sábado, 19 de setembro de 2015

Tratamento gratuito de endometriose é realizado no Ceará

O procedimento é minimamente invasivo, preservando nervos, vasos e vias urinárias
O setor de endometriose e cirurgia minimamente invasiva da MEAC realiza de 12 a 15 cirurgias de alta complexidade por mês ( Foto: Jason Shivers/ Pixabay )
Doença caracterizada por nódulos grandes, causados por menstruação retrógrada - com fluxo que não desce normalmente, voltando para as trompas - a endometriose afeta 1 em cada 10 brasileiras. Muitas delas descobrem a doença apenas quando associam as dores à dificuldade de engravidar.
Ao ultrapassar o útero, atingindo o intestino ou a bexiga, o fluxo representa a endometriose profunda. Para o tratamento deste quadro, o primeiro serviço gratuito de atendimento multidisciplinar é realizado pela Maternidade Escola Assis Chateubriand (MEAC - UFC).
Doença pode afetar a rotina
De acordo com a ginecologista do Setor de Endometriose da MEAC, Kathiane Lustosa, a endometriose profunda não tem causa definida. “É provável que seja multifatorial, incluindo fatores genéticos com possíveis influências imunológicas”, explica.
O professor de Ginecologia e Obstetrícia do curso de medicina da Universidade Federal do Ceará, Dr. Leonardo Bezerra, comenta que, além da dor - que chega a ser incapacitante - a endometriose afeta diretamente a rotina da mulher. "No caso da endometriose profunda, como chega a atingir outros órgãos, não só os genitais, o apoio de especialistas de outras áreas é necessário”, afirma o médico.
Cirurgia minimamente invasiva
A cirurgia realizada na MEAC é videolaparoscópica. A câmera entra pelo umbigo e, com duas pequenas incisões laterais, os cirurgiões operam, visualizando tudo por dois monitores full HD.
De alta precisão, esse procedimento preserva nervos, vasos e vias urinárias, pois corta e cauteriza com energia ultrassônica, atingindo as menores áreas necessárias.
A fisioterapia complementa o tratamento porque a endometriose leva a alterações músculo-esqueléticas, causando muita dor e tensão, mesmo após a cirurgia.
“É o mesmo mecanismo da dor do membro amputado, quando a paciente tem uma memória da dor mesmo após a remoção da causa”, explica Simony Lira, fisioterapeuta da MEAC.
O ideal é começar a fisioterapia no mês seguinte à cirurgia e que o tempo de tratamento, em geral, é de 3 meses, podendo ser prolongado.
Recursos como a eletroestimulação, reeducação postural e da função dos músculos da região pélvica são os mais utilizados pela equipe de fisioterapia. Além disso, algumas medicações, também subsidiadas pelo Governo, são administradas por até 9 meses.
O setor de endometriose e cirurgia minimamente invasiva da MEAC realiza de 30 a 40 atendimentos ambulatoriais por semana e de 12 a 15 cirurgias de alta complexidade por mês.

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