sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Teste de zika ainda é complexo; veja que instituições têm exame disponível

Governo declarou situação de emergência por microcefalia há um mês.
Instituições públicas e privadas buscam desenvolver teste mais simples.

Mariana Lenharo Do G1, em São Paulo
 Análise de amostras de líquido amniótico das gestantes foi feito em Laboratório de Flavivírus do Instituto Oswaldo Cruz  (Foto: Gutemberg Brito/IOC/Fiocruz/Divulgação) Laboratório de Flavivírus do Instituto Oswaldo Cruz - Fiocruz fez detecção pioneira de zika no líquido amniótico de mulher grávida de bebê com microcefalia em novembro (Foto: Gutemberg Brito/IOC/Fiocruz/Divulgação)
O teste atualmente disponível para diagnosticar o zika vírus no Brasil ainda é complexo e só pode ser realizado em laboratórios altamente especializados. Um mês depois de o Ministério da Saúde ter decretado estado de emergência em saúde por causa do aumento de casos de microcefalia, malformação associada ao zika vírus, existe uma corrida de instituições públicas e privadas para desenvolver um teste mais simples e que possa ser aplicado em larga escala.
 
Teste molecular
Por enquanto, o que está disponível tanto na rede pública quanto na rede privada é o teste molecular. O método consiste em multiplicar a quantidade de RNA do vírus na amostra coletada, ou seja, amplificar o material genético do vírus para que seja possível identificá-lo quimicamente. “É um teste de alta complexidade e não existe kit comercial disponível. Todos os laboratórios que oferecem o exame têm que desenvolver e validar o teste”, diz o infectologista Alberto Chebabo, do Delboni Medicina Diagnóstica.
Segundo o infectologista Celso Granato, do Fleury Medicina e Saúde, devido à alta complexidade, o ideal é que o exame não fosse feito em larga escala. “O risco de contaminação das amostras aumenta proporcionalmente à quantidade de testes realizados por um laboratório”, diz. Ele explica que até a equipe responsável pelo procedimento deve ser especializada.
O teste molecular, apesar de ser preciso, é capaz de detectar a presença do vírus em um período muito curto de tempo: só até cinco dias depois do aparecimento dos sintomas. Ou seja, é possível que o paciente ainda esteja manifestando sintomas da doença e o vírus não seja mais detectado em seu sangue.
Teste sorológico
O que as instituições buscam desenvolver é um teste sorológico, capaz de detectar os anticorpos contra o vírus. Esse teste seria capaz de detectar a infecção por zika em uma janela maior de tempo.
 
O laboratório alemão Euroimmun já desenvolveu duas metodologias de teste por sorologia para detectar o zika vírus: o teste de imunofluorescência e o teste ELISA.
O teste de imunofluorescência já está disponível para comercialização, porém apenas para aplicação em projetos de pesquisa. No Brasil, a empresa deve apresentar a documentação para a Anvisa ainda este ano para obtenção de registro.
Já o teste ELISA é um protótipo que deve ser liberado comercialmente fora do Brasil em fevereiro.
Segundo Gustavo Janaudis, diretor da Euroimmun, o teste de imunofluorescência é capaz de detectar os flavivírus e arbovírus mais comuns: os quatro sorotipos da dengue, chikungunya e zika. Já o ELISA seria um teste complementar altamente específico, para confirmar o diagnóstico.
Quem faz o teste?
Na rede pública, os laboratórios de referência que fazem parte da rede sentinela para zika vírus são Fiocruz-RJ, Fiocruz-PR, Fiocruz-PE, Instituto Evandro Chagas-PA e Instituto Adolfo Lutz-SP. Todas essas instituições trabalham no desenvolvimento de novos testes.
Além disso, existem 12 laboratórios centrais capacitados na técnica molecular para a realização do diagnóstico de zika vírus, segundo o “Protocolo de Vigilância e Resposta à Ocorrência de Microcefalia Relacionada à Infecção pelo Vírus Zika”, lançado pelo governo esta semana.
Na rede privada, o Delboni, de São Paulo, já tem o teste disponível em suas unidades a um preço de R$2.200. O laboratório Hermes Pardini, de Minas Gerais, também está oferecendo o teste com o valor de R$ 499.
O laboratório Fleury pretende começar a oferecer o teste a partir de terça-feira que vem, mas, a princípio, apenas para detecção do zika no líquido amniótico de mulheres grávidas. O preço ainda não está definido, mas deve ser aproximadamente R$ 500. Segundo Celso Granato, o Fleury trabalha no desenvolvimento de um teste sorológico próprio e avalia a possibilidade de realizar o teste molecular também no sangue e na urina.

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