sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Não há cura, mas dá para ter dia com menos ressaca

"Eu aproveitei mais o álcool do que ele se aproveitou de mim", disse o estadista britânico Winston Churchill, que liderou seu país na Segunda Guerra Mundial (1939-1945) bebendo todos os dias dos seis anos do conflito.

O líder britânico era a prova de que a genética afeta a capacidade do organismo de processar o álcool. Cada um tem sua tolerância máxima.

Por exemplo, seu amigo de ascendência japonesa fica logo vermelho depois que bebe? Ele tem uma mutação no gene responsável pela enzima que converte álcool em acetaldeído no fígado; e o acúmulo do acetaldeído deixa o rosto avermelhado.

Seres humanos normais não poderiam beber como o "profissional" Churchill. São esses, os "amadores", que se embebedam nas festas de fim de ano e acordam com uma paquidérmica ressaca.

Infelizmente, a medicina pouco tem a dizer sobre como "curar" a ressaca.

Uma análise da literatura médica sobre o tema, publicada em 2005 no "British Medical Journal", mostrou que são escassos os artigos tratando de curas da ressaca.

Os pesquisadores europeus vasculharam revistas médicas desde 1951 e acharam só 15 estudos sobre o tema. Alguns usavam remédios ou açúcares como glicose ou frutose; outros avaliavam suplementos alimentares. Nada funcionou.

CUIDADO, TÓXICO

No fundo, o que deixa a pessoa embriagada é a quantidade de álcool; dá para ficar tão bêbado tomando cerveja com 4% de álcool quanto vodca (40%); basta tomar dez vezes mais cerveja.

Misturar bebidas também não dá problema, se feito com moderação.

Em compensação, a mistura pode aumentar no organismo as substâncias "congêneres", subprodutos da fabricação da bebida, como a acetona e o tanino, mais comuns em vinho tinto, conhaque e uísque do que nas mais bebidas claras, como vodca.

Uma equipe liderada por Damaris Rohsenow, da Universidade Brown (EUA), testou os efeitos do bourbon e da vodca em 95 homens e mulheres, com idades entre 21 e 35 anos.

Cada bebida era misturada com refrigerante, para mascarar o gosto.

Eles não bebiam até cair, claro; seria difícil justificar um estudo assim para um comitê de ética. Mas chegavam a ficar embriagados. Rohsenow declarou que houve até casos de vômito para os pobres funcionários do laboratório limparem...

Resultado: "os congêneres de bebida aumentaram a intensidade da ressaca", escreveram os autores na revista "Alcoholism: Clinical and Experimental Research". O bourbon tem 37 vezes mais congêneres do que a vodca.

Repetindo, ressaca não tem cura comprovada. O jeito é controlar os sintomas no dia seguinte. E não tentar imitar Churchill.

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