", diz a médica.
Segundo a dermatologista, é importante também ficar de olho nas unhas e no couro cabeludo, que podem apresentar problemas de ressecamento nesta época do ano.
"A cabeça pode coçar, assim como a pele. Por isso, evite xampus antisseborreicos, que desengorduram demais e podem desidratar o couro. Outras dicas são trocar o xampu neste período, não lavar o cabelo mais de uma vez por dia e passar loção hidratante nos fios", afirma.
Outras dicas são trocar o xampu neste período, não lavar o cabelo mais de uma vez por dia e passar loção hidratante nos fios"
Denise Steiner,
dermatologista
Para as unhas, vale hidratar bem toda a mão e colocar luvas, para o produto penetrar mais. O mesmo é indicado para os pés: aplique um hidratante, feche com um papel-filme, durma com ele e retire ao acordar. Se não quiser passar a noite com o creme, faça isso antes de dormir ou quando preferir.
Denise também recomenda, para melhorar a pele, beber bastante líquido e ingerir cápsulas de ômega 3, óleo de linhaça ou óleo de peixe, sempre sob recomendação médica.
"Além disso, se a pessoa estiver fazendo algum tratamento antienvelhecimento, com ácido retinoico, e apresentar irritação, vermelhidão e descamação, como se tivesse feito um peeling, o ideal é interromper o uso dos ácidos mais fortes, associar com um hidratante e ver se dá para continuar o processo", afirma.
Veja abaixo as diferenças de sintomas mais comuns entre resfriado e gripe:
Características Resfriado Gripe (comum e H1N1)
Febre (Foto: Arte/G1)
Não chega a 38º C Costuma ser alta, acima de 38º C
Dor de cabeça (Foto: Arte/G1)
Fraca Intensidade média
Dor muscular (Foto: Arte/G1)
Fraca Intensidade média
Dor de garganta (Foto: Arte/G1)
Pode haver Pode haver
Tosse (Foto: Arte/G1)
Fraca Geralmente forte
Espirros (Foto: Arte/G1)
Sim Sim
Mal-estar (Foto: Arte/G1)
Sim Sim
Cansaço (Foto: Arte/G1)
Fraco Médio
Secreção nasal (Foto: Arte/G1)
Intensa Intensa
Muco (catarro) (Foto: Arte/G1)
Intenso Intenso
Diarreia (Foto: Arte/G1)
Não Pode haver
Dor nos olhos (Foto: Arte/G1)
Apenas quando há conjuntivite associada Apenas quando há conjuntivite associada
Manchas vermelhas (Foto: Arte/G1)
Não Não
Calafrios (Foto: Arte/G1)
Não Sim, associados à febre
Perda de apetite (Foto: Arte/G1)

Comum e associado à perda do paladar e do olfato Comum e associado à perda do paladar e do olfato
Complicações (Foto: Arte/G1)
Geralmente não há, mas pode evoluir para uma sinusite Pneumonia, broncopneumonia, otite, bronquite, sinusite e insuficiência respiratória
Duração (Foto: Arte/G1)
De dois a quatro dias. Em fumantes, pode chegar a uma semana Uma semana
Fontes: Infectologista Caio Rosenthal, do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo e do Instituto de Infectologia Emílio Ribas; clínico geral e infectologista Paulo Olzon, da Escola Paulista de Medicina/Unifesp, e Ministério da Saúde

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Pular o café da manhã faz mal ao coração, diz estudo

Segundo pesquisa americana, homens que não fazem o desejejum regularmente têm um risco maior de infartar ou morrer por doença coronariana

Homem tomando café-da-manhã
Alimentação: deixar de tomar café da manhã pode ser um hábito ruim para a saúde cardíaca (Thinkstock)
O café da manhã é a refeição mais importante do dia por uma série de motivos — entre eles, por fornecer ao corpo energia suficiente para começar o dia e evitar que uma pessoa tenha muita fome na hora de almoçar e, consequentemente, coma exageradamente. Uma nova pesquisa feita na Universidade Harvard, nos Estados Unidos, confirma a importância do desjejum ao engrossar a lista de problemas que essa refeição ajuda a evitar. Segundo o estudo, homens que pulam o café da manhã têm 27% mais riscos de infartar ou de sofrer uma doença coronariana fatal.

Saiba mais

DOENÇA CORONARIANA
Também chamada de coronariopatia, é uma doença cardiovascular na qual as artérias coronárias, que levam o sangue ao músculo cardíaco, encontram-se bloqueadas parcial ou completamente. Esse bloqueio é provocado pelo depósito de colesterol e outras gorduras nas paredes das artérias. Atinge os homens, em geral, dez anos mais cedo que as mulheres, que costumam desenvolver a doença após a menopausa. Idade avançada, pertencer ao sexo masculino e ter histórico familiar da doença na família são alguns dos fatores de risco do problema — que também envolvem hábitos de vida, como tabagismo, má alimentação, sedentarismo e obesidade.
De acordo com Leah Cahill, pesquisadora do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública de Harvard e coordenadora do estudo, pular o café da manhã pode levar a um ou mais fatores de risco ao coração, como obesidade, pressão alta e diabetes.
A pesquisa, publicada nesta segunda-feira no periódico Circulation, aplicou, ao longo de 16 anos, vários questionários sobre hábitos alimentares em 26.902 homens de 45 a 82 anos de idade.
Resultados — Ao final do estudo, a equipe descobriu que os participantes que tinham o hábito de pular o desjejum apresentaram um risco 27% maior de infartar ou de morrer em decorrência de uma coronariopatia, em comparação com aqueles que faziam a refeição. De acordo com o levantamento, os homens que não tomavam café da manhã tendiam a ser mais jovens, eram mais propensos a fumar, a trabalhar em período integral, e a ser solteiros e sedentários.
“Não pule o café da manhã. Essa refeição está associada a uma diminuição do risco de ataques cardíacos. Incorporar alimentos saudáveis é uma forma fácil de garantir que a refeição forneça uma quantidade de energia adequada e um equilíbrio de nutrientes saudáveis”, diz Leah. “Adicionar nozes e frutas picadas em uma tigela com cereal integral, por exemplo, é uma ótima maneira de começar o dia.”

terça-feira, 23 de julho de 2013

Médicos de pelo menos dez estados suspenderão atendimentos nesta terça-feira

Paralisação deve atingir tanto a rede pública como a privada e é um protesto contra o programa Mais Médicos e os vetos da presidente Dilma Rousseff à lei do Ato Médico

Médico
Protestos: Médicos de diversos estados brasileiros pretendem suspender atendimentos na rede pública e na privada nesta terça-feira (Thinkstock)
Médicos de pelo menos dez estados brasileiros vão suspender o atendimento a pacientes nesta terça-feira. A paralisação, que deve atingir tanto a rede pública como a privada, é um protesto contra o programa Mais Médicos e os vetos da presidente Dilma Rousseff à lei do Ato Médico. Os atendimentos de urgência e emergência serão mantidos. De acordo com a Federação Nacional dos Médicos (Fenam), os sindicatos que já aderiram à paralisação são os dos seguintes estados: Acre, Amazonas, Bahia, Ceará, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco e Rio Grande do Norte.
Os sindicatos do Distrito Federal e do Piauí informaram que vão protestar de outras formas, sem suspender o atendimento — uma das sugestões é a de que os médicos usem uma faixa preta no braço, simbolizando luto. A Fenam ainda aguarda a posição dos sindicatos dos demais estados — o Sindicato dos Médicos de São Paulo tem reunião marcada para às 20h30 desta segunda-feira. Segundo a Fenam, devido à visita do papa Francisco, é pouco provável que haja paralisação no Rio de Janeiro.
Proposta — O programa Mais Médicos, elaborado pelos Ministérios da Saúde e da Educação, prevê a importação de médicos estrangeiros para ocupar as vagas não preenchidas por profissionais brasileiros. A medida dispensa os profissionais do exterior do exame que autoriza a atuação de estrangeiros no país, o Revalida: pelo texto, três semanas de experiência em universidades serão suficientes para atestar a qualidade do médico. O programa também aumenta a duração dos cursos de medicina de seis para oito anos. Durante esses dois anos extras, os estudantes terão de atuar no Sistema Único de Saúde (SUS).
Ato Médico — O projeto de lei conhecido como Ato Médico restringe aos médicos procedimentos como prescrição de medicamentos, diagnóstico de doença e aplicação de anestesia geral. A proposta, que tramitou por 11 anos no Congresso, foi aprovada pela presidente na última quinta-feira, com 10 vetos.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

No Ceará- Dez mortes por dengue só neste ano

O boletim ainda aponta crescimento de 11,81% no total de casos em sete dias, ou seja, 1.362 pessoas com a doença
Confirmada mais uma morte por dengue no Ceará. Ao todo, somam-se dez vítimas da doença em 2013. Os dados são do último boletim epidemiológico da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), divulgado no dia 19. Segundo o documento, este novo óbito foi na cidade de Maracanaú, por uma das formas mais graves da doença, no caso a Dengue com Complicação (DCC).

Em 2013, foram isolados vírus de dengue em 28 amostras. Destas, 27 foram de DENV-4 e uma por DENV-1. Dos dez óbitos confirmados no Estado, cinco pertencem à Capital. A Regional VI possui mais pessoas com a doença FOTO: NATINHO RODRIGUES

Essa é primeira morte pela doença, neste ano, no município. Ao todo, a cidade possui 613 pessoas confirmadas com a doença e figura entre os 34 municípios com alta incidência, um total de 287,25 casos por 100 mil habitantes. Em meados de julho ano passado, em que houve epidemia, o Estado registrou 21 mortes, 14 delas na Capital.

O boletim também aponta um crescimento de 11,81% no total de casos confirmados em sete dias, ou seja, 1.362 pessoas foram atingidas pela doença. Destas novas confirmações, 498 pertencem a Capital.

Até o último boletim epidemiológico, o Estado possuía 12.885 confirmações da doença, dos quais 34,6% são de Fortaleza, o que corresponde a 4.464. Dos dez óbitos confirmados no Estado, cinco pertencem a capital cearense.

Das seis Secretarias Executivas Regionais (Ser´s) que dividem Fortaleza, a Ser VI é que possui mais pessoas confirmadas com dengue, no caso 1.335.

Dentre os bairros pertencentes a esta Regional, Messejana (197) e Barroso (169) são os que possuem o maior número de pessoas com a doença.

Além disso, dentre os bairros da Capital, o Bom Jardim (184), Mondubim (218), Canindezinho (163), todos estes na Regional V, são os que possuem maior número de casos.

Outra cidade que também possui muitos casos é Tauá, com 820 pessoas que contraíram a doença, ou seja, 6,3% do total de casos do Ceará.

Em 2013, até o dia 19, foram isolados vírus de dengue em 28 amostras. Destas, 27 foram de DENV-4 e uma por DENV-1, no município de Madalena, onde circula os sorotipos DENV-1 e DENV-4.

Incidência

Embora o Ceará registre uma baixa incidência da doença, no caso 149,72 casos por 100 mil habitantes, 24 municípios apresentam alta incidência da doença. Quatro destes entraram na lista nos últimos setes dias. São eles Eusébio, Ipaumirim, Trairi e Uruburetama. As 24 cidades em questão estão com incidência superior a 300 casos por 100 mil habitantes. Em 29 dias, 12 municípios foram inclusos nesta lista.

Uma das cidades com alta incidência é Cascavel, pertencente à Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), que confirmou viver uma epidemia. Pacajus, outro município da RMF, também está incluída neste grupo.

O índice descrito no documento preocupa, tendo em vista que o Ministério da Saúde classifica como indicativo de epidemia quando se registra uma incidência de 300 casos por 100 mil habitantes. Porém, fica a critério de cada Estado ou cidade declarar estado epidêmico ou não.

Dentre as ações de combate à doença, a Sesa divulgou o incremento de 80 profissionais capacitados no II Curso de Atualização para Agentes de Endemias da 10ª Região de Saúde, que o Núcleo de Controle de Vetores da Secretaria da Saúde do Estado (Nuvet/Sesa) realizou em junho deste ano.

As cidades onde a qualificação dos profissionais chegou foi Jaguaribe, Alto Santo, Ererê, Iracema, Jaguaribara, Jaguaribe, Limoeiro do Norte, Potiretama, Pereiro, Quixeré, São João do Jaguaribe e Tabuleiro do Norte. Em cinco cursos realizados neste ano, já foram treinados 400 agentes de endemias.

THAYS LAVORREPÓRTER

domingo, 21 de julho de 2013

Mentes à base de remédio

Frutos do excesso de diagnósticos, antidepressivos e estabilizadores de humor ganham cada vez mais espaço entre adultos e crianças

  Rafael Waltrick Somente no ano passado, foram vendidos no Brasil 42,3 milhões de caixas de medicamentos antidepressivos, estabilizadores de humor e ansiolíticos (que diminuem a ansiedade), o que gerou um movimento de R$ 1,85 bilhão – 16% a mais do que em 2011. O aumento no número de diagnósticos e, consequentemente da prescrições de remédios, tem colocado em alerta especialistas e entidades para o fenômeno que, tanto no país quanto no exterior, já se convencionou chamar de “hipermedicalização” da população.

Alerta O metilfenidato, em geral, é a primeira escolha de medicação para tratar o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Saiba mais sobre o remédio e o transtorno:
Remédio
O metilfenidato é um psicoestimulante em forma de comprimido conhecido no Brasil pelo nome comercial de Ritalina ou Concerta. A embalagem é faixa preta e a venda só pode ser feita com prescrição médica.
Transtorno
O TDAH é um dos transtornos neurológicos do comportamento mais comuns na infância e, segundo dados da Anvisa, afeta de 8% a 12% das crianças no mundo, sendo o motivo mais frequente de consultas nos serviços de saúde mental envolvendo essa faixa etária.
Sintomas
Uma criança com TDAH tem dificuldade para prestar atenção e parece não ouvir quando se fala diretamente com ela. Também é comum que o doente esqueça as coisas, fale excessivamente, mova-se constantemente e tenha dificuldade para esperar sua vez. O metilfenidato age aumentando a atenção e controlando estes impulsos.
Diagnóstico
Diagnosticar o transtorno é complicado porque parte dos sintomas são comuns à faixa etária em si. Assim, o diagnóstico depende muito de relatos dos pais e professores. A Anvisa reforça que nenhum exame laboratorial confiável prevê esse tipo de problema.
R$ 400 é a estimativa de quanto cada brasileiro deve gastar, em média, com remédios em 2016, ano em que o total movimentado com a venda de medicamentos no país pode ultrapassar a marca de US$ 42 bilhões – o equivalente a R$ 93 bilhões. As projeções, calculadas pela consultoria IMS Health, colocam o Brasil como um “mercado farmacêutico emergente”, ao lado de nações como China, Rússia e Índia. Pelas estimativas, o país assumirá em 2016 o quarto lugar no ranking dos mercados que mais gastam com remédios, atrás apenas dos Estados Unidos, China e Japão.
A preocupação se acentuou nos últimos anos com a produção de novas pesquisas e livros sobre o tema. Estudo divulgado neste ano pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), por exemplo, revela que, entre 2009 e 2011, o consumo do medicamento metilfenidato – popularmente conhecido como Ritalina, um de seus nomes comerciais – mais do que dobrou no Brasil. O remédio, usado no tratamento do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), tem ganhado espaço principalmente entre crianças e adolescentes (veja infográfico). Somente no Paraná, o consumo do remédio na faixa entre 6 e 16 anos aumentou 118% no período estudado.
A Ritalina aumenta a atenção e controla os impulsos de crianças diagnosticadas com transtornos. Não sobram críticas, porém, ao uso indevido do medicamento, tratado por pais e educadores como uma ferramenta para controlar os jovens mais exaltados – tanto que o remédio é chamado de “droga da obediência”.
A psicóloga Renata Guarido é uma das críticas do uso do metilfenidato, tema de um estudo apresentado em sua dissertação de mestrado na Universidade de São Paulo (USP). Segundo ela, muitos agentes escolares “estão crentes de que a variação no uso do remédio é responsável pela variação dos comportamentos e estados psíquicos das crianças.”
A banalização de diagnósticos e o uso irrestrito para tratar transtornos mentais não se restringem ao metilfenidato. A professora da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Campinas (Unicamp) Rosana Onocko-Campos recentemente esteve à frente de um projeto que percorreu postos de saúde e Centros de Atenção Psicossocial (Caps) de Campinas. Descobriu que, nesses locais, o tratamento em saúde mental está reduzido ao uso de psicotrópicos. “A pressão vem de todos os lados, inclusive da indústria farmacêutica, que tem interesse que se prescreva mais. Hoje vivemos numa sociedade em que temos que estar bem e alegres o tempo inteiro. Se ser saudável é isso, então tenho que estar o tempo inteiro intoxicada com algo”, critica.
Primeiro o diálogo, depois a prescrição
O último levantamento da Anvisa focado em remédios controlados, de 2011, mostra que quase metade destes medicamentos vendidos nas farmácias são para transtornos mentais e de comportamento. Conforme a agência, entre os 143 medicamentos de venda controlada comprados por meio de receitas entre 2007 e 2010, 44% figuram no rol de antidepressivos, ansiolíticos e estabilizadores de humor.
A tendência de embasar o tratamento psiquiátrico unicamente nos medicamentos é criticada por parte dos médicos. Ao mesmo tempo em que descartam o uso do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM, na sigla em inglês), esses profissionais defendem um retorno ao tratamento clássico, focado nos anseios e temores do paciente, e não apenas em seus sintomas.
“Temos que deixar mais afinado o diagnóstico e propor a medicação só quando o paciente efetivamente precisar. É preciso, principalmente, conhecer a história da pessoa, entender como surgiu esse problema, o que ele está sentindo, o que ele pretende. E essas são questões que somente uma conversa técnica e afetiva vai esclarecer”, defende o médico psiquiatra Osmar Ratzke.
Contrassenso
Para o diretor-secretário da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Luiz Carlos Coronel, a popularização dos antidepressivos e remédios semelhantes também mascara um grave contrassenso: enquanto parte da população acaba medicada sem necessidade, outra parcela segue sem ter acesso ao tratamento. “O grande problema não é o diagnóstico exagerado, mas a falta de assistência na rede pública. Às vezes, se leva de três a cinco anos para se fazer um diagnóstico de depressão e, aí, essa pessoa já começa o tratamento como um doente crônico”, diz.
Atualizações do Manual da Psiquiatria têm relação íntima com o “boom” da indústria farmacêutica

Nos Estados Unidos, principal mercado consumidor de medicamentos no mundo e onde nasceu há 60 anos o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM, na sigla em inglês), as discussões sobre a "hipermedicalização" têm chegado ao grande público por meio de jornalistas e médicos que colocam em xeque a eficácia dos remédios para tratar doenças como a depressão e o déficit de atenção. Em seu livro "Anatomy of an Epidemic" (Anatomia de uma Epidemia, sem lançamento no Brasil), o jornalista Robert Whitaker defende que estes medicamentos não são só ineficazes, mas prejudiciais à saúde.
Whitaker lembra que, assim que os efeitos colaterais de certo remédio aparecem, estes efeitos são tratados com outras drogas e, ao fim, o paciente acaba refém de um "coquetel de medicamentos para tratar um coquetel de diagnósticos". Tanto o jornalista, que recebeu prêmios pelo livro, quanto outros especialistas, têm como alvo principal a indústria farmacêutica, considerada uma das mais influentes no país.
De fato, a escalada da produção dos antidepressivos e ansiolíticos coincide com a elaboração da terceira versão do DSM, em 1980, quando, pela primeira vez, transtornos mentais passaram a ser diagnosticados a partir da presença de um certo número de sintomas relatados no manual. O guia passou a garantir que diferentes psiquiatras que atendessem o mesmo paciente propusessem o mesmo diagnóstico. Mas, por outro lado, também passou a justificar o uso em massa de medicamentos para atacar os sintomas descritos.

sábado, 20 de julho de 2013

Surto de diarreia já matou 48 pessoas em Alagoas

Em 27 cidades alagoanas a doença é tratada como epidemia pela Secretaria estadual de Saúde. Outros 40 municípios estão em alerta
  agência o globo
Há uma semana, Camila, de 3 anos, está com diarreia. As dores e o sangue fizeram a mãe procurar o Hospital Regional de Arapiraca, a 125 km de Maceió. "Doía demais. Aí a gente procurou (o médico), ela recebeu o remédio e vai melhorar", disse a dona de casa Luzinira Maria da Conceição, mãe de Camila.
A preocupação tem motivos: a diarreia já matou, em Alagoas, 48 pessoas desde 15 de maio; a última morte foi anteontem. Em 27 cidades alagoanas, é tratada como epidemia pela Secretaria estadual de Saúde. Outros 40 municípios estão em alerta.
Segundo o Ministério Público, a maioria dos casos acontece em cidades no entorno de Arapiraca. O pico da doença foi entre 15 de maio e o final do mês de junho. No Hospital Regional, metade dos atendimentos diários era por causa da doença: "Agora, está tranquilo porque as pessoas recebem orientação. As pessoas chegavam aqui agoniadas com os sintomas e pelo que viam na TV. Tinham medo", disse o médico Ulisses Pereira.
Promotores do interior de Alagoas se reuniram anteontem em Arapiraca para discutir como auxiliar na apuração das causas do surto. Os promotores vão agir em conjunto com os secretários municipais de Saúde. "Não existe ainda uma causa da diarreia. Acreditamos em alguns fatores, como a água distribuída em caminhões-pipa. Essa água é distribuída sem análise", explicou Micheline Tenório, promotora do Núcleo da Saúde do MP.
Para ela, a seca pode ajudar a explicar o grande número de mortes. Segundo o governo federal, esta é a pior seca no sertão nordestino nos últimos 50 anos.
O calor forte evapora ainda mais rápido a água em açudes e barreiros, onde o líquido é misturado na lama. As cisternas também podem ser foco de disseminação da diarreia.
E a falta de água é constante não só no sertão. Arapiraca é uma cidade do agreste. Na sede do MP, onde acontecia a reunião, as torneiras estavam secas. Em Alagoas, as autoridades descartam um surto de cólera, doença erradicada no Brasil desde a década de 90: "Nossa preocupação é orientar. Alguns casos da diarreia estão entre crianças de 1 a 10 anos de idade ou pessoas mais velhas. Acreditamos que ações mais pragmáticas trarão mais conforto para a população", disse o procurador de Justiça Geraldo Majella.

Ignorada pelo governo, USP se mobiliza contra a MP dos Médicos

Uma das faculdades de medicina mais respeitadas do país se queixa de não ter sido ouvida para a formulação do programa. Em reunião nesta sexta-feira, médicos da universidade sugeriram contrapropostas à MP

Vivian Carrer Elias
Campus da USP em Ribeirão Preto, interior de São Paulo
Faculdade de Medicina da USP: reunião abre espaço para que professores, alunos e diretores opinem sobre o programa Mais Médicos (Marcos Santos/USP Imagens)
Uma das principais críticas dos acadêmicos em relação ao programa Mais Médicos — que, entre outras medidas, aumenta a duração do curso de medicina e obriga os alunos a atuar na rede pública — é o fato de eles não terem sido ouvidos para a formulação da proposta. Embora uma comissão formada por representantes de universidades federais tenha sido criada pelo governo para aprimorar a medida provisória, outras faculdades continuaram excluídas do debate. Entre elas, a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), uma das mais importantes do país.
Diante disso, quase cem pessoas, entre diretores, docentes, estudantes e residentes da faculdade se reuniram nesta sexta-feira na instituição para discutir e formar contrapropostas à MP dos Médicos. A diretoria reafirmou sua posição contrária ao projeto, o qual classificou como uma “política impositiva” e que deve ser retirada de pauta. Segundo José Otávio Costa Auler Junior, diretor da FMUSP, a instituição deverá formular uma proposta oficial com base nas opiniões apresentadas durante a reunião desta sexta-feira e encaminhá-la ao governo.
Pontos em comum — “Tudo o que foi dito hoje conflui para um ponto: o de que ninguém concorda com essa medida provisória. Além disso, todos acreditam que a discussão da saúde pública não pode ser simplesmente ministerial, ela tem que mover segmentos da sociedade que tenham entendimento e conheçam a questão da saúde no país, como as entidades médicas e os acadêmicos”, diz o diretor da FMUSP. “A USP tem 100 anos de existência. Ela foi ouvida? Não.”
Os médicos da FMUSP, embora não concordem com o aumento em dois anos na duração do curso de medicina, assumem que a graduação precisa ser reformulada. Eles também admitem que o número de médicos é, sim, um dos problemas da saúde pública no país — ao contrário do que afirmam entidades médicas como o Conselho Federal de Medicina (CFM), por exemplo. Mas negam que as propostas do governo federal sejam a saída correta.
“A maior parte da formação médica brasileira é feita com hospital público ou hospitais que têm convênio com o SUS, então a maior parte dos estudantes já tem contato com a rede pública. Como o aluno realmente dá um salto muito grande em seus conhecimentos quando entra no internato [que acontece nos dois últimos anos da graduação], uma opção seria intensificar o internato, mas tudo no prazo de seis anos”, diz Eloisa Bonfá, diretora clínica do Hospital das Clínicas da FMUSP. “Além disso, depois da residência médica, os profissionais fazem um estágio em sua área. Outra opção possível seria levar estágios em clínica geral a áreas com maior carência em médicos, por exemplo. Acontece que o estudante, sozinho e sem supervisão, não é adequado para atender a população. Ele vai aprender com seus próprios erros.”

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Após denúncia de boicote, ministério acrescenta regras ao 'Mais Médicos'

Candidato que faz residência terá que declarar que vai desistir da vaga.
Programa quer levar médicos estrangeiros e brasileiros ao interior do país.

Rafael Sampaio Do G1, em São Paulo
Mais Médicos (Foto: Editoria de Arte/G1)
Após suspeitas de boicotes na inscrição, o programa "Mais Médicos" passará a adotar a partir desta sexta-feira (19) novas regras na entrega de documentação e para o caso de desistência dos candidatos, informa o Ministério da Saúde.
Uma das novas medidas vai ser a exigência de que o candidato ao "Mais Médicos" faça uma declaração no ato da inscrição dizendo estar disposto a desistir de vagas de residência ou do Programa de Valorização da Atenção Básica (Provab) que ele ocupe atualmente.
Além disso, quando for homologar sua participação, o médico terá que entregar um documento oficial do hospital, universidade ou instituição à qual ele é vinculado declarando que o desligamento da residência ou do Provab foi realizado.
"A medida visa certificar a real intenção dos profissionais em participar do 'Mais Médicos'", disse o ministério, em nota.
Para a pasta, a carga horária da residência e do Provab são incompatíveis com o novo programa.
Vetados
Além disso, será proibida por seis meses a inscrição de candidatos que homologarem sua participação no "Mais Médicos" e não comparecerem, ou então que desistirem do programa no primeiro semestre de funcionamento.
"Os reincidentes ficarão impossibilitados em caráter definitivo de voltar a participar do programa", ressaltou o ministério.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, ressaltou em nota oficial não querer "ninguém que esteja fazendo qualquer tipo de sabotagem" se inscrevendo no "Mais Médicos".
“Estamos estimulando os médicos brasileiros a participar do programa, mas não queremos ninguém que esteja fazendo qualquer tipo de sabotagem para atrasar um programa que visa oferecer médicos para a população”, disse o ministro.
Não queremos ninguém que esteja fazendo qualquer tipo de sabotagem para atrasar um programa que visa oferecer médicos para a população"
Ministro Alexandre Padilha
Regras retroativas
As novas regras vão ser publicadas nesta sexta, no Diário Oficial da União. Elas vão valer para todos os que já se inscreveram no "Mais Médicos" e fazem residência ou são participantes do Provab - um balanço divulgado pelo Ministério da Saúde na quarta (17) apontou que 11,7 mil candidatos haviam feito inscrição.
Todos os que já fizeram inscrição no "Mais Médicos" vão receber um comunicado individual informando sobre as novas exigências, diz o Ministério da Saúde. O envio deve ocorrer nos próximos dias, após a divulgação no Diário Oficial. Não está definido se o comunicado será feito via e-mail.
Declaração online
A declaração de intenção em desistir da vaga de residência ou do Provab constará na própria página de inscrição no "Mais Médicos", provavelmente por um formulário, e será feita online, afirma a pasta. O envio de documento em papel pelas novas regras vai ocorrer apenas no caso da homologação.
As novas regras serão pré-requisito para fazer a inscrição no "Mais Médicos", diz o ministério. Quem se recusar ou não completar a declaração e for médico residente ou participante do Provab vai ter sua inscrição invalidada, ainda de acordo com a pasta.
O programa "Mais Médicos" vai abrir vagas para profissionais da medicina estrangeiros e brasileiros trabalharem no interior e em periferias de grandes cidades do país, mediante pagamento de uma bolsa mensal de R$ 10 mil. Será dada prioridade para os médicos brasileiros, e os de fora do país preencherão as vagas remanescentes, diz o ministério.
Denúncias
A pasta disse ter recebido uma série de denúncias relatando que grupos têm utilizado as redes sociais para disseminar propostas a fim de inviabilizar e atrasar a implantação da chamada de profissionais.
A ideia desses grupos seria gerar um alto número de inscrições e, posteriormente, provocar uma desistência em massa, prejudicando os reais interessados na participação do "Mais Médicos", diz o ministério.
Entidades que representam os médicos, por sua vez, afirmam desconhecer a organização desse tipo de boicote. O presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), Cid Carvalhaes, considera a suspeita do governo como uma "justificativa muito simplória para explicar por que médicos que se inscreveram acabaram desistindo”.
Ele entende que as desistências que ocorreram devem-se à falta de garantias trabalhistas do programa. “Vários disseram que se sentiram enganados. Quando foram se inscrever, viram que não tem 13º salário, abono, garantia de férias, nenhuma garantia”, disse.
Carvalhaes acrescenta que as entidades médicas brasileiras não estimularam qualquer tipo de boicote às inscrições, apesar de terem se oposto à proposta. Sobre as denúncias referentes a textos divulgados por pessoas que se identificam como médicos nas redes sociais com estímulo à sabotagem do "Mais Médicos", Carvalhaes observa que as redes sociais são incontroláveis.
Polícia Federal
A ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, disse nesta quinta-feira (18) que o Ministério da Saúde solicitou à Polícia Federal que investigue possíveis sabotagens ao "Mais Médicos".
Só poderemos lamentar se isso efetivamente estiver acontecendo porque seria uma forma de sabotagem."
Ministra Ideli Salvatti
"Só poderemos lamentar se isso efetivamente estiver acontecendo porque seria uma forma de sabotagem ao direito legítimo da população de ter um atendimento médico garantido, de ter médico", disse Ideli após participar do programa "Bom Dia, Ministro".
"Então, se inscrever em massa para depois desistir em massa, para retardar ou impedir a contratação, é digamos assim, um prejuízo à população e por isso. O próprio Ministério da Saúde já solicitou atuação da PF para que possa investigar se está ocorrendo sabotagem ou não", completou Ideli.
O Ministério da Saúde também informou que a ouvidoria do ministério está ligando para médicos que se cadastraram no programa para tentar identificar eventuais inconsistências nos cadastros.
O G1 entrou em contato com a assessoria de imprensa da Polícia Federal, que, até a última atualização desta reportagem, ainda não havia confirmado se a corporação já está fazendo as investigações.
Como será o programa
A previsão do Ministério da Saúde é que até 18 de setembro todos os profissionais do Mais Médicos estejam atuando no país. O programa permite a vinda de profissionais estrangeiros e de brasileiros que se formaram no exterior sem a necessidade de revalidação do diploma.
A medida provisória também institui a abertura de 11.447 vagas em faculdades de medicina até 2017 e, a partir de 2015, aumenta em dois anos a grade curricular das faculdades públicas e particulares de medicina, com formação voltada à atenção básica (1º ano) e setores de urgência e emergência (2º ano).
Nesse período, os alunos terão uma autorização temporária para o exercício da medicina, e ganharão uma bolsa para atender no Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo o governo, a prioridade será preencher as vagas do programa com profissionais brasileiros. Os postos de trabalho remanescentes serão completados com profissionais estrangeiros ou brasileiros formados no exterior.
Médicos espanhóis
Os médicos espanhóis, um dos grupos tratados pelo governo federal como prioritários entre os estrangeiros que devem atuar no Brasil, estão aptos a trabalhar no país, na avaliação de Fernando Rivas. Ele é o dirigente responsável pela área de promoção de emprego da Organização Médica Colegial (OMC), órgão máximo de representação desses profissionais na Espanha.
Tal como está a situação da Espanha atualmente, onde os salários têm sido reduzidos, (...) a oferta de R$ 10 mil mensais (...) é uma boa oferta"
Fernando Rivas
Rivas considera que o pagamento mensal de R$ 10 mil previsto no "Mais Médicos" é satisfatório. "Tal como está a situação da Espanha atualmente, onde os salários têm sido reduzidos entre 20% e 30% nos últimos anos e onde persistem os cortes [de verbas] na saúde, a oferta de R$ 10 mil mensais, mais alimentação e alojamento, é uma boa oferta", diz.
Rivas também rebate as dúvidas levantadas sobre o preparo dos profissionais estrangeiros que virão ao país. "Creio que não se pode questionar a formação médica espanhola. O nível de nossos médicos está mais do que testado, e certamente aprovado", afirma.
Em meio a uma grave crise econômica, a Espanha enfrenta cifras recordes de desemprego entre médicos, diz o dirigente da OMC. "No mês de maio, o número de desempregados era de 3.395", informa. A quantidade é ainda maior se forem incluídos os profissionais que deixaram o país em busca de trabalho - só em 2012, 2.405 médicos foram trabalhar no exterior, e em 2011, foram 1.378, ressalta. "É evidente que há uma fuga notável de profissionais, e isso parece que não vai mudar nos próximos anos."
Regras
Só poderão participar do "Mais Médicos" estrangeiros que tenham estudado em faculdades de medicina com grade curricular equivalente à brasileira, proficientes na língua portuguesa, que tenham recebido de seu país de origem a autorização para livre exercício da medicina e que sejam de nações onde a proporção de médicos para cada grupo de mil habitantes é de, pelo menos, 1,8 médicos para cada mil habitantes.
Isso exclui países como Bolívia, Paraguai e Peru, que estão abaixo. Espanha, Portugal, Cuba, Argentina e Uruguai são exemplos de países que superam esse índice.
Todos os profissionais vindos de outros países serão acompanhados por uma universidade federal. Os municípios inscritos no programa terão de oferecer moradia e alimentação aos profissionais, além de ter de acessar recursos do Ministério da Saúde para construção, reforma e ampliação das unidades básicas.
Os profissionais de outros países e brasileiros formados médicos em universidades estrangeiras ficarão isentos de realizar o Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos, o Revalida, ao optarem pelo registro temporário de médicos, que será concedido pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).
No caso dos estrangeiros, será obrigatório que eles participem de um curso de três semanas, em uma universidade federal que tenha aderido ao programa, onde serão avaliadas por professores as capacidades técnica e de comunicação. Sendo aprovado, eles serão inscritos no Conselho Regional de Medicina do estado em que vão trabalhar.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Aluno com paralisia cerebral é finalista na Olimpíada de Matemática

Arthur Dantas, de 11 anos, é aluno de escola inclusiva em Itanhaém, SP.
Garoto fez pedido inusitado para a disputa: um prato de panquecas.

Anna Gabriela Ribeiro Do G1 Santos
Aluno de Itanhaém é aprovado para etapa final da Olimpíada de Matemática (Foto: Divulgação/ Prefeitura de Itanhaém)Arthur foi aprovado para etapa final da Olimpíada de Matemática (Foto: Divulgação/ Prefeitura de Itanhaém)
Um estudante da cidade de Itanhaém, no litoral de São Paulo, virou exemplo de superação perante os colegas de classe. Aluno do 6º ano de uma escola municipal, Arthur Gabriel dos Santos Dantas, de 11 anos, tem paralisia cerebral e vai representar a escola na última etapa da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP), que será realizada em setembro.
O garoto não se comunica pela fala e tem dificuldade de locomoção, porém, a capacidade intelectual é muito desenvolvida. Na escola inclusiva, ele conta com o auxílio de uma estagiária e se comunica digitando mensagens pelo computador.  Ele é o primeiro estudante de Itanhaém com paralisia cerebral a disputar a final da Olimpíada.
Para a mãe do garoto, Valéria dos Santos Silva, a novidade foi recebida com muito orgulho pelos familiares. “Fiquei muito feliz. Poucos passaram e ele é o único deficiente da cidade. Estou muito orgulhosa. A família toda está apoiando e tem uma torcida boa. Ele também está muito feliz, fica do meu lado dando risada”, comemora a mãe do garoto.
Ela conta que ele sempre foi bom aluno, gosta de estudar e sua disciplina favorita é a matemática. E que até já decidiu o que quer ser quando crescer. “Na primeira série dele começamos a perceber que ele iria longe. Ele é apaixonado por astronomia, adora estudar planetas e estrelas. O sonho dele é ser astrônomo. No que depender de mim, ele vai realizar este sonho”, conta.
Arthur é um aluno muito disciplinado. A mãe conta que ele estuda, faz natação e é fanático pelo Corinthians e que não perde um jogo. Mas, quando precisa faltar na aula para ir ao médico, o garoto fica chateado. “A paralisia cerebral foi adquirida depois do nascimento e, por isso, a capacidade intelectual dele é muito boa. Ele não gosta de faltar, é muito disciplinado e querido por todos na escola”, afirma Valéria.
A prova da Olimpíada de Matemática será realizada no dia 14 de setembro e Arthur já conta com a torcida da família, dos professores e dos colegas de classe. “Estamos todos ansiosos e na torcida. Ele conta com o apoio de toda a família e da escola também. No dia da prova, a estagiária vai acompanhá-lo, mas ele me pediu algo inusitado para levar na hora da prova, que é o seu prato predileto: panquecas”, brinca a mãe de Arthur.
Aluno de Itanhaém é aprovado para etapa final da Olimpíada de Matemática (Foto: Divulgação/ Prefeitura de Itanhaém)Garoto conta com a torcida de colegas de classe para a prova  (Foto: Divulgação/ Prefeitura de Itanhaém)

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Cientistas conseguem "desligar" cromossomo da síndrome de Down

Por enquanto, estudo é limitado a células isoladas

Terra
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Cientistas da Universidade de Massachusetts conseguiram silenciar o cromossomo extra da trissomia 21, também conhecida como síndrome de Down. Os cientistas fizeram o estudo em células, mas acreditam que a descoberta pode pavimentar o caminho para estabelecer terapias potenciais contra o mal. O estudo foi divulgado na revista Nature.

A síndrome de Down é causada pela presença de três cromossomos 21, ao invés de dois, como normalmente ocorre. A doença causa problemas cognitivos, desenvolvimento precoce de Alzheimer, grande risco de leucemia na infância, defeitos cardíacos e disfunções dos sistemas endócrino e imunológico. Ao contrário de desordens causadas por genes individuais, corrigir doenças causadas por um cromossomo inteiro se mostrou um desafio para cientistas. Mas esse tipo de pesquisa teve passos importantes nos últimos anos.

"A última década teve grandes avanços nos esforços de corrigir desordens de gene único, começando com células in vitro e, em muitos casos, avançando para tratamentos in vivo e clínicos", diz Jeanne B. Lawrence, líder do estudo e professor da universidade. "Em contraste, correção genética de centenas de genes em um cromossomo extra inteiro tem permanecido fora do campo das possibilidades. Nossa esperança para aqueles que vivem com síndrome de Down é que essa prova de um princípio abra muitas animadoras novas avenidas para estudar a desordem agora e trazer para o campo das considerações o conceito da 'terapia cromossômica' no futuro."

Para chegar a esse resultado, os pesquisadores usaram um gene do RNA chamado de XIST, que é encontrado em fêmeas de mamíferos e é capaz de silenciar um dos dois cromossomos X, impedindo que ele processe proteínas. Com o uso de células-tronco, eles conseguiram fazer com que esse gene "desligasse" o cromossomo extra da trissomia 21.

O próximo passo é avançar dos testes em células para as cobaias. Os cientistas pretendem estudar se essa "terapia cromossômica" é capaz de corrigir patologias em ratos com a síndrome de Down.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Médicos fazem novo protesto contra importação de profissionais estrangeiros

Manifestações em todo o país deverão ocorrer ao longo desta terça-feira. A classe também é contra a alteração no curso de medicina proposta pelo governo federal, que obriga os alunos a trabalhar no SUS antes de se formarem

Manifestação nacional de médicos. O protesto, segundo a entidade, é feito por conta da decisão do governo federal de trazer médicos do exterior para que trabalhem no SUS (Sistema Único de Saúde)
Manifestação nacional de médicos realizada no dia 3 de julho de 2013: profissionais são contrários às medidas na área da saúde anunciadas pelo governo federal ( Celso Pupo / Fotoarena)
Médicos e estudantes de todo o país farão nesta terça-feira uma nova manifestação contra a importação de profissionais estrangeiros para atuar no Sistema Único de Saúde (SUS) e contra o aumento em dois anos da graduação em medicina — tempo que será usado para que o aluno trabalhe na rede pública. Essas mudanças foram anunciadas pelo governo federal na semana passada.
Em São Paulo, os profissionais planejam fazer um cortejo fúnebre para “enterrar” a presidente Dilma Rousseff e os ministros da Saúde, Alexandre Padilha, e da Educação, Aloizio Mercadante. Eles sairão às 16 horas da sede do Conselho Regional de Medicina, na Consolação, e seguirão até a Praça Roosevelt. Os horários e a forma como os protestos serão conduzidos ficaram a critério dos conselhos regionais de medicina de cada estado.
As entidades médicas devem anunciar também nesta terça-feira as medidas jurídicas que vão tomar contra as decisões. A mais provável é uma ação direta de inconstitucionalidade, já que elas consideram inconstitucional obrigar o formando a trabalhar no SUS.