Remédio que combate inflamação e terapia genética são as duas novas armas contra a doença
Bárbara Libório, de Barcelona
A redução da inflamação diminui o risco de doença cardíaca.
No domingo 27, no Congresso Europeu de Cardiologia, a constatação foi
confirmada e trouxe implicações maiores: inibir processos inflamatórios
pode derrubar também a incidência e a mortalidade por câncer de pulmão. O
estudo Cantos, comandado por Paul M. Ridker, diretor de Centro de
Prevenção de Doenças Cardiovasculares no Brigham and Women’s Hospital,
em Boston (EUA), e Peter Libby, especialista em medicina cardiovascular
do mesmo hospital, mostrou que a administração do anti-inflamatório
canakinumabe em pacientes com taxas de colesterol moderadas, que tiveram
anteriormente um ataque cardíaco e apresentavam elevados níveis de
proteína C reativa, um marcador de inflamação, diminuiu em 15% o risco
de um novo evento como o infarto e o acidente vascular cerebral e a
chance de morte. PROMESSA Ridker (à esq.) e Libby lideraram estudos sobre a droga. Estão animados (Crédito:Divulgação)
O estudo revelou ainda que o remédio reduziu em 77% as taxas de
mortalidade por câncer, especialmente o de pulmão, assim como sua
incidência (67%). Isso sugere que a mesma via inflamatória que é um
fator de risco para doenças cardíacas também pode iniciar ou estimular o
crescimento de tumores. “Os dados são emocionantes porque apontam para a
possibilidade de retardar a progressão de certos tipos de câncer”,
disse Ridker à ISTOÉ. Para Libby, o resultado abre uma nova porta no
tratamento dessa doença. “É um resultado preliminar que tem que ser
estudado mais profundamente, mas é uma nova era anti-inflamatória que
pode ser muito eficaz.”
A outra boa novidade foi a liberação para a venda, pelo órgão
regulador americano FDA, da primeira terapia genética contra o câncer.
Conhecida como CAR-T, ela consiste na alteração de células do próprio
paciente para que identifiquem e combatam com maior eficácia as células
tumorais. “É uma nova fronteira na luta contra a doença”, disse Scott
Gottlieb, diretor da FDA. DUAS DOENÇAS, O MESMO ALVO Como age o medicamento
• Ele reduz a inflamação
• Hoje se sabe que o processo está envolvido em várias patologias, entre elas a depressão, ou eventos como o infarto
• Estudos indicam que está relacionado também ao câncer, em especial o de pulmão
• Por isso, a pesquisa sobre a droga gerou a hipótese de que o
tratamento e a redução da inflamação pode reduzir a incidência e a
mortalidade desse tipo de tumor
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