sábado, 25 de agosto de 2012

Injeção de nanopartículas pode ajudar a salvar vítimas de trauma cerebral

Tratamento testado em animais ajuda a restaurar equilíbrio vascular do cérebro

Soldado americano ferido durante combate é socorrido no Afeganistão. Pesquisadores afirmam que injeção de nanopartículas poderá ser útil para médicos que atuam em zonas de comba
Soldado americano ferido durante combate é socorrido no Afeganistão. Pesquisadores afirmam que injeção de nanopartículas poderá ser útil para médicos que atuam em zonas de combate (Kevin Frayer/AP)
Vítimas de traumas cerebrais graves podem vir a ser salvas com injeções de nanopartículas aplicadas logo após as lesões terem acontecido, diz um novo estudo conduzido por pesquisadores americanos.
Os cientistas afirmam que o novo tratamento ajuda a restaurar o equilíbrio do sistema vascular do cérebro, normalizando o fluxo de sangue. Entre os pacientes que podem vir a ser beneficiados estão vítimas de acidentes de trânsito, soldados feridos em combate, pessoas que sofreram derrame e até mesmo pacientes que passaram por transplantes.
As nanopartículas (partículas com tamanho da ordem de milionésimos de milímetros) ainda estão sendo aperfeiçoadas por pesquisadores da Universidade de Rice e da Faculdade de Medicina Baylor (ambas situadas no Texas), mas já foram testadas em animais. Os primeiros resultados foram publicados em um artigo no ACS Nano, o periódico da Sociedade Americana de Química.

CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Antioxidant Carbon Particles Improve Cerebrovascular Dysfunctio Following Traumatic Brain Injury

Onde foi divulgada: ACS Nano

Quem fez: Brittany R. Bitner, Daniela C. Marcano, Jacob M. Berlin, Roderic H. Fabian, Leela Cherian, James C. Culver, Mary Dickinson, Claudia S. Robertson, Robia G.Paulter, Thomas A. Kent e James M. Tour 

Instituição: Universidade de Rice e Faculade de Medicina Baylor

Dados de amostragem: Testes em animais

Resultado: Nanopartículas aplicadas em cérebros que sofreram trauma podem ajudar a equilibrar fluxo vascular.
Equilíbrio — Segundo o artigo, a solução de nanopartículas é feita de um combinado de carbono hidrofílico com polietilenoglicol, conhecidos pela sigla PEG-HCC, que ajuda a eliminar a superatividade de um superóxido no sangue.
Quando ocorre um trauma no cérebro, como um choque que provoca sangramento, as células liberam uma quantidade excessiva de uma espécie reativa de oxigênio conhecida como superóxido (SO) para o sangue.
Os superóxidos são radicais livres tóxicos que o sistema imunológico usa para matar micro-organismos invasores. Organismos saudáveis equilibram o SO com o superóxido dismutase (SOD), que funciona como uma enzima neutralizante.
Mas no caso de um trauma grave, o cérebro pode liberar superóxidos em níveis que o SOD não consegue lidar, sobrecarregando as defesas do órgão e causando uma série de problemas de saúde, como infecções.
Os cientistas descobriram que o composto PEG-HCC ajudou o cérebro a recuperar rapidamente seu equilíbrio, eliminando o excesso de SO.
"Enquanto uma enzima SOD pode alterar apenas uma molécula de SO de cada vez, uma única dose de PEG-HCC pode extinguir centenas ou milhares de superóxidos. Esta é uma das descobertas mais notáveis e eficazes que já vimos. Literalmente em poucos minutos depois de injetá-lo, o fluxo sanguíneo cerebral está de volta ao normal, e nós podemos mantê-lo assim com injeções simples", disse Thomas Kent, um dos coautores do estudo, e que atua como professor de neurologia da Faculdade de Medicina Baylor.
A equipe afirma que as nanopartículas testadas não apresentaram sinais de toxicidade. A meia-vida do PEG-HCC no sangue — a quantidade de tempo que leva para que a metade das partículas deixem o corpo — é de duas a três horas. Segundo os pesquisadores, novos testes ainda são necessários para comprovar isso.

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