quinta-feira, 16 de abril de 2015

Dengue causa superlotação e altera rotina de hospitais particulares de SP

Muitos pacientes relatam horas de espera por atendimento e centros médicos confirmam que têm registrado crescimento na demanda e até fizeram contratações

AE
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O avanço dos casos de dengue na capital paulista já superlota hospitais particulares e causa o redimensionamento de equipes médicas. Muitos pacientes relatam horas de espera por atendimento e centros médicos confirmam que têm registrado crescimento na demanda e até fizeram contratações.

O processo de atendimento da analista financeira Thaís Pinheiro, de 32 anos, demorou seis horas na terça-feira, 14, no Hospital Samaritano, em Higienópolis, na região central. O marido dela, o designer gráfico Reinaldo Peticor, de 37 anos, também está com a doença e segue internado no local.

"Demorei seis horas entre pegar senha, ir para a triagem, ser atendida e tomar o soro. Fui liberada, mas meu marido estava com as plaquetas baixas e precisou ficar internado. Mas está tudo tomado por pessoas com dengue. Ele está em um boxe no pronto-socorro porque não tem quarto (disponível)."

Thaís relata que no domingo, quando os sintomas começaram, procurou outro hospital, que também estava lotado. "Tem muita gente com suspeita de dengue. Os lugares estão todos cheios." Procurado, o Hospital Samaritano informou que Peticor foi transferido para um quarto na tarde de quarta-feira, 15. E destacou que oferece "suporte e atendimento" aos casos de suspeita de dengue.

Levantamentos dos grupos particulares também mostram esse quadro. O jornal O Estado de S. Paulo consultou nove hospitais e o aumento no número de pacientes com suspeita de dengue foi verificado na maioria. O 9 de Julho, em Cerqueira César, por exemplo, registrou 474 casos de suspeita nos três primeiros meses deste ano, ante 227 em 2014.

A infectologista e diretora técnica do centro médico, Regina Tranchesi, explicou que a instituição colocou um médico a mais no período da noite. "A gente fica monitorando, caso precise de mais médicos. Mas, com essa estrutura, está dando para atender a demanda."

O Hospital Infantil Sabará também já opera com acréscimo de equipe de médicos e de triagem. O número de casos até março supera todo o ano de 2014, quando foram confirmados 50 casos no local. Neste ano, 80 pacientes foram diagnosticados com a doença. No Hospital Santa Catarina, somente no mês de março, o atendimento da ala infantil dobrou em relação a fevereiro de 2015.

Já no Hospital Santa Isabel, o aumento de pacientes começou a ser notado em fevereiro. Por dia, em média, sete pessoas são internadas com a doença.

O Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos informou que, hoje, cerca de 70% das pessoas que procuram o pronto-atendimento da unidade, na Vila Clementino, zona sul, relatam sintomas de dengue. Um fluxo de atendimento específico foi organizado para atender a demanda.

Na Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo houve um aumento de quatro vezes no número de casos suspeitos de dengue no primeiro trimestre deste ano, em relação a igual período de 2014. O Hospital Alvorada registrou aumento semelhante: nos três primeiros meses deste ano, acolheu 55 pacientes. No mesmo período de 2014, foram 13. Os Hospitais Albert Einstein e São Luiz também relataram aumentos.

Rede pública
A lotação já virou rotina nas unidades municipais e nas tendas instaladas pela Prefeitura. Na tarde de quarta-feira, a cabeleireira Helena Soares, de 49 anos, deparou-se com o Hospital Geral Vila Nova Cachoeirinha, na zona norte, lotado. "Cheguei às 11 horas e tinha muita gente. O problema mesmo é a dengue." Ela só foi liberada por volta das 16 horas.

Igreja do interior de SP vira centro de atendimento à doentes
Sorocaba, no interior de São Paulo, chegou a 42,3 mil casos de dengue confirmados por exame de laboratório ou diagnóstico clínico, segundo boletim divulgado na quarta-feira, 15, pela Secretaria de Saúde do município. Com 15 mortes confirmadas - 4 a mais que na semana anterior - e outras 15 sob investigação, a cidade enfrenta a maior epidemia de dengue no Estado de São Paulo. Unidades de atendimento aos doentes estão sendo instaladas até em igrejas.

O Centro de Monitoramento Norte começou a receber pacientes no salão principal da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Além das instalações, o templo dos mórmons cedeu voluntários. Estudantes das escolas de enfermagem de três universidades locais também prestam serviços voluntários sob a coordenação da equipe médica. O local, com 15 poltronas para hidratação, tem capacidade para 250 pacientes por dia e só não vai funcionar aos domingos.

Sorocaba já atingiu média de 530 casos de dengue a cada 100 mil habitantes, mas o secretário Francisco Fernandes acredita que a epidemia se estabilizou. Mesmo assim, as unidades de saúde estarão abertas no fim de semana e no feriado de terça. No último fim de semana, as duas unidades principais atenderam 1.130 pacientes.

Entre as cidades que atualizaram os números da dengue, Campinas passou a ter 26,9 mil casos, dos quais 22,5 mil confirmados, e quatro mortes confirmadas, além de cinco óbitos em investigação. Limeira, na mesma região, relatou 21,9 mil casos - 6,8 mil confirmados por exames e 12 mortes com a causa confirmada, além de 4 suspeitas. Em Marília, centro-oeste do Estado, são 13,4 mil casos confirmados, além de 8 mortes.

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