segunda-feira, 31 de julho de 2017

O que é o timo?

Saiba tudo sobre esse órgão, um pequeno notável para nossas defesas

Tamanho não é documento quando se fala sobre timo. Pequenino e desconhecido de muita gente, ele tem uma responsabilidade enorme na formação do sistema imunológico, sendo que falhas em seu funcionamento elevam o risco de infecções e até de doenças autoimunes. Abaixo, você confere um passo a passo detalhado sobre suas funções no organismo.
1. No meio de titãs
O timo fica bem no centro do peito, entre os pulmões e na frente do coração essa localização privilegiada, inclusive, fez os anatomistas do passado acreditarem que ali ficava guardada a alma.
2. Escola imunológica
A glândula é um verdadeiro centro de capacitação dos linfócitos T, células que comandam nossas defesas quando algum agente invasor coloca a saúde em xeque. Essas unidades são fabricadas na medula óssea, o popular tutano. De lá, migram para o timo por meio dos vasos sanguíneos.
3. Sala de simulação
A ação acontece mesmo nos lóbulos, as pequenas porções que compõem o timo. Eles são divididos em córtex e medula. Em cada seção, ocorrem processos que vão preparar esse linfócito jovem para os desafios que irá enfrentar no futuro.
4. Antenas plugadas
No córtex, ocorre o contato com a célula reticular epitelial. O resultado dessa interação é o surgimento de receptores na superfície do linfócito. Eles servem para identificar possíveis perigos ao corpo. Aqueles que dão defeito são mortos no processo.
5. Prova de fogo
Um tipo de célula, a dendrítica, apresenta aos linfócitos uma série de antígenos, substâncias que geram uma resposta imune. Aqueles que reagem na medida certa passam no teste e estão maduros o suficiente para seguir em frente. Os outros não sobrevivem.
6. Próximas paradas
Os linfócitos habilitados voltam à corrente sanguínea para integrar as defesas. Eles ficam algum tempo no baço e nos linfonodos, que são uma espécie de barreira ou filtro para flagrar e deter ameaças, como vírus e bactérias.

Encolhimento do timo

Bebês
Quando nascemos, essa glândula pesa entre 12 e 15 gramas.
Aos 12 anos
Em seu período de maior operação, fica na casa de 30 a 40 gramas. Depois da puberdade, definha e é substituída por gordura. Mas a quantidade de linfócitos que ela treinou é suficiente pra vida toda.
Aos 60 anos
Em idades avançadas, varia entre 6 a 16 gramas.

Sempre a postos

O timo não desaparece do mapa! Mesmo reduzido, continua a fabricar a timosina, hormônio enviado para o organismo que reforça aos linfócitos a mensagem para que sigam trabalhando direito. Há ainda suspeitas sobre o papel dessa substância na regeneração de órgãos e tecidos.
Fontes: Ana Paula Lepique, Imunologista do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP); Daniela Santoro Rosa, Alexandre de Castro Keller e Alexandre Salgado Basso, Professores de Imunologia da Universidade Federal de São Paulo

terça-feira, 25 de julho de 2017

Projeto que introduz bactéria no Aedes aegypti é estendido

A estratégia, voltada para combater os vírus de dengue, zika e chikungunya, chega a Belo Horizonte. A expectativa é conter possíveis epidemias

  Um projeto inovador voltado para reduzir a transmissão da dengue, da zika e da febre chikungunya está previsto para ser desenvolvido em Belo Horizonte em meados de 2018. Trata-se da introdução da bactéria Wolbachia no mosquito Aedes aegypti, vetor das doenças, e que é capaz de evitar que os vírus sejam transmitidos para os seres humanos durante a picada.
O projeto Eliminar a Dengue: Nosso Desafio (Eliminate Dengue: Our Challenge) é um projeto internacional sem fins lucrativos que surgiu na Austrália e usa a bactéria Wolbachia. Atualmente há trabalhos de campo do projeto em cinco países e outros três estão se articulando para aderir. No Brasil, ele foi trazido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), com o apoio do Ministério da Saúde. A iniciativa está entre os trabalhos científicos apresentados na 69ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
No Brasil, os trabalhos começaram em duas áreas pequenas: em Jurujuba, bairro de Niterói; e em Tubiacanga, bairro do Rio de Janeiro. A liberação de mosquitos com a bactéria começou em agosto de 2015 e se encerrou em janeiro do ano passado. Desde então, vem ocorrendo um monitoramento semanal, com mosquitos sendo coletados em armadilhas e levados ao laboratório para verificar se possuem a Wolbachia.

A eficiência da estratégia

“Mais de um ano e meio após nós pararmos de liberar mosquitos nestas duas localidades, vimos que 90% deles contêm a bactéria. Isso comprova a autosustentabilidade do projeto. Não precisamos ficar voltando à mesma área para fazer novas liberações”, explicou o pesquisador da Fiocruz Luciano Moreira, coordenador do projeto no Brasil.
Dados similares também foram constatados na Austrália, onde, nas áreas onde os trabalhos começaram, em 2011, perto de 100% da população do Aedes já registra a Wolbachia.
Isso ocorre porque a fêmea do Aedes que possui a Wolbachia em seu organismo irá transmiti-la a todos os seus descendentes, mesmo que se acasale com machos sem a bactéria. Além disso, quando apenas o macho possui a Wolbachia, os óvulos fertilizados morrem. Dessa forma, a bactéria é transmitida naturalmente para as novas gerações de mosquitos.
Moreira destaca que o projeto não envolve nenhuma modificação genética, nem no mosquito e nem na bactéria. Fora isso, a iniciativa não elimina o mosquito do meio-ambiente, apenas substitui uma população capaz de transmitir doenças por outra incapaz. “É uma iniciativa totalmente segura. Estudos já mostraram que a Wolbachia não oferece riscos à saúde humana, ainda que o mosquito pique uma pessoa”.
De acordo com o pesquisador, a Wolbachia está presente naturalmente em 60% dos insetos, mas não no Aedes aegypti. O que o projeto faz é uma introdução artificial. “Quando o Aedes com a bactéria pica alguém que está com dengue, zika ou febre chikungunya, ele adquire o vírus. Mas esse vírus precisa se replicar dentro do mosquito. Para isso, deve entrar nas células onde as bactérias já estão. O que provavelmente acontece é uma competição entre a bactéria e o vírus por nutrientes e outros componentes que ambos necessitam. E no final a Wolbachia, que já estava instalada ali, vence a disputa”, explica.

Em que pé estamos

O próximo passo do projeto no Brasil é a sua expansão no Rio e em Niterói, já que as áreas atingidas até então nestas duas cidades envolviam populações pequenas, entre 3 e 4 mil pessoas. Em Niterói, já estão sendo liberados mosquitos em uma área com 270 mil habitantes.
No Rio de Janeiro, o trabalho começa em agosto, em dez bairros. Nos meses seguintes, outras regiões da cidade serão incluídas e a previsão é que, até o final de 2018, o projeto já tenha alcançado uma área onde vivem 2,5 milhões de pessoas. A preparação já começou, através de campanhas de comunicação visando o esclarecimento e o envolvimento da população. O apoio é essencial, pois algumas casas recebem armadilhas para coleta dos mosquitos.
A inclusão de Belo Horizonte no projeto no ano que vem começará pela Pampulha e pela região norte, áreas que têm cerca de 840 mil habitantes no total.
A Fiocruz ainda não realizou estudos epidemiológicos para avaliar se de fato ouve redução do número de casos de dengue, zika e febre chikungunya com o projeto. De acordo com Luciano Moreira, este tipo de pesquisa precisa envolver áreas grandes. Ele diz que a Indonésia começou a desenvolver um estudo com esta proposta em agosto do ano passado, em uma área de 500 mil habitantes. Os primeiros resultados devem sair em 2019, mostrando se houve ou não redução do número de infectados pela doença antes e depois da liberação dos mosquitos.
Ainda assim, evidências apontam para a diminuição dos casos. “Em todos os países envolvidos, há mais de 40 localidades onde já aconteceu a liberação de mosquitos. Em nenhuma delas foi observada ocorrência de surtos”, disse o pesquisador.
Um estudo diferente será conduzido no Rio de Janeiro a partir dessa nova etapa. Em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde, a Fiocruz fará um acompanhamento para comparar o número de casos nos bairros abrangidos pelo projeto com o número de casos nos demais bairros. A expectativa é se perceba uma diferença nos locais onde houver mosquitos com a Wolbachia.
Esta matéria foi publicada originalmente na Agência Brasil.

segunda-feira, 24 de julho de 2017

Dormir bem auxilia no rejuvenescimento

Cuidados simples e naturais são cada vez mais valorizados pelos especialistas para obter uma pele mais jovial
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A falta de sono ou a dificuldade para dormir atrapalha a concentração, o foco e ainda, quando frequente altera o apetite e a hidratação da pele ( Foto: divulgação )
Envelhecer é um processo natural e inevitável. Porém, com a evolução da medicina e alguns cuidados básicos, é possível chegar à melhor idade com uma aparência visivelmente rejuvenescida.
Com o objetivo de contribuir para o bem-estar de quem busca recursos que ajudem a combater o envelhecimento precoce, a fisioterapeuta dermatofuncional da clínica Prime Estética Bruna de Queiroz criou um e-book com dicas que garantem uma noite de sono saudável. "Considerado um dos fatores aparentemente simples, o sono é essencial para evitar o envelhecimento precoce", ressalta.
A procura por procedimentos que favoreçam o antienvelhecimento por meio de métodos mais naturais é uma prática cada vez mais valorizada entre os especialistas.
De acordo com a fisioterapeuta dermatofuncional, o ato de dormir é o momento em que o corpo tenta restaurar a energia gasta durante o dia, reabilitando suas funções. O processo implica em uma produção equilibrada de hormônios, objetivo principal para evitar o envelhecimento precoce. Quando a pessoa dorme bem e mantém uma alimentação saudável, dentre outros fatores, ela garante a produção eficaz de células rejuvenescedoras como, por exemplo, o colágeno e a elastina, substâncias produzidas naturalmente no organismo durante o repouso. "A má qualidade do sono não consegue repor essas taxas de hormônios adequadamente", complementa Bruna de Queiroz.
Rugas
Quando esses fatores não são restaurados de forma satisfatória provocam o envelhecimento acelerado da pele, que fica seca, sem brilho, promovendo o efeito "craquelê", estimulando as rugas profundas.
Sono adequado
No fim da tarde, quando está escurecendo, a retina recebe a mensagem de que a luz está baixando. A partir de então, o cérebro começa a se programar para a desaceleração das atividades, de modo que a melatonina e outros fatores hormonais atuem.
No entanto, é no período da noite que ocorre a liberação de hormônios no organismo.
Já pela manhã, o cérebro não responde de forma adequada aos estímulos da produção desses hormônios, deixando de suprir as necessidades que o corpo precisa.
Por este motivo, a especialista diz que, o ideal é dormir no período noturno.
Mas existem pessoas que não conseguem ter um sono tranquilo e dessa forma trocam a noite pelo dia, são as chamadas notívagas.
Embora o sono da manhã não seja suficiente para atender às necessidades do organismo, é possível "enganar" o cérebro e conseguir um resultado aproximado do que ocorre durante a noite.
"Assim, quem tiver problemas com o sono, basta criar uma rotina pela manhã que imite as condições ideais do período noturno", aconselha a dermato Bruna de Queiroz.
Principais dicas
Para dormir bem e garantir a jovialidade da pele basta criar uma rotina durante o dia de forma adequada para o cérebro entender que chegou a hora de dormir;
Programar-se pelo menos dez minutos antes. Evite a luz azul ou branca dos equipamentos eletrônicos. Isso porque o cérebro as entende como sinais de alerta;
Se precisar de luz, utilize a amarela, ela é mais relaxante;
Evite os celulares e outros equipamentos, pois seu cérebro trabalha para responder aos chamados;
Programe sons que imitem o barulho produzido pela natureza, como os da chuva, cachoeira e das ondas. Obedeça ao número necessário de horas de sono que seu organismo exige;
Qualidade não significa quantidade. É necessário que a pessoa conheça a real necessidade de dormir para se manter relaxado. Dormir demais fadiga e, de menos causa cansaço. A mente não produz e o organismo é afetado.
Pratique pelo menos 30 minutos de exercício físico diário. O gasto de energia aumenta a necessidade de descanso do corpo.

sexta-feira, 21 de julho de 2017

Alterações na visão podem sinalizar Parkinson precocemente

Os tremores, sintomas mais conhecidos da doença, viriam só anos depois

 
Esqueça as mãos trêmulas. Segundo cientistas da Universidade Vita-Salute San Raffaele, na Itália, modificações na visão seriam importantes marcadores para uma detecção precoce da doença de Parkinson.
Dificuldade para diferenciar cores, mudanças na acuidade visual e redução das piscadas poderiam aparecer mais de uma década antes dos famosos problemas motores. E se as pessoas não tiverem consciência disso, é bem provável que o distúrbio demore a ser flagrado.

No trabalho, publicado na revista científica Radiology, foram avaliados 20 pacientes recém-diagnosticados com Parkinson e também 20 voluntários saudáveis, da mesma idade e do mesmo gênero. Todo mundo passou por uma ressonância magnética e exames oftalmológicos. Foi aí que os pesquisadores notaram diferenças significativas nas estruturas cerebrais responsáveis pelo sistema visual entre os indivíduos com a doença.
Os cientistas reconhecem que são necessários mais estudos para entender direito o momento da degeneração visual. De qualquer maneira, o oftalmologista Alessandro Arrigo, líder da investigação, frisou, em um comunicado, que a análise profunda dos sintomas visuais é capaz de fornecer indícios sensíveis de Parkinson. Além disso, ficar atento à capacidade visual ajudaria a acompanhar a progressão da doença, assim como a monitorar sua reposta ao tratamento medicamentoso.

quinta-feira, 20 de julho de 2017

Além da dor, herpes-zóster é ligada a risco de infarto e AVC

Essa doença, responsável por causar incômodos intensos, foi associada a abalos na saúde cardiovascular

Com o envelhecimento, as células de defesa em geral deixam de proteger o corpo com eficiência máxima. Essa queda na imunidade é um prato cheio para o herpes-zóster, condição causada pela reativação do vírus da catapora e que provoca dores intensas. Agora, um estudo da Universidade de Ulsan, na Coreia do Sul, aponta que a doença está relacionada a um aumento no risco de ataques cardíacos e derrames.
Ao total, 519 880 participantes foram acompanhados durante dez anos, sendo que 23 233 apresentaram o problema. Segundo os pesquisadores, o risco de esse grupo sofrer uma parada no coração ou ter um AVC foi 35 e 41% maior, respectivamente. Esses números perduram por até um ano depois do aparecimento da infecção — os índices vão diminuindo com o tempo.

 Os resultados, como explicam os especialistas, são intrigantes. Ainda não se sabe ao certo o que está por trás da relação, porém algumas observações indicam um caminho. Por exemplo: os integrantes infectados pelo vírus também possuíam uma maior propensão a diabetes, hipertensão e colesterol alto, fatores que ameaçam a saúde cardiovascular.
Ou seja, talvez seja o quadro geral do indivíduo que influi tanto no desenvolvimento do herpes-zóster como nas panes cardíacas. Por outro lado, os portadores da disfunção se exercitavam mais, faziam parte de uma classe socioeconômica mais elevada e tinham inclinação menor ao tabagismo e ao consumo de álcool.
Enquanto os cientistas não desvendam esse mistério, Sung-Han Kim, coordenador do trabalho, faz um alerta: “É importante que os médicos conscientizem os pacientes sobre esse perigo”. Vale a pena ressaltar que existe uma vacina específica contra o herpes-zóster. Ela está disponível nas clínicas particulares do país e é recomendada especialmente para os maiores de 50 anos.

quarta-feira, 19 de julho de 2017

Limão: benefícios, com o que ele combina… e muito mais!


Montamos a ficha técnica dessa fruta, uma das mais versáteis dentro da culinária mundial

 
Origem: o limão é mais uma das preciosidades que os árabes levaram para a Europa a partir do século 9. Os primeiros registros do consumo dessa fruta vêm do sudeste da Ásia. Lá, era usada como tempero e conservante de alimentos — ela é rica em vitamina C, um poderoso antioxidante que evita o escurecimento de vegetais. Hoje, o plantio das suas variedades (tahiti, siciliano, galego…) está consolidado no mundo todo.
Forma de uso: combinado com azeites e ervas, o suco da fruta tempera os mais diversos pratos salgados e doces. E, claro, é base de refrescos e drinques.
Até sua casca pode ser aproveitada. Aromática e repleta de óleos essenciais, é empregada na confeitaria e para finalizar pratos.
Com o que combina: para dar frescor às receitas, aposte no toque ácido do limão. Seu sumo é base para marinadas de todos os tipos de carnes e pescados. Também vai bem em molhos de saladas, queijos frescos, sucos, bolos e sobremesas em geral.
Com o que não combina: difícil apontar um grupo de receitas que não entrose com ele. O limão tem passe livre em quase toda a culinária. É uma questão de gosto.
Benefícios nutricionais: a fruta carrega minerais como potássio, magnésio, cálcio e fósforo, além de auxiliar na digestão de gordura. Mas ele realmente se destaca pela alta quantidade de vitamina C. Esse ativo, segundo estudo da Universidade do Estado do Oregon, nos Estados Unidos, estimula a produção de células brancas do sangue, reforçando o sistema imunológico.
Como plantar: a árvore pode ser cultivada em jardins, porém é bastante sujeita a doenças. Melhorar procurar ajuda especializada se quiser ir adiante com essa empreitada.
Fontes entrevistadas: Vanderli Marchiori, nutricionista e fitoterapeuta de São Paulo, e Rosângela Carvalho, nutricionista e fitoterapeuta do Rio de Janeiro

terça-feira, 18 de julho de 2017

Teste rápido, mas polêmico

Chega ao mercado o exame que promete entregar em minutos resultados sobre condições como as taxas de colesterol ou de vitamina D. Porém, a novidade é recebida com cautela por especialistas

CONFORTO Figueredo diz que o Hilab muda a experiência do paciente (Crédito:Marcos Haddad)
Uma das marcas da medicina do futuro será a rapidez de respostas. Por essa razão, observa-se desde já a expansão da oferta de testes laboratoriais cujo diferencial tem sido a entrega de resultados em tempo cada vez mais curto. No Brasil, a última novidade nesta linha foi o lançamento do Hilab, um sistema por meio do qual, segundo os fabricantes, é possível ir da coleta de amostras a um laudo em minutos, com paciente e médico checando os dados para decidirem a conduta ali mesmo, na hora.
O Hilab propõe-se a analisar amostras de sangue, saliva, fezes e urina e fornecer dados sobre condições diversas, entre elas glicemia, colesterol, vitamina D, HIV, zika e até marcadores tumorais e de infarto. Primeiro, a amostra, que varia de acordo com o que se pretende medir, é colocada dentro de cápsulas, em seguida inseridas no aparelho. Ela é processada por reagentes e as informações obtidas são transmitidas via internet para uma central, em Curitiba. Lá, passam pela análise de especialistas, que emitem o laudo. O documento é finalmente enviado ao médico. O resultado chega em vinte minutos. “O sistema muda a experiência do usuário em relação aos exames”, diz Marcus Figueredo, CEO da Hi Techonologies, empresa criadora do aparelho.
Se soa atraente aos olhos de quem busca rapidez e praticidade nos diagnósticos, a novidade ainda não convenceu parte dos especialistas. A Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial – entidade que representa os profissionais que lidam diariamente com exames laboratoriais – posicionou-se de forma cautelosa. “Não temos informações suficientes que nos assegurem a acurácia do teste”, afirma o médico Alex Galoro, presidente da organização.
A moderação faz sentido, especialmente porque erros em resultados não são raros, e isso nos testes tradicionais, de uso já consolidado. Não há números sobre o problema no Brasil, mas não é difícil encontrar pessoas que passaram pela experiência de receber dados equivocados. “Todo exame traz uma dose de incerteza no resultado que será maior ou menor a depender do método usado”, diz Galoro. O médico está em busca de mais dados sobre o Hilab. A Hi Technologies, por sua vez, diz que se coloca à disposição para detalhar o funcionamento de seu sistema e provar sua eficácia.
DÚVIDA Para Galoro, não há dados suficientes que atestem a eficácia do novo sistema (Crédito:Divulgação)
INFORMAÇÃO NA NUVEM
Como é feito o exame
1. Amostras de sangue, urina, fezes ou saliva são recolhidas no consultório ou hospital e colocadas em cápsulas
2. Elas contêm reagentes específicos para o teste a ser realizado. As cápsulas são inseridas no aparelho
3. Um sensor analisa os dados e os envia, pela internet, a uma equipe de especialistas lotada em Curitiba
4. O laudo é emitido e transmitido para o médico onde ele estiver
5. O resultado chega em até 20 minutos

segunda-feira, 17 de julho de 2017

Acredite: a melatonina pode fazer emagrecer, revela estudo

O composto, conhecido como o hormônio do sono, poderá fazer parte do arsenal de combate à obesidade

Sentir o chamado “sono reparador” só acontece quando a glândula pineal, localizada no cérebro, produz de forma satisfatória a melatonina: o conhecido hormônio do sono. Secretado à noite, quando há inibição de luz, este hormônio é responsável não apenas pela indução do descanso, mas também é conhecido por ser a chave do relógio biológico. E não à toa. Estudado há anos por médicos e pesquisadores do mundo inteiro, hoje já se sabe que a substância também tem influência na regulação do apetite, enxaqueca, melhora da pele, controle da glicemia, entre outras funções.
Mas, acredite, não é só isso. Entre as descobertas mais recentes está um estudo publicado pelo Departamento de Ciências Biomédicas da Universidade de Sassari, na Itália, em parceria com outras universidades: a melatonina inibiu as células precursoras de gordura do corpo humano – um tipo de célula tronco presente em diversos tecidos como cordão umbilical, medula óssea e também no tecido adiposo (de gordura). “Esse hormônio vem sendo cada vez mais estudado em vista dos seus diversos benefícios e, certamente, em breve, fará parte do arsenal disponível para combater a obesidade”, acredita Renato Lobo, médico pela Faculdade de Medicina da USP, com especialização em nutrologia e emagrecimento.
A obesidade também vem sendo estudada como, entre outros fatores, uma disfunção de células de gordura, já que estas entendem com maior frequência que a acumulação é importante. O tamanho e o número dessas células é um processo que ocorreu por conta da diferenciação das chamadas precursoras – que podem, ou não, virar tecido de gordura. E a melatonina impediu que isso acontecesse. Logo, foi avaliado o impacto da melatonina como uma espécie de modulador no destino destas células, ou seja, como o hormônio do sono ajudaria a orquestrar sua função correta.
Entre os genes estudados, também estava o que produz o PPAR-γ: receptor responsável pela regulação da glicose e dos lipídeos no sangue – quando alterados, podem levar pessoas a serem diagnosticados com diabetes e adquirirem placas de gordura nas artérias.
A atuação do hormônio, no que diz respeito a glicose e lipídios, comprova evidências de, pelo menos, seis anos atrás, quando um estudo clínico realizado nos Estados Unidos e publicado na revista Diabetes, Metabolic Syndrome and Obesity: Targets and Therapy  indicou que, em pacientes com diabetes tipo 2 e insônia, a melatonina melhorou o sono após três semanas, e auxiliou o controle glicêmico após cinco meses. Outro teste clínico, descrito no Journal of Pineal Research, também demonstrou que, após dois meses de tratamento com melatonina, pessoas com distúrbios metabólicos apresentaram redução na pressão sanguínea e nos níveis de colesterol.
Como se não bastasse, o hormônio do sono também tem sido reconhecido por sua potente atividade antioxidante: ou seja, é capaz de se ligar aos reagentes oxidativos das células e os estabilizar. Com esse suposto papel ativo na proteção do DNA e outros compostos biológicos de agentes oxidativos, o hormônio do sono vem sendo estudado como potencial protetor contra danos causados ​​pelos radicais livres. Por isso, também tem sido associado a possível terapia complementar no tratamento de doenças em que o estresse oxidativo desempenha papel importante, como transtorno de déficit de atenção, hiperatividade, doença de Alzheimer, entre outras.
Uma das explicações para tantas funções é que, pelo fato de ser secretado no sangue e líquido cefalorraquidiano, protetor de diversas células do cérebro, tem transporte fácil no organismo – o que possibilita com que o hormônio do sono tenha ação em diferentes tecidos do corpo.
Apesar de tantos benefícios, principalmente ao que se refere a gordura, vale ressaltar que são estudos iniciais e, portanto, novas pesquisas são necessárias para mostrar os resultados (evidências)  na prática clínica.
Melatonina no Brasil

Com indicação, em geral, de até 5 mg diários de melatonina, diversos estudos avaliaram a segurança do uso da substância, encontrando poucos efeitos colaterais, como fadiga e letargia, apenas em doses elevadas. Facilmente metabolizada no fígado, por ser considerado natural, tem degradação rápida e, por isso, raramente há acúmulo nos tecidos. “Tal característica também o torna um dos hormônios mais seguros”, observa Paulo Rosenbaum, endocrinologista do Hospital Albert Einstein.
A boa notícia é que, em novembro do ano passado, a Active Pharmaceutica (distribuidora de insumos farmacêuticos), ganhou o direito de comercializar a melatonina em farmácias de manipulação em todo o país, mediante receita médica. Na prática, a decisão facilita o acesso ao hormônio natural para fins terapêuticos, uma vez que, até então, o paciente precisava importá-lo –  prática também já autorizada no Brasil.
História do hormônio
A melatonina foi descoberta primeiramente por pesquisas sobre alteração da coloração da pele de anfíbios e repteis. Em 1958, um dermatologista americano da Universidade de Yale investigou essa substância na esperança de encontrar um uso para o tratamento de doenças de pele. Apesar das investigações, a melatonina só ficou mais conhecida na década de 90 com a descoberta do seu uso para pacientes com dificuldade para dormir, por um professor de Neurofarmacologia da Universidade de Harvard.
Após revisar a literatura cientifica da época sobre a glândula pineal, com o tempo, observou que a noite, na escuridão, produzíamos este hormônio, e que a administração de melatonina provocava o sono.

sábado, 15 de julho de 2017

Cearense com tipo de sangue raro salva bebê colombiana

Apenas 11 famílias no Brasil têm o raríssimo fenótipo Bombaim que salvou a menina de 15 meses

O sangue de tipo raríssimo de um jovem cearense salvou a vida de um bebê de 15 meses na Colômbia nesta semana. Desde a criação do Cadastro Nacional de Sangue Raro, em 2014, foi a primeira vez que o país exportou material para outra nação, segundo o Ministério da Saúde brasileiro.
A transfusão foi feita anteontem, em Medellín. As autoridades locais não haviam conseguido encontrar um colombiano com o mesmo tipo de sangue da criança, conhecido como fenótipo Bombaim e fizeram um alerta à Organização Pan-Americana de Saúde (Opas).
Essa história começou na terça-feira da semana passada, quando a menina chegou ao hospital com vômitos e falta de ar. A equipe médica descobriu que ela tinha baixo peso, anemia e hemorragia no trato digestivo superior. A transfusão era urgente.
Os testes iniciais concluíram que o tipo de sangue necessário era O negativo, mas nenhuma amostra era compatível. Os exames especializados concluíram que a criança não tinha sangue A ou B, ou AB, mas o fenótipo Bombaim. No Brasil, só há 11 famílias com esse tipo de sangue.
O corpo da menina não reconhecia nenhum dos tipos de sangue mais tradicionais e transfusão com o tipo errado poderia causar danos nos rins e até mesmo a morte, explica María Isabel Bermúdez, coordenadora da Rede Nacional de Bancos de Sangue da Colômbia.
Mas, diz ela, o fenótipo Bombaim não foi a causa da doença. “As pessoas com este tipo de sangue são geralmente saudáveis e, portanto, não necessariamente são identificadas.” O governo colombiano não informou quem era a família ou deu detalhes sobre o caso, como prevê a legislação local.
Após o alerta, a rede de bancos de sangue no Brasil foi a única a identificar doador. Era um morador de Fortaleza, de 23 anos, que não teve o nome divulgado. No último sábado, ele doou 370 mililitros de seu sangue – quase o equivalente a uma lata de refrigerante.
Isso só foi possível pelo método refinado de análise de sangue do centro hematológico de onde veio a doação, que pesquisa anticorpos irregulares. “Há quase quatro anos, o Hemoce (Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará) adotou novo método na busca de doadores raros que permite detectar diferentes tipos sanguíneos, até raríssimos”, explica Denise Brunetta, coordenadora do laboratório de Imuno-hematologia do Hemoce.
Percurso longo. Depois do desafio de encontrar o doador, as autoridades ainda batalharam para obter licenças de autoridades competentes – como o Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) – para exportar o sangue e garantir que chegasse em bom estado ao destino.
“Saí para trabalhar na segunda-feira achando que seria um dia normal e no entanto acabei o dia embarcando com uma maleta de sangue para a Colômbia”, conta Natalícia Azevedo Silva, enfermeira do Hemoce, que protegeu o saco de sangue durante as mais de 20 horas de voo – contando o tempo de espera em aeroportos.
Para transportá-lo, foram seguidas as recomendações de transporte das legislações brasileiras e internacionais, explica Natalícia, que há 18 anos trabalha com o Hemoce.
“Colocamos a bolsa em recipiente rígido, envolta em material absorvente, com substância para refrigerar e controle de temperatura. A caixa foi lacrada e identificada como material biológico de risco mínimo. Não se pode passar a caixa no raio X nem transportar no compartimento de mala de bordo, pelo risco de danificar o conteúdo da bolsa”, descreve ela.
O trajeto do sangue não foi fácil: saiu de Fortaleza, passou por São Paulo, Panamá, Bogotá e Medellín, superando 4 mil quilômetros. Confirmada a compatibilidade, o material biológico foi fragmentado: 80 centímetros cúbicos foram destinados para transfusão do bebê, e o restante foi conservado caso haja nova necessidade.
“Esta história, sem precedentes para os dois países, confirma que a rede de colaboração que foi criada pelas autoridades de saúde na região está funcionando de maneira permanente, eficaz e solidária”, disse ao Estado o ministro da Saúde da Colômbia, Alejandro Gaviria. “É emocionante saber que os brasileiros tomaram como sua própria causa a vida da menina de Medellín”, acrescentou o ministro.
Histórico
A Coordenação-Geral de Sangue Hemoderivado (CGSH) oferece consulta ao Cadastro Nacional de Sangue Raro. Essa atividade é feita pelo Hemocentro da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que centraliza as informações dos doadores de sangue considerados raros de todo o país.
Entre 2015 e este mês, a CGSH recebeu 25 solicitações de consulta ao cadastro. Em 2017, até agora, foram nove pedidos, com 100% de atendimento.
(com Estadão Conteúdo)

sexta-feira, 14 de julho de 2017

Implante que devolve audição já está disponível no país

Realizada gratuitamente no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto e São Paulo, a prótese é implantada no osso do crânio de forma minimamente invasiva

O implante que devolve a audição a pacientes com surdez parcial, conhecido como prótese auditiva ancorada no osso, chegou ao Brasil e já foi realizado com sucesso em cinco pacientes no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto e, recentemente, no Hospital das Clínicas de São Paulo.
Desenvolvida na Dinamarca e disponível em outros 25 países, a prótese de titânio transmite o som diretamente para o ouvido interno, sem precisar atravessar o canal auditivo, muitas vezes já comprometido pela surdez, diferente dos aparelhos auditivos convencionais.
“Outra vantagem deste tipo de prótese é que o paciente pode testá-la antes mesmo da cirurgia e avaliar seu real benefício”, disse Ricardo Bento, médico otorrinolaringologista do Hospital das Clínicas de São Paulo.

Pequena prótese

A prótese, mede de três a quatro milímetros e é fixada no osso do crânio do paciente, logo atrás da orelha. Lá, ela irá transformar as ondas sonoras captadas pelo processador externo, localizado na orelha como um fone de ouvido sem fio, em vibrações.
Segundo a Oticon Medical, empresa dinamarquesa que desenvolveu a técnica, o processador tem uma alta qualidade de som e pode ser removido quando houver a necessidade, para dormir e tomar banho, por exemplo.

Procedimento simples

No Brasil, a cirurgia pode ser realizada de forma gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em regime ambulatorial, sem a necessidade de anestesia geral e internação prolongada. “Isso minimiza os riscos potenciais de um procedimento cirúrgico e permite ao paciente uma recuperação rápida, podendo usufruir dos benefícios da prótese auditiva ancorada já em duas semanas”, Miguel Hyppolito, especialista do Hospital das Clínicas de Ribeirão, o primeiro a realizar a cirurgia no Brasil.

O procedimento é indicado apenas para pessoas com perda auditiva condutiva, com graus mais leves e moderados, ou mista, causadas por danos de células, e surdez unilateral, em apenas um dos ouvidos. A boa notícia é que pode ser realizada em crianças a partir dos cinco anos de idade.

quinta-feira, 13 de julho de 2017

A um passo da aprovação, terapia mudará o tratamento do câncer

Um painel da FDA acaba de recomendar a aprovação de uma terapia que altera as células de pacientes com leucemia para combater o câncer

Um painel da FDA, agência americana que regulamenta alimentos e medicamentos, recomendou nesta quarta-feira a aprovação da primeira terapia 100% individual contra câncer no país. O tratamento em questão, fabricado pela Novartis e chamado CTL019, altera as próprias células do paciente, transformando-as no que os cientistas chamam de “droga viva”, de acordo com informações do jornal americano The New York Times, “programada” para combater a leucemia. O aval inédito deixa o medicamento um passo mais próximo da aprovação pela agência e abre caminho para uma nova era na medicina.
Em decisão unânime (10 a 0) o comitê da FDA afirmou que os benefícios da terapia superam seus riscos e recomendou sua aprovação para o tratamento de leucemia linfoblástica aguda de células B resistente ao tratamento ou com recidiva em crianças e jovens com idade entre 3 e 25 anos. Esse é o câncer mais comum diagnosticado em crianças, que representa aproximadamente 25% dos diagnósticos da doença em pacientes com menos de 15 anos. No entanto, o tratamento beneficiaria apenas os 15% dos casos nos quais a doença não responde ou volta.

Como funciona?

A terapia, desenvolvida por pesquisadores da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, e posteriormente licenciada à Novartis, envolve a remoção de milhares de células T, um tipo de glóbulo branco, do paciente, por um centro médico aprovado. Em seguida, essas células são congeladas e enviadas a uma fábrica da farmacêutica onde o processo de modificação é realizado por meio de uma técnica de engenharia genética que emprega uma forma inativa de HIV, o vírus causador da aids, para levar o novo material genético às células e reprograma-las.
Esse processo “turbina” as células T para que elas se liguem à proteína CD-19, presente na superfície de quase todas as células B – componente natural do sistema imunológico que se torna maligno na leucemia – e as ataquem.  As células T geneticamente modificadas, chamadas receptoras de antígeno quimérico, são aplicadas na corrente sanguínea dos pacientes, onde se multiplicam e começam a combater o câncer. Uma única célula é capaz de destruir até 100.000 células cancerígenas. Essa capacidade deu a elas o apelido de “serial killers”.
Em estudos, a re-engenharia dessas células demorava cerca de quatro meses e muitos pacientes faleceram antes do tratamento ficar pronto. Mas, durante a reunião do painel, a Novartis afirmou que esse período foi reduzido para apenas 22 dias.
No entanto, como toda abordagem que usa o próprio sistema imunológico do paciente para combater o câncer, seus efeitos colaterais são graves. Alguns pacientes apresentaram febre desenfreada, pressão sanguínea no limite e congestionamento pulmonar. Outra ressalva dos especialistas foi em relação a possíveis danos futuros, ainda desconhecidos nesse tipo de terapia.
Por outro lado, uma única dose da nova terapia mostrou resultados surpreendentes: longas remissões e possíveis curas para pacientes que tinham suas esperanças esgotadas após todos os tratamentos disponíveis terem falhado.

Disponibilidade e preço

Como os efeitos colaterais demandam cuidados específicos, a Novartis afirmou que, se aprovado, o tratamento será inicialmente disponibilizado em cerca de 30 centros treinados nos Estados Unidos. A companhia afirmou também que planeja submete-lo em outros mercados, como na União Europeia, até o final deste ano. No Brasil, a aprovação deverá demorar mais tempo.
Embora a companhia não tenha mencionado o preço, analistas ouvidos pelo The New York Times estimam que um tratamento assim possa custar mais de 300.000 dólares (cerca de 960.000 reais
A Novartis não é a única a desenvolver terapias 100% individuais, mas está prestes a ser a primeira a ter seu tratamento aprovado. A empresa já está desenvolvendo técnicas similares para o tratamento de outros tipos de leucemia, mieloma múltiplo e tumor cerebral agressivo.  Em entrevista à VEJA no ano passado, Joerg Reinhardt, CEO da Novartis, afirmou sobre as terapias 100% individuais: “as primeiras serão lançadas na área da oncologia, mas logo haverá para diabetes e doenças do coração”.

quarta-feira, 12 de julho de 2017

Novo alívio para o bruxismo

Aparelho criado por dentista brasileiro atenua fortemente a dor de cabeça provocada pela contração constante de músculos faciais associados à mastigação e à deglutição

Crédito: Divulgação
LIVRE Depois de usar o dispositivo por seis meses, o pediatra paulista Daniel parou de ter cefaleia com frequência (Crédito: Divulgação)
“Foi uma pequena grande maravilha na minha vida”. A frase, dita pelo pediatra paulista Daniel Jarovsky, pode parecer exagerada. Mas para quem, como ele, sofreu com dores de cabeça quase que diariamente durante anos, ela tem o tamanho certo. Daniel refere-se a um novo aparelho responsável por poupá-lo do uso dos analgésicos e pelo acréscimo de mais qualidade à rotina. Ao longo de seis meses, o médico usou o Diva® (dispositivo interoclusal de vigília) e conseguiu fazer sumir o bruxismo que estava por trás da cefaleia recorrente.
Tensão de dia

O bruxismo é uma das principais causas da dor de cabeça tensional, registrada na região das têmporas e normalmente mais acentuada no final do dia. Ele é caracterizado pela contração irregular dos músculos temporal e masseter, fundamentais na sustentação da mandíbula. Além dessa função, ambos também foram projetados para serem acionados no fechamento e na abertura da boca, permitindo a mastigação e a deglutição da saliva. Nesses momentos, realizam contrações de alta intensidade que duram apenas o tempo dos movimentos. O problema é que a tensão e o estresse podem levar as pessoas a mantê-los contraídos boa parte do tempo, e, o pior, sem perceber. Neste caso, embora constante, a contração é fraca.
Durante muito tempo acreditou-se que a contração feita ao longo do sono fosse a responsável pela dor do dia seguinte. Hoje, sabe-se que a culpa, na verdade, é do bruxismo de vigília. “Em média, em oito horas de sono há apenas oito minutos de musculatura contraída”, afirma o dentista Alain Haggiag, pesquisador do time de Dor Orofacial do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC/SP). “É pouco e não justifica a dor.”
Baseado nessa constatação, Haggiag criou um tratamento que previne as contrações fora de hora ocorridas de dia. Seu princípio é o de ensinar o paciente a identificar quando elas estão ocorrendo e evitar que prossigam. Para isso, primeiro é feita uma avaliação por meio da qual a pessoa enxerga em uma tela quando está contraindo os músculos e a respectiva altura dos dentes. O correto é que exista um espaçamento entre as arcadas superior e inferior. Se os dentes se tocam é porque a musculatura está contraída. “O exercício é um aprendizado. O indivíduo passa a perceber a contração que levará à dor”, explica Haggiag. A análise ainda informa o espaço ideal entre as arcadas. O Diva® é confeccionado na medida, colocado entre os dentes e ajuda a manter o espaçamento. O dispositivo também serve de alerta: toda vez que a pessoa contrai o músculo quando não deveria, aciona o aparelho e, voluntariamente, relaxa a musculatura. Assim, reverte-se o hábito responsável pela dor.
O dispositivo já teve patente requerida e foi testado durante três meses em 62 pacientes. Todos tinham queixa de dor moderada quando começaram a usá-lo. Uma semana depois, relataram melhora de cerca de 60% na sua intensidade. Ao final dos noventa dias, a redução relatada era de 85%. “A reeducação promovida pelo aparelho é o que melhor funciona”, diz Haggiag. Além de servir de alerta, o aparelho ajuda a promover uma reconfiguração no sistema de envio dos sinais dolorosos ao cérebro. Aos poucos, ocorre uma diminuição da sensibilização central à dor.
Há uma questão que ainda precisa ser observada. Não se sabe se e em quanto tempo o paciente se habituaria ao estímulo causado pelo aparelho, tornando-o ineficaz. É isso o que ocorre muitas vezes com as placas usadas à noite. Depois de um tempo, há uma conformação do sistema nervoso central ao novo elemento e ele perde sua função de relaxamento muscular. No caso do Diva®, uma das estratégias para evitar que isso aconteça é mudá-lo de lado periodicamente. E o objetivo é que a pessoa o use apenas por tempo suficiente para que evite as contrações sem precisar dele. Haggiag prepara-se para testá-lo em mais pacientes. O dentista José Tadeu Siqueira, coordenador da equipe de dor orofacial do HC/SP, acredita no potencial da novidade. “Hoje o bruxismo do dia está sendo melhor compreendido. O aparelho é um caminho viável de tratamento.”
PERCEPÇÃO Na terapia desenvolvida por Alain, o paciente identifica quando a musculatura está contraída (Crédito:Marco Ankosqui)

segunda-feira, 10 de julho de 2017

Acne nas costas? A causa pode estar na forma como você toma banho

Segundo a especialista, mudar certos hábitos de higiene pode reduzir o problema

Pode ser complicado se livrar da acne nas costas por ser um local de difícil acesso. De acordo com a dermatologista norte-americana Christie Kidd, conhecida por tratar celebridades, mudar alguns hábitos de higiene na hora de tomar banho pode ser um método fácil de eliminar o problema.

Etapas

“Muitos de nós, quando aplicamos o condicionador no cabelo, deixamos ele agir enquanto lavamos o resto do corpo”, disse Christie ao site da modelo Kendall Jenner, que teve problemas com acne na adolescência. No entanto, quando enxaguamos, as costas ficam com os resíduos do produto e esquecemos de retirar.
Uma técnica que pode ajudar a evitar a oleosidade na região é deixar a limpeza da pele como última etapa do banho. A dermatologista recomenda que enxaguar o cabelo completamente e prendê-lo para, finalmente, utilizar um sabonete específico nas costas e em outras áreas mais sensíveis.

A acne

A acne é produzida, principalmente, por hormônios que aumentam a produção natural das glândulas sebáceas. Dessa forma os folículos capilares ficam obstruídos por óleo e células mortas. A situação pode piorar quando bactérias P. acnes, geralmente inofensivas, entram em ação e inflamam a região. Por isso, é preciso ter cautela ao espremer as espinhas.
No Brasil, segundo dados da Sociedade Brasileira de Dermatologia, 80% dos adolescentes são afetados pela acne. Já as maiores causas em pessoas de até 30 anos são o stress, a genética e a gravidez, de acordo com o Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido.

Recomendações

Os especialistas recomendam lavar a área da pele oleosa ou acneica com um sabonete neutro e água morna. Também  é aconselhável evitar espremer cravos e espinhas sem preparo, pois isso pode piorar a condição e tornar as cicatrizes permanentes.