sábado, 23 de janeiro de 2010

GRIPE SUÍNA -Para secretário, hospitais são despreparados para internação

Segundo a SMS, 90% do vírus que está circulando na Capital são de H1N1. A gripe suína é considerada sazonalDepois de três mortes por gripe A e o possível aumento de casos, a ordem agora é descentralizar o atendimento para as unidades de saúde municipais. Porém, em Fortaleza, os hospitais não possuem estrutura efetiva para, por exemplo, internar pacientes com a nova gripe, caso seja necessário. Quem admite a deficiência é o próprio secretário de Saúde do Município, Alex Mont´Alverne."Concordo que, neste momento, nenhum hospital tem estrutura efetivamente, mas também não podemos lavar as mãos", declara. A afirmação aconteceu em meio à discussão sobre a suposta necessidade de internar pacientes com o vírus H1N1, caso o quadro epidêmico da doença se consolide na Capital cearense.No auditório da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), uma reunião ocorreu, na manhã de ontem, entre o secretário de Saúde e representantes dos distritos de saúde das seis Regionais; dos Frotinhas; dos Gonzaguinhas e dos Centros de Saúde da Família. Na ocasião, inclusive, o representante do Frotinha de Messejana revelou que, há dois meses, a unidade encontra-se sem infectologista. Além disso, os demais participantes discutiram que a área para isolamento de pacientes nas enfermarias ainda é deficiente."Em nível de Ceará, temos uma carência de 40 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). De rotina, a rede municipal não tem clínica médica bem estruturada. Se chegar à situação de maior ocorrência, vamos nos readequar. Se houver necessidade, tomaremos medidas para isso", reconhece o secretário.Diante da exposição sobre a situação das unidades de saúde, a imprensa em um momento foi convidada a se retirar do auditório. No entanto, de acordo com Antônio Lima, coordenador da Epidemiologia da SMS, ficou decidido que será analisada a possibilidade de envio de medicação aos hospitais; a internação de casos graves; a produção de material para capacitar os profissionais da rede básica."A internação dos casos graves vai depender da estrutura do hospital e, caso não haja, serão encaminhados. No próximo mês, os profissionais começarão a ser capacitados", disse.As ações tornam-se necessários porque, com a chegada da quadra chuvosa, prevista para fevereiro, a previsão é que novos casos da popular gripe suína apareçam. "No Ceará, o pico no aumento de casos coincide com a quadra chuvosa. O nível atual não é epidêmico", garante.MAIS INFORMAÇÕES:Secretaria Municipal de Saúde Rua do Rosário, 283 - Centro(85) 3452-6604 http://www.sms.fortaleza.ce.gov.br/ PREOCUPAÇÃO-Gonzaguinhas e Frotinhas sem estrutura para atendimento.Angústia, medo e inquietação acompanham os que necessitam de atendimento na rede secundária de saúde ou os Frotinhas e Gonzaguinhas. A falta de estrutura, como locais de isolamento, Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) adequadas e infectologistas, coloca em risco a saúde não apenas daqueles que vão até essas unidades com sintomas da Influenza A ou gripe suína, mas de quem procuram atendimento médico por outras causas.Na tarde de ontem, a urgência do Frotinha de Messejana, tanto a de adulto quanto a pediátrica, estava lotada. Muita gente gripada, com febre alta, tosse e dificuldade de respirar (alertas para a Influenza A) tendo que esperar por mais de uma hora para ser atendido e pior: no meio de outros pacientes com outros problemas de saúde.A situação revoltou muitos que acompanhavam os familiares. "Estou com meu filho que torceu o pé. Temos que ficar aqui no mesmo local de outras crianças tossindo, algumas vomitaram e com febre. Se demorar mais, vou embora, pois tenho medo que a gente termine pegando gripe e isso evoluir para a suína", confidencia o comerciante Welligton de Araújo.A professora Rosilene Pereira de Sousa, com um dos filhos gripado e febre de 39,5º, reclamou muito. "Como pode, a criança precisa ser logo atendida e medicada e estamos aqui no meio de todo mundo aguardando há quase duas horas".O mesmo aconteceu com Mirla de Abreu e Silva. Ela levou o filho com todos os sintomas de uma gripe forte. "Nem máscaras eles dão para as outras pessoas. Perguntei pelo infectologista e ninguém respondeu", reclama.A falta desse especialista é negada pelo secretário de Saúde de Fortaleza, Alex Mont"Alverne. Segundo ele, não existe déficit de infectologista na rede municipal. Ele explica afirmando que o perfil dos Frotinhas e Gonzaguinhas é de atendimento de média gravidade e pelo perfil do modelo de atendimento do município, baseado no Programa de Saúde da Família (PSF). "Em cada unidade só deve ter mesmo um médico dessa área", afirmou.Desabafo-Apesar de o secretário afirmar que a rede não necessita de infectologista ou de outro especialista, os próprios médicos do Frotinha de Messejana, atenderam a reportagem, em uma sala da unidade, de forma particular. Segundo eles (que pediram para não serem identificados) a falta de estrutura vai desde a administração, com dados estatísticos imprecisos, passando pelo déficit no quadro de pediatras, medicamento, influenciando no atendimento ao paciente. "Isso não deve ser colocado em manchetes somente em ocasiões de gravidade como essa e como foi em 2008 com a dengue e sim, como forma de alerta. Se precisarmos ampliar a rede de saúde para a Influenza A, isso será praticamente impossível agora", avaliaram.Boletim-A Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) divulgou, na tarde de ontem, o boletim epidemiólogo sobre a gripe suína, relativo a este ano. Segundo os dados até o dia 22, foram notificados 14 casos suspeitos de influenza A (H1N1). Destes, 12 (85,7%) foram de Fortaleza e outros dois (14,3%) do município de Aracati. O sexo feminino representou 57,1% dos casos e a faixa etária de 20 a 39 anos apresentou 50% dos casos. Um caso foi confirmado, dois descartados e 11 aguardam resultado laboratorial. De 2009 até agora, o Ceará confirmou 112 casos da doença.O presidente do Comitê Estadual de Enfrentamento à doença, Manoel Fonseca, adiantou que dos 11 que aguardam exames, três ainda estão internados. A mulher, que deu à luz a um menino no início do mês, melhorou e foi transferida da Maternidade Escola Assis Chateaubriand (Meac) para o Walter Cantídio. Ela ainda está na UTI e a criança deverá ter alta na próxima segunda-feira. Os outros dois pacientes passam bem e estão em enfermarias.Enquete- Preocupação Zulene Marques43 ANOS Dona-de-casa Tenho dois filhos e um deles está gripado. Trouxe para o Frotinha e aguardo há duas horas por atendimento Silvana Ferreira de Lima25 ANOS Dona-de-casa Estou com muito medo por mim e meus filhos. Aqui, no Frotinha, eles não separam quem está gripado Guitemberg Peixoto 40 ANOS Supervisor de vendas Informação, que é bom, ninguém tem aqui. E pior, quem aparece com sintomas da gripe é logo tachado com virose.PESQUISA-Pessoas com obesidade são propensas à doença.São Paulo- Um estudo realizado pelo Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria da Saúde de São Paulo aponta que portadores de doença metabólica crônica, como obesidade, diabetes e colesterol elevado, têm 7,58 vezes mais chance de morrer se contraírem a gripe A (H1N1), conhecida como gripe suína, do que pessoas que não apresentam essas condições.A análise foi realizada com 10.249 notificações de casos da doença até 7 de dezembro de 2009. Segundo a secretaria, o estudo pode ajudar na definição dos grupos prioritários a serem vacinados na campanha planejada pelo Ministério da Saúde.Estudo-O resultado foi obtido após análise estatística que levou em consideração dados sobre óbito e cura de pacientes. De acordo com a secretaria, o levantamento ainda é preliminar, e a próxima etapa é concluir um estudo de caso-controle, de entrevistas com pacientes e familiares e análise de prontuários.De 196 pacientes com gripe A que apresentavam doença metabólica, 60 morreram. Já entre os imunodeprimidos (portadores de câncer e HIV, por exemplo), as chances de óbito são 4,17 vezes maiores, em relação a pessoas com a gripe A que não possuem tais condições. Foram 265 casos de pacientes com este tipo de comorbidade, dos quais 54 morreram.O estudo aponta também um risco maior de morte em portadores de doença renal crônica (3,72 vezes), cardiopatia crônica (3,4 vezes), e fumantes (1,9 vez). Entre as mulheres grávidas, o risco de morte para aquelas estão no segundo ou terceiro trimestre de gestação é 4,3 vezes maior do que para aquelas no primeiro trimestre.JANINE MAIA E LÊDA GONÇALVES REPÓRTER

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