sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Anvisa muda critérios para classificar alimentos como 'light'

Novas regras, que entraram em vigor neste ano, também valem para informações nutricionais como "fonte de proteínas" ou "sem adição de sal"

Anvisa: Informações nutricionais tem novos critérios
Anvisa: Informações nutricionais tem novos critérios (Thinkstock)
Desde o início do ano, todos os alimentos produzidos no Brasil devem seguir as novas regras para colocarem nos rótulos informações nutricionais como “light”, “rico em”, “fonte de” e “não contém”, informou nesta quarta-feira a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). As normas haviam sido anunciadas pela agência em novembro de 2012.
Uma das medidas determina que a expressão light só pode ser empregada em alimentos que apresentarem redução mínima de 25% na quantidade de algum nutriente, como açúcar ou sódio, em comparação com uma versão convencional do mesmo produto. Até então, o adjetivo podia ser aplicado em alimentos com baixo teor de algum nutriente – mas não necessariamente um teor menor do que o produto de referência.
As regras também estipulam que, para um alimento ter em seu rótulo a informação de que é “fonte de” ou “rico” em alguma proteína, ele deve atender a um critério mínimo de qualidade. O objetivo é evitar práticas enganosas.
Além disso, a nova regulamentação criou oito novas alegações nutricionais e, portanto, critérios para cada uma. São elas “sem adição de sal”, “não contém gorduras trans” e “fonte de” ou “alto conteúdo de” ácidos graxos ômega 3, 6 e 9.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Sesa já confirma surto de sarampo no Ceará

Outras 98 pessoas estão com suspeita da doença. Campanha de vacinação para bloqueio terá "Dia D" no próximo sábado

A Secretaria de Saúde do Estado (Sesa) confirmou, ontem, mais um caso de sarampo em Fortaleza. Agora, são 11 pessoas contaminadas com a doença na Capital, situação que já se caracteriza como surto. O órgão acredita que novos casos devem ser diagnosticados até o final da semana, quando serão recebidos resultados laboratoriais dos exames realizados em cearenses com suspeita da infecção. Para tentar conter a disseminação do vírus, a secretaria realizará, até o próximo dia 8 de fevereiro, uma campanha de imunização para bloqueio da doença.

Segundo a Sesa, a nova vítima pertence à família de duas crianças já confirmadas com sarampo neste mês e teve a infecção detectada por vínculo epidemiológico. Danielle Queiroz, especialista em epidemiologia do órgão, afirma que, pela data de início dos sintomas, é possível que o novo caso seja, na realidade, a primeira ocorrência no Estado. "Os sintomas começaram no dia 25 de dezembro e a vítima esteve três vezes na unidade de saúde antes de ser diagnosticada, mas acabou fugindo da vigilância epidemiológica", explica a médica.

Disseminação

A doença progride rapidamente no Ceará. Além dos 11 casos confirmados em Fortaleza, há 98 pessoas com suspeita de sarampo, uma delas na cidade de Uruburetama, e uma média de três a cinco notificações por semana. A epidemiologista afirma, ainda, que, até o final desta semana, mais pessoas no Estado devem ser diagnosticadas. "O vírus tem facilidade de ser transmitido. Uma pessoa com a doença pode contaminar 10, 20 pessoas. Por isso, é importante a identificação do caso precocemente", destaca Daniele.

Ontem, 500 profissionais de saúde de Fortaleza e da região metropolitana foram capacitados para reconhecer os primeiros sinais do sarampo e saber como proceder em casos de suspeita da infecção. Eles também foram treinados sobre a imunização contra a doença. A vacina é a única forma de prevenção.

Tire dúvidas sobre o sarampo


Duração

Robério Leite, infectologista pediátrico do Hospital São José de Doenças Infecciosas, destaca que das 11 pessoas contaminadas, seis são crianças com menos de um ano de idade. A faixa etária é mais suscetível, pois ainda não recebeu a vacina. No entanto, embora a doença se propague com grande velocidade, ele acredita que o surto será de curta duração. "Como temos grande cobertura no Ceará, a expectativa é que aqui não haja epidemia de 15, 20 mil casos como na Europa", ressalta Leite.

No próximo sábado, a Sesa realizará, nos postos de saúde da Capital e nos 14 municípios da Região Metropolitana, o dia "D" da campanha de vacinação. Meninos e meninas nessa faixa etária terão de ser imunizados mesmo se já tiverem tomado a vacina. Para os que tiverem até 19 anos, é necessário atualizar o calendário de vacinas. As pessoas com mais de 20 anos devem se vacinar apenas se tiverem tido contato com um caso suspeito, se nunca tiverem se imunizado ou se não tiverem comprovada uma imunização anterior.

VANESSA MADEIRAREPÓRTER 

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Idosos exibem disposição para encarar exercícios vigorosos

De cócoras, Francisco Verazane Aguiar passa parafina na prancha. Depois de alongar pernas, braços e mãos, corre para o mar para pegar a próxima onda e se juntar à turma.
O diferencial nessa cena é que os surfistas têm entre 60 e 72 anos. Eles frequentam uma escola pública de surfe em Santos (SP), que oferece aulas gratuitas do esporte durante três dias por semana.
Na tarde da última quarta-feira, a Folha acompanhou uma aula com quatro idosos –três surfaram e uma treinou bodyboard, considerado a porta de entrada para o surfe.
Francisco, 70, e a mulher, Edmea Correa, 67, são alunos da escola há oito anos. Foram incentivados pela história de superação do filho, deficiente visual que também surfa.
Ambos começaram com o bodyboard até se sentirem seguros para ficar de pé sobre a prancha. "Foi amor à primeira onda", conta Edmea, recém-operada do útero e, por ora, impedida de surfar.
Vovôs sarados
Adriano Vizoni/Folhapress 
Francisco Aguiar, 70, se prepara para surfar em Santos
Magro e ágil, Aguiar diz que, além do ganho físico ("acabou aquela história de dói aqui, dói ali"), o surfe lhe trouxe mais segurança para atividades do dia a dia.
"O fato de me equilibrar sobre uma prancha me trouxe autoconfiança para todas as outras coisas da vida. Afastou os medos, até os mais bobos, como atravessar uma rua muito movimentada."
Aguiar, que também pratica natação e pesca, lamenta que os idosos da sua idade não se aventurem. "Passam a tarde jogando dominó, baralho. Dá até tristeza de ver."
Aos 72 anos, a comerciária Maria do Carmo de Jesus, que mora em São Paulo, desce a serra semanalmente só para surfar. Diz que as amigas duvidaram que estivesse pegando onda. "Elas só acreditaram vendo vídeos e fotos."
Nem mesmo a artrose na coluna é impedimento para o esporte. "Quando entro na água, esqueço tudo."
Já a professora aposentada Maria Inês Guaglianone, 67, pratica há três anos bodyboard e ensaia sua estreia no surfe. "Os amigos dos meus netos costumam dizer: 'Enquanto a sua avó surfa, a minha usa andador'."
O surfista Cisco Aranã, 57, coordenador da escola de surfe, diz que mais aprende com os idosos do que ensina. "A gente aprende a ter paciência, a superar os limites."
A escola exige atestados médicos periódicos, que assegurem uma boa saúde cardiorrespiratória. Também incentiva que eles pratiquem outros esportes para manter o condicionamento físico.
Mas não é só na praia que os idosos esbanjam saúde para deixar muita gente jovem com inveja. Grandes redes de academias como Bodytech e Competition já têm programas específicos voltados para a terceira idade, mas, além de qualidade de vida, esse grupo também está cada vez mais preocupado com os resultados estéticos.
Os braços sarados e a barriga tanquinho da empresária Maria Christina Monteiro, 64, chamam a atenção dentro e fora da academia.
"As pessoas olham mesmo, vêm falar comigo. É bem gostoso saber que o esforço vale a pena", diz ela, que credita o corpão à prática de atividade física desde jovem.
"A alimentação também é fundamental", completa.
LIMITAÇÕES?
E as limitações da idade? "Às vezes, um adolescente sedentário tem mais limitações do que eles", garante Aranã.
O geriatra Salo Buksman, diretor da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, também reforça que não existe uma "data de validade" para qualquer tipo de esporte. "Tudo depende do condicionamento do idoso."
Segundo ele, na velhice, há um desgaste da visão, audição, do equilíbrio e da velocidade dos reflexos, o que faz do surfe um esporte pouco praticado nessa fase da vida
Por isso, ele recomenda que o esporte seja praticado por idosos que tenham capacidade aeróbica, equilíbrio e força muscular.
No caso dos sedentários, o geriatra aconselha reforçar as condições musculares e cardiorrespiratórias e ter o sinal verde do médico para praticar exercícios mais vigorosos.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Sarampo- Pais lotam posto de saúde por vacina

Pré-campanha de vacinação começa apenas hoje; dez casos da doenças foram confirmados na Capital

A confirmação de dez casos de sarampo em Fortaleza, na última sexta-feira (24), provocou uma corrida aos postos de saúde. Outros 75 casos foram notificados como suspeitos na Capital. Na manhã de ontem, o Centro de Saúde Paulo Marcelo, no Centro, era o único em funcionamento e ficou superlotado de pais em busca de vacinar suas crianças. Sem equipe e vacina suficientes para receber a demanda, foi necessário fazer uma triagem para atender quem se encaminhou ao local.

Confusos, os pais levavam crianças que já estavam com a imunização em dia. Outras pessoas acreditavam que a campanha contemplava também pessoas até 49 anos. Foi preciso fazer uma triagem para atender a demanda Foto: José Leomar

Conforme a supervisora técnica da Vigilância Epidemiológica da Secretaria Regional V, Tânia de Paula, o posto estava aberto só para casos de bloqueio e vacinas de rotina. "Estamos abertos hoje (domingo) apenas para atender os casos suspeitos informados pelos hospitais (São José e outros). Uma vez confirmado, uma equipe se desloca até a casa do paciente para vaciná-lo. E também os casos de rotina, para facilitar o acesso de pais que trabalham e não podem vir durante a semana", esclareceu.

Enquanto os funcionários tentavam explicar que a abertura do posto no domingo não fazia parte da campanha de vacinação contra o sarampo, o que se percebia era muita desinformação dos pais. Havia crianças em dia com o cartão de vacinas, com as duas doses tomadas na época exigida, mas que estavam no posto porque os pais foram informados que a campanha contemplava também pessoas até 49 anos.

Joelma Silva, mãe de Felipe, de 6 anos, era uma das pessoas confusas. Ela não sabia identificar no cartão qual a vacina que correspondia ao sarampo, nem que a tríplice viral, a qual o filho havia tomado no período correto, imuniza a criança de caxumba, sarampo e rubéola.

A enfermeira Flávia Rodrigues, de plantão no posto, tentava explicar aos pais que as crianças em dia com o cartão de vacinas ou que já tiveram sarampo ou estavam com mais de 5 anos não precisavam ser imunizadas. Conforme ela, adolescentes e adultos que nunca foram imunizados é que precisam da vacina.

Segundo Flávia Rodrigues, a pré-campanha de vacinação contra o sarampo tem início hoje (27) e prossegue por toda a semana em todos os postos de saúde de Fortaleza, abrangendo crianças de 6 meses a menores de 5 anos (4 anos, 11 meses e 29 dias), adolescentes até 19 anos, adultos de 20 a 39 (homens) e até 49 anos (mulheres).

O dia "D" da campanha será no sábado (1º) com a vacinação ampliada para os postos de saúde dos 14 municípios da Região Metropolitana.

Não podem se vacinar gestantes e pessoas alérgicas a ovo. Mulheres imunizadas não devem engravidar até um mês após terem tomado a vacina.

Orientações

A assessora técnica de imunização da Secretaria de Saúde do Município (SMS), Renata Dias, diz que o cartão de vacina é um documento como a carteira de identidade e CPF. Como tal, deve ser guardado por toda a vida, mesmo depois de o titular chegar à fase adulta, pois há campanhas, como a de vacinação contra o sarampo, que o público alvo não abrange apenas crianças.

Renata garante que não há risco de faltar vacinas por conta do aumento da procura. "Até quarta-feira (29), receberemos o estoque de vacinas enviado pelo Ministério da Saúde, que será usado na campanha. Além disso, temos o nosso próprio estoque para a demanda normal, então não tem como faltar vacina".

Conforme a enfermeira Flávia, o vírus passou a circular em Fortaleza a partir de um grupo de pernambucanos que veio para o Réveillon na Capital. Os casos de Fortaleza apresentaram o vírus do genótipo D8, que circula em países como Inglaterra, Estados Unidos e Canadá. No Brasil, Pernambuco, Paraíba, São Paulo, Minas Gerais e Santa Catarina registraram casos.

Desde 1999, o Ceará não registrava casos autóctones, com transmissão ocorrida dentro do território. Por isso, é importante manter o calendário de vacinação sempre atualizado.

domingo, 26 de janeiro de 2014

Um choque contra a depressão

Pesquisadores brasileiros testam pela primeira vez no País método que consiste na aplicação de leves estímulos elétricos na face e constatam sua eficácia na redução dos sintomas da doença

Cilene Pereira
Médicos da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo estão testando, pela primeira vez no País, um método inovador contra a depressão. Chamada de estimulação do nervo trigêmeo, a técnica já foi aplicada em 11 pacientes. Um ainda está em tratamento, mas o restante já o finalizou. Desses, todos relataram uma redução de pelo menos 50% na intensidade dos sintomas da enfermidade – entre eles a vontade de chorar e pensamentos suicidas. “Hoje me sinto outra pessoa, com disposição para viver. O tratamento foi uma revolução na minha vida”, atesta a funcionária pública Ivone Lopes, 55 anos, uma das pessoas submetidas à técnica.
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AVANÇO
Responsável pela experiência, Pedro vai ampliar
o número de pacientes a serem testados
O método consiste na aplicação de estímulos elétricos sobre um dos ramos do nervo trigêmeo, presente na face. O canal nervoso mantém conexões com áreas cerebrais associadas à doença. Dessa forma, conduz os sinais elétricos até elas, o que promove a restauração do equilíbrio da atividade elétrica do local. Esse rearranjo interfere no mecanismo responsável pela doença, daí a diminuição de seus sintomas.
A estratégia vinha sendo estudada na Universidade da Califórnia (Ucla), nos Estados Unidos. Neste mês, o grupo que lá conduz os experimentos publicou uma atualização de seus achados na revista científica “Neurosurgery Clinics of North America”. Novamente, eles concluíram que os pacientes – a maioria portadora da forma grave ou moderada da enfermidade – demonstraram melhora significativa.
Os participantes não deixaram de tomar antidepressivos. Mas, com a evolução do tratamento, diminuíram consideravelmente sua utilização. No futuro, a ideia é que a estimulação substitua a medicação na maioria dos casos ou que pelo menos a reduza à menor quantidade possível.
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Tanto os brasileiros quanto os americanos se preparam para ampliar as pesquisas. Por aqui, a meta é iniciar em breve um novo teste, dessa vez com 40 pacientes. “Eles também farão dez sessões, diariamente, e depois passaremos para aplicações quinzenais”, informa o psiquiatra Pedro Shiozawa, coordenador do laboratório de Neuromodulação da Santa Casa e responsável pela pesquisa. “E eles serão acompanhados por seis meses”, completa. O especialista está à procura de voluntários. Nos EUA, as investigações continuam, enquanto a Neurosigma, empresa que patenteou o sistema, trabalha para obter sua liberação em vários países. “Já está em uso no Canadá e nos países da União Europeia”, contou à ISTOÉ Ian Cook, da Ucla e pioneiro no estudo da técnica.

Eletrodos na coluna para tratar Parkinson
Pesquisadores da Duke University, nos Estados Unidos, e do Instituto de Neurociências de Natal acabam de comprovar que o uso de estímulos elétricos é eficaz contra os sintomas da doença de Parkinson. O experimento, feito com ratos, consistiu no implante de eletrodos na medula espinhal conectados a um gerador portátil para desfechar sinais elétricos nessa estrutura. Após seis semanas de terapia, os cientistas concluíram que o método melhorou a coordenação motora e ajudou a reverter a perda de peso associada à evolução da doença. Testes anteriores haviam demonstrado essa ação apenas por períodos breves. “Precisamos de opções de longo prazo. A estimulação da medula espinhal tem esse potencial”, disse o cientista brasileiro Miguel Nicolelis, que liderou a pesquisa, publicada na semana passada na edição online da revista “Scientific Reports”.
Foto: Gabriel Chiarastelli

sábado, 25 de janeiro de 2014

Juiz ordena que aparelhos de grávida com morte cerebral sejam desligados

Caso aconteceu nos EUA; mulher de 33 anos teve embolia pulmonar.
Com 22 semanas, feto apresenta anomalias.

Da EFE
Um juiz de Fort Worth, no interior do Texas, ordenou nesta sexta-feira (24) que os aparelhos que mantém uma mulher grávida viva sejam desligados e ela, que teve morte cerebral, seja retirada do respirador artificial na próxima segunda-feira (27), por considerar que está morta e o feto não é "viável".
O juiz R.H. Wallace deu ganho de causa aos familiares de Marlise Muñoz, que pediam para desconectá-la, e se opôs a direção do hospital, que alegava que a lei do estado não permitia a ação no caso de mulheres grávidas.
Erick Munoz, marido de Marlise Munoz, deixa corte após um juiz decidir autorizar que os aparelhos que mantém sua mulher respirando sejam desligados nesta sexta-feira (24). Ela está grávida e teve morte cerebral (Foto: The Dallas Morning News, Tom Fox/AP)Erick Munoz, marido de Marlise Munoz, deixa corte após um juiz decidir autorizar que os aparelhos que mantém sua mulher respirando sejam desligados nesta sexta-feira (24). Ela está grávida e teve morte cerebral (Foto: The Dallas Morning News, Tom Fox/AP)
Marlise Muñoz, de 33 anos, sofreu uma embolia pulmonar no final de novembro e foi declarada então com morte cerebral. O fato de Muñoz já ter sido declarada morta e as provas de que o feto sofreu graves consequências foram dois elementos cruciais para a decisão do juiz.
Durante a disputa, que provocou um grande debate social nos EUA sobre o que implica ser declarado com morte cerebral, os juristas que respaldam a postura da família explicaram que a lei texana - como a de outros 20 estados - se refere a mulheres grávidas em estado vegetativo ou de coma, não com morte cerebral.
O outro elemento decisivo foi o estado do feto, de 22 semanas, que não era "viável", um ponto que os advogados da família defenderam esta semana. "As extremidades inferiores se deformaram de modo que o gênero do feto não pode ser determinado", argumentaram.
Desde o princípio, a família considerou desumano que o feto continuasse crescendo sob essas circunstâncias, em um corpo clinicamente morto e sem um funcionamento correto, além do embrião ter sofrido a mesma falta de oxigênio da mãe durante a embolia pulmonar.
O juiz ressaltou que, se estivesse viva, a mãe teria abortado diante dos danos sofridos pelo feto.
A resolução do juiz responde a pedido que o marido, Erick Muñoz, em nome também dos pais da paciente, apresentou em 14 de janeiro para que a justiça apoiasse sua vontade de desconectar Marlise do respirador.
Na próxima segunda-feira, às 17h (21h em Brasília), os médicos deverão desligar o corpo de Muñoz, dois meses depois de sofrer a embolia que provocou a morte cerebral.
A lei que o hospital se baseou durante esses meses foi aprovada pelo congresso texano em 1989 e modificada em 1999, e estabelece que ninguém pode interromper um tratamento que mantenha artificialmente a vida de uma paciente grávida.
Em sua argumentação, os dois advogados da família justificaram que o hospital "interpreta erroneamente" a lei texana: se a paciente estiver morta, nem pode estar grávida nem podem ser aplicadas indefinidamente medidas de suporte à vida, já que a vida não existe mais.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Vacinação de meninas contra vírus HPV começa em 10 de março no SUS

Vacina estará em 36 mil postos e faixa etária será ampliada aos poucos.
Meta é imunizar 80% dos 5,2 milhões de meninas de 9 a 13 anos até 2016.

Priscilla Mendes Do G1, em Brasília
O Sistema Único de Saúde (SUS) vai começar a oferecer a vacina contra o papiloma vírus humano (HPV) a partir de 10 de março para meninas de 11 a 13 anos, em postos de saúde e em escolas públicas e privadas de todo o país, informou nesta quarta-feira (22) o Ministério da Saúde.

A dose, que ajuda a proteger contra o câncer de colo do útero, estará disponível nos 36 mil postos de saúde da rede pública durante todo o ano, de acordo com o ministério. Em 2015, o público-alvo serão as meninas de 9 a 11 anos e, a partir de 2016, a ação ficará restrita às meninas de 9 anos.

Para garantir proteção completa, a imunização ocorrerá de forma estendida, em três doses. A segunda aplicação deve ser feita 6 meses depois da primeira e a terceira, 5 anos depois.
Até 2016, o objetivo do ministério é imunizar 80% do total de 5,2 milhões de meninas de 9 a 13 anos no país. De acordo com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, essa faixa etária foi escolhida porque, nela, a produção de anticorpos contra o HPV tem maior eficácia.

"Além disso, na grande média da população brasileira, meninas nessa idade ainda não tiveram início da atividade sexual, que é quando essas futuras mulheres estarão sob risco do vírus HPV. Então, estamos garantindo proteção para quando essas meninas tiverem vida sexual ativa", explicou Padilha.
Ao todo, há mais de cem tipos de HPV, vírus transmitido principalmente por meio de relação sexual, pelo contato direto com a pele ou mucosas infectadas. A vacina que será aplicada no Brasil protege contra os quatro tipos mais recorrentes de HPV: 6, 11, 16 e 18 – os dois primeiros ligados a 90% das verrugas genitais e os dois últimos, a 70% dos casos de câncer de colo do útero.
Em 2011, 5.160 mulheres morreram em decorrência dessa doença, o terceiro câncer mais comum entre as brasileiras, atrás dos tumores de mama e colorretal. Segundo dados a Organização Mundial da Saúde (OMS), 290 milhões de mulheres no mundo têm HPV.
De acordo com a coordenadora do Programa Nacional de Imunização, Carla Domingues, a vacina que será usada pelo SUS tem eficácia de 98,8% contra o câncer de colo do útero. A imunização, porém, é preventiva e não dispensa o uso de camisinha durante a relação sexual.
"A vacinação contra o HPV é uma precaução do câncer de colo do útero. Não é terapêutica, portanto, deve ser recomendada como uma medida preventiva, e não curativa. A vacina não substitui a realização do exame preventivo [papanicolau] nem o uso de preservativos", disse Carla.

Vacinação nas escolas
Para ser vacinada na escola, a menina precisará da autorização da família e apresentar o cartão de vacinação ou um documento de identificação. O Ministério da Saúde vai orientar as secretarias estaduais e municipais para que tracem suas estratégias de imunização no ambiente escolar.

"O Ministério da Saúde estimula as secretarias a fazer uma grande campanha de vacinação durante o período de aplicação da primeira dose dentro das escolas públicas e privadas", afirmou Padilha. "Caso o município ache interessante, a segunda dose também poderá ser aplicada na escola", completou o ministro.
HPV (Foto: Arte/G1)

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Tablets e celulares não são boas “babás”

Embora proporcione horas de sossego aos pais, especialistas alertam que o aparelho pode gerar isolamento social e familiar
  Bruna Komarchesqui A cena é comum: pais comem e conversam tranquilamente em um restaurante, enquanto as crianças, praticamente imóveis, brincam com tablets ou smartphones. Portáteis, cada vez mais baratos e com uma infinidade de aplicativos e jogos para baixar, os aparelhos caíram no gosto da meninada, proporcionando cada vez mais horas de sossego aos pais. Embora a comodidade seja inegável, sobretudo em locais públicos, o uso de tablets como babás eletrônicas é visto com cautela por especialistas.
“O que mais me assusta é a atitude por trás, quando o adulto entrega à criança com o sentido de ‘cala a boca’. Nós educadores devemos fazer um superalerta em relação a isso”, diz a psicopedagoga Evelise Portilho, professora do departamento de educação da PUCPR. “No restaurante, por exemplo, é prejudicial porque você deixa de conversar com a criança. E a comida é esse momento de saber do filho, se eu me isolo, não há interação”, critica.
Desvantagem
Eletrônicos não exigem concentração, diz consultora familiar
Mãe de três meninas (uma de 5 anos e gêmeas de 3 anos), a consultora familiar Renata Bermudez Konzen, 32 anos, garante que o acesso das filhas ao tablet é mínimo. “Criança tem muita energia, ficar demais em frente ao videogame ou tablet limita a aprendizagem corporal.” Baseada em recomendações médicas, ela costuma orientar os pais que o total de eletrônicos em um dia da criança – o que inclui televisão – não passe de duas horas. A média no Brasil, segundo Renata, são cinco horas e meia. “Quando faz com horário fixo, a criança não discute o tempo todo, você diz ‘pronto, agora acabou’”. Na rotina das meninas, ela conta, atividades de gasto de energia são bastante valorizadas, além de brincadeiras como desenho, pintura e montagem de quebra-cabeças. Televisão e eletrônicos são limitados a uma hora e meia diárias. “É importante ter atividades tranquilas, de mais concentração. O eletrônico não exige esse esforço, é muito iluminado, chama a atenção. Depois a criança dá problema na escola, porque não se concentra.”
Evelise ressalta que o tablet é um recurso tecnológico interessante, com bons estímulos, apenas não pode substituir o convívio, os jogos sociais e cooperativos. Entre boas opções de aplicativos estão jogos de raciocínio, que tragam desafios e façam a criança usar de recursos cognitivos diferentes. “Tudo com parcimônia. Quem vai orientar a criança é o adulto. O que percebo é que o adulto tem dificuldade de botar limite, porque dá trabalho.”
Pesquisadora em tecnologias na educação, a professora da UFPR Glaucia da Silva Brito argumenta que só daqui a alguns anos, quando essas crianças crescerem, será possível avaliar os efeitos do uso do tablet. “Na sociedade da informação e da tecnologia, não tem como não deixar a criança usar. Essa preocupação é antiga. Quando era a televisão, quem era a babá?”, recorda.
Para Glaucia, os tablets têm se mostrado um grande parceiro na educação, por estimularem vários sentidos. Ela ressalta que, independente de qual seja a tecnologia, o problema está no excesso. E é aí que entra o controle e a observação dos pais. “Não é só colocar a criança para ver vídeo no YouTube. Há vários softwares gratuitos, livrinhos infantis, com som, que possibilitam interação com os personagens. É papel dos pais buscar isso.” Apesar da possibilidade de bloquear palavras a serem buscadas na internet pelos filhos, a melhor estratégia para a pesquisadora ainda é acompanhar de perto a brincadeira.
O presidente da Sociedade Paranaense de Pediatria, Gilberto Pascolat, também pondera que o prejuízo depende da idade da criança e do uso que se faz do tablet. Embora diga que o aparelho pode trazer problemas ao desenvolvimento se usado por crianças muito pequenas, o médico não arrisca estabelecer uma idade mínima para o uso. “Depende do grau de maturidade da criança. O tablet pode trazer benefícios, desde que usado em um padrão que não seja para substituir a interação social”, resume.
Mães dizem que impõem limites
Para controlar o uso do tablet pelo filho João Pedro, 6 anos, a professora Denise Almeida de Souza, 41 anos, deixou claro que o aparelho é da família toda, no ato da compra. “Explicamos que tem limite, que não é dele, porque, se deixasse, ele ficaria o dia inteiro.” Embora não estipule um tempo diário, ela cuida para que João Pedro brinque com amigos e faça atividades fora de casa, como andar de bicicleta. “Quando acho que ultrapassou, aviso ‘agora chega’. Mas o tablet auxilia a distraí-lo num restaurante, quando quero conversar com meu marido. Não acho que prejudique, porque é um uso rápido, não são horas.”
Além dos joguinhos de futebol e de construir cidades, preferidos do pequeno, Denise estimula brincadeiras que envolvam letras e perguntas e respostas. “Baixamos o Show do Milhão e o Roda a Roda, do Sílvio Santos, porque ele está na fase de alfabetização. Por ser professora, estimulo também esse lado.”
A ideia da fotógrafa e publicitária Laiz Zotovici Martins, 33 anos, sobre o assunto mudou ao longo dos três anos e meio do primogênito Antônio. Ela conta que, quando ele era bebezinho, baixou vários aplicativos, mas depois de ler bastante, resolveu limitar a brincadeira. Para Laiz, antes dos três anos, o tablet atrasa o desenvolvimento de habilidades como a fala e a socialização com outras crianças. “Conheço um menino de três anos que não fala, mas sabe passar todas as fases num jogo. Uma vez, num buffet, tinha uma fila de crianças no tablet e ninguém pra brincar com meu filho.” Nos poucos momentos que usa o equipamento, Antônio vê desenhos selecionados pela mãe ou brinca com um aplicativo que repete a fala da criança.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Vitamina D ajuda a barrar o avanço da esclerose múltipla, diz estudo

Pesquisa feita em Harvard concluiu que manter níveis adequados do nutriente diminui as chances de a doença progredir

Esclerose múltipla: Na doença, substância que envolve e protege as fibras nervosas do cérebro, da medula espinal e do nervo óptico é danificada
Esclerose múltipla: Na doença, substância que envolve e protege as fibras nervosas do cérebro, da medula espinal e do nervo óptico é danificada (Kiyoshi Takahase Segundo/Getty Images/iStockphoto)
Uma pesquisa publicada nesta segunda-feira é mais uma a fornecer evidências de que a vitamina D pode proteger contra uma série de doenças além daquelas que já são conhecidas, como osteoporose e fraturas ósseas. Segundo o estudo, níveis adequados do nutriente estão associados a uma progressão mais lenta da esclerose múltipla, uma condição cuja causa é desconhecida e para qual não existe cura.
Sabe-se que a esclerose múltipla ocorre quando há danos ou destruição da mielina, uma substância que envolve e protege as fibras nervosas do cérebro, da medula espinal e do nervo óptico. Quando isso acontece, são formadas áreas de cicatrização, ou escleroses, e surgem diferentes sintomas sensitivos, motores e psicológicos.
Para os autores do novo estudo, é possível que níveis insuficientes de vitamina D no organismo estejam relacionados ao processo que causa e agrava a doença. Portanto, se essa associação for comprovada, suplementos da vitamina podem, um dia, ser recomendados para ajudar a barrar o avanço da esclerose múltipla.
Avaliação — A pesquisa foi desenvolvida na Faculdade de Saúde Pública de Harvard, nos Estados Unidos, e divulgada na revista médica Jama Neurology. Ela se baseou nos dados de 465 pessoas com esclerose múltipla que haviam participado de um estudo no qual se submeteram uma medicação contra a doença.
Ao longo de cinco anos, os pesquisadores de Harvard acompanharam esses pacientes, medindo seus níveis de vitamina D e realizando exames de ressonância magnética para medir a progressão da esclerose múltipla.
Ao final da pesquisa, os pacientes com estágio inicial da doença que apresentavam níveis adequados de vitamina D tiveram um risco 57% menor de sofrer novas lesões cerebrais causadas pela doença do que os participantes com quantidades insuficientes da vitamina. Eles também tiveram 25% menos casos em que essas lesões pioravam.
De acordo com Alberto Ascherio, professor de epidemiologia de Harvard e coordenador do estudo, a vitamina D parece potencializar o efeito do medicamento testado para tratar a esclerose múltipla. "Nosso estudo sugere que medir os níveis de vitamina D em pacientes que acabam de ser diagnosticados com esclerose múltipla deve se tornar padrão", diz Ascherio.
Vitamina protetora — Outra pesquisa publicada nesta segunda-feira nos Estados Unidos indicou um possível uso para a vitamina D: ajudar no tratamento contra o Parkinson. Segundo o estudo, feito na Universidade de Ciência e Saúde de Oregon, maiores níveis da vitamina foram associados a um menor prejuízo cognitivo e menos sintomas depressivos em pessoas com a doença. Os resultados foram divulgados no periódico Journal of Parkinson’s Disease.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

O Brasil na vanguarda das células-tronco

Cientistas iniciam pesquisa inédita com células de embriões para tratar pacientes cegos e criam o primeiro banco público com esses tecidos para investigar doenças como a esquizofrenia e o Parkinson

Mônica Tarantino
O País está na dianteira de uma série de estudos com células-tronco, uma das grandes esperanças da medicina para a cura de várias doenças. Da cegueira ao Alzheimer, pesquisadores brasileiros estão debruçados sobre as perspectivas de tratamento de diversas enfermidades a partir do desenvolvimento de novas terapias. Um dos trabalhos pioneiros envolve células-tronco extraídas de embriões – aquelas que podem se tornar qualquer tecido do corpo. Começa em fevereiro um estudo inovador com pessoas cegas em razão da degeneração macular relacionada à idade (DMRI). É a principal causa de cegueira irreversível em países desenvolvidos, especialmente na população idosa. A proposta é conter o progresso da doença e reverter seus danos.“Será a primeira pesquisa no mundo a usar células embrionárias cultivadas no laboratório para se diferenciar em tecidos específicos antes de implantá-las no olho”, explica o oftalmologista Rodrigo Brant, da Universidade Federal de São Paulo. O tratamento é promissor, mas o pesquisador frisa que não se aplicará a todos os casos de perda de visão.
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CRIAÇÃO
Rehen contempla neurônios (em verde) derivados de células-tronco
Outra linha de pesquisa audaciosa está em andamento na FioCruz e no Hospital São Rafael, ambos na Bahia. Na primeira fase, sete pacientes paraplégicos (por traumas na coluna) receberam injeções de células-tronco adultas na medula espinhal (por onde passam os feixes nervosos que ligam o cérebro ao corpo). Em 2013, o número de pacientes tratados subiu para 14. “Agora estamos investigando os resultados de cada um deles para conhecer as características das lesões que respondem melhor ao tratamento”, diz a cientista Milena Soares, uma das responsáveis pelo projeto. A maioria recuperou a sensibilidade dos membros inferiores, passou a ter maior controle da bexiga e houve quem melhorasse a ponto de andar com a ajuda de aparelhos. Uma das beneficiadas pelo trabalho é a economista Andrea Damasio, 35 anos, que participa do estudo há um ano. Ela perdeu os movimentos dos membros inferiores após cair da escada. “A terapia ajudou a controlar os espasmos que eu tinha, o que já me permite dar uns passinhos com o andador, e recuperei a sensibilidade”, diz Andrea.
A regeneração do coração é mais uma frente desafiadora de estudos. As primeiras pesquisas nessa área sugeriam que a injeção de células-tronco (tiradas da medula óssea) no coração poderia restituir as células perdidas no ataque cardíaco. Estudos posteriores revelaram apenas um aumento na formação de novos vasos. No Instituto do Coração da Universidade de São Paulo, um estudo de longa duração (mais de seis anos) está prestes a revelar, afinal, se há alguma vantagem no procedimento. Ali, metade dos 140 pacientes submetidos à cirurgia de ponte de safena recebeu, durante a operação, células-tronco adultas no local a ser recuperado. “Vamos comparar os resultados. As análises serão divulgadas nos próximos meses”, diz o cientista José Eduardo Krieger, que coordena o trabalho.
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AVANÇO
Brant, da Unifesp, usará células-tronco embrionárias na tentativa
de brecar a cegueira causada por doença degenerativa
No campo das doenças mentais, o neurocientista Stevens Rehen lidera uma revolução no estudo da esquizofrenia. Ele está trabalhando com células reprogramadas (induzidas, em laboratório, a voltar ao estágio embrionário e posteriormente convertidas em outros tecidos do corpo). O grupo de Rehen reprogramou células da pele de pessoas com esquizofrenia para criar neurônios. “Constatamos que o cérebro desses pacientes consome duas vezes mais oxigênio do que o normal”, explica o pesquisador, que coordena o Laboratório Nacional de Células-Tronco do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Além disso, o grupo conseguiu recentemente converter células da urina em neurônios. “Essa nova técnica facilitará estender a pesquisa a pacientes com outros transtornos mentais, inclusive crianças e idosos”, diz. Rehen está recrutando mais pacientes com esquizofrenia para ampliar o estudo.
Mais uma tendência é o surgimento de coleções de células-tronco para o estudo de doenças e testes com medicamentos. “Temos já um banco de células-tronco e células reprogramadas de mais de 300 pacientes com doenças genéticas. Elas permitirão estudos importantes”, diz a geneticista Mayana Zatz, que dirige o Centro do Genoma e Células-Tronco da USP. Também está em formação um acervo nacional de células reprogramadas, o primeiro do gênero na América Latina. Será voltado para o estudo de problemas como Alzheimer, Parkinson e mais 15 enfermidades. A iniciativa envolve diversas instituições, é pública e tem apoio do Ministério da Saúde. “É um grande passo”, aprova o hematologista Nelson Hamerschlack, do Hospital Albert Einstein. Ele avaliou o impacto do transplante de células-tronco da medula óssea do próprio paciente com esclerose múltipla. “Em 75% dos casos, os sintomas melhoraram ou a doença ficou estabilizada”, diz. Hamerschlack planeja iniciar estudos com pacientes com a doença em estágio mais precoce.
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CONQUISTA
Andrea ficou paraplégica por causa de uma queda da escada. Após terapia
com células-tronco, consegue dar alguns passos com ajuda de aparelhos
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Fotos: Masao Goto Filho/Ag. Istoé; Rogerio Albuquerque

domingo, 19 de janeiro de 2014

A nova libertação sexual da mulher

A chegada de quatro remédios destinados a aumentar o prazer sexual feminino promete combater pela primeira vez na história as dificuldades mais comuns enfrentadas por elas

Mônica Tarantino e Michel Alecrim
Uma em cada duas mulheres brasileiras sente que seu desejo sexual não é tão intenso quanto ela gostaria, não fica tão excitada quanto esperava ou enfrenta dificuldades para chegar ao orgasmo. Extraída pela psiquiatra Carmita Abdo, criadora do Programa de Estudos em Sexualidade (ProSex) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, em seu “Estudo Sexual da Vida do Brasileiro”, a informação escancara a realidade da vida sexual feminina no País. E ela está de acordo com o que se observa na maior parte do mundo. “Temos os mesmos índices de dificuldades sexuais de outros povos”, afirma Carmita, internacionalmente reconhecida como uma autoridade em sexualidade humana. As mulheres, no entanto, estão prestes a ganhar fortes aliados contra esse problema. Quatro novos remédios devem chegar ao mercado com a promessa de ajudar a mulher a encontrar o prazer na cama. Será a primeira vez que ela terá à disposição uma pílula com esse objetivo. Em um paralelo histórico recente, os remédios terão, para a mulher, a mesma importância que o Viagra, lançado em 1998, teve para o homem. O que se espera é que os medicamentos não só ofereçam a elas um salto de qualidade no sexo, mas também auxiliem a trazer à tona a discussão sobre como as mulheres lidam com seu corpo, seus medos, suas indagações – a exemplo do que ocorreu em relação às questões do público masculino quando do lançamento da famosa pílula azul. Enfim, os próximos anos registrarão a mais nova revolução sexual feminina.
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FRANQUEZA
A psiquiatra Carmita diz que os novos remédios
estimularão debates reveladores sobre sexualidade
 
Na semana passada, a indústria farmacêutica britânica Orlibid anunciou o mais recente passo nesse sentido. A companhia informou que, em abril, iniciará a realização de testes em mulheres com um derivado da melatonina, hormônio com ação em diferentes funções orgânicas. A regulação do sono é a mais conhecida, mas há indícios de que baixas concentrações estejam associadas à perda do desejo sexual. “Calculamos que, iniciados os testes, em dois anos estaremos no mercado se as expectativas de eficácia se confirmarem”, disse à ISTOÉ Mike Wyllie, consultor para a pesquisa do novo medicamento e um dos cientistas que participaram do desenvolvimento do Viagra.
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Em fase bem mais adiantada estão dois remédios criados pelo holandês Adriaan Tuiten, presidente do laboratório Emotional Brain. Eles entram em fase final de testes entre abril e maio. Nos últimos meses, Tuitten apresentou os dados obtidos até agora à Food and Drug Administration (FDA), agência americana que regula remédios, e à EMEA, entidade europeia de mesma finalidade. “Discutimos aspectos dos estudos”, disse à ISTOÉ. A primeira medicação é o Lybrido. Trata-se de uma combinação da sildenafila (mesmo princípio ativo do Viagra) com o hormônio masculino testosterona. A queda nos níveis da substância está relacionada à baixa libido. A associação dos dois compostos aumenta o impulso sexual e promove o entumescimento da vulva, preparando o corpo feminino para o sexo. É endereçada a mulheres com alterações na percepção dos estímulos sexuais pelo sistema nervoso central. A segunda droga une a testosterona a um ansiolítico, a buspirona, para diminuir os níveis de serotonina (uma das substâncias cerebrais que fazem a comunicação entre os neurônios e cujo desequilíbrio está na origem da depressão). Quantidades elevadas reduzem o desejo por sexo, um efeito colateral bem documentado por causa da popularização de antidepressivos como a fluoxetina (Prozac).
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Há ainda a flibanserina, que promete regular compostos cerebrais associados à excitação (dopamina e norepinefrina) e à inibição sexual (serotonina). “Essa ação melhora o desejo e a satisfação”, disse à ISTOÉ Cindy Whitehead, presidente da americana Sprout Pharmaceuticals. Em dezembro, novos estudos com mulheres na pré-menopausa foram enviados ao FDA para responder a questionamentos do órgão sobre a eficácia do remédio. Um deles é que teria mostrado um efeito menos importante do que as substâncias placebo usadas nos estudos para medir sua eficácia. “Devemos ter clareza sobre os próximos passos até o fim do primeiro trimestre de 2014”, informou Cindy.
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ABORDAGEM
No consultório, Maria do Carmo lida com os diversos aspectos do desejo da mulher
 A criação desse gênero de remédios só foi possível com o aprofundamento do conhecimento sobre os caminhos fisiológicos e emocionais que marcam a sexualidade feminina. Hoje são conhecidas as mudanças físicas desencadeadas pelo desejo e as razões orgânicas que podem acabar com ele. Alterações no funcionamento da glândula tireoide, por exemplo, estão na raiz de dezenas de casos de mulheres que perderam o desejo sexual. Do ponto de vista emocional, estão fatores como problemas de relacionamento com o parceiro, estresse, o tipo de educação recebida e a dor de uma traição. No Centro de Referência e Especialização em Sexologia do Hospital Pérola Byington, em São Paulo, funciona um grupo voltado só para mulheres que foram traídas. “Elas vão para esse tipo de terapia quando esse episódio influencia a falta de desejo”, explica a obstetra e terapeuta sexual Tânia das Graças Santana, de São Paulo. Criadora do serviço, ela defende a expansão de centros semelhantes, que acolham todas as nuances da sexualidade feminina.
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O sexólogo Amaury não crê que apenas doses de testosterona possam devolver o prazer delas 
Essa plêiade de fatores deixa claro que, assim como acontece com os homens, a vida sexual da mulher é pautada por múltiplos fatores. Portanto, seria ingênuo pensar que apenas os novos remédios serão completamente responsáveis pela felicidade sexual feminina. “Não temos como conceber uma pílula mágica do desejo. A libido é complexa”, diz a psicóloga Maria do Carmo Andrade Silva, do Rio de Janeiro, especialista em terapia sexual. “A testosterona sozinha não vai transformar a mulher em potência sexual”, concorda o ginecologista e sexólogo Amaury Mendes Junior, secretário- geral da Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana.

Mas os estudiosos do tema asseguram que a chegada das medicações promoverá impactos profundos, assim como ocorreu no lançamento da pílula anticoncepcional, na década de 1960. Ela sozinha não significou um passe livre para o prazer, mas abriu a primeira porta para isso ao permitir que a mulher tivesse relações sexuais sem o medo de engravidar. Com as drogas do desejo, serão muitas as repercussões. “A primeira delas será corrigir o problema em mulheres saudáveis, nas quais a falta de libido ou excitação não está relacionada a causas conhecidas, como doenças ou problemas de relacionamento”, diz Carmita Abdo, que nesta semana apresentará mais um perfil sexual do brasileiro, baseado em uma comparação do comportamento de casais do Brasil com o de outros de 36 países. As medicações também poderão prolongar a vida sexual de mulheres que enfrentam as mudanças hormonais da menopausa e da fase que a antecede, quando a tendência é o desejo sexual diminuir.
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Outra transformação esperada é que as próprias mulheres acabem falando mais francamente de suas dificuldades. “Se o especialista tem um tratamento para oferecer, as pacientes ficam mais motivadas a contar suas queixas”, diz Carmita. Além disso, quem for ao médico apenas para tomar o remédio e não obtiver o efeito esperado muito provavelmente vai querer discutir por que não funcionou, abrindo uma discussão sobre outras causas possíveis. “Tudo virá à tona”, afirma a psiquiatra. A discussão tomará corpo também fora do consultório. “Deverá haver um melhor acolhimento do desejo feminino na sociedade”, prevê a médica e psicanalista Sônia Eva Tucherman, filiada à Associação Psicanalítica Internacional.
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Do ponto de vista prático, há uma discussão sobre quem poderá tomar as novas medicações e sobre suas contraindicações. Ainda não há respostas completas às duas indagações, mas, a contar do mecanismo de ação das drogas, é possível inferir algumas conclusões. Em doses maiores, a sildenafila não pode ser usada por pacientes cardíacas usuárias de óxido nítrico ou nitratos, pois potencializa seus efeitos. A melatonina é desaconselhada para gestantes e mães em fase de amamentação, pela falta de estudos confiáveis nessa população. Já a buspirona não é indicada na gravidez sem orientação médica. Em doses maiores, não deve ainda ser usada por pacientes com histórico de crises convulsivas. Em relação à testosterona, o ginecologista Amaury Mendes Junior considera que sua reposição para mulheres precisa ser feita com muita cautela. “Doses exageradas podem ter efeitos como aparecimento de pelos no rosto, inchaço dos seios, crescimento de clitóris e alteração na voz.” Quanto à flibanserina, alguns dos efeitos colaterais, como fadiga, tontura e náusea, já foram registrados nas pesquisas. “Os compostos desses remédios atuam no sistema nervoso central e no sistema endócrino. Não é uma brincadeira inocente”, adverte a psicoterapeuta Iracema Teixeira, presidente da Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana.
É por essas razões que os remédios deverão ter indicação criteriosa. O cuidado é necessário para que os novos medicamentos não prejudiquem a saúde e não joguem a mulher em outras armadilhas, como a de acreditar que por receberem um estímulo químico sejam obrigadas a ter um desempenho excepcional na cama. “A mulher não pode ser vítima da ditadura da performance sexual”, afirma a historiadora Mary Del Priore, autora do livro “Histórias Íntimas: Sexualidade e Erotismo na História do Brasil”. As medicações estão sendo desenvolvidas para aumentar o prazer, e não a carga de deveres.
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sábado, 18 de janeiro de 2014

Diagrama de sonhos ajuda no diagnóstico de psicose

Poucos ramos da medicina dependem tanto da experiência e da sensibilidade do médico quanto a psiquiatria –até agora. Se der certo a invenção de um grupo de neurocientistas e físicos brasileiros, em alguns diagnósticos difíceis de psicoses ela poderá usar menos arte e mais ciência: análises quantitativas de relatos de sonhos.
Pesquisadores das universidades federais do Rio Grande do Norte (UFRN) e de Pernambuco (UFPE), liderados pelo neurocientista Sidarta Ribeiro e pelo físico Mauro Copelli, estão propondo um método automatizado para definir se um paciente é esquizofrênico ou bipolar. A primeira autora é a psiquiatra Natália Mota, da UFRN.
O trabalho foi publicado eletronicamente, quarta-feira, no periódico "Scientific Reports", do grupo Nature.
A psiquiatria conta com vários questionários padronizados, porém dependentes da interpretação do médico. Eles resultam em pontuações úteis para fixar diagnósticos.
Não existe, porém, um teste quantitativo para apoiar o diagnóstico de psicoses, ao estilo de um exame de sangue capaz de indicar se a pessoa é diabética ou não.
Editoria de Arte/Folhapress
Psicoses como a esquizofrenia e o transtorno bipolar se caracterizam, entre outros sintomas, por alterações no discurso (fala) dos pacientes. Um esquizofrênico pode se mostrar mais quieto, lacônico. Já um bipolar, na fase maníaca, costuma tornar-se verborrágico, falando sem parar.
Em 2012, o grupo do Nordeste já havia publicado um primeiro artigo sobre a análise dos relatos de pacientes com o uso de grafos (diagramas em que palavras são representadas como nós, e a sucessão entre elas, por arcos).
NA TRILHA DE FREUD
Agora, os autores deram um passo adiante. Para isso, seguiram a pista dada por Sigmund Freud (1856-1939), no clássico psicanalítico "A Interpretação dos Sonhos" (1899), de que o universo onírico dá acesso privilegiado às profundezas da mente.
Eles mostraram que os relatos de sonhos, quando submetidos ao método, são mais informativos para o diagnóstico diferencial do que os de eventos da vigília.
Ao relatar fatos da vida consciente, a pessoa tende a seguir a ordem cronológica. Isso resulta em grafos mais simples. Já o paciente acordado, ao contar um sonho, tenta reproduzir sua estrutura, o que faz transparecer perturbações no discurso.
"O relato do sonho é um produto totalmente pessoal, muito mais patognomônico [revelador da doença]", diz Sidarta Ribeiro.
A análise dos padrões dos grafos, aplicada à fala de pacientes já diagnosticados como esquizofrênicos e como bipolares, revelou-se especialmente precisa para discriminar um grupo do outro.
Essa capacidade de diferenciação não se perdeu quando os relatos foram recortados em pedaços de tamanhos diferentes. Ou seja, ela não era produto apenas da verborragia ou do laconismo do paciente.
Tampouco desapareceu quando eles foram traduzidos para outras línguas (inglês, espanhol, francês e alemão). Dito de outro modo, o método parece ser válido independentemente da língua do médico ou do paciente.
Na realidade, o método pode ser aplicado automaticamente, por um computador que seja capaz de transformar a fala do paciente em grafos e analisá-la. O grupo criou um software para isso, disponível na internet.
"Vai ser tão útil para o psiquiatra quanto um raio-X para o ortopedista", afirma Ribeiro. "Não vai dizer se [o paciente] é esquizofrênico ou não, só fornecer a medida de um sintoma."
É possível falar em medida porque dos grafos se obtêm expressões matemáticas do grau de complicação do percurso linguístico seguido pela narrativa. Os itinerários dos relatos de sonhos de bipolares tendem a ser muito mais "conectados", quer dizer, cheios de idas e vindas.
O neurocientista acredita que o método será útil, também, para detectar a tendência de jovens para desenvolver psicoses e para avaliar a eficácia e a evolução de tratamentos para os distúrbios.
POTENCIAL
"[A linha de pesquisa da UFRN] É extremamente interessante", diz o psiquiatra Helio Elkis, coordenador do Programa de Esquizofrenia (Projesq) do Instituto de Psiquiatria da USP, que já a conhecia.
Elkis ressalva tratar-se de uma prova de princípio, que precisa ser reproduzida por outros grupos, pois o número de pacientes (60) foi pequeno. "Mas dizer que vai substituir o diagnóstico? Acho que não."
O artigo anterior sobre o tema, de 2012, já havia despertado o interesse do grupo de Lena Palaniyappan, neurocientista da Universidade de Nottingham (Reino Unido), que tem em vista uma colaboração com a UFRN.
"[A abordagem] É muito atraente para neurocientistas e psiquiatras clínicos do mundo todo", afirmou Palaniyappan por e-mail. "Se [vier a ser] usada amplamente, tem potencial para permitir que testes clínicos avaliem tratamentos para problemas mentais e de linguagem nas psicoses."
"Eles usaram métodos sofisticados de análise para tentar identificar características associadas a transtornos psiquiátricos, o que é uma estratégia engenhosa e com um bom potencial clínico", diz Marco Aurélio Romano-Silva, da UFMG.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Medicina tradicional chinesa diminui risco de diabetes

Em um estudo, remédios alopáticos e ervas tiveram resultados parecidos no tratamento de pré-diabetes

Diabetes
Tratamento com ervas pode prevenir o aparecimento da doença (Thinkstock)
A medicina tradicional chinesa é promissora para evitar a progressão de um quadro de pré-diabetes para um de diabetes, revelou uma pesquisa que será publicada na edição de fevereiro do periódico Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism.

Pré-diabetes é uma condição presente em pessoas com alto índice de açúcar no sangue, mas abaixo do ponto de diabetes tipo 2. Pacientes pré-diabéticos correm não só mais risco de desenvolver diabetes tipo 2, como doenças cardiovasculares.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Chinese Herbal Medicine Tianqi Reduces Progression from Impaired Glucose Tolerance to Diabetes: A Double-Blind, Randomized, Placebo-Controlled, Multicenter Trial

Onde foi divulgada: periódico Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism

Quem fez: F. Lian, X. Chen, Y. Bai, Z. Zhen, G. Li, Y. An, X. Wang, C. Piao, entre outros

Instituição: Guang'anmen Hospital, Fuwai Hospital of Cardiovascular Disease in Beijing, Hospital of Traditional Chinese Medicine in Beijing, entre outras

Dados de amostragem: 389 participantes pré-diabéticos divididos em dois grupos: um tomou cápsulas de ervas medicinais chinesas e outro ingeriu placebo

Resultado: Ao fim de um ano de tratamento, os voluntários que consumiram ervas medicinais chinesas desenvolveram 32% menos diabetes do que o grupo que ingeriu placebo
Na pesquisa, 389 participantes de onze institutos de pesquisa na China foram aleatoriamente divididos em dois grupos: um tomou uma cápsula com dez ervas medicinais chinesas, chamada Tianqi, e outro ingeriu placebo. Por um ano, os voluntários tomaram os comprimidos, receberam instruções sobre adaptações no estilo de vida e se consultaram com nutricionistas. A taxa de glicose deles foi medida a cada trimestre.

No fim do estudo, 36 participantes que ingeriram as ervas e 56 que tomaram placebo desenvolveram diabetes. Após agrupar os voluntários por idade e sexo, os pesquisadores concluíram que o risco de desenvolver a enfermidade foi 32% menor entre os voluntários que consumiram Tianqi, em comparação com os que ingeriram placebo.

Melhor do que remédio – A redução foi equivalente a de estudos que utilizaram medicamentos alopáticos para diabetes como arcabose e metformina, com a vantagem que o grupo que tomou as ervas chinesas reportou poucos efeitos colaterais.

"Como o diabetes é um problema de saúde pública crescente no mundo, é crucial barrar o aparecimento de novos casos", afirma um dos autores do estudo, Chun-Su Yuan, da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos. "Os pacientes geralmente sofrem para fazer as mudanças necessárias no estilo de vida para controlar as taxas de glicose no sangue, e os medicamentos atuais têm limitações e podem ter efeitos colaterais. As ervas da medicina tradicional chinesa oferecem uma nova opção de controle dos níveis de açúcar, isolada ou combinada com outros tratamentos." Segundo os autores, mais pesquisas são necessárias para avaliar o papel da medicina herbal chinesa da prevenção e controle do diabetes.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Brasil é o 5º em mortes por álcool entre países da América, diz pesquisa

Estudo foi realizado por organismos internacionais de saúde, como a OMS.
Brasil teve 12,2 óbitos para cada 100 mil mortes anuais entre 2007 e 2009.

Do G1, em São Paulo
O álcool é a causa de aproximadamente 80 mil mortes por ano no continente americano e o Brasil é o quinto país com maior número de óbitos ligados ao consumo de bebidas, aponta estudo da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Os dados foram publicados nesta terça-feira (14) na edição on-line da revista científica “Addiction”.

O estudo analisou todas as mortes ligadas ao álcool entre 2007 e 2009 em 16 países da América do Norte e da América Latina. Eles afirmam que o uso da substância provocou uma média anual de 79.456 mortes que poderiam ter sido evitadas se não houvesse consumo de álcool.
Na maioria dos países, as doenças hepáticas foram a principal causa dessas mortes, seguidas de transtornos neuropsiquiátricos. Segundo os autores, a pesquisa só mostra “a ponta do iceberg de um problema maior”.
As taxas de mortalidade por consumo de álcool variam entre os países: as mais altas são as de El Salvador (uma média de 27,4 em 100 mil mortes por ano), Guatemala (22,3) e Nicarágua (21,3), México (17,8) e, em quinto lugar, do Brasil (12,2 para 100 mil mortes por ano).
Os índices se distanciam dos registrados na Colômbia (1,8), Argentina (4,0), Venezuela (5,5), Equador (5,9), Costa Rica (5,8), e Canadá (5.7). Em todos os países estudados, 84% dos mortos que tiveram relação com álcool eram homens.
Por idade, as taxas mais altas de mortalidade por consumo de álcool foi registrada no grupo de pessoas entre 50-69 anos na Argentina, Canadá, Costa Rica, Cuba, Paraguai e Estados Unidos. No Brasil, no Equador e na Venezuela, as maiores taxas de mortalidade por álcool foram entre pessoas com idade entre 40 e 49 anos.
Já o México registrou um padrão diferente. O risco de morte por ingestão de álcool aumenta ao longo da vida e alcança seu máximo depois dos 70 anos.
Segundo os autores do estudo, as mortes ligadas ao consumo de álcool podem ser prevenidas através de políticas e intervenções que reduzem a ingestão de bebidas, incluindo restrições à disponibilidade de produtos, aumento de preços e controle no mercado e na publicidade.
 Em todo o estado, 266 mil estabelecimentos foram fiscalizados e mais de 1,1 mil foram multados (Foto: Reprodução/ EPTV) Brasil é o quinto país das Américas com maior número de mortes que tiveram alguma relação com o uso de álcool (Foto: Reprodução/ EPTV)

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Saiba como prevenir problemas de saúde comuns nas férias de verão

Clima quente aumenta casos de infecções alimentares e hipertermia.
Queimadura por sol, micoses e lesões ortopédicas também são frequentes.

Mariana Lenharo Do G1, em São Paulo
Com calor desta véspera de Ano Novo, Praia de Copacabana ficou lotada (Foto: Severino Silva/Agência O Dia/Estadão Conteúdo )Praia de Copacabana lotada (Foto: Severino Silva/Agência O Dia/Estadão Conteúdo )
O clima quente e as atividades típicas do período de férias promovem, nesta época do ano, um aumento de casos de hipertermia, diarreia, micose, queimaduras por sol e até lesões ortopédicas. Especialistas ouvidos pelo G1 relatam quais são os problemas de saúde mais comuns do verão e orientam sobre a melhor forma de lidar com eles.
Infecções alimentares
Com o aumento da temperatura, aumentam também as infecções alimentares, segundo o infectologista Jessé Reis Alves, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Viagem (SBMV). As principais culpadas são as bactérias, que se desenvolvem com mais facilidade nos alimentos em climas quentes.
“As gastroenterites, principalmente bacterianas, são mais comuns no verão. As pessoas vão mais à praia e a lugares que nem sempre têm saneamento adequado. Existe contato com água contaminada, os alimentos são preparados sem tantos cuidados”, diz Alves. Os sintomas são principalmente diarreia e vômito.
Protetor solar (Foto: Reprodução/TV Globo) Ele orienta ter cuidado especial com alimentos à base de ovos, pois eles podem se adulterar mais rapidamente. Outras dicas são evitar alimentos crus e mal cozidos e beber água mineral engarrafada.  Segundo Alves, os quadros de diarreia geralmente duram dois ou três dias, período no qual o paciente deve fazer uma hidratação adequada e ingerir alimentos mais leves. “Se aparecerem sinais de gravidade, como diarreia com febre, ou sangue nas fezes, é preciso procurar atenção médica imediata.”
Queimadura solar é um dos problemas de saúde
comuns no verão (Foto: Reprodução/TV Globo)
Queimadura solar
Segundo com o dermatologista Marcus Maia, coordenador do Programa Nacional de Controle do Câncer de Pele, da Sociedade Brasileira de Dermatologia, a exposição desprotegida ao sol pode provocar queimaduras de diferentes intensidades. O primeiro estágio é a vermelhidão. O segundo é quando a vermelhidão é acompanhada de inchaço. O terceiro é quando, além de vermelhidão e inchaço, há a presença de bolhas.
“De acordo com a gravidade, a pessoa deve procurar um serviço médico. Felizmente, o que se percebe é que as pessoas não chegam a cometer esse exagero, a cultura de proteção solar já é bastante arraigada”, diz Maia.
Para prevenir o problema é preciso evitar a exposição ao sol entre 10h e 15h e usar protetor solar com fator de proteção de, no mínimo, 30. Outras estratégias são procurar ficar na sombra e usar chapéu ou boné.
Praia animal litoral norte de São Paulo Caraguatatuba (Foto: Gianni D'Angelo/PMC)A presença de cães na praia aumenta risco de
contaminação (Foto: Gianni D'Angelo/PMC)
Bicho geográfico e bicho-de-pé na areia
A areia da praia, quando contaminada por fezes de cachorro, pode conter o bicho geográfico. Trata-se de um parasita que, quando em contato com o humano, manifesta-se por uma bolinha vermelha geralmente localizada na região da planta do pé. “Isso coça violentamente e, de repente, essas bolinhas começam a andar, formando um caminho linear”, diz Maia.
O especialista afirma que o bicho-do-pé também é uma possibilidade principalmente em praias mais desertas, quando há criação de porco nas proximidades da areia. Nesses casos, segundo Maia, o melhor a se fazer é procurar um serviço de saúde.
Além disso, segundo Maia, o excesso de calor reduz a resistência do organismo. “Por isso é comum que o indivíduo que está na praia tenha mais facilidade de desenvolver herpes, micoses e outras infecções de pele”, diz. Segundo ele, os agentes causadores desses problemas podem até já estar no organismo do maneira inativa, mas, com o calor, o problema se exacerba.
Lesões ortopédicas em 'atletas de fim de semana'
Segundo o ortopedista e traumatologista Mauro Dinato, do Instituto Vita, durante as férias de verão é comum aparecerem nos consultórios pacientes com lesões por praticar atividades físicas com as quais não estão acostumados. “As pessoas ficam muito tempo paradas e, nas férias, resolvem começar a caminhar, correr ou jogar bola”, diz. São observadas tanto lesões por sobrecarga quanto rupturas agudas por traumas. Pés e joelhos costumam ser os mais afetados.
No caso de pessoas sedentárias que pretendem andar longos percursos durante uma viagem, por exemplo, Dinato sugere fazer uma programação que alterne programas mais ativos com períodos de descanso. “Se, no final do dia, a pessoa estiver com dor no pé ou no joelho, é indicado pôr os pés para cima e fazer uma compressa com gelo”, diz. Tênis e meias adequados para a caminhada também são essenciais.
O ritmo da caminhada também deve ser controlado. “Procure não começar andando rápido. No início, ande mais devagar para ir esquentando, ativando a musculatura e aumentando o fluxo sanguíneo do coração.”
Idosos são mais vulneráveis ao calor excessivo
(Foto: Severino Silva/Agência O Dia/Estadão
Conteúdo)
CALOR RIO (Foto: Severino Silva/Agência O Dia/Estadão Conteúdo)Hipertermia nos idosos
A hipertermia – que ocorre quando a temperatura do organismo se eleva devido ao calor do ambiente – é um problema principalmente para os idosos. De acordo com o médico Rubens de Fraga Júnior, da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), o processo de envelhecimento reduz a habilidade do corpo em perder calor.
O suor, uma das formas de dispersar o calor corporal, é menos intenso no idoso devido à redução das glândulas sudoríparas.  Além disso, ele tende a ingerir menos líquido, pois sofre alterações na sensibilidade dos centros neuromoduladores que proporcionam a sensação de sede. O resultado é uma maior suscetibilidade à hipertermia, caracterizada por uma temperatura acima de 37,5 graus célsius, cólicas abdominais, ânsia de vômito, câimbras.  O quadro pode evoluir para sintomas neurológicos, desde irritabilidade até alucinações, podendo ocasionar convulsões e até coma.
Para prevenir essa situação, é importante ingerir bastante líquido para garantir a hidratação e evitar a exposição direta ao sol, procurando abrigo em lugares cobertos e arejados. Vestir-se com roupas leves e de cores claras, de preferência de algodão, evitar atividades extenuantes e usar protetor solar também são medidas preventivas.
Ar-condicionado de parede é recomendado para cômodos pequenos (Foto: Halex Frederic/G1)Ar-condicionado s (Foto: Halex Frederic/G1)
Alergias e infecções respiratórias por ar condicionado
Apesar de proporcionar alívio contra o calor excessivo, o ar condicionado demanda alguns cuidados, segundo Fraga Júnior. “O ar condicionado tira muito a umidade do ambiente, ressecando as vias aéreas superiores”, diz. Esse ressecamento aumenta as chances de infecções respiratórias. Para lidar com o ar seco, uma dica é manter uma bacia com um pouco de água no ambiente ou uma toalha molhada. Um umidificador de ar também pode resolver o problema.
Segundo o especialista, a temperatura escolhida deve ser amena, e não fria demais, para evitar choques térmicos. Uma pesquisa feita pela USP em 2006 revelou que os choques térmicos são os principais responsáveis por crises alérgicas em pessoas que passam longos períodos em ambientes climatizados.
Também é preciso fazer uma manutenção periódica do aparelho para evitar o acúmulo de fungos e bactérias que podem trazer doenças.

sábado, 11 de janeiro de 2014

Médicos lançam documento com orientações sobre proteção solar

JULIANA VINES
DE SÃO PAULO
A Sociedade Brasileira de Dermatologia lançou ontem o Consenso Brasileiro de Fotoproteção, primeiro documento com recomendações sobre proteção solar no país.
Entre as orientações está a indicação do uso de filtro solar com o fator mínimo de proteção 30 e a formalização de que se deve evitar a exposição ao sol das 10h às 15h --com exceção da região Nordeste, onde a radiação solar já é alta a partir das 9h.
As diferenças climáticas e populacionais motivaram os médicos a criar um consenso nacional sobre o tema.

Editoria de Arte/Folhapress
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"Não dá para importar recomendações de países tão diferentes, como os Estados Unidos", disse Sérgio Schalka, coordenador do consenso, que teve a participação de 24 especialistas.
Já é comprovado que a fotoproteção previne o câncer de pele. O do tipo não melanoma é o câncer mais comum no Brasil --só no ano que vem haverá 182 mil novos casos.
"Podemos interferir na incidência e mortalidade com a fotoproteção correta, que não se resume em uso do filtro solar na quantidade certa. É preciso aliar outras formas de proteção, como uso de bonés e óculos de sol", diz Marcus Maia, do Programa Nacional de Controle do Câncer de Pele da sociedade.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Vem aí uma vacina contra a diabetes

Cientistas anunciam a eficácia, em humanos, de um imunizante para o controle do tipo 1 da doença. Além disso, a ciência apresenta novos remédios e até a criação de pâncreas artificial

Monique Oliveira, de Chicago (EUA)
Pesquisadores da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, anunciaram na última semana um passo importante em direção à primeira vacina contra a diabetes. Os cientistas criaram um imunizante que se mostrou eficaz para controlar, em humanos, o tipo 1 da doença, que ocorre porque o sistema imunológico do próprio corpo passa a atacar as células beta, situadas no pâncreas, que fabricam a insulina. O hormônio permite a entrada, nas células, da glicose circulante na corrente sanguínea. Com menos insulina, há um acúmulo de açúcar no sangue, o que caracteriza a diabetes. O outro tipo, o 2, é resultado de alterações promovidas principalmente pela obesidade.
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A vacina impediu o ataque de um tipo de célula CD8 – integrantes do sistema imunológico – às células beta (leia mais no quadro). “Estamos muito excitados com o resultado. Sugere que o sonho de interromper o ataque do sistema imunológico a células específicas pode ser realizado”, afirmou Lawrence Steinman, um dos líderes da pesquisa realizada com 80 pacientes. Os cientistas planejam expandir os experimentos para investigar a eficácia do remédio em mais indivíduos.
Interromper a destruição comandada pelo corpo é um dos objetivos perseguidos por cientistas em todo o mundo. Recentemente, a Diabetes UK, entidade inglesa de combate à doença, anunciou um ambicioso projeto de pesquisa em busca de uma vacina com esse propósito. Por essa razão, o feito dos americanos foi saudado. “Pela primeira vez temos evidência da eficácia de uma vacina em humanos. É um passo significativo em direção a um mundo sem diabete tipo 1”, afirmou Karen Addington, especialista inglesa.
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CARDÁPIO
Teixeira cuida da alimentação para evitar crises de hipoglicemia
A notícia da vacina somou-se a outras boas novidades divulgadas na semana passada. Nos Eua, onde ocorreu o congresso da Associação Americana de Diabetes, anunciou-se entre os avanços (leia no quadro) a chegada de um pâncreas artificial, capaz de equilibrar os níveis de insulina no organismo. Produzido pela Medtronic, o aparelho está sob avaliação do Food and Drug Administration, órgão americano responsável pela liberação de aparelhos de saúde. “Essa tecnologia é um passo importante para a criação de um sistema de entrega de insulina mais inteligente”, disse Rich Bergenstal, investigador principal da pesquisa apresentada para a aprovação do dispositivo.
O pâncreas artificial é dotado de um sensor e um software acoplados a uma bomba de insulina e promove a liberação do hormônio de acordo com a necessidade. Dessa forma, diminui o risco de crises de hipoglicemia, um dos reveses mais comuns no controle da doença. “Alguns médicos até demoram a receitar a insulina, de tão complicado que pode ser sua aplicação”, diz o médico Freddy Eliaschewitz, de São Paulo, presente no encontro americano. O administrador de empresas Luiz Carlos Teixeira, 63 anos, de São Paulo, toma cuidado para não sofrer com o problema. “Procuro me alimentar bem”, diz.
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quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Mortalidade por câncer cai drasticamente nos EUA

Redução de 20% em 20 anos indica avanços na prevenção e no tratamento da doença

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Câncer de mama está entre os mais prevalentes nas mulheres (Thinkstock)
O risco de morrer de câncer nos Estados Unidos caiu 20% em 20 anos, o que reflete avanços na prevenção e no tratamento da doença, segundo o último relatório da Sociedade Americana Contra o Câncer (ACS), divulgado nesta terça-feira.

De 2006 a 2010, últimas estatísticas disponíveis, a incidência de câncer diminuiu 0,6% ao ano entre os homens e permaneceu estável entre as mulheres. Já a taxa de mortalidade caiu 1,8% ao ano entre eles e 1,4% entre elas. Essa diminuição se traduz em 1,34 milhão de mortes evitadas (952 700 homens e 387 700 mulheres) durante este período.

A redução varia de acordo com a idade, a origem étnica e o sexo dos doentes, passando de uma taxa de mortalidade que continua imutável entre mulheres brancas de 80 anos para uma queda de 55% entre homens negros de 40 a 49 anos.


Mesmo assim, entre todos os grupos étnicos, os negros americanos registram a maior incidência de câncer e de morte provocada pela doença – o dobro dos casos comparados aos asiáticos, os menos afetados. Segundo o relatório, "essa disparidade racial é explicada, sobretudo, pelas diferenças de tratamento no momento do diagnóstico".​
Novos casos – O relatório da ACS prevê 1 660 000 novos casos de câncer nos Estados Unidos em 2014, assim como 585 720 mortes – 1 600 por dia - como resultado da enfermidade.

Entre os homens, os tumores de próstata, pulmão e cólon serão a metade dos diagnósticos do ano. No caso das mulheres, os três tipos mais incidentes serão mama, pulmão e cólon, que representarão metade dos casos.

"O progresso que estamos vendo é excelente, mas podemos e devemos torná-lo melhor", disse John Seffrin, presidente da ACS.
(Com AFP)

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Prefeitura e Estado planejam nova ação na Cracolândia paulistana

Haddad afirma que experiência holandesa será utilizada, com tratamento médico e frente de trabalho para os usuários

Terra
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O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), afirmou na manhã desta segunda-feira, em São Paulo, que ainda este mês, Prefeitura e Governo do Estado deverão, em parceria, iniciar uma ação na região da Cracolândia, no centro de São Paulo. O modelo será baseado em uma experiência exitosa na Holanda, que prevê trabalho, moradia e tratamento de saúde para os viciados.

"Estamos tratando isso como um problema de saúde. Nós não vamos tratar com violência. Nós temos de aprender com o passado. Não podemos repetir os erros que já foram cometidos. Vamos afastar qualquer tipo de abordagem higienista no local", disse Haddad.

O prefeito disse que foram realizadas conversas preliminares com lideranças dos bairros da região central da cidade e que na semana passada se encontrou com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) para tratar sobre o tema.

"Há um mês as equipes estão interagindo para voltar à região de maneira civilizada, dando alternativa para aquelas pessoas. Vamos adotar um programa muito parecido que é feito hoje na Holanda, de inspiração canadense, de oferecer, pela própria prefeitura, trabalho para aquelas pessoas", disse ele.

A ideia é criar oportunidades na zeladoria da cidade, como o cuidado em praças, recolhimento de materiais recicláveis e outros serviços. "Vamos dar a oportunidade da pessoa obter o tratamento, entrar em uma frente de trabalho (...) Essas pessoas terão apoio, nem que seja um quarto digno para se acomodar e sair da rua. Nós vamos oferecer as condições. A grande maioria das pessoas da Luz, da rua Helvétia, são egressos do sistema prisional e não tem perspectiva de vida. Tiveram suas famílias desmanteladas. São pessoas que têm grande dificuldade de ressocialiação", afirmou o prefeito.

Apesar de a inspiração vir do programa holandês, Haddad disse que a versão final do programa será um modelo adaptado às necessidades de São Paulo. "A Holanda tem um bom programa. Estamos estudando esse programa. Estamos estudando as duas experiências (canadense e holandesa) para fechar um modelo paulistano de enfrentamento da situação", disse.

Na visão de Haddad, a situação vivida hoje precisa mudar. "Aquela região não pode ficar como está. Esse pacto já está selado. Agora estamos nos detalhes operacionais. Para alocá-los, oferecer uma possibilidade de renda e nos casos mais graves, o tratamento que o Estado está oferecendo, com 500 leitos. Queremos entrar em janeiro. Queremos fazer dessa maneira, inteiramente nova. A cidade não quer mais conviver com aquilo", disse ele.