A febre zika é uma doença nova e muito pouco
se sabe a respeito, abrindo margem para que muitas informações sem
embasamento científico se espalhem
Agência Brasil
Erupções na pele, dor de cabeça, no corpo e nas articulações,
vermelhidão nos olhos, náuseas, fotofobia, conjuntivite e coceira
intensa. Os sintomas são parecidos com os da dengue e da chikungunya,
mas as consequências da infecção pelo zika vírus são bem mais críticas.
Apesar de ter uma evolução branda, com sintomas que duram em média de
dois a sete dias, o zika está associado à microcefalia em bebês cujas
mães foram contaminadas durante a gestação – e que trazem deficiências
variadas. Além disso, há o risco de desenvolvimento da síndrome de
Guillain-Barré (doença autoimune que acomete o sistema nervoso),
recentemente associada ao vírus e que vitimiza principalmente crianças e
idosos.
A febre zika é uma doença nova. Seu primeiro surto foi registrado em
2007, na ilha de Yap, na Micronésia, e chegou ao Brasil no ano passado.
Por conta disso, muito pouco se sabe a respeito, abrindo margem para que
muitas informações sem embasamento científico se espalhem.
Veja aqui o que é verdade e o que é mito acerca do zika:
Você pode ter sido contaminado pelo zika e não saber - VERDADE
Segundo a Sociedade de Pediatria de São Paulo, assim como nas outras
doenças virais transmitidas pelo mesmo mosquito (dengue, febre
chikungunya), acredita-se que cerca de 80% das pessoas contaminadas pelo
zika vírus não apresentam qualquer sintoma, o que não quer dizer que as
consequências da infecção (microcefalia nos bebês dessas gestantes, por
exemplo) não ocorram.
Repelentes são a forma mais eficiente de evitar a contaminação pelo zika – MITO
O uso do repelente como único método de prevenção não garante que o
mosquito Aedes aegypti ficará longe. Inclusive, nenhum dos dez
repelentes testados pelo Proteste com as marcas mais comuns vendidas no
Brasil foi aprovado. Uma das principais ações contra o mosquito, segundo
o Ministério da Saúde, é a conscientização da população sobre o seu
papel de eliminar locais nos quais o Aedes aegypti pode se reproduzir,
como vasos de plantas, lixo e garrafas pet abandonadas. Além disso,
recomenda-se o uso de roupas que cubram a superfície do corpo, em
especial as extremidades e áreas de pele mais fina, como tornozelos,
pés, punhos e mãos.
Microcefalia no Nordeste foi causada pela vacina contra rubéola, não por causa do zika – MITO
De acordo com o último Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde,
até 12 de dezembro deste ano foram registrados 2.401 casos da doença e
29 óbitos. Esses casos estão distribuídos em 549 municípios de 20
Unidades da Federação. A microcefalia é uma condição neurológica rara em
que a cabeça é desproporcionalmente menor que o corpo. O crânio não se
desenvolve corretamente, porque o tecido cerebral não cresce. Isso faz
com que, dependendo da área do cérebro afetada, a criança tenha
dificuldades de locomoção, desenvolvimento cognitivo, deglutição,
audição, dentre outras. Apesar de ter relação com outras doenças, como
rubéola, infecções por citomegalovírus, toxoplasmose e uso de drogas na
gestação, por exemplo, a vacina não é responsável pelo surto atual.
Segundo o Ministério da Saúde, todas as vacinas do calendário nacional
são seguras. Em nota, a Sociedade de Pediatria de São Paulo esclarece
que a vacina nunca é aplicada durante a gestação e que ela é produzida
com vírus vivos e atenuados, que não são capazes de provocar as doenças.
Quem pega zika uma vez não corre risco de se contaminar novamente – MITO
Os casos de infecções sucessivas e de coinfecção com outras doenças
causadas pelo Aedes Aegypti, como dengue e chikungunya, são possíveis,
desde que causados por vírus diferentes. Ainda não se sabe quais são as
consequências dessa condição para a saúde. "Não temos como medir as
consequências da coinfeccção ou de infecções sucessivas pelos três vírus
em um paciente", afirma Claudia Nunes, chefe do Laboratório de
Virologia Molecular do Instituto Carlos Chagas (ICC/Fiocruz Paraná),
para quem é necessário uma investigação profunda, buscando esclarecer os
aspectos clínicos e adequar o tratamento.
Amamentação deve ser mantida onde há risco de zika – VERDADE
Na Polinésia Francesa (onde houve surto de zika em 2013), médicos
encontraram partículas do vírus no leite materno. Mas ainda não se sabe
se existe transmissão para o bebê porque nem todo vírus encontrado no
leite é transmitido. Segundo dados do Centro de Vigilância
Epidemiológica (CVE) do Estado de São Paulo, a transmissão raramente
ocorre de mãe para filho. Ainda de acordo com esse documento, “até
agora, não há relatos de crianças infectadas pelo zika vírus através da
amamentação. Pelos benefícios do aleitamento, mães devem ser encorajadas
a amamentar mesmo em áreas onde o zika vírus for encontrado”.
O vírus pode ser transmitido pelo sêmen – NEM MITO, NEM VERDADE
Segundo o Ministério da Saúde, não há estudos consistentes a esse
respeito. Houve apenas um caso descrito de transmissão sexual. Além da
adoção rotineira do preservativo para a proteção contra doenças
sexualmente transmissíveis, o período de doença e os dias seguintes
devem ser tratados com uma cautela adicional.
Nem todos os repelentes são seguros para gestantes - VERDADE
Apenas repelentes à base de DEET, IR3535 e Icaridina são considerados
seguros para uso durante a gestação, de acordo com o Ministério da
Saúde.
O mosquito do Zika só pica de dia - MITO
O Aedes aegypti é um mosquito de hábitos predominantemente diurnos, mas
não é impossível que ele pique durante a noite. Essa espécie vem se
adaptando rapidamente ao ambiente urbano e doméstico. Por isso, a
recomendação é destruir os criadouros do mosquito.
Sempre verifique informações recebidas em fontes confiáveis como os
portais do Ministério da Saúde, da Organização Mundial da Saúde (OMS),
do CDC dos EUA ou do Centro de Controle de Doenças Europeu