quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Estado investiga 218 casos de microcefalia -Ce

Apenas um caso dos quatro confirmados teve relação com o zika vírus, o de uma criança que faleceu
A Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) comunicou, em boletim divulgado na última terça-feira (26), que até o dia 25 de janeiro, foram notificados 229 casos suspeitos de microcefalia em 56 municípios, distribuídos em 16 das 22 Regiões de Saúde do estado. Dos casos notificados, 218 estão em investigação. Quatro foram confirmados, mas apenas um deles teve relação com o zika vírus.

A anomalia resultou na morte de uma criança em Tejuçuoca. Sete outros casos foram descartados. Os municípios com o maior número de ocorrências em investigação são Fortaleza, com 76 casos (34,9% dos casos em todo o Estado); Maracanaú, com 30 casos (13,8% do total); e Maranguape, com 13 casos (6%).
A microcefalia é uma infecção congênita que pode ter como causa diversos agentes além do zika, como sífilis, toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus e herpes viral. Porém, segundo Robério Leite, pediatra do Hospital São José, o zika vírus é potencialmente mais perigoso porque é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, cuja proliferação é facilitada no período de chuvas.
"É difícil dizer como começou a contaminação, mas o fato é que o vetor da doença nos torna suscetíveis. Onde tem Aedes aegypti, existe a possibilidade de contaminação", afirma. A microcefalia pode ser diagnosticada de forma intrauterina, quando o médico compara, no exame de ultrassom, o diâmetro da cabeça do feto com o esperado pela população em geral. Outra forma é medir a circunferência da cabeça do bebê com fita métrica quando a criança nasce. A medida padrão é de 32cm para partos normais. Um último diagnóstico tem sido feito com uma técnica chamada PCR, que pesquisa diretamente no sangue do paciente a presença de material genético do vírus. O PCR é o método mais confiável, mas também o mais caro. O serviço só está disponível nos laboratórios referência do Ministério da Saúde.
"Ainda não existe nenhum tratamento para a microcefalia, por isso a principal forma de se defender é a prevenção. Por enquanto, é preciso realizar o controle dos focos do mosquito. Também é importante proteger a gestante com o uso de calça e camisa de manga comprida e a utilização repelentes", recomenda o pediatra. O fortalecimento do combate ao Aedes aegypti é ainda mais importante porque o mosquito transmite os vírus da dengue e da febre chikungunya.
Panorama nacional
O Ministério da Saúde investiga 3.448 casos suspeitos de microcefalia em todo o País. O boletim divulgado pelo órgão nesta quarta-feira (27) aponta também que 270 casos já tiveram confirmação, sendo seis relacionados ao zika vírus. Outros 462 casos notificados já foram descartados. Ao todo, 4.180 casos suspeitos de microcefalia foram registrados até 23 de janeiro.
O Nordeste concentra 86% dos casos notificados. Pernambuco tem o maior número de casos em investigação (1.125), seguido da Paraíba (497), Bahia (471), Ceará (218), Sergipe (172), Alagoas (158) e Rio Grande do Norte (133). O Ministério distribuirá 500 mil testes para realizar o diagnóstico de PCR (biologia molecular) para o Zika vírus. (Colaborou Nicolas Paulino)

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