quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Casos de difteria em PE deixam Ceará em alerta para a doença

Quatro diagnosticados com a doença em Pernambuco; Secretaria da Saúde pede que médicos fiquem alertas
Vanessa Madeira - Repórter
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Mais uma doença considerada erradicada na maior parte do País voltou registrar casos, neste mês, no Nordeste e colocou em alerta toda a região, inclusive o Ceará. Quatro pessoas foram diagnosticadas no Estado de Pernambuco, na última semana, com difteria, infecção bacteriana grave de transmissão respiratória que atinge principalmente crianças. Outras três notificações e um óbito estão sendo investigados. Diante do quadro, a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) divulgou nota técnica solicitando que os profissionais de saúde fiquem atentos a possíveis sinais da doença em pacientes das unidades de atendimento a fim de prevenir ocorrências.
De acordo com o documento, o caso mais recente de difteria registrado no Ceará ocorreu em 1999 e foi o único do ano. Na época, conforme o órgão, a doença ocorria de forma endêmica. Antes disso, em 1994, 1995 e 1996, foram confirmados seis, três e quatro casos, respectivamente. A Sesa não informou se algum óbito em decorrência da infecção chegou a ser contabilizado. A nota técnica informa, ainda, que, com o aumento da cobertura vacinal de rotina, a doença foi eliminada no Estado. Neste ano, até o dia 11 de setembro, a cobertura em todos os municípios totalizou 94%.
Dentre as medidas de prevenção orientadas pela Secretaria, está a manutenção da imunização, realizada de forma sistemática nos postos de saúde. A aplicação da vacina é feita em três doses nas crianças, aos dois, quatro e seis meses de idade. Com 1 ano e três meses e 4 anos, são aplicadas as duas doses de reforço. Após essa faixa etária, deve haver reforço a cada 10 anos, pois a proteção não é definitiva.
Controle
Como forma de controle em possíveis ocorrências, o órgão recomenda a checagem da situação vacinal do paciente, a administração do soro antidiftérico com finalidade profilática, e o bloqueio vacinal nas áreas de convívio da pessoa em observação.
A reportagem solicitou à Sesa uma entrevista com representantes do órgão para falar sobre a nota, mas foi informada que o coordenador da área responsável estava viajando e não poderia se pronunciar.
Entre especialistas, a confirmação de casos de difteria em Pernambuco é vista com receio. Robério Leite, infectologista pediátrico do Hospital São José, em Fortaleza, afirma que a doença é grave e facilmente transmitida, o que pode potencializar sua disseminação. Segundo ele, algumas manifestações da enfermidade são semelhantes às de outras, por isso é necessária a atenção redobrada dos profissionais de saúde.
"O principal sintoma é a formação de placas de pus nas amígdalas. É uma doença que engana um pouco, porque o médico pode olhar, pensar que é amidalite e passar apenas um antibiótico. Mas essas placas podem invadir os tecidos e provocar uma inflamação grande, obstruindo as vias áreas", explica o médico.
Para Leite, outro fator que causa preocupação é a situação de imunização dos cearenses. Ele afirma que o surto de sarampo registrado no Estado desde 2013, após 15 anos sem casos da doença, revelou uma falha da cobertura vacinal no Ceará, que pode ter se estendido para outras infecções.
"O nosso temor é que a difteria venha na sequência, porque se falha para sarampo, falha para as outras", alerta o infectologista. "Podem existir muitas pessoas desprotegidas, porque a vacina não proporciona imunidade duradoura e precisa do reforço. E, com exceção de algumas mulheres, que, quando gestantes, tomam a vacina para proteger o bebê, muita gente, principalmente os homens, não costumam procurar o posto de saúde para prevenção", completa.

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