sábado, 13 de maio de 2017

CE tem cinco mortes por chikungunya neste ano

Outros quarenta óbitos estão em investigação, de acordo com a Sesa. Além disso, houve três mortes por dengue
 
Os dados do último boletim epidemiológico das arboviroses – dengue, chikungunya e zika – em circulação no Ceará, divulgados ontem pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), caracterizam um atual cenário epidêmico das doenças, indica a ocorrência de cinco óbitos em decorrência da chikungunya e três pela dengue. A incidência das três doenças é de 844 casos por 100 mil habitantes, detectados em 177 dos 184 municípios cearenses.
Desde janeiro, foram confirmados 7.170 casos de dengue, enquanto a chikungunya infectou quase o dobro, com 13.312 casos. A zika tem a menor taxa de infecção, com 125 confirmações. No total, o sistema de saúde notificou mais de 75 mil casos suspeitos das três doenças. Segundo o secretário da Saúde do Ceará, Henrique Javi, a explosão dos casos está relacionada a diversos fatores, como a proliferação de criadouros do mosquito Aedes aegypti,  na quadra chuvosa; a descontinuidade de ações de controle pela troca de gestão nos municípios cearenses e características específicas dos vírus.
“Estudos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) demonstram que o vírus da chikungunya se alastra duas vezes mais que o da dengue e quatro vezes mais que a zika. No mosquito, a chikungunya se replica em sete dias, enquanto na dengue esse período é de 14 dias”, explica o gestor. Além disso, segundo Javi, a população está suscetível à contaminação porque nunca esteve exposta à doença em períodos anteriores. Os primeiros casos da chikungunya no Ceará foram verificados em 2014, “importados” de outras localidades.
Conforme a Sesa, 130 dos 184 municípios cearenses receberam cartas de alerta sobre um possível risco de epidemia, com base nos dados levantados pela Pasta, e tiveram  recomendações para elaborarem um plano de controle do mosquito. Destes, apenas 17 não enviaram o documento, enquanto 86 já vêm sendo monitorados. O secretário também admitiu a possibilidade de subnotificação de casos, mas acredita que ela não deve ser alta porque os informes são necessários para que os municípios recebam apoio técnico.
Questionado se houve falha da Pasta em prever a disseminação da doença, Javi disse que a circulação do vírus é recente e mais agressiva que a dengue, impondo novos desafios à Saúde Pública. “Desde 2015, o alerta já estava dado. Tentamos nos preparar o máximo possível em 2016, mas, no fim do ano, houve desmobilização em algumas cidades por causa da troca de gestores. Esse trabalho já foi retomado e não pode parar”, disse.
Dentre as estratégias adotadas, estão o uso de 30 carros fumacê e 230 bombas costais, que permitem a pulverização de inseticidas; a distribuição de 10 mil rolos de tela para o revestimento de depósitos; formação de brigadas de combate ao mosquito e a capacitação de laboratoristas, agentes e médicos.
Entrevista com Caio Cavalcanti - Coordenador do Comitê Gestor de Enfrentamento às Arboviroses
Organização e empenho geral são necessários para dar respostas
Homem
Qual é a utilidade prática do boletim epidemiológico?
Esse documento garante, por meio das informações rápidas, uma decisão oportuna para o enfrentamento às arboviroses. Na hora em que percebemos um sinal de alerta, já organizamos uma resposta rápida, enviando força-tarefa da Secretaria da Saúde (Sesa) para o Município e organizando planos de contingência. O boletim nos dá essa tendência e nos permite direcionar as ações.
Que desafios a chikungunya cria para a saúde pública?
A chikungunya é uma doença relativamente recente no Estado do Ceará. Esse enfrentamento requer um exército ampliado e o envolvimento de toda a sociedade. Temos procurado mobilizar instituições públicas e privadas, obviamente com a liderança do governo para fortalecer nossas ações, e que a faxina semanal, por exemplo, passe a ser algo cultural.
Então, por que, mesmo com 30 anos de dengue no Ceará, o combate ao mosquito não se tornou cultural?
Por muito tempo, o enfrentamento ficou concentrado no setor da Saúde, com uma dependência muito forte do fumacê e de outras intervenções. Recentemente, nos últimos anos, é que a gente conseguiu trazer outros setores do governo e da sociedade para esse enfrentamento, porque tem espaços onde a Saúde não pode chegar. E isso requer tempo.
(Colaborou Nícolas Paulino)

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