segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Avatar contra a obesidade

A realidade virtual ganha espaço na briga contra a balança. Ela ajuda os pacientes a mudarem hábitos na vida real

Crédito: Sean Prior / Alamy Stock Photo
O paciente é estimulado a associar o exercício a bem-estar (Crédito: Sean Prior / Alamy Stock Photo)
Mudar as emoções e o comportamento em relação à comida e à prática de exercícios físicos é passo chave para o sucesso de qualquer programa de emagrecimento. Duro é conseguir fazer isso. Para ajudar os pacientes nesta tarefa complicada, especialistas do mundo têm recorrido ao uso da realidade virtual. A ferramenta consiste em promover a inserção do paciente em cenários que o estimulem a adotar hábitos saudáveis, a se afastar de armadilhas, a controlar a ansiedade e a modificar a percepção que possuem do corpo. O recurso ganhou a aprovação científica por sua comprovada eficiência e conquista quem quer perder peso e sabe o quanto isso pode ser difícil.
No Brasil, uma das que utiliza a tecnologia é a psicóloga Vânia Calazans, de São Paulo. No sistema criado por ela, há algumas possibilidades. Em uma delas, o paciente é exposto a imagens que fazem parte de sua rotina verdadeira e gravadas por ele próprio. Uma situação comum é chegar em casa e exagerar na comida. Com a ajuda da terapeuta, a pessoa se imagina naquele mesmo contexto, porém escapando dos vícios. Em outra, quem detesta atividade física é exposto a cenas da prática de várias modalidades e incentivado a associar a elas sensação de bem-estar. A secretária paulista Eliane da Fonseca beneficiou-se com as estratégias. Perdeu mais de dez quilos sem muito sacrifício. “Incorporei as mudanças de verdade”, conta.
Vânia usa o recurso para auxiliar Eliane, que perdeu mais de dez quilos (Crédito:Emiliano Capozoli)
EFICÁCIA DE LONGO PRAZO
Giuseppe Riva, professor da Università Cattolica del Sacro Cuore, de Milão, é um dos principais investigadores do recurso. Um de seus estudos mostrou a eficácia para ajudar quem emagreceu a corrigir a imagem que tem do corpo. “É comum a pessoa perder peso mas continuar achando-se gorda”, explicou à ISTOÉ. “Usamos a realidade virtual para mostrar a ela a perspectiva real de seu corpo. Os resultados a longo prazo são muito melhores do que apenas dieta e terapia.” A experiência da psicóloga Vânia com o método é igualmente positiva. “As transformações de comportamento na vida real são gradativas, mas consistentes.”
Por que a tecnologia funciona
> Auxilia o paciente a mudar o comportamento e emoções em relação à comida, aos exercícios e ao corpo
> Corrige a imagem corporal ao expor o paciente a uma perspectiva real de seu corpo
> Ajuda o indivíduo a achar formas de controlar a ansiedade que o leva a comer demais
> Também cria associações negativas com alimentos prejudiciais à saúde. Aos poucos, a pessoa para de consumi-los
No cérebro
> Há forte atividade em áreas responsáveis pelo julgamento, emoções e processamento de informações multissensoriais

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