sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Febre amarela é detectada em urina

Descoberta científica poderá auxiliar no aprimoramento dos testes realizados para diagnosticar a doença
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O vírus é alvo de estudos há quase um século, mas não se tinha certeza ainda de que ele poderia ser encontrado no líquido e também no sêmen ( FOTO: AFP )
São Paulo/Washington. Um grupo de cientistas brasileiros conseguiu detectar o RNA do vírus da febre amarela - isto é, seu material genético- na urina e no sêmen de um paciente com a doença.
De acordo com os autores da nova pesquisa, a descoberta poderá ser útil para aprimorar os testes diagnósticos da doença.
O RNA do vírus é normalmente detectado no sangue de pacientes infectados, mas até agora não havia sido observado no sêmen e na urina. A nova pesquisa teve seus resultados publicados na "Infectious Diseases", revista científica dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) do governo dos Estados Unidos.
"Nossos resultados sugerem que o sêmen pode ser um material clínico útil para o diagnóstico da febre amarela e indica a necessidade de realizar testes de urina e coletar amostras de sêmen de pacientes com a doença em estágio avançado", diz o artigo. Esses testes poderão aprimorar os diagnósticos, reduzir os resultados falsos negativos e reforçar a confiabilidade dos dados epidemiológicos durante a atual e as futuras epidemias", escreveram os cientistas.
De acordo com o coordenador do estudo, Paolo Zanotto, pesquisador do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de São Paulo (USP), embora a descoberta também levante alguma preocupação - por mostrar que o vírus permanece no organismo por mais tempo do que se pensava -- o seu impacto é predominantemente positivo.
"É uma boa notícia, porque com a presença do RNA do vírus na urina podemos ter acesso a uma nova ferramenta diagnóstica. Outro aspecto positivo é que aumentamos nosso conhecimento sobre a biologia do vírus. O vírus já é estudado há quase 100 anos e ainda não se sabia que ele podia ser detectado na urina e no sêmen.
Embora o RNA do vírus tenha sido encontrado também no sêmen, o cientista diz que ainda não é possível saber se o vírus é realmente excretado pelo sêmen, ou se a detecção ocorreu porque a uretra do paciente estava contaminada com o vírus excretado na urina.
Segundo o pesquisador, o caso estudado indica que o período de transmissibilidade do vírus é maior do que se pensava. Hoje aceita-se que esse período tem início entre 24 horas e 48 horas antes do aparecimento dos sintomas e se estenderia por mais uma semana.

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