sexta-feira, 16 de março de 2012

Dois óbitos com suspeita de KPC

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Pacientes que estavam em tratamento no ICC morreram por suspeita de KPC
FOTO: JOSÉ LEOMAR
Geralmente, os casos são restritos a pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), segundo a Sesa

A morte de dois pacientes que estavam em tratamento de câncer no Instituto do Câncer do Ceará (ICC) pode ter sido ocasionada por uma bactéria super resistente chamada Klebsiella Pneumoniae Carbapenemase (KPC). Um terceiro paciente, também com suspeita de estar com a bactéria, encontra-se em área restrita do hospital, em prevenção de contato.

Reginaldo Ferreira da Costa, diretor clínico da unidade, informa que foram feitos exames laboratoriais para constatar se realmente trata-se da bactéria KPC. O resultado está previsto para ser divulgado em cinco dias. No entanto, o médico deixa claro que são apenas suspeitas e que o ICC não está vivenciando nenhum surto da bactéria.

Com a suspeita, explica o diretor, o procedimento a ser desenvolvido pela Comissão Interna de Controle de Infecção Hospitalar é no sentido de intensificar as ações de controle de contato, com intuito de evitar a transmissão da bactéria para outros pacientes, o pode ocorrer por contato direto e não pelo ar. A KPC é uma bactéria super resistente que tem capacidade de desenvolver quadros infecciosos bastante intensos, mas o tratamento acaba sendo, como no caso de outras bactérias, com uso de antibióticos e prevenção de contato.

A dificuldade maior é para identificá-la, pois não existem muitas diferenças de quadro clínico para as outras infecções. Segundo Costa, um dos sinais que sugerem que seja KPC é quando a bactéria apresenta crescimento mais intenso.

Pessoas com diagnóstico de câncer, que estão com as defesas reduzidas, tornam-se mais susceptíveis à doença. Para evitar uma situação de pânico entre os pacientes, o diretor alerta que o fato de terem casos suspeitos não significa dizer que o hospital inteiro está em surto. "Os pacientes que estão em tratamento devem continuar, pois não existe risco de transmissão nem para eles e nem para os profissionais que estão em contato".

O Instituto do Câncer realiza, por mês, uma média de 22 mil atendimentos e 450 cirurgias.

Infecção

De acordo com a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), a KPC é uma infecção hospitalar que acomete, principalmente, pacientes que estão debilitados, imunodeprimidos e que passam muito tempo internados em leitos de UTI com uso prolongado de antibióticos de amplo espectro.

Manoel Fonsêca, coordenador de Promoção e Proteção à Saúde da Sesa, informa que a KPC é uma bactéria muito comum em ambientais hospitalares. "Todo mês, em alguma UTI do Ceará e do Brasil, morrem pacientes vítimas de KPC. Não temos como evitar que as pessoas que estão expostas a uma patologia crônica peguem uma bactéria super resistente".

Os hospitais não são obrigados a informar à Sesa os casos da bactéria porque elas não têm capacidade de causar epidemia. Geralmente, são situações restritas de pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). "A KPC é uma bactéria que provoca pneumonia, não é de notificação compulsória e é muito comum em hospitais".

No caso de pacientes infectados com bactérias multi resistentes, explica Fonsêca, os médicos têm de usar antibióticos de última geração por causa da grande resistência que possuem aos antibióticos. Ainda assim, alguns respondem positivamente e outros não. "As pessoas têm que ter em mente que, certamente, o paciente que pegou a bactéria já possui uma doença grave e prolongada, caso contrário não estaria numa UTI, e possivelmente a bactéria só apressou o desfecho da causa da doença".

Alguns cuidados que podem ser tomados para evitar a transmissão da bactéria super resistente são a utilização de luvas e máscaras por todos os profissionais que trabalham em hospitais. Além disso, é muito importante que tenha um local onde eles possam lavar as mãos com frequência com álcool em gel.

Como prevenir

1. Os profissionais de saúde devem higienizar as mãos frequentemente, antes e após contato com pacientes, e depois do contato com superfícies próximas ao paciente

2. No caso de suspeita de um paciente portador de KPC ou de outras bactérias multi-resistentes a antibióticos, deve-se isolar o paciente, disponibilizar avental, luvas e máscaras cirúrgicas para os pacientes e acompanhantes

3. As Comissões de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) devem estabelecer normas no uso racional de antibióticos para infecções hospitalares e serem rigorosos em sua liberação

4. Os acompanhantes devem higienizar as mãos frequentemente

LUANA LIMA
REPÓRTER

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