sábado, 23 de fevereiro de 2013

Novo remédio para gripe é eficaz contra tipos resistentes do vírus

Ainda em fase de testes animais, o medicamento conseguiu impedir que um tipo letal do vírus se espalhasse pelas células de camundongos

Vírus da gripe
Representação do medicamento (em amarelo) ligado ao vírus da gripe (azul) (CSIRO/Magipics)
Um novo remédio para a gripe promete ser eficaz contra diferentes variações do vírus influenza, inclusive aqueles tipos que são resistentes a medicamentos. Desenvolvido por pesquisadores da Universidade da Colúmbia Britânica e outras instituições no Canadá, na Austrália e no Reino Unido, o medicamento foi descrito em um artigo publicado no periódico Science Express. A droga foi eficaz contra uma variação letal do influenza em camundongos e conseguiu impedir a morte de todos os animais infectados. Segundo a pesquisa, o medicamento agiu no organismo evitando que o vírus se espalhasse pelas células do organismo, retendo assim a infecção.

Conheça a pesquisa

TÍTULO ORIGINAL: Mechanism-Based Covalent Neuraminidase Inhibitors with Broad Spectrum Influenza Antiviral Activity
ONDE FOI DIVULGADA: periódico Science Express
QUEM FEZ: Jin-Hyo Kim, Ricardo Resende, Tom Wennekes, Hong-Ming Chen, Nicole Bance, Sabrina Buchini, Andrew G. Watts, Pat Pilling, Victor A. Streltsov, Martin Petric e Stephen G. Withers
INSTITUIÇÃO: Universidade da Colúmbia Britânica, Canadá
RESULTADO: Testado em camundongos com uma variação letal do vírus, o medicamento evitou a morte de todos os animais.
O vírus da gripe possui em sua superfície uma proteína específica que se conecta ao ácido siálico, presente nas células humanas. Assim, ele consegue penetrar na célula e replicar seu material genético. Uma vez que a célula está infectada, o vírus quebra sua ligação (através de uma enzima denominada neuraminidase) e parte para repetir o mesmo processo, infectando outras células. O medicamento estudado possui uma substância (de um grupo denominado DFSA) que se conecta ao ácido da célula humana e impede que o vírus rompa a ligação com a primeira célula. Dessa forma, o vírus fica "preso" à célula que infectou, sem poder atingir novas células.
Avanço — De acordo com Steve Withers, integrante do grupo de pesquisadores, outros medicamentos já existentes têm como alvo a mesma enzima, mas esse novo remédio é mais estável. Além disso, o remédio se mostrou eficaz contra tipos do vírus que são, normalmente, resistentes a alguns medicamentos. Withers explica que isso acontece porque a substância presente nessa nova droga é muito mais semelhante ao ácido siálico do que as anteriores. Assim, o vírus não consegue diferenciar o que é a célula humana e o que é o medicamento, e acaba ficando preso a ele.
De acordo com o pesquisador, o remédio tem duas vantagens em relação à vacina: ele é mais rápido de se produzir e funciona contra diversos tipos de vírus. O próximo passo será um teste com furões. Para Withers, será preciso colher mais dados antes de tentar partir para testes em humanos.
Gripe — Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a gripe afeta de três a cinco milhões de pessoas em todo o mundo anualmente, causando de 250.000 a 500.000 mortes. Em anos de pandemia, esse número pode aumentar para milhões. “Um dos principais desafios do tratamento da gripe, atualmente, é que novas variações do vírus estão se tornando resistentes a medicamentos, nos deixado vulneráveis a uma pandemia”, diz Withers.

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