segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Concentração de médicos no Sudeste é o dobro do Norte, diz CFM

No Norte há 1,01 médico para mil habitantes; no Sudeste, são 2,7 médicos.
Para conselho, interiorização dos cursos de medicina não resolve problema.

Felipe Néri Do G1, em Brasília
Integrantes do CFM responsáveis pela pesquisa
apresentaram resultados da 'Demografia Médica' nesta
segunda (18), em Brasília (Foto: Amanda Lima/G1)
Integrantes do CFM e responsáveis pela pesquisa apresentaram os resultados da "Demografia Médica" na manhã desta segunda (18), em Brasília (Foto: Amanda Lima/G1) Uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira (18) pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) aponta que o número de médicos para cada grupo de mil habitantes na Região Sudeste é mais que o dobro do Norte. Segundo o estudo Demografia Médica, os estados do Sudeste têm 2,7 médicos por mil habitantes, enquanto no Norte o número de profissionais baixa para 1,01.
A média nacional é de 2 médicos para cada grupo de mil habitantes, de acordo com o levantamento. "Quem mora nas regiões Sul e Sudeste tem duas vezes mais médicos do que quem vive no Norte e no Nordeste", disse o coordenador da pesquisa, Mário Scheffe
No Nordeste, o número de médicos por mil habitantes é de 1,23, também abaixo da média nacional. O índice é maior nas demais regiões, chegando a 2,05 no Centro-Oeste e 2,09 no Sul.
Segundo o levantamento, em outubro do ano passado havia 388.015 médicos em atividade no país. O aumento do efetivo  de profissionais tem se mantido entre 4% e 5% por ano, segundo o presidente do CFM, Roberto D'Avilla. Apesar do crescimento, ele afirma que é preciso reduzir essa diferença de concentração entre as regiões.
"O número de médicos e faculdades de medicina é suficiente. O que precisamos é levar jovens estudantes para regiões que têm mais necessidade", disse D'Avilla.
A pesquisa também aponta que 215,6 mil, ou 55% dos médicos que atuam no Brasil, estão no sistema publico de saúde.
"Defendemos uma carreira de estado para médicos do SUS (Sistema Único de Saúde), com dedicação exclusiva para o serviço público, salário digno e aperfeiçoamento contínuo", afirmou D'Avilla. O presidente do CFM disse ainda que acredita que, até 2020, o país deverá alcançar a média de 2,5 médicos por mil habitantes, comparável aos países desenvolvidos.
Concentração nas grandes cidades
O estudo aponta também que as maiores cidades continuam atraindo boa parte dos profissionais, mesmo aqueles que estudaram em outras regiões.
"Os grandes centros oferecem muito mais atração para os médicos. As escolas não vão mantê-los na localidade. [...] E não vai se resolver esse fluxo nos grandes centros com a interiorização dos cursos de medicina", disse Scheffer.
Segundo o levantamento, em um grupo de 107 mil médicos que se graduaram – ao longo de 30 anos – em um lugar diferente de onde nasceram, apenas 25% permaneceram na cidade onde estudaram. Na opinião do presidente do CFM, uma das medidas que devem ser tomadas pelo governo é a garantia de residência nas cidades com mais carência de profissionais.
De acordo com D'Avilla, atualmente a oferta de vagas para residentes atende à metade dos estudantes concluintes. "Só a faculdade no interior não resolve o problema", declarou D'Ávilla.
Os estados com maior numero de médicos para cada mil habitantes são o Distrito Federal (4,09), Rio de Janeiro (3,62) e São Paulo (2,64). Já as capitais com maior concentração são Vitória (11,6), Porto Alegre (8,7) e Florianópolis (7,7).
Novas normas para cursos de medicina
No início de fevereiro, o Ministério da Educação divulgou que o próprio governo definirá os municípios que devem ter cursos de medicina. Segundo a pasta, a partir deste ano novas graduações serão abertas somente com a publicação de editais de chamamento público para determinadas cidades.
Segundo o MEC, no Brasil funcionam hoje 197 cursos de medicina, dos quais 78 estão em instituições públicas. Outros 70 aguardam decisão do MEC – 51 para autorização de abertura de curso e 19 para aumento de vagas. A liberação deles representaria mais de 6 mil novas vagas.
Ao divulgar o novo modelo, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, informou que as instituições que abrirem cursos nas regiões selecionadas terão acesso a crédito do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A medida faz parte do pacote de avanços na política de regulação dos cursos de medicina.

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