A realidade virtual ganha espaço na briga contra a balança. Ela ajuda os pacientes a mudarem hábitos na vida real
O paciente é estimulado
a associar o exercício a bem-estar (Crédito: Sean Prior / Alamy Stock Photo)
Cilene Pereira
Mudar as emoções e o comportamento em relação à comida e à
prática de exercícios físicos é passo chave para o sucesso de qualquer
programa de emagrecimento. Duro é conseguir fazer isso. Para ajudar os
pacientes nesta tarefa complicada, especialistas do mundo têm recorrido
ao uso da realidade virtual. A ferramenta consiste em promover a
inserção do paciente em cenários que o estimulem a adotar hábitos
saudáveis, a se afastar de armadilhas, a controlar a ansiedade e a
modificar a percepção que possuem do corpo. O recurso ganhou a aprovação
científica por sua comprovada eficiência e conquista quem quer perder
peso e sabe o quanto isso pode ser difícil.
No Brasil, uma das que utiliza a tecnologia é a psicóloga Vânia
Calazans, de São Paulo. No sistema criado por ela, há algumas
possibilidades. Em uma delas, o paciente é exposto a imagens que fazem
parte de sua rotina verdadeira e gravadas por ele próprio. Uma situação
comum é chegar em casa e exagerar na comida. Com a ajuda da terapeuta, a
pessoa se imagina naquele mesmo contexto, porém escapando dos vícios.
Em outra, quem detesta atividade física é exposto a cenas da prática de
várias modalidades e incentivado a associar a elas sensação de
bem-estar. A secretária paulista Eliane da Fonseca beneficiou-se com as
estratégias. Perdeu mais de dez quilos sem muito sacrifício. “Incorporei
as mudanças de verdade”, conta.
Vânia usa o recurso para auxiliar Eliane, que perdeu mais de dez quilos (Crédito:Emiliano Capozoli)EFICÁCIA DE LONGO PRAZO
Giuseppe Riva, professor da Università Cattolica del Sacro Cuore, de
Milão, é um dos principais investigadores do recurso. Um de seus estudos
mostrou a eficácia para ajudar quem emagreceu a corrigir a imagem que
tem do corpo. “É comum a pessoa perder peso mas continuar achando-se
gorda”, explicou à ISTOÉ. “Usamos a realidade virtual para mostrar a ela
a perspectiva real de seu corpo. Os resultados a longo prazo são muito
melhores do que apenas dieta e terapia.” A experiência da psicóloga
Vânia com o método é igualmente positiva. “As transformações de
comportamento na vida real são gradativas, mas consistentes.” Por que a tecnologia funciona
> Auxilia o paciente a mudar o comportamento e emoções em relação à comida, aos exercícios e ao corpo
> Corrige a imagem corporal ao expor o paciente a uma perspectiva real de seu corpo
> Ajuda o indivíduo a achar formas de controlar a ansiedade que o leva a comer demais
> Também cria associações negativas com alimentos prejudiciais à saúde. Aos poucos, a pessoa para de consumi-los
No cérebro
> Há forte atividade em áreas responsáveis pelo julgamento, emoções e processamento de informações multissensoriais
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