Gilberto Occhi diz em reunião da ONU que "nehuma pessoa afetada pode ficar para trás"
O ministro da Saúde, Gilberto Occhi, propõe tratamentos mais
simples e rápidos para enfrentar a tuberculose, responsável por 1,6
milhão de mortes em nível global
( Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil )
A Organização das Nações Unidas (ONU) realizou, nesta quarta-feira (26), a primeira reunião de alto nível sobre tuberculose, com o objetivo de acelerar as ações de combate à infecção
que mais mata no mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS),
no ano passado, a doença foi responsável por 1,6 milhão de mortes em
nível global, e um quarto da população mundial pode desenvolvê-la. O
Brasil foi representado no evento por Gilberto Occhi, ministro da
Saúde.
Em seu último relatório, a ONU alertou que os países não têm feito o
suficiente para combater a doença. No encontro, em Nova York,
representantes de países com altas taxas de tuberculose aprovaram por
aclamação a declaração política governamental “Unidos
pelo fim da tuberculose: uma resposta global a uma epidemia global”.
Esse documento ressalta que a tuberculose é problema de saúde pública e
reforça o comprometimento dos estados para atingir a meta de eliminação da doença até 2030, conforme estabelecem os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Política Externa e Saúde Global
Gilberto Occhi discursou como representante da Iniciativa da Política
Externa e Saúde Global, que integra Brasil, África do Sul, França,
Indonésia, Noruega, Senegal e Tailândia. Criada em 2007, a união tem o
objetivo de incluir a saúde como pauta prioritária na política externa
dos países.
Em sua fala, Occhi destacou que a tuberculose é um dos maiores “riscos transfronteiriços” e que o enfrentamento à doença não é possível sem cooperação internacional. O ministro brasileiro enfatizou a importância do investimento em pesquisa e inovação para produção de novos medicamentos.
O ministro defendeu ainda o desenvolvimento de tratamentos mais simples e rápidos, além de uma vacina eficaz que seja acessível a toda a população.
“Não podemos deixar nenhuma pessoa afetada pela tuberculose para trás. É
preciso proteger os mais vulneráveis, é preciso prevenir, diagnosticar e
tratar todas as pessoas afetadas pela doença de forma universal.” Pesquisas
Integrantes do Brics (grupo formado por Brasil,
Rússia, Índia, China e África do Sul), realizaram um encontro prévio, na
terça-feira (25), para discutir formas de cooperação que acelerem as
pesquisas sobre a infecção. Juntos, os países do Brics respondem por 40% dos casos de tuberculoseno mundo. O Brasil tem um terço de toda a carga de tuberculose das Américas e cerca de 34% dos casos de coinfecção TB-HIV.
Representantes da sociedade civil, especialistas e integrantes da Rede
Brasileira de Pesquisas em Tuberculose (Rede-TB) também participaram da
reunião de alto nível. A delegação brasileira está na expectativa de que
os países do Brics anunciem aporte significativo de recursos para
pesquisa em tuberculose.
A meta da ONU é que o investimento global para prevenção, diagnóstico e tratamento da tuberculose alcance até 2022 o volume de US$ 13 bilhões por ano.
Para pesquisa global, o objetivo é chegar a US$ 2 bilhões de
investimento, para cobrir a lacuna atual estimada em US$ 1,3 bilhão.
No Dia Nacional da Doação de Órgãos, o Movimento Doe de Coração visa reduzir a rejeição à causa
Em relação à porcentagem de rejeição, a meta da Central de Transplantes do Ceará é reduzir o índice para 30%
Em 2018, o Estado do Ceará registrou uma média de 38% de rejeição à
ideia de doar órgãos, segundo dados divulgados pela Associação
Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). A média brasileira, de
acordo com a instituição, é de 43%.
"Isso coloca o Ceará abaixo da média nacional, sendo também uma das
rejeições mais baixas do Nordeste", diz Eliana Barbosa, coordenadora da
Central de Transplantes do Ceará. Com o objetivo de continuar reduzindo
este índice, o Movimento Doe de Coração, da Fundação Edson Queiroz,
acontece hoje (27) na Praça do Ferreira, de 9h às 11h, com uma
programação voltada ao estímulo da doação de órgãos no Ceará.
A ação integra a comemoração do Dia Nacional da Doação de Órgãos, e
inclui a distribuição de folhetos e adesivos do movimento e de balões
com a marca da campanha para a população.
Membros da Liga de Transplantes da Universidade de Fortaleza (Unifor),
formada por alunos do curso de Medicina da Unifor, também estarão
presentes para tirar dúvidas da população acerca da doação voluntária de
órgãos e tecidos. "O foco desse ano é a palavra. Quem quer ser doador
deve falar sobre isso com sua família, para que, um dia, se houver a
oportunidade de doar, as pessoas já saibam", explica a professora Sílvia
Melo, coordenadora do curso de Medicina da Unifor. Segundo ela, toda a
campanha é voltada para esclarecer a importância de se assumir como
doador, para que a família esteja ciente da decisão.
Neste ano, até o dia 24 de setembro, foram realizados 1.078
transplantes de órgãos e tecidos no Ceará. Para Eliana Barbosa, o
Movimento Doe de Coração consegue mobilizar a população que, uma vez
esclarecida, decide doar. "O cearense não precisa ir para outro Estado
para se transplantar", ressalta.
Em relação à porcentagem de rejeição, a meta da Central de Transplantes do Ceará é reduzir o índice para 30%. Sofrimento
"É um momento de muito sofrimento para a família que está diante de um
ente querido prestes a perder a vida. E a família não está preparada
para tomar essa decisão. Também a falta de informação e segurança de
saber se o parente tinha realmente vontade de doar", descreve Sílvia
Melo.
O fato de o Ceará ser referência em transplantes, diz Eliana Barbosa,
alerta a população para a discussão entre familiares e,
consequentemente, enaltece valores de cidadania e solidariedade, "que
contribuem para criar a cultura da doação".
Cerca de 40% das famílias brasileiras
não autorizam doar órgãos, mas está em ação um grande esforço para
derrubar esse alto índice de recusa. Uma medida simples pode ajudar
muito: é só avisar aos mais próximos de que deseja ser doador
Cilene Pereira
1 de 5
MÚLTIPLO Bruna teve de fazer quatro transplantes
2 de 5
CHANCES Fabiana trocou de fígado duas vezes
3 de 5
RECOMEÇO Yuri trocou o coração. Vai casar em novembro
4 de 5
AMOR EM FAMÍLIA Edson recebeu da irmã um novo rim
5 de 5
TROCA Luana passou por transplante de rim
Yuri Sousa Aurélio, 29 anos, Bruna Damasceno de Sousa, 30 anos,
Cilene Pereira, 52 anos, Edson Araki, 56 anos, Fabiana Pighini, 37 anos,
Luana Farias, 36 anos. Dar o nome e sobrenome das pessoas que aparecem
nas fotos desta reportagem é uma obrigação jornalística. Nesse caso, no
entanto, é acima de tudo a forma de evidenciar por meio das histórias
desses seis indivíduos a importância de apenas um gesto para que a vida
continue. De outro jeito, é verdade, mas ela continua. Todos foram
beneficiados por doações de órgãos imprescindíveis para que pudessem
continuar seus caminhos. Sem o ato de generosidade de alguém que não
conhecem — e que não os conhece — certamente não estariam aqui
estampando o sorriso que ilumina esses retratos, feitos pelo fotógrafo
Lincoln Chessa.
As fotos farão parte de uma exposição a ser montada em São Paulo como
parte de um pacote de iniciativas para estimular a doação de órgãos no
Brasil. A decisão de exibir as cicatrizes intenciona, também, quebrar o
conceito equivocado de que corpo bonito é corpo sem marcas. A ideia da
mostra partiu da Bruna, que passou por quatro transplantes (três de
fígado e um de rim), necessários por causa de complicações causadas por
uma doença metabólica, e do cantor Bruno Saike, ativista e idealizador
da ação #Juntos pela doação de órgãos. Na quinta-feira 27, comemora-se o
dia da Nacional de Incentivo à Doação de órgãos, e até lá serão
realizadas outras ações. Do movimento #Juntos, por exemplo, incluem-se o
lançamento nas plataformas digitais de uma coletânea com gravações de
artistas como Pitty, Ira! e He Saike e um ato na quarta-feira 26, na
Arena Corinthians, antes do início da semifinal entre Corinthians e
Flamengo pela Copa do Brasil. A Associação Brasileira de Transplantes de
Órgãos (ABTO) também preparou um calendário de eventos que terá seu
ponto alto no dia 27, com a iluminação em verde (cor da campanha) do
prédio da FIESP, na Avenida Paulista.
São ações mais do que necessárias. Entre janeiro e junho, quase 33
mil adultos aguardavam por um órgão, segundo a ABTO. Crianças somavam
706. A fila maior é para rins, seguida pela de fígado e de coração. Dos
5,4 mil adultos que ingressaram na lista no primeiro semestre, 728
morreram. Das 159 crianças, 7 perderam a vida antes que conseguissem uma
doação.
Falar em doação de órgãos é daqueles assuntos sobre os quais ninguém
quer conversar a respeito. Discutir o tema lembra a morte e, por isso
mesmo, é compreensível que cause desconforto. Mas é nessa mudança de
comportamento que residirá boa parte da virada de jogo para tirar muita
gente da espera e tornar o Brasil mais solidário. O número de pacientes
que aguardam por um transplante só é tão alto porque, basicamente,
faltam doadores. Capacidade técnica, em gente e em equipamentos, o País
possui. “Poderíamos aumentar o total de cirurgias porque os hospitais
têm estruturas muito bem estabelecidas”, afirma o cirurgião André
Ibrahim David, do Departamento do Transplante de Fígado da ABTO.
É verdade que há deficiências, como limitações nos hospitais para o
reconhecimento de potenciais doadores e sua notificação à central de
Transplantes. Mas é fato que times bem organizados — médicos,
enfermeiras, assistentes sociais, psicólogas, nutricionistas — trabalham
com maestria desde a captação de órgãos até a recuperação do
transplantado. Um belo exemplo é a equipe chefiada pela enfermeira
Vanessa Gonçalves, coordenadora de uma das quatro que atuam na capital
paulista na captação de órgãos. Ela comanda uma espécie de esquadrão da
vida acionado sempre que chega ao serviço a informação de um possível
doador nos hospitais. Momento difícil e decisivo
E é aí, com treinamento e sensibilidade, que começa um trabalho que,
horas depois, pode transformar a morte em vida novamente. Vanessa e seu
time têm a missão de explicar aos familiares que órgãos da pessoa que
acabam de perder podem ser doados se apresentarem condições para tal.
Antes de abordar a família, é preciso identificar a reação emocional dos
envolvidos e aproximar-se quando for possível. É um momento difícil,
mas decisivo. Ainda atordoados pela notícia do falecimento, os
familiares precisam entender conceitos como o de morte encefálica —
completa e irreversível parada das funções cerebrais — e decidir se
permitem a doação.Só quem pode autorizar são parentes em até segundo
grau, cônjuges ou companheiros. Em geral, quatro em cada dez famílias
não permitem a doação. Nos primeiros seis meses do ano, o índice médio
de recusa no País foi de 43%. No Mato Grosso, 90% disseram não à doação.
O mais impressionante é que 60% das negativas acontecem porque a
família simplesmente não sabe se a pessoa queria ser doadora. Na dúvida,
prefere manter o corpo preservado. Quando as pessoas sabem do desejo
que o indivíduo tinha de doar, a autorização é dada sem vacilação. É uma
forma de cumprir o último desejo de quem partiu. Às vezes, os
familiares intuem a opção por doar, como foi o caso de Sérgio Miwa
quando seu pai, Setsuo Miwa, morreu, há dois anos. “Ele foi uma pessoa
que ajudava os outros. Achei que gostaria de ter ajudado mais uma vez”,
conta Sérgio. A doação de Setsuo salvou três pessoas. ESQUADRÃO
da vida Vanessa (ao centro) lidera uma das quatro equipes da capital
paulista que faz a captação de órgãos (Crédito:Marco Ankosqui)
Por essa razão, um dos esforços é estimular que as pessoas digam,
principalmente aos familiares, que desejam ser doadores. “Informe a sua
família sobre seu desejo”, diz a enfermeira Vanessa. Em outra frente,
especialistas envolvidos na batalha pelo aumento dos transplantes lutam
pela criação de um estatuto do doador com medidas que possibilitem, por
exemplo, que as pessoas registrem seu posicionamento. “Também pensamos
em criar um aplicativo por meio do qual o usuário registre que é doador.
Pode servir de fonte de pesquisa para a família se solicitada a doar os
órgãos do parente falecido”, conta o cirurgião André Ibrahim.
Colocar-se à disposição para salvar vidas, portanto, é mais simples do
que parece. É só dizer “Sim, sou doador. Eu recebi um fígado. E dei o meu à outra pessoa
Eu sou a Cilene Pereira que assina a reportagem sobre a importância
de doar órgãos e a Cilene Pereira que aparece no início do texto, na
lista dos transplantados. A foto é minha e faz parte da exposição
programada para acontecer na Arena Corinthians, na quarta-feira 26,
antes da semifinal entre Corinthians e Flamengo pela Copa do Brasil. Em
31 anos de jornalismo, jamais imaginei que um dia eu seria personagem da
minha própria matéria. Personagem, no jargão jornalístico, é a pessoa
que serve para ilustrar uma história. Mas aqui estou eu contando minha
trajetória publicamente para, quem sabe, contribuir para que o número de
doações cresça no Brasil, ajudando mais gente que, como eu, dependia de
um transplante para que a vida seguisse como deve seguir.
Sou portadora de Polineuropatia Amiloidótica Familiar (PAF), doença
neurodegenerativa rara de origem genética. A mutação provoca uma
alteração estrutural na proteína transtirretina, produzida
principalmente no fígado, tornando-a instável. O resultado é que ela
acaba se depositando sobre diferentes tecidos, provocando danos
sistêmicos que vão de prejuízos cardíacos à perda progressiva de
movimentos, à atrofia muscular e a outra série de efeitos que fazem a
vida do paciente minguar aos poucos. Sem tratamento, pode levar à morte
em dez anos.
Não foi um diagnóstico fácil, como não são fáceis os diagnósticos de
doenças raras. Contei com a sorte de ter sido atendida, de pronto,
quando os sintomas apenas se insinuavam, pelo cardiologista Bruno Bueno,
do Hospital Samaritano, em São Paulo. Competente, atencioso e dono de
um raciocínio diagnóstico impressionante – assim como de um bom humor
que tornou tudo mais leve -, Bruno persistiu na busca de respostas e me
guiou durante um ano e oito meses até que descobríssemos o que eu tinha.
O transplante de fígado foi a primeira forma encontrada pela medicina
para impedir ou retardar a progressão da enfermidade. Hoje, há
medicações que atuam no mesmo sentido, uma delas disponível no País.
Cheguei a experimentá-la, mas aparentemente não houve benefício para o
meu caso. Decidimos pelo transplante como forma de barrar a evolução da
doença que roubaria minha autonomia. Sou jornalista, mãe de três filhos,
inquieta, inconformada com platitudes, curiosa e apaixonada por
conhecer pessoas e lugares, como mandam minha profissão e minha
personalidade. Não andar e depender de alguém para cuidar de mim a essa
altura da minha vida me apavorava.
De repente, me vi na condição que descrevera em reportagens sobre
gente que esperava na fila do transplante. Mas desta vez era o meu nome
que estava no registro da Central de Transplantes e era eu que entrava
periodicamente no sistema para saber se minha vez estava próxima. A
espera durou cerca de três meses. Recebi o telefonema de que haviam
achado um doador no início da manhã do dia 14 de setembro do ano
passado. Doze horas depois me deitava na mesa cirúrgica do Hospital
Samaritano para fazer o transplante, conduzido com excelência pela
equipe do cirurgião André Ibrahim David.
Por uma peculiaridade da minha doença, meu fígado não servia para
mim, mas servia para outro paciente. Por isso, passei pelo o que os
médicos chamam de transplante dominó, uma modalidade possível somente
nos casos de PAF e de outras formas de doenças metabólicas genéticas do
fígado. Na mesma noite em que recebi um fígado novo, doei o meu para
outro paciente, que aguardava por uma nova chance de vida no Hospital
das Clínicas de São Paulo (HC/SP), localizado a apenas alguns
quilômetros de distância do centro cirúrgico onde eu estava. Os
cirurgiões retiraram o meu fígado e o entregaram para os colegas do
HC/SP. Naquela noite, duas pessoas ganharam uma chance de seguir com a
vida. Eu, graças à doação que havia recebido. O paciente do HC/SP,
graças ao fígado que eu havia doado.
Nunca na minha vida havia pensado que um dia eu precisaria de um
transplante – exceto pacientes com doenças que se manifestam cedo,
ninguém em sã consciência pensa que um dia estará nessa situação. Por
isso, em meio à agitação estranha aos nossos olhos de pacientes dentro
da sala de cirurgia e à ansiedade com o que estava por vir, fiz uma
pausa por alguns segundos. Fechei meus olhos e agradeci do fundo do
coração à pessoa de quem eu receberia o fígado. Como é de praxe, não sei
quem foi meu doador. E também não sei quem recebeu o meu fígado. Na
verdade, isso não importa. O que importa é que por causa de uma doação
de órgão eu sigo com minha vida, com as alegrias, os fracassos, os
encantamentos, as angústias e as esperanças que fazem dela algo tão
fascinante e desafiador. E torço muito para que a pessoa que recebeu meu
fígado esteja, como eu, feliz e pronta para a vida que há para ser
vivida.
Pesquisa mostra que um em cada cinco
profissionais de saúde já sofreu agressão física e mais de 70% já
passaram por algum episódio de violência. Demora no atendimento é a
principal razão para ataques contra médicos e enfermeiros
CÂMERAS
Circuito interno de TV de pronto-socorro de Santos captou quando a
enfermeira Maria Lúcia Bortolucci foi esmurrada pela filhas de um
paciente que já havia conseguido internação. Profissional passou por
cirurgia e agressoras foram detidas. Maioria dos profissionais da saúde
agredidos é mulher
André Vargas
Cuidar
da saúde dos outros é uma atividade cada vez mais perigosa no Brasil.
Filas imensas, demora no atendimento, falta de leitos, equipes reduzidas
e, acima de tudo, um cotidiano de agressões por parte de pacientes e
familiares torna a vida de médicos, enfermeiros e farmacêuticos
insegura. Quase todos já presenciaram ofensas, palavrões, ameaças, socos
e pontapés, principalmente entre quem atua na rede pública. Uma
pesquisa encomendada pelos conselhos regionais de medicina, enfermagem e
de farmácia de São Paulo com 6.832 profissionais da saúde apurou que
71,6% já passaram por pelo menos um episódio de violência. Um em cada
cinco já sofreu agressões físicas. Há registro de vítimas nocauteadas,
assim como ameaças vindas de procurados pela Justiça e, pior, até de
agentes da lei. Como componente adicional, essas covardias costumam
ocorrer contra mulheres. Entre o pessoal da enfermagem, 84% das vítimas
são do sexo feminino, entre os médicos, 57%.
Esse foi o drama enfrentado pela enfermeira Maria Lúcia Bortolucci,
em Santos (SP), e pela pediatra Lyse Soares, em Niterói (RJ). Durante um
plantão no Pronto-Socorro da Zona Noroeste, em 10 de agosto, a
enfermeira foi jogada no chão e espancada por duas mulheres enquanto
tentava internar o pai de ambas. Ela precisará de uma cirurgia no
maxilar. O caso foi parar na delegacia. Na madrugada de 2 de abril, Lyse
foi agredida no Hospital Icaray, depois que um casal exigiu, sem
sucesso, a internação do filho, que estava só em estado febril. A
pediatra foi agarrada pelos cabelos e estapeada pelos pais. O caso
ganhou repercussão e os agressores, um advogado e uma fisioterapeuta,
perderam seus empregos.
Os homens também são vítimas. Em 3 de janeiro, no Hospital das
Clínicas de Ribeirão Preto (SP), o obstetra Conrado Ragazini foi
nocauteado sem aviso pelo marido de uma paciente. Ele sofreu fraturas
nos ossos da face e ficou afastado por um mês. Dois dias antes, o
obstetra havia feito o parto do filho do agressor. Como o bebê precisou
ser encaminhado para uma UTI neonatal, o pai culpou o médico. Já o
enfermeiro Wagner Batista passou a sofrer de síndrome de “burnout” após
ser ameaçado de morte por um foragido da Justiça. O caso ocorreu em
março, na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) São João Lavras, um das
mais movimentadas de Guarulhos, Grande São Paulo, e terminou com sua
demissão. Batista havia optado por manter um paciente alcoolizado no
ambulatório, dando lugar para quem necessitasse de internação. Após seis
horas, o paciente e seu filho tentaram esmurrá-lo e o ameaçaram. A
polícia foi chamada e descobriu-se que o filho era procurado. Dias
depois, pessoas estranhas passaram a ameaçá-lo na unidade. O enfermeiro
começou a sofrer de ansiedade, cansaço crônico e pressão alta.
“Me recusei a passar dados sigilosos e o PM quis me prender. Tinha uma paciente com hemorragia na sala. ‘Que morra’, ele gritou” Edwiges Dias da Rosa, 61 anos, cirurgiã agredida por policiais no ABC Paulista Sucateamento da saúde
A principal causa das agressões estaria no sucateamento do sistema de
saúde pública, acredita o otorrinolaringologista Florisval Meinão,
diretor da Associação Paulista de Medicina (APM). Para ele, não dá para
culpar diretamente os pacientes, que estão em situação de grande
vulnerabilidade. “Porém, há limites”, diz. A presidente do Conselho
Regional de Enfermagem de São Paulo (Coren-SP) Renata Pietro vai na
mesma linha. “Descontam em quem está na linha de frente para ajudar”,
diz. A solução seria aumentar a segurança nas unidades, para amenizar o
problema a curto prazo, e aplicar mais recursos na Saúde, já que a maior
causa de conflitos (33%) está na demora de atendimento.
TRUCULÊNCIAPMs deixaram hematomas em braço de médica e tentaram detê-la por desobediência (Crédito:Gabriel Reis)
A proposta para endurecer a punição a quem abusar de profissionais de
saúde tem tudo para dar em nada. “Quem agride não está pensando”, diz
Meinão. Sem contar que boa parte dos agredidos (80%) opta por não
prestar queixa. E quando as autoridades são acionadas, de pouco adianta.
Há dois anos a médica clínica K.V.G. foi assaltada dentro do
consultório, em um posto de saúde no Capão Redondo, periferia de São
Paulo. Um homem armado entrou com um paciente e levou seu celular.
“Nunca mais voltei”. Ela deixou a rede pública e hoje só atua para
convênios.
Pior é quando o profissional é vítima de quem deveria protegê-lo.
Durante um plantão noturno, em 29 de julho, na UPA Baeta Neves, em São
Bernardo do Campo (ABC-SP), a cirurgiã gástrica Edwiges Dias da Rosa, de
61 anos, ganhou hematomas nos braços ao ser segura com força por
policiais militares. Tudo começou quando um PM exigiu a cópia do
prontuário de uma vítima de violência doméstica. A cirurgiã informou que
isso só seria possível mediante um pedido formal de delegado, já que os
dados são sigilosos – algo usual. PMs tentaram detê-la por
desobediência e o atendimento de uma idosa com foi comprometido. “Nunca
vi tanta truculência”, conta. O caso está na Corregedoria da PM. É mais
uma amostra de que a medicina é uma profissão de alto risco.
Estudo brasileiro sugere que o consumo da gordura vinda de peixes, linhaça e chia poderia afastar o problema
Por
Thaís Manarini
O ômega-3, gordura presente no salmão e
em outros alimentos, parece proteger contra a ansiedade (Ilustração:
Eber Evangelista/SAÚDE é Vital)
A nutricionista Lara Natacci, diretora clínica da Dietnet, em São Paulo, tem observado que, hoje, não faltam estudos científicos sobre o papel do ômega-3 contra a depressão.
Afinal, trata-se de uma gordura com ação anti-inflamatória e protetora
do sistema nervoso. Em paralelo, em sua prática clínica, a expert
percebe que outro distúrbio mental tem afetado cada vez mais gente: a ansiedade.
“Muitas pessoas relatam que, por causa dela, comem demais”, conta.
Juntando uma coisa e outra, ela resolveu investigar, em seu trabalho de
doutorado, se o tal do ômega-3 teria alguma influência na ocorrência de
transtornos ansiosos.
Para isso, ela analisou os hábitos alimentares de 12 268 adultos –
registrados através de questionário alimentar. “Não incluímos, na
pesquisa, pessoas que consumiam o nutriente por meio de suplementos”, avisa.
Com base nesses dados, ela conseguiu separar os indivíduos por níveis
de ingestão de ômega-3. Foi aí que percebeu que os maiores consumidores
da gordura apresentavam menor risco de sofrer de ansiedade em relação
às pessoas com baixa ingestão.
De acordo com Lara, por causa do modelo do estudo, é cedo para cravar
que o nutriente de fato evita que alguém desenvolva o transtorno. “Esse
tipo de trabalho é similar a uma foto. A gente vê o que está
acontecendo naquele momento”, diz. “Só que ele ainda não mostra uma
relação de causa e efeito”, completa.
De qualquer maneira, é um achado que empolga e abre as portas para
pesquisas mais robustas e capazes de analisar esse elo com um maior grau
de detalhes. “Nesse momento, com base nas informações que temos, meu
conselho é que as pessoas obtenham o ômega-3 por meio da alimentação”, diz Lara. Chia, linhaça, algumas oleaginosas e peixes como salmão, atum e sardinha são os grandes aliados nessa empreitada.
Além de turbinar o consumo de ômega-3, Lara lembra que é importante
maneirar nas fontes de ômega-6, como óleos de milho e girassol. É que
essa gordura, tão comum em nosso dia a dia, tem sido engolida aos
montes. Aí, o resultado é o oposto do desejado: o organismo se torna
mais inflamado. Portanto, para realmente tirarmos proveito dos
benefícios do ômega-3, as duas gorduras precisam estar em equilíbrio.
E lembre-se: o melhor é ajustar a dieta. “Os suplementos só devem ser
usados após avaliação. Há diretrizes indicando que as cápsulas de
ômega-3 são bem-vindas apenas em casos de triglicérides elevados”, ensina Lara.
Os incômodos
que insistem em não ir embora são mais comuns do que se imagina,
segundo um estudo. E trazem problemas consideráveis, como a depressão
Por
Flávia Albuquerque (Agência Brasil)
As dores nas costas estão entre as mais comuns (Ilustração: Daniel Almeida/SAÚDE é Vital)
Pelo menos 37% da população brasileira, ou 60 milhões de pessoas, sentem dor de forma crônica (aquela que persiste por mais de três meses). Pelo menos é isso o que sugere um estudo da Sociedade Brasileira de Estudos da Dor (Sbed), da Universidade Federal de Santa Catarina, da Faculdade de Medicina do ABC e de uma clínica de tratamento da dor.
Para o levantamento, foram entrevistadas 919 pessoas de todo o país. A
Região Sul é a mais afetada pelos desconfortos contínuos (42% dos
voluntários), seguida do Sudeste (38%), Norte (36%), Centro-Oeste (24%) e
Nordeste (28%).
Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Intervencionistas em Dor (Sobramid), Paulo Renato Fonseca, a dor crônica é tão nociva que está ligada à depressão,
à transtornos de ansiedade e até ao suicídio. “A dor, de modo geral,
talvez seja umas das situações humanas que mais causam sofrimento. Ela
não só provoca um sintoma desagradável, mas traz repercussões
biológicas, psicológicas, sociais e espirituais”, diz Fonseca.
De acordo com o médico, é preciso tratar esses desconfortos
prolongados com vários profissionais da saúde e médicos
intervencionistas que fazem procedimentos para melhorar o sintoma.
“Imagine uma pessoa com dor todo dia, o dia inteiro, durante meses”,
questiona.
As dores mais comuns e como evitá-las
Entre elas estão as que atingem a região lombar, as articulações, a face, a boca, o pescoço. As dores de cabeça em geral e as enxaquecas também são frequentes.
Para prevenir os incômodos, os médicos indicam a prática de exercícios físicos, correção postural, alimentação adequada, vacinação (em especial contra herpes zoster)
e controle do peso e de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão.
Ao mesmo tempo em que as dores sinalizam doenças, podem agravar
condições crônicas e gerar quadros de sedentarismo e obesidade.
Segundo Fonseca, vários tratamentos para dor crônica estão
disponíveis tanto no Sistema Único de Saúde (SUS) quanto nos planos de
saúde. “Muitas pessoas acham que são procedimentos custosos. Alguns são
caros, mas a maioria não é”. Ele ressaltou que as técnicas
intervencionistas ajudam a reduzir o consumo de analgésicos.
“Uma das novidades a serem tratadas no congresso é a chegada da
medicina regenerativa, que utiliza células-tronco, plasma rico em
plaquetas, que são substâncias retiradas do próprio corpo da pessoa que
podem ser utilizadas para dor. Teremos também a presença de 15
estrangeiros que mostrarão novas tecnologias”.
Conteúdo da Agência Brasil.
Apesar dos benefícios, o Brasil tem 1.465 leitos a menos que o ideal. No Ceará, na Maternidade Escola, são apenas cinco
Theyse Viana - Repórter
A posição canguru consiste em manter o recém-nascido prematuro
ou de baixo peso em contato pele a pele junto ao peito dos pais ou de
outros familiares, estimulando o seu desenvolvimento
( Foto: José Leomar )
As dúvidas da adolescência ainda nem tinham ido embora quando Camila
Gomes, 28, recebeu Alícia, há 11 anos, na Maternidade Escola Assis
Chateaubriand (Meac). Se ser mãe já é transformação complexa,
vivenciá-la aos 16 foi desafio dobrado para a autônoma - superado com o
auxílio do Método Canguru, que completa 20 anos de prática no Ceará,
focando no reforço do vínculo afetivo com a família para desenvolvimento
do bebê.
"Passei 15 dias na Unidade Canguru, e foram os melhores da minha vida,
porque lá aprendi a ser mãe. Eu não estava pronta para cuidar de uma
criança prematura. Com o método, aprendi e saí pronta para cuidar da
minha filha", relembra.
A posição canguru consiste em manter o recém-nascido prematuro ou de
baixo peso (menos de 2,5kg) em contato pele a pele junto ao peito dos
pais ou de outros familiares, conforme descreve a Portaria Nº 1.683/07,
do Ministério da Saúde, que orienta a prática no Brasil. Segundo a chefe
da Unidade Canguru da Meac, Rosalina Araújo, o método é, além de
política pública de saúde da mulher e da criança, "uma filosofia de
trabalho".
"Ele melhora a qualidade de atendimento dos bebês desde a gravidez,
passando pelo parto humanizado. Existe um cuidado especial com o
prematuro porque tem possibilidades de complicações, mas é aplicável a
todos os bebês", explica. Atualmente, a Unidade Canguru da Meac conta
com cinco leitos para atendimento de mães e filhos, que devem ser
expandidos para 12, sem prazo informado.
Em Fortaleza, o centro de referência na adoção do método é a Meac, que
iniciou a prática dois anos antes de se tornar política pública, no ano
2000. Para Rosalina, o fortalecimento do vínculo afetivo entre mãe e
filho "já seria justificativa suficiente" para adoção do Canguru, mas a
isso se agregam, ainda, os benefícios à saúde física do bebê. "O pele a
pele ajuda no desenvolvimento da criança porque ela sente a mãe,
desenvolve o equilíbrio. A mãe tem uma flora normal de bactérias, então o
bebê já desenvolve anticorpos e combate a flora patogênica. Além disso,
gera diferença imensa no aleitamento, contribuindo para a produção de
leite", lista a neonatologista da Meac. Experiências
Esse "pele a pele", aliás, torna Talita Alves, 20, e as gêmeas Isabele e
Alice, de 22 dias, uma só, aninhadas o dia inteiro sobre o peito.
Nascidas com apenas 31 semanas e meia, as "surpresas dobradas" da mãe de
primeira viagem vieram por parto cesárea. "Meu primeiro contato com a
Alice foi pelo método, porque ela ficou duas semanas na UTI, entubada.
Eu pensei que não ficaria com elas, entrei em desespero. Mas o Canguru
salvou, e contribui demais para ela crescer, se desenvolver, e para me
passar confiança", relata Talita, que precisa revezar as pequenas junto
ao peito a cada uma hora e meia, já que o pai "ainda não tem coragem,
porque são muito molinhas".
A miudeza de Kaíque também assustou a dona de casa Mardna Barros, 26,
apesar de já ser o seu quarto filho, o primeiro a precisar do Canguru,
cuja contribuição no desenvolvimento, segundo a mãe, é visível. "No
começo, fiquei muito angustiada em ver ele tão pequeno, mas a cada dia
vejo melhora. Ele já tá pegando o peito!", anima-se.
No Brasil, segundo a consultora da Coordenação Geral de Saúde da
Criança e Aleitamento Materno do Ministério da Saúde, Luiza Machado, 132
maternidades aplicam o Método Canguru, e 714 leitos são habilitados
como Unidades de Cuidado Intermediário Neonatal Canguru (Ucincas). A
necessidade, porém, é de 2.179.
Saiba o que é bom para evitar e combater essa doença, responsável por provocar queimação no estômago e outros problemas
Por
Chloé Pinheiro e Goretti Tenorio
As crises de gastrite são provocados por um ataque ácido ao estômago (Foto: Gustavo Arrais/SAÚDE é Vital)
A dor e a queimação, sintomas típicos da gastrite, são consequência de uma inflamação nas paredes internas do estômago. E qual a causa disso?Pesquisas mostraram que a maioria dos episódios desse problema é provocado por uma bactéria, a Helicobacter pylori.
Esse micro-organismo se instala abaixo da camada de muco do estômago e
vai liberando a urease, uma enzima capaz de mudar o pH das áreas
próximas.
A multiplicação desenfreada desse agente infeccioso gera uma reação
inflamatória. Se as células de defesa não conseguem conter o avanço, a
mucosa que protege as paredes do estômago é corroída – e o órgão então
sofre diretamente a ação do ácido gástrico, dando origem à ardência.
A H. pylori pode contaminar água e alimentos, mas o
principal meio de transmissão é de pessoa para pessoa. Ainda assim o
fato é que muita gente carrega esse inimigo, mas não sofre com suas
consequências.
Alguns fatores, ou uma associação deles, também desencadeiam a irritação: alimentação inadequada, abuso de remédios (sobretudo anti-inflamatórios), e consumo exagerado de bebida alcoólica. O estresse
é outro componente importante na origem das crises de gastrite: em
situações de tensão, nosso organismo aumenta a liberação de cortisol e
de adrenalina, hormônios que, por sua vez, elevam a fabricação de ácido
pelo estômago.
Sinais e sintomas
– Dor de barriga
– Sensação de queimação no estômago
– Enjoo
– Falta de apetite
– Perda de peso
Fatores de risco
– Predisposição genética
– Consumo excessivo de alimentos gordurosos e ácidos
– Abuso de anti-inflamatórios
– Estresse
– Consumo exagerado de bebida alcoólica
– Ingestão excessiva de itens com cafeína
– Tabagismo
– Doença de Crohn
A prevenção e a alimentação
Diminuir o consumo de alimentos que aumentam a acidez do estômago,
como comidas picantes, álcool e café, é o caminho indicado para atenuar
o ataque às paredes do estômago. Alimentos mais gordurosos, que exigem
mais quantidade de ácido para serem digeridos, também entram na lista
dos desencadeadores da gastrite. Cuidado também com o leite puro, que
estimula a secreção de suco gástrico.
Só tenha em mente que, dependendo da severidade, do tempo sem crise e
de questões individuais, é possível ingerir esses alimentos com
moderação. Discuta isso com um profissional de saúde.
Ficar muito tempo em jejum é outro perigo. Sem alimentos na barriga, o
ácido gástrico se acumula e começa a lesionar o estômago. Vale,
portanto, fracionar as refeições. E comer devagar. A mastigação, como
primeira fase da digestão, poupa os esforços do estômago.
Além disso, quem fuma tem mais este motivo para tentar abandonar o
cigarro. O vício aumenta a produção de ácido no estômago e, dessa forma,
favorece a queimação.
Por fim, fuja da automedicação: o uso de anti-inflamatórios sem
receita e sem as devidas orientações do médico também contribui para o
aparecimento das crises estomacais.
O diagnóstico
Sentir dores no estômago uma vez ou outra não significa que a pessoa
tem gastrite. Agora, se os sintomas se arrastam por duas semanas, é
melhor consultar um gastroenterologista.
O médico irá solicitar a realização de uma endoscopia.
Nesse exame, feito com o paciente sob efeito de sedativo, uma
microcâmera desce pela boca até o estômago, e as imagens registradas
mostram se há inflamação na mucosa do órgão.
Para confirmar se o problema foi causado pela bactéria H. pylori, durante a endoscopia é feita uma biópsia. A análise do material revela se o micro-organismo está alojado por ali.
O tratamento
Controlar a alimentação é fundamental para aliviar o mal-estar
digestivo, mas nem sempre uma dieta equilibrada basta. Para combater a
inflamação já instalada, o médico pode receitar antibióticos, além de
antiácidos para atenuar os sintomas.
Nos casos em que a H. Pylori é a causa da gastrite, às vezes
só um revezamento de antibióticos consegue dar fim ao problema. Isso
porque essa bactéria é muito resistente.
Ao término do tratamento, o especialista pode recomendar outro exame
para confirmar se o micro-organismo foi eliminado de vez. Esse teste
detecta a presença a H. Pylori pelo ar expelido dos pulmões. Se
o resultado der negativo, significa que foi exterminada. Caso
contrário, é preciso tomar novas medidas contra ela.
Ao longo do tratamento, é preciso ficar longe de determinados alimentos. Até que a regeneração do estômago seja completa, deve-se evitar refrigerantes, águas gasosas e sucos cítricos. Chocolates, balas e doces também ficam de fora do cardápio – o açúcar fermenta na barriga e, para piorar, estimula a liberação de ácido clorídrico.
Uma vez que a causa da gastrite sai de cena, seja ela qual for, a
pessoa fica curada em no máximo três semanas. Esse é o prazo necessário
para o estômago recuperar suas rugosidades naturais, destruídas pela
agressão.
A dieta tem
um peso importante nessa fase da vida da mulher. Descubra quais
ingredientes ajudam a amenizar os sintomas do climatério
Por
Juan Ortiz, Henrique Kanitz e Sílvia Lisboa
Certos alimentos ajudam a passar por essa fase sem grandes complicações (Foto: Bruno Marçal/SAÚDE é Vital)
Quando a vida reprodutiva está chegando ao fim, boa parte das mulheres sente as manifestações da gangorra hormonal
– afinal, os ovários estão encerrando o expediente. Cerca de 80% delas
penam com ondas de calor (ou fogachos) e suor intenso. A libido cai e a
vagina fica mais ressecada. E há quem sofra com insônia e até depressão. Tudo sintoma desse período chamado climatério – menopausa mesmo é só a última menstruação. Não é à toa que a ampla maioria gostaria de postergar ao máximo sua chegada.
“Tem mulheres que passam muito mal mesmo”, relata a ginecologista Mariana Maldonado, membro da Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana.
Cientes disso e das repercussões da fase na saúde feminina,
profissionais vêm se dedicando a encontrar formas de atrasar a menopausa
ou amenizar suas consequências.
E uma pesquisa inglesa indica que a dieta pode interferir na idade em que a produção hormonal cessa. Após analisar os hábitos à mesa de 914 mulheres com idades entre 40 e 65 anos, uma equipe da Universidade de Leeds descobriu que, entre aquelas que comiam mais peixes e legumes frescos todos os dias, o fim da menstruação chegou até três anos mais tarde do que a média britânica (51 anos).
Quem manteve um cardápio rico em carboidratos simples (massa, arroz…), por sua vez, teve a menopausa antecipada em até um ano e meio.
A vantagem do primeiro grupo estaria na ingestão de ômega-3, vitaminas e outros antioxidantes,
que favoreceriam o bom funcionamento das células, inclusive as dos
ovários. O estudo não encerra a questão, mas reforça o conselho de
manter uma alimentação balanceada – até pelos quilos extras!
“O consumo excessivo de farinha de trigo refinada e açúcar contribui com o ganho de peso, comum nesse período”, nota a endocrinologista Mariana Halla, diretora da Sociedade Brasileira para Estudos do Envelhecimento.
Alguns alimentos e nutrientes ajudam a atenuar os efeitos da menopausa
Peixes: O consumo regular de espécies oleosas como salmão, atum e sardinha está ligado a uma menopausa mais tardia. Legumes: É para comer todo dia. E dê prioridade às versões frescas. Vale vagem, ervilha, grão-de-bico, lentilha… Nozes e castanhas: São fontes de gorduras boas e antioxidantes, que reduzem os danos às células dos ovários. Ovos: Têm proteína e vitaminas, como a D, que atua na absorção de cálcio e, assim, ajuda a prevenir a osteoporose.
Estudo
mostra que essa prática milenar é tão ou mais benéfica que os exercícios
aeróbicos tradicionais no alívio da dor e de outros sintomas
Por
Maria Tereza Santos
Tai chi chuan pode ser mais benéfico que exercícios aeróbicos no combate a fibromialgia (Foto: Divulgação/SAÚDE é Vital)
A atividade física em geral tem papel fundamental no tratamento da fibromialgia – doença cujo principal sintoma é a dor espalhada pelo corpo, sem motivo aparente. Porém, um estudo do Hospital Universitário da Universidade Tufts, nos Estados Unidos, revelou que o tai chi chuan é especialmente positivo, mesmo quando comparado aos exercícios aeróbicos
Os cientistas avaliaram, por 52 semanas, 226 pacientes que não experimentaram o tai chi ou qualquer tipo de tratamento alternativo nos seis meses anteriores e que sentiam dores crônicas, em média, há nove anos.
Aí, 151 voluntários ficaram de praticar a arte marcial por 12 ou 24
semanas, podendo escolher ainda se iriam para a aula uma ou duas vezes a
cada sete dias. Os outros 75 passaram a realizar exercícios aeróbicos
duas vezes por semana, durante oito meses.
Antes de começarem a rotina de treinos, todos responderam um
questionário sobre o impacto da fibromialgia na vida – e voltaram a
preenchê-lo outras três vezes até o fim do experimento. Cabe destacar
que esse método é usado para avaliar o grau de sintomas físicos e
psicológicos do transtorno, como intensidade da dor, função física, fadiga, depressão, ansiedade e bem-estar no geral.
A boa notícia é que, ao final de 52 semanas, todos os participantes apresentaram melhoras. Em outras palavras, enfrentar o sedentarismo ajuda a combater a fibromialgia.
Mas… o tai chi alcançou uma pontuação significativamente maior no
geral. E mais: quem optou por praticar a arte marcial por 24 semanas
colecionou benefícios adicionais em comparação com os indivíduos que
pararam nas 12 semanas. Por outro lado, não houve grande diferença entre
aqueles que reservaram um dia ou dois na agenda para essa atividade
física.
Como tratar a fibromialgia
O tratamento é baseado em remédios e psicoterapia. Contudo, modalidades aeróbicas,
como caminhada, natação, ciclismo e dança normalmente são indicadas
para alívio dos sintomas. Os exercícios melhoram o condicionamento
físico, aumentam o ânimo, auxiliam na diminuição da rigidez muscular e
reduzem as dores.
Apesar de todos esses benefícios, as pessoas sentem dificuldade de
transformar essa prática em hábito, já que precisam vencer a dor física e
o desânimo causados pela fibromialgia. Por ser mais leve e oferecer um
forte componente mental, o tai chi seria uma boa alternativa.
Independentemente da atividade escolhida, o importante é não deixar
de conversar com o médico e um profissional de educação física para
ajustar a intensidade do treinamento – cargas mais pesadas podem
intensificar os incômodos.
Aproveitamos
o desembarque de duas medicações modernas contra essa doença para
revelar suas causas, sintomas, métodos diagnósticos e tratamentos
Por
Theo Ruprecht
Os pulmões estão entre os órgãos que mais sofrem com a fibrose cística (Foto: Saúde/SAÚDE é Vital)
Setembro, também conhecido como o Mês Nacional de Conscientização da Fibrose Cística,
trouxe uma ótima notícia para os brasileiros com essa doença: a chegada
no Brasil do remédio Kalydeco, da farmacêutica Vertex, que melhora
bastante a vida de parte dos pacientes. Meses antes, outro medicamento –
o Orkambi, da mesma empresa – também havia sido aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
para outros subtipos da enfermidade. Para abordar essas novidades,
precisamos antes explicar o que é a doença, quais seus sintomas e como
era o tratamento antes.
O que é fibrose cística?
Ela é uma doença rara, que atinge cerca de 70 mil pessoas no mundo.
Por defeitos no gene CFTR, o paciente praticamente não fabrica uma
proteína, também chamada de CFTR, ou a gera com diferentes defeitos. E
daí?
“Essa proteína é fundamental na liberação de água das células para a
produção de secreções do corpo”, explica Rodrigo Athanazio,
pneumologista e parceiro do Instituto Unidos Pela Vida,
uma organização focada na fibrose cística. Isso, por sua vez, faz com
que diferentes líquidos originados pelo organismo, do catarro (muco) ao
suor, fiquem mais espessos do que o normal.
A questão é que essas mudanças nas secreções do organismo provocam diferentes repercussões pelo corpo. Uma das mais graves atinge os pulmões: 80% dos indivíduos com fibrose cística morrem por complicações nesse órgão, segundo Athanazio.
Isso porque o espessamento do muco facilita infecções graves e uma
inflamação que danifica os pulmões, o que, com o tempo, afeta demais a
respiração. Aliás, o catarro mais viscoso típico da fibrose cística
também favorece sinusites de repetição nos seios da face.
O pâncreas é outra parte do corpo muito atingida. Para quem não sabe,
essa estrutura gera diferentes enzimas digestivas, que ajudam a quebrar
os alimentos e aproveitar os nutrientes. Ocorre que as alterações dessa
doença culminam em danos a esse órgão e comprometem o seu trabalho.
Resultado: logo na infância, a criança
não consegue digerir alimentos, causando desnutrição e atraso no
desenvolvimento. Daí porque, mesmo se não diagnosticada antes com
exames, essa doença tende a ser flagrada ainda nos primeiros anos de
vida. Entretanto, é possível que quadros, digamos, mais leves só sejam
detectados na fase adulta.
Tem mais. Embora seja uma consequência menos comum, a fibrosa cística
pode injuriar o fígado em cerca de 5% dos casos, eventualmente levando a
uma cirrose.
Não há prevenção para esse transtorno, até porque ele é puramente
genético. “A pessoa só vai desenvolver a fibrose cística se herdar genes
CFTR defeituosos tanto do pai quanto da mãe”, esclarece Athanazio. É o
que os especialistas chamam de uma doença autossômica recessiva.
Sintomas e sinais
• Infecções de repetição nas vias respiratórias
• Falta de ar
• Tosse crônica
• Desnutrição
• Perda de peso
• Dor abdominal
• Diarreia amarelada, gordurosa e com odor forte
• Sinusite
• Fadiga
• Desenvolvimento atrasado na infância
Diagnóstico
Uma das particularidades da fibrose cística é afetar as glândulas
sudoríparas, que geram suor. Com isso, esse líquido fica especialmente
salgado. Tanto que muitas mães sentem esse gosto ao beijarem seus
pequenos – ao ponto de essa chateação ganhar o apelido de “doença do
beijo salgado”.
Mas o que isso tem a ver com o diagnóstico? “Nós temos um teste que
dosa a presença de cloro no suor. Se sua concentração é muito elevada em
duas avaliações, confirmamos a presença da fibrose cística”, informa
Athanazio.
Há também exames genéticos que identificam aquelas mutações no gene CFTR. Contudo, a verdade é que o teste do suor é bastante confiável (e menos custoso).
“Porém, é importante dizer que, desde 2014, o e de petestzinho
deveria incluir a triagem para a fibrose cística”, complementa
Athanazio. Em outras palavras, aquela gotinha de sangue tirada do
calcanhar do seu bebê na maternidade já levantaria suspeitas para esse
problema – converse com os profissionais do hospital para checar essa
questão. E a detecção precoce é fundamental para um tratamento efetivo.
Tratamento
Chegamos, enfim, às maneiras de contra-atacar essa doença. Antes da
criação do Kalydeco e do Orkambi, a estratégia era basicamente controlar
as consequências da fibrose cística.
Se o pâncreas não produz enzimas digestivos direito, o sujeito engole
cápsulas com essas moléculas durante a refeição. Para evitar o acúmulo
de muco nos pulmões, ele se submete a inalações com substâncias
específicas, que ajudam a tornar essa secreção mais fluida. Sessões de
fisioterapia respiratória e uso de antibióticos para conter as infecções
também são bem comuns.
“O que esses novos medicamentos fazem é agir na doença em si. É como
se eles reparassem aquela proteína defeituosa”, contextualiza o
pneumologista Rodrigo Athanazio. Aí, as secreções corporais se tornam
menos espessas, o que alivia os sintomas e, em tese, diminuiria o ritmo
de progressão da doença.
No Brasil, ambas as drogas estão indicadas a partir dos 6 anos de
idade. Já nos Estados Unidos, são aprovadas inclusive para maiores de 2
anos. “E há estudos com pacientes ainda menores. Existe a perspectiva
de, com a evolução dos estudos, talvez oferecer esse tipo de remédio
pouco tempo depois do nascimento”, afirma Athanazio.
O tratamento precoce evita danos irreversíveis da fibrose cística.
Por serem novos, ainda não dá pra saber se esses medicamentos aumentarão
a expectativa de vida dos enfermos, hoje estimada em 44 anos. “Mas
temos evidências iniciais que apontam nesse sentido”, adianta Athanazio.
Ainda assim, é crucial ressaltar que essa nova classe de medicações
não vai dispensar o manejo das consequências da fibrose cística. Mais do
que isso, ela ainda não é aplicável a todos os acometidos por ela.
Veja: o Kalydeco é eficaz para um conjunto de mutações do gene CFTR
comuns a não mais do que 5% das pessoas com fibrose cística. O Orkambi,
por sua vez, mira outro subgrupo de alterações no DNA, que correspondem a
mais ou menos 20% do total de brasileiros com a doença. A boa notícia é
que vários outros fármacos modernos estão sendo experimentados e podem,
no futuro, ampliar o acesso.
Na linha de complicações, ambas as drogas não devem ter um preço
barato por aqui. O processo de definição do custo ainda está sendo
finalizado na Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos,
porém, nos Estados Unidos, o tratamento anual fica em torno de 150 mil
dólares. E, sim, os comprimidos precisam ser ingeridos pelo resto da
vida.
“A expectativa é, com o tempo, pressionar o SUS para incorporar esses remédios”, diz Athanazio.
Jair Bolsonaro, candidato do
PSL à Presidência, em foto tirada dentro do hospital, após ele ser
esfaqueado em Juiz de Fora, MG (Crédito: Reprodução / Instagram)
Da Redação
O
candidato à Presidência da República pelo PSL, Jair Bolsonaro, afirmou
na tarde desta sexta-feira (7) em sua conta no Twitter que está se
recuperando após ter levado uma facada durante ato de campanha no Centro
de Juiz de Fora, em Minas Gerais.
“Estou bem e me recuperando”, disse.
Depois, em outro tweet, Bolsonaro agradeu a família e aos médicos;
Bolsonaro
foi internado na manhã desta sexta no Hospital Albert Einstein, na Zona
Sul de São Paulo. A transferência de Bolsonaro da Santa Casa de Juiz de
Fora para o centro médico da capital paulista foi decidida pela família
após médicos considerarem o estado de saúde dele “extremamente
estável”.
Os
principais riscos que serão monitorados são pneumonia (pois o candidato
ficou muito tempo em choque e perdeu cerca de 2 litros de sangue) e
infecção (por causa do vazamento de massa fecal na cavidade abdominal).
A previsão de internação é de sete a dez dias. A retomada das atividades só deve ocorrer em 20 dias.
No
início da tarde, o hospital divulgou boletim médico informando que
Bolsonaro deu entrada às 10h43 e levado à Unidade de Terapia Intensiva
(UTI). O candidato “passará por exames e uma avaliação médica realizada
por equipe multidisciplinar”, segundo o boletim, assinado pelo diretor
superintendente do hospital, Miguel Cendoroglo. As informações são do
G1.
Saiba o que é
esse distúrbio da tireoide pra lá de comum e quais as suas causas. E,
claro, como detectar, controlar ou mesmo evitar o problema
Por
Chloé Pinheiro e Goretti Tenorio
O hipotireoidismo provoca sintomas no corpo todo (Foto: Anatolii Riepin/Shutterstock. Ilustração: Ícaro Yuji/SAÚDE é Vital)
O que é o hipotireoidismo?
Trata-se, em resumo, da queda na produção dos hormônios da tireoide – a
triiodotironina (T3) e a tiroxina (T4). Ele é o distúrbio mais comum
dessa glândula, que fica na região do pescoço e lembra uma borboleta.
Seu desempenho repercute em todo o organismo, interferindo nos
batimentos cardíacos, no ritmo do intestino, no humor e no ciclo
menstrual das mulheres. A liberação das substâncias tireoide é
orquestrada a partir da hipófise, estrutura que fica lá no cérebro.
Embora produzido em menor quantidade, o T3 é o composto que atua pra
valer no ritmo do funcionamento de nossos órgãos. O T4, fabricado em
maior volume, é bem menos potente. Durante seu trajeto pelo corpo, ele
acaba transformado em T3 – esse, sim, o agente das principais operações
do organismo.
No hipotireoidismo, ocorre uma diminuição da quantidade T3 e T4 que vai para a corrente sanguínea. Uma das causas da pane é a tireoidite de Hashimoto, doença autoimune em que o próprio sistema de defesa cria anticorpos para atacar as células da tireoide.
O hipotireoidismo costuma ser associado a um leve ganho de peso
(eminentemente por acúmulo de líquidos) e uma dificuldade para se
livrar de quilos extras. Mas essas são apenas as consequências mais
visíveis da crise.
No déficit de T3 e T4, o coração diminui o bombeamento de sangue e pode sofrer com uma insuficiência cardíaca.
Os rins não conseguem filtrar o líquido vermelho direito. O intestino
fica mais lento e a pele resseca. Os olhos, por sua vez, correm um sério
risco de glaucoma.
Crianças não estão livres de uma tireoide em marcha lenta. A falta
dos hormônios prejudica o crescimento e pode levar à deficiência
intelectual. Como nas primeiras semanas de vida é difícil perceber
qualquer sinal do problema, o famoso teste do pezinho,
feito em até 48 horas após o parto, é um grande aliado, pois consegue
detectar o mau funcionamento da glândula do pescoço. Aí é possível
iniciar o tratamento quanto antes para afastar o risco de danos
neurológicos.
A causa mais frequente da baixa produção hormonal em crianças e
adolescentes é a síndrome de Hashimoto. Ela pode aparecer em qualquer
idade e, em geral, é notada nos mais jovens com baixo crescimento,
atraso na puberdade, coceira e voz rouca.
Sinais e sintomas do hipotireoidismo
– Sonolência
– Leve ganho de peso
– Cansaço
– Alterações no humor
– Perda de memória
– Pele seca
– Prisão de ventre
– Unhas fracas
– Queda de cabelo
– Pés e mãos gelados
– Sensação de frio excessivo
– Anemia
– Alteração na libido
– Colesterol alto
Fatores de risco
– Mulheres com mais de 30 anos
– Idade superior a 60 anos
– Predisposição genética
– Menopausa
– Diabetes
– Gravidez
– Período pós-parto
– Poluição
– Excesso de iodo na alimentação
A prevenção
O fator mais importante para a formação dos hormônios T3 e T4 é a
ingestão adequada de iodo. Cerca de 150 microgramas do mineral é a
quantidade perfeita para resguardar a tireoide.
O composto está presente no sal de cozinha, nos frutos do mar e em
peixes como cavala, salmão, pescada e bacalhau. Por outro lado, exagerar
no uso do saleiro — fato bastante comum entre os brasileiros — impacta a
glândula e pode desencadear o hipotireoidismo. O mesmo vale para quem
acredita, levado por falsas promessas, toma lugol sem prescrição médica.
Para quem já sofre com os efeitos do descontrole hormonal, a
recomendação na alimentação é maneirar em vegetais como repolho, nabo e
couve. Eles contêm uma substância chamada tiocianato, que pode inibir o
trabalho da tireoide. Há suspeitas também sobre a soja: a isoflavona da
leguminosa alteraria o ritmo da produção tireoidiana e atrapalharia a
absorção do iodo. Converse com o profissional sobre esse assunto.
O diagnóstico
Mesmo na ausência dos sintomas do hipotireoidismo, é importante
informar ao médico se há casos da doença em parentes próximos. Também
vale relatar qualquer cirurgia ou radioterapia realizada na região do
pescoço. Todas essas informações são valiosas para flagrar uma possível
falha no fornecimento de T3 e T4 para o organismo.
No exame clínico, o endocrinologista apalpa o pescoço para ver se há
alguma alteração na tireoide. Porém, para confirmar se a glândula está
trabalhando lentamente, é preciso fazer um exame de sangue. O teste consegue medir as dosagens de T3 e T4.
Se a dupla estiver lá embaixo, há suspeita de hipotireoidismo. Acontece
que as quedas hormonais não são perceptíveis no início do quadro. O
tira-dúvidas é a medição do TSH, o hormônio da hipófise. Se ele estiver
muito elevado, é sinal de problema.
O uso do ultrassom
pode ser indicado para continuar a investigação. Num quadro de
hipotireoidismo, a glândula tende a ficar atrofiada. Se o médico
suspeitar de um tumor, um exame chamado de cintilografia pode ser
prescrito.
Com exceção do teste do pezinho, que denuncia o hipotireoidismo congênito no recém-nascido,
o ultrassom do pescoço e os exames que calculam os hormônios TSH, T3 e
T4 não precisam ser feitos com frequência em sujeitos mais jovens, a não
ser quando existir algum sintoma ou histórico de doenças da tireoide na
família. Fora isso, o checkup deve ser solicitado somente para
indivíduos acima dos 40 anos, especialmente as mulheres, que costumam
apresentar mais doenças ali.
O tratamento
Quando a produção da tireoide está baixa, a saída é fazer a reposição com uma versão sintética do hormônio T4.
No organismo, ele é convertido em T3 para agir nas células. Para
reproduzir esse funcionamento ideal da tireoide, é preciso tomar o
remédio todos os dias e a dose vai depender do grau de desequilíbrio na
glândula. O ajuste fino não é fácil – até por isso não se pode usar o
medicamento sem a indicação do endocrinologista.
O comprimido tem que ser tomado de manhã, em jejum, cerca de meia
hora antes do café. É que ele precisa de um pH mais ácido no estômago
para ser absorvido. Se algo é ingerido, a acidez se reduz e compromete o
aproveitamento do fármaco. Em geral, o tratamento para o hipotireoidismo deve ser feito por toda a vida.
Isso só não acontece nas formas transitórias de hipotireoidismo, como
as que costumam se manifestar em algumas mulheres no pós-parto ou mesmo
as ocasionadas por um efeito colateral de medicamentos. Nesses casos
raros, a reposição hormonal nem sempre é necessária e as funções da
tireoide tendem a se normalizar com o tempo ou com a suspensão do
remédio causador do desbalanço.
Vários sites
dizem por aí que essa é a melhor receita para diminuir o colesterol
alto e afastar doenças cardíacas. Investigamos o que há de verdade nisso
Por
André Biernath
Dica culinária: em vez de cortar,
esmague o alho. Isso ajuda na liberação da alicina, composto que traz
ganhos à saúde (Ilustração: Thiago Almeida/SAÚDE é Vital)
Que alho e limão
são dois alimentos saudáveis (e gostosos), ninguém duvida. Mas será que
consumi-los diariamente é a melhor solução para baixar o colesterol
e evitar que os vasos sanguíneos fiquem entupidos? Isso é o que dizem
vários portais de internet e vídeos que pipocam pelas redes sociais.
Muitos deles juram que essa mistura funciona como um verdadeiro remédio
para o coração. Para tirar essa história a limpo, conversamos com a nutricionista Marcia Gowdak, diretora do Departamento de Nutrição da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo. O veredicto: não dá pra afirmar com certeza que esses dois ingredientes, juntos, têm algum efeito sobre os níveis de LDL, o colesterol ruim. Quanto mais que eles são a solução perfeita para varrer as artérias.
O que a ciência diz
Até hoje, um único estudo científico foi realizado sobre o tema. Assinado por especialistas da Universidade de Ciências Médicas de Isfahan,
no Irã, o trabalho acompanhou 112 pacientes — uma parte tomou o mix de
alho e limão em diferentes doses, enquanto outro grupo não engoliu esse
preparo. Os resultados mostram uma queda nos níveis de gordura e de pressão arterial entre aqueles que experimentaram os dois ingredientes durante oito semanas. Mas esses resultados não são
positivos? “Temos que encará-los com bastante ceticismo, pois eles foram
publicados numa revista científica com baixo impacto entre a comunidade
acadêmica”, analisa Marcia. Além disso, o ideal é que o estudo fosse
repetido por outros grupos de cientistas e com um número maior de
voluntários para ver se a conclusão seria a mesma.
É preciso
levar em consideração também as quantidades utilizadas. No experimento
iraniano, os indivíduos engoliram uma colher de sopa do sumo de limão, o
que é razoável. O problema foi mesmo o alho: o consumo era de 20 gramas todos os dias! Isso equivale a quatro ou cinco dentes do bulbo. Convenhamos: não há hálito que aguente…
Então, o que fazer?
Claro, a
crítica à pesquisa não significa que esses dois alimentos sejam
maléficos à saúde. Pelo contrário! “O limão, assim como laranja e
acerola, é rico em vitamina C. um composto com alto poder antioxidante”, destaca a nutricionista. O alho, por sua vez, carrega uma substância chamada alicina, que já demonstrou potencial para evitar alguns tipos de câncer
e baixar a pressão arterial. Dentro de uma dieta equilibrada e variada,
eles dão um sabor mais que especial a vários pratos e receitas.
Só não dá
pra dizer que, ao juntar esses dois ingredientes, é possível limpar as
veias do coração – e, principalmente, abandonar tratamentos consagrados.
Para proteger o músculo cardíaco, a recomendação é consultar o
cardiologista e fazer exames de checkup, que vão avaliar indicadores importantes de uma boa saúde, como o colesterol, o triglicérides e a glicemia.
Caso esses números estejam fora dos limites, o médico sugere mudanças no estilo de vida, na alimentação e na prática diária de exercícios. E pode prescrever alguns medicamentos com eficácia realmente comprovada.
Pesquisadores
descobrem esse elo inusitado – e apontam, como possível causa, a
chamada aterosclerose, uma condição por trás de infarto e AVC
Por
Maria Tereza Santos
Acredite se quiser: as rugas faciais
podem ser um sinal de risco de morte por infarto ou AVC (Foto: Betsie
Van der Meer/Getty Images)
Quem diria: as rugas faciais podem ser um sinal de alerta para o infarto ou AVC. E isso não tem a ver com o envelhecimento, segundo novo estudo.
A pesquisa foi apresentada no congresso anual da Sociedade Europeia de Cardiologia,
em Munique, na Alemanha. Os cientistas analisaram o rosto de 3 200
adultos saudáveis entre 32 e 62 anos. Eles criaram uma pontuação que ia
de 0 (ausência de rugas) a 3 (alto número dos sinais de expressão).
Os voluntários então foram acompanhados por 20 anos. Durante esse período, 233 participantes morreram por diversas causas.
Aqueles que somaram dois ou três pontos foram considerados até dez
vezes mais propensos a morrer por piripaques cardíacos, quando
comparados aos que não pontuaram. Os que fizeram um ponto apresentaram
um risco só ligeiramente maior de falecer do que os que tiraram nota 0.
Cabe destacar que, nesse levantamento, os cientistas controlaram certos fatores de risco, como a idade e o estresse proporcionado pelo trabalho (ambos ligados a doenças cardiovasculares
e rugas). Dito de outra forma, nem o envelhecimento e nem o estresse
explicam por completo essa associação curiosa – e perigosa.
Aterosclerose, o possível elo perdido
Mas, então, o que está por trás da conexão entre rugas na testa e
panes no coração? Embora não tenham avaliado essa questão diretamente,
os autores do trabalho apostam na aterosclerose. Vamos explicar isso
passo a passo.
A aterosclerose nada mais é que a formação de placas de gordura que
entopem as artérias, tornando-as menos elásticas e estreitando o caminho
do sangue. Esse processo impede o oxigênio de chegar na quantidade
necessária aos órgãos – é o estopim para infartos e derrames.
Acontece que tanto a aterosclerose como as rugas se desenvolvem, entre outras razões, em decorrência do estresse oxidativo
(o excesso de radicais livres). Além desse elo em comum, os vasos
sanguíneos da testa são particularmente finos. Isso os torna mais
sensíveis à formação das placas.
Simplificando tudo isso, é como se o acúmulo de rugas apontasse que a
circulação sanguínea não anda lá muito bem. E, quando isso ocorre, o
coração sofre.
“Esta é a primeira vez em que uma ligação entre rugas e problemas
cardiovasculares é estabelecida. Então, as descobertas precisam ser
confirmadas em novas pesquisas”, pondera, em comunicado à imprensa, Yolande Esquirol, líder do estudo e professora de saúde ocupacional no Centro Hospitalar Universitário de Toulouse, na França.
De qualquer maneira, os autores acreditam que a pontuação de rugas
criada pode virar, no futuro, um método auxiliar para estabelecer o
risco de um paciente infartar ou sofrer um AVC. Fora que esses sinais de
expressão são facilmente detectáveis – eles estão na cara.
Possíveis causas da aterosclerose
Há vários fatores que incitam o acúmulo de gordura nos vasos. Por exemplo:
Tabagismo
Colesterol alto
Diabetes tipo 2
Hipertensão
Sedentarismo
Idade avançada
Genética (histórico familiar de doenças cardiovasculares)
A China não envia aos EUA amostras de
uma cepa agressiva do vírus da gripe. Resultado da briga comercial entre
os países, a atitude deixa o mundo sob ameaça
CONTÁGIO Agentes de saúde chineses recolhem aves mortas por causa do vírus: alerta global (Crédito: AP Photo/Vincent Yu)
Cilene Pereira
Quando civis são feridos em um ataque durante uma batalha, o
dicionário classifica o acidente como dano colateral. Na Era Trump,
marcada por uma guerra comercial contra a China, colocando as duas
maiores potências econômicas uma contra a outra, surge um novo tipo de
casualidade. Pressionado pelos EUA a baixar tarifas de importação ao
mesmo tempo em que vê seus produtos sobretaxados na América, o governo
chinês, sob a liderança de Xi Jinping, revida como pode, incluindo
atrasar o envio de amostras do H7N9 para o Centro de Controle de Doenças
(CDC) dos EUA, em Atlanta. Trata-se de uma cepa do vírus da gripe
aviária identificada em 2013 e de alta agressividade. Em cinco anos,
cerca de 1,6 mil pessoas foram infectadas na Ásia; 40% morreram.
É prática entre os países cientificamente capacitados a troca de
amostras de agentes infecciosos para fins de pesquisa e criação de
medicações. O processo obedece a normas estabelecidas pela Organização
Mundial de Saúde e prevê rapidez no intercâmbio particularmente em casos
de ameaças urgentes. É o caso do H7N9. Desde que apareceu, o vírus se
espalhou entre aves domésticas e adquiriu características que permitiram
a infecção de humanos. A contaminação se dá pelo contato com os
animais. Até agora não se registrou transmissão sustentada entre
humanos. Porém, investigações recentes mostraram que o vírus pode ser
transmitido em gotículas espalhadas por espirros, o que o deixa mais
próximo de evoluir a ponto de ser passado de pessoa para pessoa. “Uma
maior adaptação a humanos pode resultar em vírus transmissíveis com
potencial pandêmico”, afirmou Yoshihiro Kawaoka, pesquisador das
universidades de Tóquio, no Japão, e de Wisconsin-Madison, nos EUA. “Dificultar o acesso a amostras
de vírus e bactérias fragiliza nossa habilidade de criar meios de
prevenir infecções que podem se espalhar pelo mundo em questão de dias” Michael Callahan, da Harvard Medical School
Questão de tempo
A informação deixou as autoridades de saúde em alerta. Há anos os
cientistas preveem que a próxima pandemia será causada por gripe, e a
agressividade do H7N9 o torna um dos principais candidatos a ser o
responsável por um desastre global. Com base na constatação, a
comunidade científica está apelando aos governos chinês e americano para
que não tornem a guerra entre taxas de aço e de outras commodities mais
um risco para a concretização da tragédia. “O cenário é diferente de
uma eventual escassez de alumínio e de soja”, afirmou o infectologista
Michael Callahan, da Harvard Medical School, uma das mais prestigiadas
do mundo. “Dificultar o acesso a amostras de vírus e bactérias fragiliza
nossa habilidade de criar meios de prevenir infecções que podem se
espalhar pelo mundo em questão de dias.” Em circunstâncias assim, o
tempo de resposta é decisivo. Mas faz mais de um ano que o CDC e outros
centros de pesquisa no mundo estão solicitando as amostras e o governo
chinês continua em silêncio.