A campanha intitulada "Novembro Dourado" realizou conscientização sobreo câncer infantojuvenil
por
Renato Bezerra - Repórter
Diferentemente do que acontece na fase adulta, o câncer infantojuvenil não tem fatores de risco conhecidos
( FOTO: KID JÚNIOR )
Interromper o cotidiano ativo de uma criança para submetê-la a qualquer
tipo de tratamento já é um processo difícil, e quando a patologia se
trata de um câncer, o cenário é ainda mais doloroso. Somente no Estado
do Ceará, estima-se, para 2017, uma média de 210 tratamentos realizados
no Centro Pediátrico do Câncer (CPC), do Hospital Infantil Albert Sabin
(Hias), entre pacientes já em acompanhamento e novos casos. Durante o
"Novembro Dourado", mês de conscientização sobre o Câncer
Infantojuvenil, especialistas chamam a atenção para o diagnóstico
precoce, responsável pela taxa de sobrevida de até 70%.
Diferentemente do que acontece na fase adulta, o câncer infantojuvenil
não tem fatores de risco conhecidos, estando mais relacionados a
aspectos de origem embrionária, segundo explica a oncologista pediátrica
da Associação Peter Pan e do Hias, coordenadora do ambulatório de
diagnóstico precoce do CPC, Nadja Trompieri.
Por isso, segundo destaca, é importante estar atento aos sinais do
corpo, que podem se confundir com doenças bastante comuns à fase da
infância. "A única prevenção é ficar atento aos sinais. Às vezes, um
gânglio no pescoço pode ser uma infecção, manchas roxas podem ser
pancadas, mas mesmo parecendo comum é preciso levar ao médico".
Entre os tipos mais comuns estão a Leucemia Aguda, os tumores do
sistema nervoso central, os linfomas, os osteossarcomas (tumores
ósseos), entre outros. Mas apesar da gravidade do quadro, a médica
revela que o índice de cura para quem adere ao tratamento cedo e de
forma correta varia de 60% a 70%. "As crianças respondem muito melhor ao
tratamento, por isso é importante fazê-lo corretamente. Hoje há muitos
esclarecimentos, se fala muito sobre câncer infantil, sobre o alto
índice de cura, então as pessoas estão aderindo melhor ao tratamento",
comenta a especialista.
Conforme estimativas do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes
da Silva (Inca), 12.900 novos casos de câncer na faixa etária de zero a
19 anos devem surgir somente no ano de 2017 no Brasil. Estudo do Inca e
Ministério da Saúde (MS) aponta que a sobrevida de pacientes
infantojuvenis são mais elevados nas regiões Sul (75%) e Sudeste (70%).
As regiões Nordeste (60%) e Norte (50%) têm os índices mais baixos. Dados
No Brasil, o câncer é a doença que mais mata crianças a partir do
primeiro ano de vida. Entre 2009 e 2013, ainda conforme dados do Inca, a
doença foi a responsável por cerca de 12% das mortes na faixa etária de
1 a 14 anos, e 8% na faixa etária de 1 a 19 anos. Em 2014, foram
registrados 2.724 mortes por câncer infantojuvenil no Brasil.
Entre os sintomas mais comuns relacionados a tumores da infância estão
palidez, manchas roxas e dor na perna; caroços e inchaços; perda
inexplicável de peso ou febre; alterações oculares; barriga branca; dor
de cabeça, náuseas, vômitos, visão turva, problemas de equilíbrio; dores
em membros ou ósseas, entre outros.
Os dados são do Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti de 2016
Ao apontar 46 cidades em situação de alerta ou risco de surto de dengue, chikungunya e zika no Ceará, o Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa) de 2016, realizado pelo Ministério da Saúde,
preocupa infectologista e o poder público. Isso porque o atual período é
menos susceptível à infestação, em vista da falta de chuvas. Porém, a
apreensão com uma situação grave a partir de 2017 tanto se dá por conta
do crescente número de municípios vulneráveis, quanto pela não adoção de
medidas preventivas que são reclamadas há 30 anos.
No último LIRAa, que foi apresentado em conjunto com os municípios,
verificou-se que 14 municípios estão em risco e 32 em alerta. Outros 68
estão em situação satisfatória. Fortaleza, a capital do estado está em
situação satisfatória. Os dados do LIRAa, foram apresentados pelo
ministro da Saúde, Ricardo Barros, que também divulgou a nova campanha
deste ano para combate ao mosquito transmissor das três doenças. A nova
campanha chama a atenção para as consequências das doenças causadas pelo
Aedes aegypti, além da importância de eliminar os focos do mosquito.
“Neste ano, esperamos uma estabilidade nos casos de dengue e zika. Como
chikungunya é uma doença nova, e muitas pessoas ainda estão
suscetíveis, pode ocorrer aumento de casos ainda este ano. Porém, para o
próximo, também esperamos estabilização dos casos” explicou o ministro
Ricardo Barros. Ele ressaltou, no entanto, que o Sistema Único de Saúde
(SUS) está qualificado e preparado para o atendimento destas pessoas.
Para o médico infectologista Anastácio Queiroz, toda vez que há um
índice de intervenção de infecção da doença aumenta a preocupação dos
infectologistas. Contudo, salienta que as consequências das doenças
apresentam-se cada vez mais grave, com três situações endêmicas graves: a
dengue matando, a chikungunya causando grande sofrimento e a zika sendo
uma ameaça constante para mulheres grávidas.
Anastácio observa que ao mesmo tempo em que se agravaram as causas, as
formas básicas de enfrentamento continuam as mesmas de 1986, aparentando
não haver nenhum trabalho definitivo e sim intervenções paliativas. “Há
30 anos, identificamos que um grandes focos era as caixas d’água, daí a
necessidade de telamento. De lá para cá, muitos não seguiram essa
orientação, apesar de um custo relativamente barato. Ou seja, as ações
de combate não dependem apenas do poder público, mas também da
mobilização da sociedade”, ressaltou.
A técnica do Núcleo de Controle de Vetores (Nuvet), mantido pela
Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), Ricristhi Gonçalves, também
concorda que o combate ao mosquito não deve ser esperado apenas pelos
entes públicos, mas que deve contar com a inserção popular.
A entomologista reconhece a aflição em vista de que, pelo histórico,
não deveria existir um número elevado de municípios com riscos ou em
alerta de infecção no atual momento. Quando isso, ocorre há uma
propensão maior para a propagação de uma epidemia. Como exemplo, cita o
caso de Capistrano, que tem um índice de infestação de 14,5 por mil e
viveu uma epidemia de dengue neste ano.
Outro fator de atenção se dá por conta do fim de ano representar o
momento de transição das gestões municipais e, principalmente, mas que
não podem interromper os serviços dos agentes de combate a endemias e as
políticas públicas de saúde.
A boa notícia, segundo a entomomologista, é que o LIRAa, sendo uma
ferramenta opcional para os municípios apresentarem um quadro da
infestação, tem uma adesão que cresce a cada ano. O último levantamento
reuniu 111 cidades cearenses. “Essa é mais uma ferramenta que ajuda a
identificar as áreas mais críticas. Não há porque se deva manipular
dados, porque a doença acaba aparecendo”, afirmou. Aumento
Dos 3.704 municípios brasileiros que estavam aptos a realizar o LIRAa -
aqueles que possuem mais de 2 mil imóveis - 62,6% (2.284) participaram
da edição deste ano. Em comparação com 2015, houve um aumento de 27,3%
em relação ao número de municípios participantes. Realizado em outubro e
novembro deste ano, o levantamento é um instrumento fundamental para o
controle do mosquito Aedes aegypti. Com base nas informações coletadas, o
gestor pode identificar os tipos de depósito onde as larvas foram
encontradas e, consequentemente, priorizar as medidas mais adequadas
para o controle do Aedes no município.
Atualmente, o levantamento é feito a partir da adesão voluntária de
municípios. O ministro Ricardo Barros, no entanto, vai propor que a
participação, no levantamento, dos municípios com mais de 2000 imóveis
seja obrigatória, a partir de 2017. A proposta será apresentada na
reunião da Comissão Intergestores Tripartite (CIT) entre estados,
municípios e União, no próximo dia 8 de dezembro.
Das 22 capitais que o Ministério da Saúde recebeu informações sobre o
LIRAa, apenas Cuiabá (MT) está em situação de alto risco. São nove as
capitais em alerta - Aracajú (SE), Salvador (BA), Rio Branco (AC), Belém
(PA), Boa Vista (RR), Vitória (ES), Goiânia (GO), Recife (PE) e Manaus
(AM); e 12 satisfatórias - São Luiz (MA), Palmas (TO), Fortaleza (CE),
João Pessoa (PB), Teresina (PI), Belo Horizonte (MG), São Paulo (SP),
Rio de Janeiro (RJ), Macapá (AP), Florianópolis (SC), Campo Grande (MS) e
Brasília (DF). O Ministério da Saúde não recebeu informação sobre
Maceió (AL), Porto Velho (RO) e Curitiba (PR). As cidades de Natal (RN) e
Porto Alegre (RS) adotam outro tipo de metodologia.
Os 1.618 procedimentos feitos até novembro superam o total de 2015. A marca é a maior da história no Estado
Um dos destaques são os transplantes de córnea que passaram de
831 em 2015, para 1.107,n este ano. Um acréscimo de 276 cirurgias
( FOTO: CID BARBOSA )
De 1977, quando foi realizado o primeiro transplante de órgãos no Ceará
- uma doação de rim, - a 2016, pacientes e famílias contam com a
evolução da Medicina e solidariedade de desconhecidos. Decisões que
salvam vidas e mudam destinos. Neste ano, até o dia 18 de novembro, o
número de procedimentos do tipo no Ceará já chegou a 1.618. Um recorde
que supera todas as marcas alcançadas em anos anteriores. Um crescimento
de 12,9% se comparado a 2015.
A projeção é que a diferença no número de transplantes de órgãos e
tecidos - que hoje é de 185 - em relação a 2015, seja maior ainda, já
que mais procedimentos deverão ser realizados até o fim deste mês e em
dezembro. O Ceará atualmente realiza todos os tipos de transplantes e o
número alcançado em 2016 já é superior à soma de todos os procedimentos
feitos entre 1998 e 2003 no Estado.
Do total de procedimentos feitos neste ano, 251 foram de órgãos, sendo
217 de rim, 29 de coração e cinco de pulmão. Outros 1.198 foram de
tecidos - 84 de medula óssea, sendo 62 autólogos (células do próprio
paciente) e 22 alogênicos (infusão de células de um doador externo),
1.107 de córnea e sete de esclera (membrana do globo ocular). "O que
impulsionou muito essa margem registrada neste ano, que está bem acima
dos anos anteriores, foram os transplantes de córnea", diz a
coordenadora da Central de Transplantes da Secretaria da Saúde do Estado
(Sesa), Eliana Barbosa. Em 2016, já foram realizadas 276 cirurgias de
córnea a mais do que em 2015, quando houve 831 transplantes do tipo.
A abertura de mais dois bancos de olhos no Estado neste ano, um na
Capital e outro em Sobral, tem, segundo Eliana, favorecido o melhor
aproveitamento das doações do tipo. Além disso, a Capital conta com o
banco de olhos do Hospital Geral de Fortaleza (HGF).
Conforme a coordenadora, a estratégia de implantação do núcleo de
captação de córneas na Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce)
também tem colaborado para o aumento do índice positivo. Antes, explica
ela, os tecidos de pessoas que morriam e não passavam por hospitais, não
eram aproveitados. "Não estava sendo oferecida para a família a
oportunidade da doação. Não conseguíamos chegar nestas famílias, e agora
já estamos conseguindo", explica. Doações
De acordo com a Sesa, a lista de espera por transplantes tem atualmente
751 pacientes ativos. Destes, 12 aguardam por doação de coração, 149 de
fígado, sete de pâncreas/rim, cinco de pulmão e 97 de córnea. "Mesmo
com todo o aumento, temos ainda um potencial de crescimento para
efetuar", reforça Eliana. A taxa elevada de negativa familiar, entre 38%
e 40% no Estado, deve, conforme a coordenadora, chegar a 20% para ser
considerada equilibrada.
Para estimular esse tipo de doação e sensibilizar a sociedade, a
Fundação Edson Queiroz realiza a Campanha Doe de Coração. Neste ano, a
iniciativa, que tem ênfase no mês de setembro, chegou à 14ª edição. A
ação é reconhecida pela Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos
(ABTO) como um forma de incentivo à doação voluntária.
A doença já provocou 138 mortes neste ano. Sete estados do Nordeste já registram índices epidêmicos do problema
Por
Da redação
Mosquito Aedes aegypti, transmissor da Dengue, zika e chikungunya (Paulo Whitaker/Reuters)
A chikungunya, classificada pelo ministro da Saúde,
Ricardo Barros, como o pior problema de saúde que o Brasil deverá
enfrentar no próximo verão, mostra seu poder de disseminação antes mesmo
da chegada da estação. Dados do Ministério da Saúde indicam que a
doença já está presente em dois de cada cinco municípios brasileiros e
já provocou 138 mortes neste ano.
Se o verão de 2014/2015 foi marcado por uma epidemia recorde de
dengue no país e o de 2015/2016 causou pânico pela descoberta da relação
do vírus zika com a ocorrência de microcefalia, a estação de 2016/2017
deverá, segundo especialistas, registrar uma explosão de casos de
chikungunya, se a circulação do vírus seguir a mesma tendência observada
neste ano.
O número de notificações da doença passou de 38,3 mil, em 2015, para
251 mil em 2016. No ano passado, 696 cidades brasileiras foram atingidas
pela chikungunya. Em 2016, já são 2.281 municípios. Pelo menos sete
estados brasileiros já registram índices epidêmicos do problema (mais de
300 casos por 100 mil habitantes), todos no Nordeste.
“Eu diria que 2016 já é o ano em que a chikungunya está muito
preocupante e, apesar disso, ainda temos muita falta de informação”, diz
o infectologista Rivaldo Venâncio, diretor da Fiocruz Mato Grosso do
Sul. Dimensionar com exatidão o alcance da epidemia esbarra nas limitações
dos métodos diagnósticos. As semelhanças entre os vírus da chikungunya,
zika e dengue e de alguns dos seus sintomas dificultam a criação de
testes precisos e podem causar confusões quando o diagnóstico é feito
somente por avaliação clínica, prática comum em períodos epidêmicos.
Presidente da Sociedade Brasileira de Dengue e Arboviroses, o
infectologista Artur Timerman afirma que, de um modo geral, as epidemias
costumam começar com poucos casos, que se tornam crescentes, chegam ao
ápice e caem. “A chikungunya teve relatos de casos há cinco anos no
Nordeste. Depois, houve um grande número de casos relatados há dois
anos, um ano antes da zika. Está seguindo o trajeto que seguiu a
dengue”, diz. Sudeste – A chegada do vírus à região sudeste neste
ano também deve contribuir para que o próximo verão seja marcado por
mais registros da doença. “Aqui, a gente tem uma população maior e
cidades mais urbanizadas, com condições de ter um surto de qualquer um
desses arbovírus”, diz o virologista e professor de infectologia da
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Celso Granato.
Segundo dados do Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria
Estadual da Saúde de São Paulo, 62 das 645 cidades paulistas já tiveram
casos confirmados da doença em 2016. Considerando também as suspeitas,
são 298 municípios do Estado com registros da patologia. Na capital
paulista, 23 dos 96 distritos já confirmaram casos de chikungunya.
Uma das principais preocupações com a expansão da doença é que ela
pode ser incapacitante. “Estamos aprendendo muito agora, porque os
efeitos mais complicados aparecem quando há muitos casos. É uma doença
que pode afetar a pessoa por um ou dois anos e não há tratamento
eficiente para a artrose crônica que ela causa. E a doença pega as
articulações mais usadas”, explica Granato.
Timerman diz que a postura do Ministério da Saúde de alertar sobre a
possibilidade de maior disseminação da doença não terá efeitos na
população sem ações de combate ao mosquito associadas a mudanças nas
cidades.
“Estamos com três vírus circulando e não sabemos o impacto disso.
Esse é um dos problemas de saúde pública mais dramáticos. Fala-se em
combater o vetor de forma emergencial, mas é preciso pensar em
saneamento básico, cidades menos impermeabilizadas e com mais áreas
verdes.”
O ministério afirmou, em nota, que o aumento de casos era previsto,
uma vez que a doença é recente e, por isso, há mais pessoas suscetíveis.
A pasta diz ainda que tem se preparado para o próximo verão,
intensificando as ações de prevenção e combate ao mosquito, com medidas
como mobilizações nacionais para coleta de pneus e conscientização da
população sobre a importância da continuidade das ações de combate ao
mosquito. (Com Estadão Conteúdo)
Outro alerta da Secretaria é sobre o estoque de vacinas antirrábicas que segue abaixo no ideal
por
Thatiany Nascimento - Repórter
O agricultor de 37 anos, morador da zona rural de Iracema,
diagnosticado com a doença no mês de outubro, morreu na madrugada do dia
11 de novembro, no Hospital São José, em Fortaleza
( FOTO: JOSÉ LEOMAR )
Após quatro anos e oito meses sem óbitos por raiva humana, o Ceará
voltou a registrar uma ocorrência do tipo, neste mês. O agricultor de 37
anos, morador da zona rural de Iracema, diagnosticado com a doença no
mês passado, morreu na madrugada do dia 11 de novembro, no Hospital São
José, em Fortaleza, após uma parada cardíaca. O paciente contraiu raiva
após ser agredido por um morcego. A ocorrência chama a atenção para a
necessidade de prevenção, já que a raiva pode ser transmitida por
mordida, lambida ou arranhão de um animal infectado. Outro alerta é o
estoque de vacinas antirrábicas que segue abaixo no ideal no Ceará.
O óbito foi confirmado pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesa). Em
nota, a Pasta ressaltou que, durante os 23 dias de internação, "o
paciente recebeu toda a assistência necessária". Nesse período, explica a
nota, a equipe médica chefiada pela infectologista e diretora da
unidade, Tânia Coelho, manteve contato permanente com o médico Rodney
Willoughby Jr., dos Estados Unidos, que desenvolveu o protocolo de
tratamento.
Segundo a Sesa, entre 2005 e 2012, foram confirmados cinco casos de
raiva humana. Este é o sexto em quase 11 anos. Saguis (soins), cães,
morcegos, gatos e raposas são animais que podem transmitir a doença,
caso estejam infectados. A taxa de letalidade entre humanos, segundo a
Sesa, é próxima de 100%.
Conforme o Boletim Semanal das Doenças de Notificação Compulsória,
divulgado ontem, neste ano, até o dia 12 de novembro, foram registrados
24.545 acidentes por animal potencialmente transmissor de raiva no
Estado do Ceará.
Além do alerta para a necessidade de vacinar estes animais de forma
preventiva, a coordenadora de imunização da Secretaria da Saúde, Ana
Vilma Leite, enfatiza que o baixo estoque de vacinas humana contra a
raiva - como profilaxia pré-exposição ao risco ou pós-exposição ao
vírus, nos casos de acidentes leves e acidentes graves - ainda preocupa
no Estado. Vacina
Em outubro, embora a Sesa tivesse solicitado 15 mil doses desta vacina
humana, o Ministério da Saúde só enviou 850 doses para o Ceará. Neste
mês, a situação melhorou, mas permanece aquém do suficiente. A demanda
cobrada pela Sesa foi a mesma de outubro, e a União encaminhou 5 mil
doses. Em relação ao soro antirrábico também utilizado na profilaxia,
Vilma assegura que toda semana estão sendo liberadas 50 ampolas para as
cinco macrorregiões da Saúde (Fortaleza, Sobral, Sertão Central, Cariri e
Litoral Leste/Jaguaribe). O quantitativo, segundo ela, é suficiente.
Só Fortaleza recebe uma quantidade superior, com a distribuição de 100
ampolas por semana para o Hospital São José. Este número não atende à
demanda total. "Nós estamos já discutindo uma oficina com os
profissionais para ver a necessidade de aplicar este soro. Estamos
tentando equacionar a quantidade necessária para não faltar", explica. Casos Transmissão por soins 2005
São Luís do Curu 2008
Camocim 2010
Ipu 2012
Jati Transmissão por cachorro 2010
Chaval Transmissão por morcego 2016
Iracema Mais informações
Dados sobre sintomas e prevenção podem ser consultados no link http://bit.Ly/svsraiva
O estudo foi conduzido com homens que comeram alho cru ou cápsulas de alho
Por
da Redação
Homens: comam alho (iStock/Getty Images)
Rapazes: querem fazer ainda mais sucesso com as
mulheres? O odor corporal tem papel fundamental neste trabalho. Mas
esqueçam os perfumes caros e… aumentem o consumo de alho. É isso mesmo:
alho, aquele alimento de cheiro forte e pouco agradável.
Pesquisadores da Universidade de Stirling e da Universidade Charles,
em Praga, na República Checa, pediram a 42 homens que comessem alho cru,
cápsulas de alho ou nenhum alho e usassem almofadas nas axilas por 12
horas. Em seguida, 82 mulheres foram solicitadas a cheirar as amostras
de odor nas almofadas e classificá-las pela sua graça, atratividade,
masculinidade e intensidade.
O odor corporal dos homens era percebido como “significativamente
mais atraente e menos intenso” quando eles comiam dentes de alho ou o
alimento em cápsulas, do que quando eles (os mesmos homens) não haviam
comido.
“Certamente, o odor da respiração desempenha um papel crucial na
maioria das interações sociais, mas o odor das axilas também é um fator
importante nos relacionamentos íntimos”, escreveram os pesquisadores na
revista Appetite.
“Nossos resultados indicam que o consumo de alho pode ter efeitos
positivos no odor corporal percebido (o prazer dele derivado), talvez
devido a seus efeitos na saúde, por exemplo, já que possui conhecidas
propriedades antioxidantes e antimicrobiana”, explicou um dos líderes do
estudo.
Entre os principais benefícios do alho incluem efeito
imunoestimulante, cardiovascular, bactericida e até anti-câncer. Logo, é
plausível que a preferências de certos odores humanos tenham sido
moldadas pela seleção sexual.
Hoje, acredita-se que, de uma perspectiva evolutiva, a preferência
por certos odores corporais está associada à dieta e, possivelmente, foi
moldada por meio da seleção sexual.
Estudos anteriores mostraram que o consumo de alho também pode afetar
o odor do leite materno, aumentando o tempo que os bebês gastam no
peito de sua mãe e se alimentam mais vigorosamente.
O Estado é um dos oito no Brasil com confirmação de casos com esse tipo mais agressivo de vírus
por
Leda Gonçalves - Repórter
Aumenta a preocupação de infectologistas com o avanço da dengue.
Segundo dados do boletim epidemiológico do Ministério da Saúde (MS),
relativos até setembro deste ano, o Ceará é um dos oito no Brasil que
registram a reintrodução do sorotipo 2 da doença, o mais agressivo dos
quatro vírus em circulação no País. Pará, Distrito Federal, São Paulo,
Pernambuco, Goiás, Minas Gerais e Rio Grande do Sul também identificaram
o reaparecimento desse tipo. Segundo o MS, foram analisadas três mil
amostras positivas em laboratório, 5,7% já são do tipo 2. Dos 181 exames
de pacientes cearenses, 36 deram diagnósticos para a dengue, sendo 2,8%
do sorotipo mais virulento.
O Ceará não enfrentava esse tipo de vírus desde 2009, quando conseguiu
erradicá-lo de seu território e, por isso, seu retorno representa grande
apreensão por parte da área de saúde. O infectologista pediátrico do
Hospital São José, Robério Leite, aponta que toda uma população que
nunca teve dengue corre perigo, "mesmo aqueles que tiveram de outros
sorotipos, pois, a doença é diferente da chikungunya ou zika, que só tem
um vírus, e quem já teve está imunizados naturalmente". O médico não
esconde o temor com o reaparecimento do tipo 2. "Imagine todas as
crianças com até sete anos de idade. Elas estão desprotegidas e nossa
inquietação tem sentido. Todos os anos que um sorotipo volta circular,
existe maiores chances de epidemias de maior gravidade e precisamos sim
nos organizar para não deixar isso ocorrer", defende.
De acordo com o especialista, grande parte da população teve o tipo 1,
enfrentando epidemias em anos como 2011, 2012, 2014 e ano passado. "A
ocorrência de uma segunda infecção por outro sorotipo aumenta o risco de
desenvolvimento de uma das formas graves da doença, que podem levar à
morte, como a febre hemorrágica", afirma e diz concordar com a Sociedade
Brasileira de Dengue e Arboviroses, que aponta risco de desenvolvimento
de uma forma grave da dengue é de 15 a 20 vezes maior quando se trata
de uma segunda infecção.
A Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) informa em nota, que não irá se
pronunciar e que está em fase de finalização do Plano de Contingência
das Arboviroses para 2017, que será lançado no fim deste mês e estará
disponível na página oficial do órgão.
"Como medidas de controle vetorial que estão sendo adotadas nos meses
de novembro e dezembro estão a intensificação do acompanhamento do dado
das visitas domiciliares realizadas pelos municípios, visitas técnicas e
orientações aos municípios e Coordenadorias Regionais de Saúde (CRES),
incentivos à realização de Levantamento Rápido do Índice de Infestação
Aedes aegypti (LIRAs) para o melhor planejamento das ações para 2017",
diz, via assessoria de comunicação.
O boletim mais recente da Sesa informa que o Ceará soma 34,4 mil casos
confirmados da doença até novembro em 2016, com 25 mortes. Em relação ao
mesmo período do ano passado houve um redução de 34,1% ante os 52, 2
mil em 2015, com 63 óbitos. Sobre os sorotipos circulantes, a Sesa
constatou o tipo 2 numa amostra em Caucaia. O Denvi circula de forma
predominante no Estado. Diurno
A bióloga Denise Valle, pesquisadora do laboratório de biologia
molecular de flavivírus do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz),
ressalta que o Aedes aegypti é, geralmente, diurno: prefere sair em
busca de sangue pela manhã ou no fim da tarde, evitando os momentos mais
quentes do dia.
"Mas ele é oportunista. Se não tiver conseguido se alimentar durante o
dia, vai picar de noite. Isso não ocorre com o pernilongo, por exemplo,
que é noturno e só vai estar quando o sol começa a se pôr".
Essa forma
de preparo libera compostos químicos chamados de contaminantes
neoformados, grupo que inclui as chamadas gorduras trans
Por
Da redação
De acordo com o estudo, os subprodutos
químicos resultantes do preparo de alimentos em altas temperaturas são
os responsáveis pelo aumento do risco cardiovascular. (iStock/Getty
Images)
Se você é fã de um bife bem assado ou não resiste à
crocância de alimentos duplamente fritos, você pode precisar se
controlar. De acordo com um estudo publicado recentemente no periódico Nutrition, esse hábito pode aumentar seu risco de doenças cardíacas.
As frituras já são inimigas conhecidas da saúde cardiovascular e da
circunferência abdominal, devido ao excesso de calorias e óleo associado
a esse tipo de preparo. Mas, segundo informações da rede americana CNN,
o novo estudo, sugere um novo “problema” associado a esses alimentos:
os subprodutos associados à alta temperatura durante o cozimento.
“Quando os alimentos são aquecidos até altas temperaturas, novos
compostos são criados e alguns deles são conhecidos por serem
prejudiciais à saúde. Isso não tem nada a ver com a fritura … é mais com
o processo de cozimento, com a temperatura”, disse Raj Bhopal,
professor de saúde pública da Universidade de Edimburgo, na Escócia, e
principal autor do estudo.
Quando os alimentos são preparados em altas temperaturas eles liberam
compostos químicos chamados de contaminantes neoformados (NFCs, na
sigla em inglês). Esse grupo inclui as chamadas gorduras trans,
famosa por aumentar o risco de infarto. “Quando a temperatura é alta,
[gorduras trans] são produzidas a uma taxa muito alta”, disse Bhopal.
Para chegar a essa conclusão, Bhopal e sua equipe revisaram todas as
evidências anteriores sobre NFCs e a carga desses produtos químicos
entre as populações do sul da Ásia e da China. Os habitantes dessa
região, que inclui países como Paquistão, Índia, Butão, Maldivas e
Sri Lanka, têm um risco de doenças cardíacas quatro vezes maior do que a
população em geral e os pesquisadores acreditam que o hábito de cozinhar
alimentos em óleos quentes a altas temperaturas pé a razão para isso.
Eles também analisaram todas as relações previamente estabelecidas entre
estes subprodutos químicos e a incidência de doenças cardíacas.
“Nos aperitivos chineses quase não há gorduras trans, a taxa é de
menos de 1% [em alguns casos]. Já na culinária indiana, há
muitos”. Bhopal acredita que essa diferença vem do fato que as refeições
chinesas incluem alimentos mais fervidos, frituras e batatas fritas,
enquanto que a culinária indiana envolve uma fritura mais longa e mais
profunda dos alimentos e o uso de panelas de pressão. Alguns dos
petiscos indianos mais comuns como o jalebi – uma massa frita embebida
em xarope de açúcar – tem, em média, 17% de gorduras trans. As samosas,
um tipo de pastel indiano, têm 3,3% de gorduras trans.
Temperatura
“A ênfase está na temperatura”, enfatizou. Mais precisamente, na
temperatura do óleo. “Este estudo mostra que por meio do aquecimento e
da fritura, você pode transformar óleos que parecem ser perfeitamente
saudáveis em algo insalubre.”, disse Michael Miller, professor de
medicina cardiovascular no Centro Médico da Universidade de Maryland,
nos Estados Unidos, que não estava envolvido na pesquisa, à CNN .
O grupo também olhou para outros subprodutos de óleos aquecidos até
altas temperaturas, chamados produtos avançados de glicogênio final.
Também conhecidos por sua associação com um aumento do risco cardíaco.
Para ilustrar o peso do tipo de preparo na formação desses
compostos, Bhopal usou o exemplo de cozinhar uma galinha. Quando ela é
cozida, esse processo libera uma média de 1.000 produtos finais de
glicogênio, enquanto assar e fritar produzem 4.000 e 9.000,
respectivamente.
Apesar dos resultados, tanto o autor quanto Miller concordaram que
ainda é necessário mais investigação, já que a relação é apenas uma
hipótese, pois não foi testada em nenhuma população, apenas observada.
Mas, enquanto isso, ambos sugerem reduzir a temperatura na cozinha e
evitar ferver óleos ou ingerir alimentos fritos.
Por outro lado, eles estão cientes que é praticamente impossível
cortar completamente esse tipo de alimento ou preparo, por isso, sugerem
o consumo moderado. “Comer uma refeição não vai aumentar seu risco
cardíaco, mas fazer isso dia após dia, em uma base diária, sim”,
finalizou Miller.
Um ano
depois da primeira identificação do surto de zika no Brasil, 73 países
registraram a transmissão do vírus e 26 têm casos de microcefalia
Por
Da redação
Zika: emergência mundial (VEJA.com/VEJA/VEJA)
Um ano depois da primeira identificação do surto de
zika no Brasil, a Organização Mundial da Saúde (OMS) ainda não tem
respostas para a maioria dos desafios ou novos instrumentos para lutar
contra o vírus. Mas tem certeza de que a doença chegou para ficar e que
governos e sua própria estrutura terão de trocar uma estratégia de
emergência contra a microcefalia por uma resposta de longo prazo para
ajudar as famílias afetadas.
Desde 2007, 73 países registraram a transmissão do zika vírus.
Desses, 67 foram alvo de surto desde 2015. Em pelo menos sete deles, a
situação aponta para uma crise endêmica. Em 12 países, a OMS identificou
a transmissão de pessoas para pessoas, numa indicação do poder do vírus
em contaminar por meio do contato sexual.
Nesse mesmo período, 26 países registraram um salto em casos de
microcefalia e outras más-formações “potencialmente associadas com o
zika”. Na semana passada, os últimos a registrar casos de microcefalia
foram Bolívia, Trinidad e Tobago e Vietnã. Em 19 países, o aumento de
casos foi da Síndrome de Guillain-Barré.
Considerando ser “impossível” medir todas as pessoas contaminadas
pelo vírus, a OMS se limita a contar os casos de microcefalia e de
Guillain-Barré. Assim, até quarta-feira, a organização somava 2.257
casos de microcefalia pelo mundo. Cerca de 10% deles aconteceram fora do
Brasil. O País lidera a lista, com 2.079 casos, ante 54 da Colômbia e
28 nos Estados Unidos.
Para a OMS, não há dúvidas de que a proliferação vai continuar e que o
vírus “se instalou” de fato em países tropicais. Isso, na avaliação dos
especialistas da entidade, vai exigir uma mudança no comportamento da
resposta e até mesmo dos serviços de saúde dos países atingidos.
“Teremos zika em todos os países que registrarem a presença de
mosquito”, disse Monika Gehner, porta-voz da OMS.
A OMS sugere que, a partir de agora, a meta não seja apenas a de
parar o mosquito. Mas preparar os serviços de saúde para uma resposta de
longo prazo para atender crianças afetadas, além de suas famílias. Dúvidas
Um ano após iniciar o trabalho, porém, a OMS ainda está sem
explicação para quase todos os aspectos da doença. Não há, por exemplo,
respostas sobre as linhagens do vírus e por que em locais como o Brasil
os casos de microcefalia explodiram e, em outros, não. “Estamos vendo um
número cada vez maior de casos na Ásia e indicando que qualquer que
seja a linhagem, os problemas serão identificados”, indicou Monika.
Ela admite, por exemplo, que até hoje a organização não tem uma
resposta a dar sobre o motivo pelo qual os casos de microcefalia no
Brasil deram um salto importante, enquanto na Colômbia a taxa é muito
menor. Documentos obtidos pelo Estado apontam que a OMS quer, até o
final de 2017, intensificar investigações para tentar entender qual é de
fato o impacto do vírus em fetos e recém-nascidos.
Estão em falta os instrumentos para parar a doença. Produtos contra o
mosquito Aedes aegypti não seriam suficientes. Duas vacinas já
começaram a passar por testes, mas sua comercialização ainda não tem
data e, na melhor das hipóteses, estariam no mercado em 2018. “Podemos
levar mais dois ou três anos para ter uma vacina”, disse Monika. (Com Estadão Conteúdo)
Pesquisadores do Laboratório Nutrindo (Uece) analisam aspectos
do consumo alimentar dos cearenses (índice glicêmico de alimentos
típicos do Nordeste)
Os efeitos de dieta e da presença de doença sobre saciedade e consumo
alimentar são alguns dos temas investigados pelo grupo de pesquisadores
do Laboratório de Nutrição em Doenças Crônicas (Nutrindo), da
Universidade Estadual do Ceará.
Há estudos em andamento (de conclusão de curso/Nutrição, dissertação e
doutorado e tese em saúde coletiva) visando o aprofundamento do papel do
efeito glicêmico dos alimentos, assim como o estudo do papel dos tipos
de lipídeos dietéticos. Também está sendo analisada a interação entre
peptídes gastrointestinais e outros biomarcadores, bem como o papel da
variação individual em todos os tipos de interação.
Um desses estudos trata do "Consumo alimentar cearense: índice
glicêmico de alimentos regionais e impacto potencial no risco de doenças
não transmissíveis", resultado da dissertação de mestrado da Profa.
Tatiana Uchôa Passos. Outra pesquisa é relativa à tese de doutorado de
Sabrina Dantas Sabry. A temática aborda os efeitos da apetite emocional
sob o enfoque de "Uma análise a partir da tradução, adaptação
transcultural e valiadação do Emotional Appetite Questionnaire (EMAQ),
assim como o depoimento de mulheres atendidas na atenção básica de
saúde".
Também está em andamento a pesquisa "Benefícios metabólicos de
nutracêuticos na saúde humana", referente à tese de Lia Silveira
Adriano. Efeitos pesquisados
O trabalho "Helicobacter pylori, grelina, apetite e peso corporal"
analisa os efeitos da presença e da erradicação do micro-organismo em
pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Estudam essa temática Laís
Marinho Aguiar e Raissa Maria Alves Lima (TCC); Daianne Cristina Rocha
(mestrado); Gláucia Posso Lima e Ticihana Ribeiro de Oliveira
(doutorado) e de Clarice Maria Araújo Vergara (estágio de
pós-doutorado).
"O efeito da dieta do paleolítico no tratamento da obesidade - ensaio
clínico controlado e revisão sistemática" é o tema analisado por Ehrika
Vanessa Almeida de Menezes e Filipe Oliveira de Brito (mestrado) e Nara
Andrade Parente (doutorado).
Uma injeção com 96% de eficácia surge
como uma promissora opção de contracepção masculina. A notícia é boa,
mas leva à pergunta: homens e mulheres estão preparados para mais essa
revolução?
Cilene Pereira
A Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou na semana passada
resultados bastante expressivos na produção de um anticoncepcional
masculino. Em um estudo multicêntrico que envolveu 320 participantes, a
combinação de duas injeções hormonais mostrou eficácia de 96%, um dos
maiores índices de efetividade obtidos ao longo dos últimos quarenta
anos de pesquisas em busca de uma alternativa de contracepção que possa
ser usada pelos homens além da camisinha e da vasectomia. A taxa de
gravidez de 1,57 por cem usuários é comparável à da pílula feminina, de
menos de uma gestação por cem mulheres.
O contraceptivo consiste em duas injeções, cada uma com hormônios
diferentes. A primeira carrega um tipo sintético de progesterona de
longa duração. A substância bloqueia a produção de espermatozoide pela
glândula pituitária, localizada no cérebro. A segunda, de testosterona,
repõe o hormônio – responsável pelas características masculinas – cuja
fabricação acaba atingida pela primeira injeção. O urologista Dr. Carlo Passerotti, coordenador do Centro de Cirurgia Robótica do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo
O remédio foi testado sob a coordenação da OMS (veja abaixo). O
resultado deixou os coordenadores entusiasmados. “As injeções foram
efetivas para supressão da produção de espermatozoide, induzindo a um
elevado efeito contraceptivo”, à ISTOÉ disse o médico Doug Colvard, um
dos líderes do experimento, cujos detalhes foram publicados na última
edição do Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, a
publicação mais importante da área de endocrinologia.
A nota preocupante foi a ocorrência de alguns efeitos colaterais mais
sérios. Entre os amenos, estavam o ganho de peso e o surgimento de
acne, mas registrou-se casos de mudança de humor – depressão,
principalmente -, arritmia cardíaca e hipertensão. Apesar das
ocorrências, três em cada quatro participantes disseram que continuariam
usando o medicamento se já estivesse disponível.
A próxima etapa é reduzir os efeitos colaterais e trabalhar para que o
contraceptivo esteja pronto para uso dentro de dois anos. A chegada ao
mercado de um produto do gênero será mais um divisor de águas na
história da sexualidade humana, a exemplo do que representaram a pílula
feminina e as drogas para tratar a disfunção erétil. A pílula
revolucionou as relações homem-mulher ao permitir, pela primeira vez,
que elas tivessem total controle sobre a decisão de engravidar ou não.
Surgido nos anos 1960, o medicamento foi uma resposta da ciência a um
anseio que ganhou força vinte anos antes, quando a Segunda Guerra
Mundial mudou definitivamente o papel da mulher na sociedade ao tirá-la
de dentro de casa para o mercado de trabalho. A chegada do Viagra, em
1998, e depois dos outros remédios da mesma categoria, trouxe para a
discussão aberta a impotência, um dos principais tabus masculinos.
O anticoncepcional masculino trará mais igualdade nas relações em um
momento no qual homens e mulheres desejam mais equidade. Elas, na
responsabilidade pela contracepção. Eles, no poder de evitar gestações
indesejadas. “A possibilidade de decisão fica também com ele”, afirma o
urologista Carlo Passerotti, coordenador do Centro de Cirurgia Robótica
do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo.
Há um caminho ainda extenso até o uso se tornar cotidiano. Em
primeiro lugar, o homem precisa entender que suspender a capacidade
reprodutiva nada tem a ver com perda de virilidade. “Muitos fazem essa
confusão. Vários, por exemplo, não se submetem à vasectomia por causa
desse entendimento equivocado”, diz a psiquiatra Carmita Abdo,
coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade da Universidade de
São Paulo. “O procedimento continua sendo um tabu”, concorda o
urologista Marcelo Gava, do Hospital e Maternidade São Cristóvão, de São
Paulo.
Outra questão é conciliar a liberdade de controlar diretamente a hora
de ter um filho com a responsabilidade de não transmissão de doenças
sexualmente transmissíveis. O contraceptivo não exclui a necessidade do
preservativo, especialmente em um momento no qual se observa o
recrudescimento de enfermidades como sífilis e Aids. Esses aspectos
levam a uma ponderação muito pertinente. “Será que o mundo está
preparado para essa nova revolução?”, indaga a psiquiatra Carmita. ALTA EFICÁCIA OBJETIVO
Testar a segurança e a efetividade da injeção PRIMEIRA ETAPA
Envolveu 320 homens entre 18 e 45 anos que mantinham relações monogâmicas com parceiras entre 18 e 38 anos há pelo menos 1 ano
Não tinham doenças sexualmente transmissíveis e apresentavam contagem normal de espermatozoide
As mulheres não apresentavam problemas reprodutivos
Os casais foram instruídos a ter relações sexuais pelo menos 2 vezes por semana
A cada dois meses, os homens receberam duas injeções: uma com 200
miligramas de progesterona de longa duração e outra, com 1 mil
miligramas de testosterona
O esquema foi aplicado ao longo de 26 semanas para reduzir a taxa de espermatozoide
Amostras de sêmen foram obtidas depois de 8 e 12 semanas nessa fase
de supressão e, depois, a cada 2 semanas até que contagem de
espermatozoide de cada participante atingisse a concentração de menos de
1 milhão por mililitro em 2 testes seguidos
Até essa etapa, os casais foram orientados a usar outros métodos contraceptivos não hormonais SEGUNDA ETAPA O objetivo foi medir a eficiência do produto
Por isso, os casais usaram apenas as injeções como forma anticoncepcional
Os homens receberam o remédio a cada 2 meses por mais de 14 meses
Amostras de sêmen foram coletadas a cada 8 semanas para que os
cientistas se certificassem que a quantidade de espermatozoide
continuava baixa RESULTADOS
Entre os 320 voluntários que receberam pelo menos uma dose, houve
diminuição da contagem de espermatozoide para 1 milhão por mililitro ou
menos em 274 homens ao final de 24 semanas
O contraceptivo foi efetivo em 96% dos que continuaram sua
utilização, com total de apenas quatro gestações antes da 16ª semana da
segunda fase do estudo EFEITOS COLATERAIS
20 participantes saíram do experimento devido aos efeitos colaterais.
Entre eles, surgimento de acne, mudança de humor, arritmia cardíaca e
hipertensão
Segundo
pesquisadores, o excesso de peso aumenta os níveis de inflamação no
organismo e, consequentemente, provoca problemas cognitivos
Por
Da Redação
Além de problemas de memória, quem briga com a
balança tem maior risco de desenvolver câncer, doenças cardiovasculares
e diabetes (iStock/Getty Images)
Os cientistas já comprovaram que o peso em excesso pode trazer uma
série de problemas no futuro. Quem briga com a balança tem maior risco
de desenvolver câncer, doenças cardiovasculares e diabetes, entre outras
doenças. Agora, pesquisadores da Universidade do Arizona, nos Estados
Unidos, exploram como os quilos extras podem impactar na saúde cerebral.
De acordo com um novo estudo, adultos com sobrepeso são mais propensos a
ter problemas cognitivos, como de memória.
Para chegar aos resultados, os pesquisadores analisaram os dados de
21 000 pessoas com mais de 50 anos de idade. Eles avaliaram informações
como IMC (índice de massa corporal), níveis de inflamação, além dos
resultados de testes de cognição. As análises ocorreram diversas vezes
durante seis anos.
O IMC é uma medida do peso em relação à altura, geralmente utilizado
para determinar se uma pessoa tem um peso normal, sobrepeso ou
obesidade. Considera-se normal o IMC entre 18 e 25 e qualquer número
acima disso é classificado como sobrepeso. Já a inflamação foi medida a
partir da presença da proteína C-reativa, um marcador de inflamação
sistêmica no organismo, no sangue dos participantes. A função
cognitiva foi avaliada a partir de testes de memória e de fluência
verbal.
De acordo com os pesquisadores, houve uma conexão clara entre os três
fatores. Conforme o peso aumenta, há um incremento da proteína
C-reativa. A mudança nos níveis inflamatórios então foi relacionada a um
declínio no funcionamento cerebral — incluindo a memória – dois anos
depois.
A Academia Americana de Pediatria
divulga novas recomendações para o uso de tablets, celulares e
computadores por crianças e adolescentes. E não é só o tempo de
utilização que conta
ESCOLHA: Arthur usa os tablets por pouco tempo. Prefere as brincadeiras do mundo real
Cilene Pereira
A academia Americana de Pediatria divulgou na semana passada
suas novas recomendações para que crianças e adolescentes naveguem com
equilíbrio pelo mundo digital. A entidade, cujas orientações costumam
servir de parâmetro para a conduta de médicos, pais e governos na
maioria dos países, deixou patente que é preciso prestar atenção não
somente ao tempo que os jovens passam com tablets e celulares, mas ao
quê e como eles entendem o que vêem ou jogam.
Por isso, as orientações fazem distinções por faixas etárias,
respeitando o grau de compreensão da criança em cada uma. O uso de
mídias digitais deve ser evitado por bebês menores de um ano e meio. Até
essa idade eles precisam explorar o mundo real e manter interação
social com cuidadores nos quais confiam. Isso é fundamental para que
desenvolvam apropriadamente o raciocínio, a linguagem e a coordenação
motora. Além disso, os bebês têm dificuldade para transferir o que
enxergam no celular, por exemplo, para a realidade tridimensional em que
vivemos.
A partir dessa idade e até por volta dos cinco anos, a exposição aos
recursos digitais pode produzir alguns benefícios, desde que as
atividades sejam de boa qualidade. A associação americana cita como
opções programas e aplicativos infantis de tevês públicas e do velho
Vila Sésamo, agora repaginado para tablets e celulares. Na avaliação dos
especialistas, grande parte do que está disponível é ruim e não
contempla as necessidades educacionais dos pequenos. “Daí a importância
de os pais acompanharem os filhos durante o uso, que deve ser feito por
no máximo uma hora por dia”, diz a pediatra Evelyn Einseinstein, da
Sociedade Brasileira de Pediatria.
As figuras interativas dos e-books prejudicam a capacidade de a criança entender o conteúdo
A mesma recomendação vale para os e-books, geralmente recheados de
figuras interativas. Ao contrário do que se imagina, esses recursos
prejudicam a capacidade de a criança entender o conteúdo. Funcionam como
distração. Habilidades necessárias para o bom desempenho escolar, como
persistência para a conclusão de tarefas, controle do impulso,
pensamentos flexíveis e criativos e equilíbrio emocional são promovidas
principalmente em brincadeiras reais, não estruturadas e que requerem
convivência social.
Na casa da relações pública Giuliana Gregori e do advogado Bruno
Paletta, em São Paulo, Arthur, de três anos e meio, até tem acesso aos
digitais – ele ganhou o próprio Iphone quando tinha menos de um ano de
idade. Mas não troca as brincadeiras no parque pelos joguinhos online.
“Ele usa quando quer, por pouco tempo, e para acesso a brincadeiras
pontuais”, diz Giuliana. “Arthur dá mais valor para as interações no
mundo real.”
Cabe aos pais darem o exemplo. Não devem fazer da tecnologia o centro da vida
NAVEGAR COM SEGURANÇA
A utilização por jovens em idade escolar precisa ser ainda mais
monitorada. O uso excessivo está associado à obesidade e a
comportamentos de risco, como a auto-mutilação ou distúrbios
alimentares. Por essa razão, as diretrizes instruem os pais a
estimularem seus filhos à prática de exercícios físicos pelo menos uma
hora por dia e a dormirem entre oito e doze horas por noite. Uma das
formas de garantir o sono é impedir que os aparelhos sejam usados uma
hora antes de se deitar.
Nessa fase, os pais devem estimular conversas sobre os cuidados
necessários para se navegar com segurança na rede, evitando o assédio de
pedófilos ou outras armadilhas perigosas. Também é o momento de falar a
respeito de cidadania, respeito ao outro e à diversidade de opiniões.
“A família deve criar um ambiente de segurança para que o jovem recorra a
ela quando tiver dúvidas sobre o que está vendo”, diz Jenny Radesk,
pediatra e especialista em desenvolvimento comportamental da
Universidade de Michigan, nos Estados Unidos. Ela é uma das responsáveis
pelas novas orientações. ATENÇÃO:
Na casa da Luiza, a navegação é acompanhada pelos pais. Giuliana e Luiz
também procuram desligar o celular para brincar junto com a filha
No Brasil, as recomendações da Sociedade Brasileira de Pediatria são
basicamente as mesmas das agora lançadas pelos americanos. A entidade
nacional pretende atualizá-las adicionando a orientação para que
crianças entre dois e cinco anos tenham acesso ao meio digital somente
uma hora por dia.
Aos pais, cabe dar o exemplo e não fazer da tecnologia o centro da
vida. Pediatras brasileiros e americanos enfatizam que a mensagem
passada aos filhos deve ser a de que ela tem seu valor, desde que
desfrutada com parcimônia e qualidade. Luiza Reginatto Diório, de três
anos, vê o comportamento equilibrado dos pais, Giuliana Reginatto e Luiz
Antonio Diorio, em relação aos aparelhos, e segue pelo mesmo caminho.
“Se as crianças percebem que o celular é o centro das atenções na vida
dos pais, até mesmo durante as refeições, é muito provável que o
encantamento pelos aparelhos seja maior”, diz Giuliana. “Por isso,
procuramos dedicar nosso tempo a brincar junto com a Luiza, a construir
coisas com ela, como desenhos e quebra-cabeças, a cantar juntos. O mundo
real, assim, vai naturalmente se tornando mais interessante do que o
das telas.” ALGUMAS DAS PRINCIPAIS ORIENTAÇÕES
>> Evite o uso de tablets e celulares por crianças com menos de um ano e meio
>> Pais que decidirem permitir o uso a partir dessa idade devem
escolher programas de qualidade e assisti-los junto com seus filhos
para ajudá-los a entender o que estão vendo
>> Entre 2 e 5 anos, o limite de exposição deve ser de uma hora por dia
>> A partir dos 6 anos, os pais precisam estabelecer limites em
relação ao tempo e tipo de mídia usado e garantir que o acesso não
prejudique o sono, a atividade física ou outros hábitos saudáveis
>> Uma das formas de fazer isso é proibir a utilização uma hora
antes de dormir. Outra é reservar horários sem que os aparelhos estejam
por perto. Nas refeições e na cama, por exemplo
>> Conteúdos violentos devem ser evitados a qualquer custo.
Estima-se que até os 12 anos uma criança já tenha visto cerca de 8 mil
mortes e 100 mil cenas de violência em ambiente virtual ou na tevê
>> Desencoraje o manuseio enquanto o jovem faz a lição de casa
>> Converse sobre como navegar na rede com segurança e saber
respeitar o outro e as diferenças de pensamento nas redes sociais
Fotos: Airam Abel; Andre Lessa/IstoÉ