quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

CE tem até o fim do mês para erradicar casos de sarampo

Caso não contenha o surto, o Estado pode suspender o processo de eliminação da doença no continente americano

Crianças de 6 meses a menores de 5 anos devem ser imunizadas; conforme a Sesa, cobertura da última campanha não foi homogênea
Foto: Lucas de Menezes
Image-0-Artigo-1782170-1 O Ceará é o único local das três Américas (do Norte, Central e do Sul) onde há transmissão do vírus do sarampo entre a população. Se após este mês de janeiro for registrado mais um caso, além dos 613 ocorridos desde dezembro de 2013, o Estado poderá ser responsável pela interrupção oficial no processo de eliminação da doença em todo o continente.
Com a gravidade da situação, uma comissão formada por membros do Ministério da Saúde e da Organização Pan-americana de Saúde (Opas) veio a Fortaleza para combater o avanço e evitar que o surto se transforme numa endemia. Ontem, o grupo se reuniu com os secretários da Saúde do Estado, Carlile Lavor; de Fortaleza, Socorro Martins; e de Caucaia, Deuzinho Filho.
"Estamos num processo de eliminação do sarampo em todas as Américas e, se não interrompermos esse surto no Ceará, a certificação será suspensa não só no Brasil, mas no continente", ressaltou a coordenadora do Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde, Carla Domingos. "Isso vai comprometer não só o País, em termos de comércio e turismo, mas principalmente fazer com que essa doença possa voltar a circular em outros estados do Brasil ou países próximos", declarou.
O último confirmado se deu no dia 5 de janeiro, em Caucaia. A data marca a contagem do prazo de 90 dias para se atestar a erradicação do vírus no Estado, caso não apareçam outras confirmações. Entretanto, há ainda outras 46 notificações suspeitas sendo investigadas em quatro municípios da Região Metropolitana (RMF): Fortaleza, Caucaia, Maracanaú e Aquiraz.
De acordo com os especialistas, se após o mês de janeiro mais casos forem confirmados, o cancelamento do processo de eliminação do sarampo das Américas será praticamente certo. "O importante é acabar com essa doença o mais rápido, antes do Carnaval se possível, em duas ou três semanas", disse a consultora regional da Opas para o Programa para Eliminação do Sarampo, Pamela Bravo, enviada de Washington, capital dos Estados Unidos, para colaborar com o planejamento das ações. "Estamos reunidos com os técnicos, apoiando as recomendações para acabar com essa doença", completou.
José Cássio de Morais, representante de um comitê internacional de especialistas criado pela Opas para certificar a eliminação do sarampo nas Américas, reforça o risco que o Estado causa ao continente. Se continuar a ocorrência de casos, a Organização Pan-americana vai declarar o Brasil e o Ceará como "endêmicos". "Se em fevereiro houver um novo registro, teremos esse problema, porque já é um tempo muito longo", reforçou.
O secretário Carlile Lavor lamenta a situação. "O Ceará, que foi campeão de vacinação, volta a ter sarampo. Isso é grave. Uma doença que tínhamos eliminado das Américas volta a ocorrer no Ceará". Contudo, o gestor estadual ressalta o empenho dos órgãos públicos para sanar o problema. E a principal ação são as vacinações. "Todas as mães devem levar os filhos para vacinar. As crianças menores de 5 anos, que tenham completado pelo menos 6 meses, devem ser imunizadas. Nós só conseguiremos resolver esse problema se todas elas estiverem vacinadas", alertou Lavor.
Mobilização
Para convocar os pais e responsáveis a levarem todas as crianças da idade alvo para tomar a vacina, uma campanha publicitária está sendo criada em caráter de urgência.
Apesar da mobilização encerrada no último dia 31 ter atingido a meta de 95% de imunizações, segundo a Secretaria da Saúde (Sesa), a cobertura não foi homogênea e algumas comunidades podem ter ficado abaixo do percentual desejado.
Com o objetivo de eliminar a doença, os órgãos públicos estão indo de casa em casa, garante a titular da Secretaria de Saúde do Município (SMS), Socorro Martins. "A gente está indo de casa em casa, fazendo varreduras para buscar essas crianças", destacou.
"Hoje, nossa meta é ter caso zero em Fortaleza. Estimulamos as mães a procurar nossas unidades, que elas não esperem. Quando o filho fizer 6 meses, vá imediatamente, para erradicar o sarampo do nosso território", apela a secretária. A Capital contabiliza o maior número de casos confirmados: 310 desde dezembro de 2013.
Outros municípios que também têm uma situação preocupante são Caucaia e Maracanaú. Mesmo com registros pequenos em relação a outras cidades, os casos são mais recentes.
"Caucaia, apesar da baixa incidência, chama a atenção pelo número de casos no início do ano, na divisa com Fortaleza", confirma o secretário de Saúde do Município, Deuzinho Filho. Segundo ele, há 700 profissionais da área visitando a população e até mesmo transportando aos postos pessoas com até 29 anos e ainda não imunizadas.
Mais informações
Secretaria Estadual da Saúde
Telefone: (85) 3101.5123
Secretaria de Saúde de Fortaleza
Telefone: (85) 3452.6604
Secretaria de Saúde de Caucaia
Telefone: (85) 3342.8023
Germano Ribeiro
Repórter

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