sexta-feira, 21 de abril de 2017

Duas drogas capazes de frear avanço da demência são descobertas

Testes clínicos em humanos devem mostrar resultados dentro de três anos

demencia
Se os resultados dos testes em humanos forem positivos, uma nova porta será aberta para o tratamento de doenças como Alzheimer e Parkinson ( Foto: Divulgação )
Em 2013, uma equipe de cientistas identificou um mecanismo que leva células cerebrais à morte, e agora, os encontraram duas drogas capazes de bloquear esse mecanismo, prevenindo a neurodegeneração. Em experimentos com camundongos, os medicamentos provocaram danos colaterais mínimos, e a expectativa é que os testes clínicos em humanos demorem entre dois e três anos.
Caso os resultados sejam positivos, uma nova porta será aberta para o tratamento de doenças como o Alzheimer e o Parkinson.
A líder dos estudos, Giovanna Mallucci, da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, explica que várias doenças neurodegenerativas, incluindo as demências, têm como fator importante o acúmulo de proteínas malformadas. Na pesquisa anterior, os cientistas descobriram que esse acúmulo dispara um mecanismo natural de defesa, fazendo com que as células cerebrais suspendam a produção de proteínas vitais, e morram.
Na ocasião, eles descobriram uma droga capaz de retornar com a produção proteica, mas ela era muito tóxica e inadequada para testes em humanos.
Ao longo dos últimos três anos, a equipe testou 1.040 compostos, primeiramente em uma espécie de verme que possui sistema nervoso funcional e serve como modelo experimental. O experimento filtrou algumas drogas, que então foram testadas em camundongos com doenças neurodegenerativas. Com isso, foram identificadas duas drogas capazes de restaurar a produção de proteínas pelas células cerebrais dos camundongos: o cloridrato de trazodona, medicamento antidepressivo licenciado; e o dibenzoilmetano, composto que está sendo testado para o tratamento do câncer.
Resultados 
Nos modelos com camundongos, as duas drogas preveniram o surgimento de sinais de danos às células cerebrais e restauraram a memória de animais, além de reduzirem o encolhimento do cérebro, uma das características das doenças neurodegenerativas. Os resultados foram publicados nesta quarta-feira, no periódico “Brain”.
"Nós sabemos que o cloridrato de trazodona é seguro para uso em humanos, então um teste clínico agora é possível para analisar se os efeitos protetivos que notamos nas células cerebrais de camundongos com neurodegeneração também se aplicam a pessoas em estágio inicial do Alzheimer e outras demências", disse Mallucci.
De acordo com a pesquisadora, o cloridrato de trazodona já é usado no tratamento dos sintomas em pacientes com estágio avançado da demência. Os testes clínicos vão determinar se o medicamento é capaz de frear o desenvolvimento da doença quando em estágio inicial.

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