De acordo com
pesquisadores americanos, mecanismo pode explicar por que zika tem
consequências tão devastadoras como a microcefalia e ajudar a
desenvolver terapias
O
receptor AXL, encontrado em abundância na superfície de células-tronco
neurais, mas não nos tecidos neuronais maduros, pode ser usado como
porta de entrada para o vírus, transmitido pelo mosquito 'Aedes aegypti'(Nelson Almeida/AFP)
Um
grupo de cientistas americanos descobriu que a aparente atração do
vírus zika por neurônios em formação pode ser resultado de sua afinidade
por uma proteína encontrada na superfície das células-tronco neurais. O
receptor AXL, encontrado em abundância na superfície dessas células,
mas não nos tecidos neuronais maduros, pode ser usado pelo vírus como
porta de entrada para a infecção. De acordo com pesquisadores da
Universidade da Califórnia em São Francisco, nos Estados Unidos, danos
nesse tipo de células são coerentes com vários dos sintomas associados
ao zika nos fetos em desenvolvimento - incluindo a microcefalia.
O estudo, cujos resultados foram publicados nesta quarta-feira na revista científica Cell Stem Cell,
revela como a proteína AXL - normalmente envolvida na divisão celular -
está presente em grande quantidade nas células que dão origem aos
tecidos do córtex e também da retina. Essas células-tronco, afirmam os
cientistas, só estão presentes no organismo durante o segundo trimestre
de gravidez. Além de ajudar a compreender a biologia do vírus, a
descoberta pode ajudar no desenvolvimento de futuras terapias para a
infecção em mulheres grávidas. Porta de entrada - Logo que o surto de zika e
microcefalia atingiu o Brasil, os pesquisadores resolveram aprofundar
estudos que mostravam que vírus similares ao zika, como o da dengue,
parecem usar a proteína AXL como mecanismo de entrada para as infecções.
A equipe usou análises genéticas para verificar a presença desse
receptor em diferentes células do cérebro de camundongos, furões, em
organelas cerebrais derivadas de células-tronco (como os minicérebros desenvolvidos em laboratório) e tecidos humanos cerebrais em desenvolvimento.
Os cientistas perceberam que todos os modelos exibiam a proteína nas
células gliais radiais, que são estruturas que, ao se desenvolverem, dão
origem a diversos tipos de células, como os neurônios. Usando
marcadores de anticorpos, os pesquisadores descobriram que a AXL se
agrupa em locais dessas células-tronco que estão próximos a vasos
sanguíneos ou ao fluido cerebroespinal - uma posição privilegiada para o
vírus zika entrar em contato com a proteína e desenvolver a infecção.
"Ainda que não seja de maneira alguma uma explicação completa,
acreditamos que a expressão de AXL por esse tipo de célula é uma
importante pista para descobrirmos como o vírus zika é capaz de produzir
casos tão devastadores de microcefalia. Os resultados se encaixam
perfeitamente nas evidências disponíveis", disse um dos autores do
estudo, Arnold Kriegstein, diretor do Centro de Pesquisa em Medicina de
Regeneração Células-tronco Eli and Edythe Broad, da Universidade da
Califórnia em São Francisco. Próximas etapas - De acordo com os pesquisadores, a
descoberta é um passo importante, mas outros receptores podem estar
associados ao vírus. Por isso, o próximo passo do estudo deve ser
verificar se o AXL pode ser explorado para terapias que possam impedir a
infecção. Bloquear a proteína, fundamental para o desenvolvimento do
cérebro do feto, não é uma opção, mas o conhecimento dos detalhes do
mecanismo de entrada do zika nas células-tronco pode ajudar os médicos a
encontrar meios para tratar as grávidas e evitar consequências nos
bebês.
"Ainda não entendemos por que o vírus da zika, em particular, é tão
virulento para o cérebro em desenvolvimento", afirmou Kriegstein. "Pode
ser que o vírus se desloque mais facilmente pela barreira da placenta ou
que o vírus entre nas células mais facilmente do que infecções
relacionadas."
Especialistas ouvidos
pelo site de VEJA acreditam que o aumento no número de casos da gripe
dois meses antes do previsto seja decorrente da importação do vírus de
outras regiões do mundo
Por: Giulia Vidale
Enquanto
a campanha de vacinação contra o influenza não começa, especialistas
recomendam recomendam que a população se previna redobrando os cuidados
com a higiene (lavar as mãos constantemente e não compartilhar objetos
de uso pessoal)e evitando aglomerações e o contato com muitas pessoas.(Thinkstock/VEJA)
O Ministério da Saúde anunciou na noite desta segunda-feira que vai
permitir a antecipação da vacinação contra a gripe H1N1 para os Estados
interessados em começar a imunizar grupos considerados de risco antes da
campanha nacional, que terá início em 30 de abril. Em São Paulo, que
requisitou a antecipação, o primeiro lote deve chegar nesta sexta-feira -
nos demais Estados, a partir de segunda.Cada secretaria estadual deverá
divulgar o calendário que adotará para vacianr a população.
O surto atípico de gripe H1N1 está lotando os pronto-socorros dos
hospitais da capital e do interior de São Paulo. A situação é
completamente incomum, já que o auge da infecção pelo vírus, em
circulação no país desde 2009, costuma ocorrer no mês de junho, quando a
temperatura começa a baixar. Diz o infectologista Artur Timerman, do
Hospital Edmundo Vasconcelos, em São Paulo: "Em toda a história
epidemiológica, sabemos que a influenza é uma doença do inverno, que
deveria aparecer somente daqui a dois meses, não agora. É assustador ".
De acordo com dados da Secretaria de Saúde de São Paulo, até o dia 22 de
março foram contabilizados 260 casos de Síndrome Respiratória Aguda
Grave (SRAG) -- relacionada a complicações do H1N1 -- e 38 óbitos. No
mesmo período do ano passado, não havia nenhum registro confirmado.
Atualmente, São Paulo concentra 85% dos casos em todo o país.
A principal hipótese levantada pelos especialistas para o número de
casos é de que o vírus tenha sido importado por turistas que viajaram
para regiões do hemisfério norte, como Europa, Canadá e Estados Unidos. A
Flórida, por exemplo, enfrenta atualmente um surto de H1N1. O estado
americano recebe cerca de 140 000 paulistas por mês. "Ao voltar
infectada para o Brasil, uma pessoa pode transmitir o vírus para os
outros pelo contato direto ou indireto a partir da secreção das vias
respiratórias", explica Regia Damous, infectologista do Hospital e
Maternidade São Luiz, em São Paulo. Frequentar lugares com aglomerações,
como escolas ou empresas, ajuda a propagação do agente infeccioso.
É por isso que os hospitais de São Paulo adotaram medidas de emergência
para controlar a infecção. Na capital, o Hospital Albert Einstein, o
Hospital e Maternidade São Luiz e o Hospital Alemão Oswaldo Cruz, por
exemplo, solicitam que os pacientes com sintomas de gripe utilizem
máscara hospitalar desde o inicio do atendimento. Além disso, eles
disponibilizaram uma área exclusiva destinada ao atendimento de casos
suspeitos da doença. H1N1 - O H1N1é um vírus da gripe do tipo A (associado a
epidemias) que foi detectado pela primeira vez em abril de 2009 no
México e, em pouco tempo, se transformou em uma pandemia mundial. Sua
transmissão ocorre pelo contato direto (ao falar, espirrar, tossir ou
beijar) ou indireto (pelas mãos) com as secreções das vias respiratórias
de uma pessoa contaminada.
Após a infecção, os sintomas demoram entre 1 e 4 dias para se
manifestar e incluem febre alta (acima de 38,5°C), tosse, irritação nos
olhos e nos ouvidos, dor muscular, de cabeça, de garganta e no tórax,
coriza, falta de ar e diarreia. O tratamento é feito com o medicamento
Tamiflu. Se não tratada adequadamente, a gripe pode evoluir para um
quadro mais grave, conhecido como Síndrome Respiratória Aguda Grave.
Qualquer pessoa pode ser infectada pelo vírus H1N1 - ao contrário da
gripe comum, que prioriza os idosos.Os grupos de risco incluem crianças
menores de dois anos, grávidas, doentes crônicos e pacientes em
tratamento de câncer.
Alexandre Abade só aprendeu a ler aos 17 anos e recusa imagem de vítima. Ele vive em cadeira de rodas e tem baixa mobilidade dos braços e pernas.
Raquel MoraisDo G1 DF
O brasiliense Alexandre Abade, que tem 'ossos de vidro', e amiga (Foto: Alexandre Abade/Arquivo Pessoal)
Eu me considero uma pessoa normal, mesmo com minha deficiência física.
Tive relacionamentos amorosos e decepções como qualquer outra pessoa,
mas, como um homem de fé e que sempre acredita que tudo é possível
quando buscamos a Deus, eu sei também que realizarei a mais esse sonho
que é constituir família"
Alexandre Abade,
consultor motivacional
A aparência frágil do consultor motivacional Alexandre Ferreira Abade,
que por ter "ossos de vidro" vive sobre uma cadeira de rodas motorizada e
tem mobilidade mínima nos braços e pernas, esconde uma personalidade
agitada e persistente: o brasiliense tem duas graduações, uma pós,
vários cursos profissionalizantes e uma agenda cheia de palestras a dar.
O primeiro contato com letras e números só pôde ocorrer aos 17 anos,
depois de ele superar a baixa expectativa de vida dada pelos médicos por
causa das mais de 300 fraturas sofridas na infância e adolescência.
Duas décadas depois, o homem segue recusando a imagem de "vítima" e se
prepara para lançar o segundo livro sobre sua trajetória.
O diagnóstico de osteogênese imperfeita só veio aos 2 anos. "Tinha duas
fraturas [nas pernas, desde o nascimento], mas os médicos não sabiam,
só souberam em uma consulta que tive e o médico notou uma pequena
diferença entre uma perna e outra e assim foram investigar a causa.
Qualquer tipo de movimento [provocava fratura]. Eu não poderia sair para
outros lugares de ônibus ou carro, pois os movimentos já ocasionavam
fraturas, meus ossos eram muito frágeis, se quebravam facilmente, eram
como vidro", lembra.
A família tentou lidar com a situação com naturalidade, mas acatou as
recomendações dos profissionais que passaram a acompanhar Abade. Ele
nunca pôde experimentar tentar andar, e os médicos achavam que ele
viveria no máximo até o início da adolescência. O consultor
motivacional, que tem quatro irmãos, afirma nunca ter questionado as
razões de ser o único a ter as limitações.
O brasiliense Alexandre Abade, que tem 'ossos de
vidro' (Foto: Alexandre Abade/Arquivo Pessoal)
"Segundo previsões médicas eu viveria até os 12 anos de idade. Devido
as minhas constantes fraturas, eu corria o risco de quebrar a coluna e o
medo dos médicos era esse. Mas após os 12 anos, contrariando suas
previsões e principalmente com a fé que os meus pais tiveram, esse
diagnóstico foi mudado, eu superei mais essa previsão e fui vivendo dia
após dia e cada vez mais, com a ajuda de Deus, superando e vivenciando
cada momento, acreditando que Deus me ajudaria até na cura das minhas
fraturas, como de fato aconteceu", afirma. "Dos 17 anos até hoje eu não
tive mais nenhuma fratura e nenhum problema de saúde, sigo minha vida
normalmente."
Prestes a completar a maioridade, Abade decidiu experimentar o que já
era parte da rotina de todo mundo: estudos e trabalho. Ele foi
matriculado no Centro de Ensino Especial de Sobradinho e depois passou
para uma escola regular. Colegas colocavam folhas de carbono sob os
papéis dos cadernos e assim lhe garantiam cópias das anotações. As
provas eram feitas em salas de uso individual, com a ajuda dos
professores.
A dedicação do consultor motivacional o ajudou inclusive a combater
preconceitos. "Tinha colega que não se aproximava de mim porque
imaginava que eu era uma pessoa que não poderia sair, me divertir, ou
seja, que eu era uma pessoa que não teria muita alegria para fazer
amizade. Mas, com o passar do tempo, esses colegas me viam em festas da
escola, eventos, e então logo mudaram a forma de pensar e viram que eu
era capaz, que independente das minhas deficiências eu posso ter uma
vida normal, e foram aprendendo através de mim que outras pessoas com
deficiência são tão capazes quanto."
Abade passou então a dar palestras contando a própria história. Ele
também fez diversos cursos profissionalizantes e se formou em gestão em
marketing e gestão em administração de empresas. Depois, o homem fez
pós-graduação em recursos humanos. O consultor motivacional diz que os
estudos o ajudaram a se aperfeiçoar na área e a prosseguir com os
projetos de palestras e educação inclusiva.
Visto como exemplo para colegas e professores, Abade percebeu como
conseguia mudar os conceitos dos outros sobre deficiência e escreveu o
primeiro livro há quatro anos. Ele trabalha atualmente em uma nova obra e
conta com a ajuda da amiga Sarah Sena.
"O tema é um pouco da minha história, das conquistas atuais. E falamos
também sobre pessoas com deficiência, que independente das limitações
todos somos capazes de estar inseridos no mercado de trabalho, escolas,
faculdades e principalmente temos o direito de ter o nosso lazer e os
nosso direito garantidos", explica. Futuro
O consultor motivacional diz sonhar em crescer profissionalmente por
meio dos projetos sobre educação e inclusão de pessoas com deficiência.
"[Quero] Cada vez mais contribuir para que a inclusão não seja apenas
uma teoria, mas uma prática constante na vida da nossa sociedade, que
precisa muito abraçar essa causa e ter uma nova visão de pessoas com
algumas limitações e não só pessoas com deficiência, mas também pessoas
idosas, que também precisam ter o seu direito garantido e principalmente
o seu respeito e atenção merecidamente, porque um dia todos nós vamos
ficar velhos, um dia podemos ficar deficientes."
Abade, que recentemente ganhou a cadeira motorizada, diz ter ganhado
com o equipamento maior independência. Entre os próximos objetivos estão
deixar a casa da mãe e formar a própria família.
O
brasiliense Alexandre Abade, que tem 'ossos de vidro',
junto com amigos (Foto: Alexandre Abade/Arquivo Pessoal)
"Eu me considero uma pessoa normal, mesmo com minha deficiência física.
Tive relacionamentos amorosos e decepções como qualquer outra pessoa,
mas, como um homem de fé e que sempre acredita que tudo é possível
quando buscamos a Deus, eu sei também que realizarei a mais esse sonho
que é constituir família."
"Não me vejo incapaz, sei que sou diferente, mas com as minhas
diferenças faço a diferença", completa o homem. "Com toda a minha
trajetória passada tive meus momentos para me preparar para romper todas
os paradigmas e preconceitos, encarando a vida de frente e aceitando-a
como eu sou, e em nenhum momento tive questionamento por causa das
minhas limitações. Pelo contrário, busquei na minha deficiência um lado
positivo em viver, estudar, trabalhar e tenho um bom relacionamento com
as pessoas que passam em minha vida."
Especialistas dizem que a redução na taxa de incidência não pode ser comemorada por que o percentual de cura caiu
Levi de Fretas/Renato Bezerra - Repórteres
O abandono é preocupante, por gerar resistência medicamentosa
no paciente, sendo um dos atuais focos do enfrentamento à doença no
Estado
( Foto: Alex Costa )
O Estado do Ceará teve um declínio nos casos de tuberculose durante 14
anos. Enquanto que em 2001 a taxa de incidência para cada grupo de 100
mil habitantes era de 46,1, em 2015, embora com dados ainda
preliminares, a taxa reduziu para 38,4 casos. As informações constam no
boletim epidemiológico da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa),
divulgado no último dia 22 de março.
Apesar da discreta melhora, não há o que comemorar, por enquanto, se
levada em consideração a piora das taxas de cura registrada em dez anos.
Em 2004, 73,2% dos acometidos pela doença conseguiram se curar, mas
este percentual caiu para 59,2% em 2014.
Dados preliminares de 2015 revelam uma taxa ainda menor, de 20,5%. Vale
ressaltar que a meta recomendada pela Organização Pan-Americana da
Saúde / Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) é de 85%. Abandono
Outro dado preocupante é o da taxa de abandono do tratamento, que em
2015 ficou em 8,7%, enquanto o recomendado pela OPAS/OMS é abaixo de 5%.
Neste mesmo ano, 209 pessoas morreram no Estado vítimas da tuberculose,
de acordo com o boletim epidemiológico.
"A taxa de cura é baixa e há um alto índice de abandono, então a
mortalidade aumenta. O que ocorre é que se trata de uma doença curável,
de tratamento gratuito, mas que pela não adesão ao tratamento, evolui
para óbito", explica a coordenadora do Programa de Tuberculose do
Estado, Sheila Santiago.
O abandono, segundo a médica, é preocupante, por gerar uma resistência
medicamentosa no paciente, sendo um dos atuais focos de trabalho no
enfrentamento à doença no Estado. "O tratamento é de seis meses com
medicação diária. Mesmo que melhorem os sintomas, deve-se continuar com a
medicação até a cura. Muitas vezes, no segundo, terceiro, quarto mês,
com a melhoria dos sintomas, é uma tendência nossa deixar a medicação,
achar que está bom, e aí mora o perigo de ficar resistente ao
medicamento", explica.
Outro foco no trabalho de enfrentamento à doença, diz Sheila Santiago, é
a identificação do sintomático respiratório, considerada a pessoa com
tosse há mais de três semanas, e que geralmente é confundida com gripe
ou tosse alérgica e, portanto, não sendo valorizada.
A especialista orienta, estando com este perfil, que a pessoa procura
uma unidade de saúde para realização do exame. No caso de constatação, o
tratamento é inteiramente gratuito, realizado na rede básica de saúde,
com os medicamentos necessários sendo disponibilizados pelo Sistema
Único de Saúde (SUS). Na média nacional
De acordo com a especialista, a taxa de 38,4 casos para 100 mil
habitantes, registrada em 2015, se refere ao número de casos confirmados
e está dentro da média nacional. Contudo, segundo explica, existem,
ainda, os não detectados, ou seja, pessoas doentes sem que estejam
notificados pela unidade de saúde, e que podem estar transmitindo o
vírus. "O Ceará tem boa detecção, mas é preciso que todos os municípios
tenham esse foco na detecção precoce em busca de sintomático
respiratório", destaca.
Ainda conforme Sheila Santiago, a educação sanitária e a informação são
as melhores formas de prevenção. "O sol do Ceará é excelente meio de
matar o bacilo. Temos que ter o hábito de abrir a janela. Ao tossir e
espirrar, cobrir, além de investigar todos que tiveram contato com os
sintomáticos respiratórios. São maneiras de biosegurança administrativa
que servem de prevenção.
Mas a maior prevenção é a informação. Ainda é uma doença com muito
preconceito, algumas pessoas não se acham, não se colocam em pauta de
discussão, apesar de ser uma doença antiga, tem uma discriminação. Ela
precisa ser socializada, conversada, para que a população não se
envergonhe de ter ou conviver com tuberculose", avalia.
Um novo estudo americano mostrou que a primeira refeição não está associada ao ganho de peso
De
acordo com o estudo, pular o café da manhã não aumenta a fome ao longo
do dia nem faz engodar. No entanto, comer de manhã está associado a um
aumento de energia e maior gasto calórico durante o dia(Getty Images/Thinkstock/VEJA)
Pular o café da manhã não fará com que você engorde, como ainda ditam
muitos estudos sobre o assunto. No entanto, fazer a primeira refeição do
dia pode dar mais energia. É o que diz uma pesquisa publicada
recentemente no periódico científico American Journal of Clinical Nutrition.
Pesquisadores da Universidade de Bath, na Grã-Bretanha, fizeram um
experimento com 23 adultos para entender o real papel do café da manhã
no ganho de peso. Durante seis semanas os participantes foram divididos
em dois grupos: o primeiro precisava ingerir 700 calorias no café da
manhã, enquanto o segundo poderia apenas beber água até o almoço.
Os resultados mostraram que, embora o grupo do jejum tenha comido mais
no almoço, o aumento calórico não foi suficiente para superar o déficit
de 700 calorias ingeridas pelos outros participantes. Os autores
concluíram também que pular essa refeição também não aumentou a fome dos
participantes ao longo do dia nem afetou seus níveis de gordura ou fez
com que eles ganhassem mais peso.
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No entanto, os integrantes do grupo que tomava café da manhã queimaram
mais calorias ao longo do dia, principalmente devido à maior prática de
atividade física. O que sugere que essa refeição pode ajudar as pessoas a
ficarem mais ativas.
"Apesar de muitas pessoas opinarem se você deve ou não tomar café da
manhã, ainda faltam evidências científicas rigorosas mostrando o impacto
dessa refeição na saúde. Nossos estudos destacam que se o objetivo for a
perda de peso, pouco importa. No entanto, se for para ser mais ativo, o
café da manhã pode ajudar", disse James Betts, principal autor do
estudo. (Da redação)
Ben McMahon acordou do
coma causado por um acidente de carro falando mandarim e sem lembrar de
sua língua materna. Ele havia estudado na infância o idioma, mas não era
fluente
Após
um grave acidente de carro, o jovem australiano Ben McMahon esqueceu
temporariamente o inglês - sua língua materna - e só se expressava em
mandarim. Atualmente ele fala os dois idiomas com perfeição(VEJA.com/Reprodução)
O
australiano Ben McMahon, de 24 anos, acordou de um coma falando apenas
mandarim e, pior, passou dias sem conseguir se expressar em inglês, sua
língua materna. Segundo o jovem, embora tivesse estudado o idioma na
escola, ele nunca chegou a falar com fluência. Agora já recuperado, ele
fala as duas línguas perfeitamente. As informações são da BBC Brasil.
Em 2012, Ben sofreu um grave acidente de carro, que o deixou em coma
por uma semana. "Daquela manhã (da batida), eu me lembro de tomar café
na cama. Mas nada além disso", disse à BBC. Logo que acordou, havia esquecido o inglês e falava apenas mandarim.
Segundo cientistas, embora não se saiba com exatidão o lugar do
cérebro onde se desenvolve a capacidade de aprender idiomas, o lóbulo
frontal do hemisfério esquerdo, conhecido como área de Broca, é a área
normalmente associada à linguagem. Os especialistas acreditam que sua
lesão tenha sido justamente nessa região.
"No caso de Ben, foi observado que a área do cérebro que armazena e
utiliza sua língua materna, o inglês, estava mais afetada que a que era
usada para aprender o mandarim quando era mais jovem,", disse Yvonne
Wren, especialista em linguagem.
De acordo com pesquisadores, quando há lesões, diferentes partes do
cérebro podem assumir a responsabilidade de outras, o que pode causar
síndromes como essa e a do sotaque estrangeiro. Isso faz com que a
pessoa fale sua língua materna com um sotaque diferente do habitual.
Felizmente, no caso de Ben, o dano cerebral melhorou logo após o
acidente e ele recuperou sua capacidade de falar inglês. Teoricamente,
isso poderia ter colocado um fim em seu domínio do chinês. Mas não foi o
que aconteceu e ele manteve sua capacidade de falar mandarim com
perfeição.
Essa nova capacidade ajudou sua vida amorosa, inclusive. Ben acaba de
começar a namorar uma jovem australiana de origem chinesa que conheceu
em um programa de TV chinesa que promove encontros. A jovem se inscreveu
no show justamente para praticar seu mandarim natal. Outros casos - Na literatura há outros casos
semelhantes. Em 2010, uma jovem croata de 13 anos acordou de um coma
incapaz de se expressar em seu idioma natal, falando alemão. Assim como
Ben, ela havia estudado a língua na escola, mas nunca falou
fluentemente. Em 2013, o americano Michael Boatwright acordou falando
sueco. (Da redação)
Segundo pesquisa
publicada na 'PNAS', a redução no consumo de carne ajuda o meio ambiente
e pode diminuir entre 6% e 10% a mortalidade global até 2050
Além
dos benefícios na saúde, a dieta vegetariana ou vegana ainda pode
cortar a emissão dos gases de efeito estufa entre 29% e 70% em 34 anos(Thinkstock/VEJA)
O vegetarianismo e o veganismo (dieta que exclui qualquer derivado
animal) melhoram a qualidade de vida, reduzem mortes e contribuem para o
meio ambiente. É o que sugere um estudo, publicado na última edição da
publicação Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).
De acordo com o líder da pesquisa, Marco Springmann, da Universidade de
Oxford, os novos dados podem ajudar na criação de políticas públicas
que levem em consideração os benefícios da dieta vegetariana ou vegana.
Segundo o estudo, o baixo consumo de carne pode reduzir entre 6% e 10% a
mortalidade global até 2050. Além dos benefícios na saúde, a dieta
vegetariana ou vegana ainda pode cortar a emissão dos gases de efeito
estufa entre 29% e 70% em 34 anos. Considerando que o sistema
alimentício é responsável por um quarto de toda a produção de gases de
efeito estufa no globo, os especialistas sinalizam que cerca de 80%
dessa parcela é relacionada apenas à pecuária.
Pub
A equipe projetou quatro cenários possíveis para o consumo da proteína
animal na dieta das pessoas em 2050, e analisou os impactos de cada tipo
de consumo na saúde e no meio ambiente. Springmann apontou que, ao
modificar os padrões dos costumes alimentares ao redor do globo, a
economia anual seria de 1 trilhão de dólares com a prevenção de
problemas de saúde e redução da mortalidade. "Os benefícios projetados
devem incentivar os pesquisadores e políticos a melhorarem os padrões de
consumo da sociedade", disse o líder da equipe no estudo.
Na projeção da equipe, em 2050 as regiões que mais seriam beneficiadas -
em questão de saúde - com a redução do consumo de carne seriam o Leste
da Ásia, América Latina e países ocidentais com alta renda. Já as
regiões como Sul da Ásia e a África subsaariana (a Sul do Deserto do
Saara) seriam as mais beneficiadas com o aumento do consumo de frutas e
vegetais. (Da redação)
'É panaceia', diz presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia. MCTI divulgou primeiros resultados de testes com fosfoetanolamina.
Mariana LenharoDo G1, em São Paulo
Fosfoetanolamina está sendo testada por estudos coordenados pelo MCTI (Foto: TV Globo)
Até o momento, a fosfoetanolamina não pode ser considerada um
medicamento, alerta o oncologista Robson Moura, presidente da Sociedade
Brasileira de Cancerologia, diante dos primeiros resultados de testes
com a substância feitos sob a coordenação do Ministério da Ciência,
Tecnologia e Inovação (MCTI).
"Neste momento, a fosfoetanolamina ainda não pdoe ser considerada um
medicamento. Não estou dizendo que isso nunca vá acontecer, mas hoje não
existem estudos clínicos feitos com critério científico que demonstrem
que pode ser uma droga eficaz", diz. "Se estudos futuros encontrarem
mais uma droga para ajudar no arsenal de combate ao câncer, ela vai ser
muito bem-vinda. O que não queremos é um produto químico como uma
panaceia para curar o câncer."
Os testes demonstraram que os componentes cápsula tem baixa atividade citotóxica e antiproliferativa. "Ela não foi capaz de matar, destruir a célula cancerígena. Isso está claro", diz Moura.
Para o especialista, também chamou a atenção a baixa concentração de
fosfoetanolamina contida na cápsula. O relatório aponta que, apesar de a
informação contida no rótulo ser "fosfoetanolamina sintética, 500 mg",
as cápsulas pesavam entre 233 mg e 368 mg. A porcentagem de
fosfoetanolamina presente nas cápsulas era de apenas 32,2%. "A avaliação
química mostra que o produto não é puro, o que não é incomum em
medicações. Porém, apenas um terço do protudo é o que se esperaria da
droga ativa. Isso nos chama a atenção e nos preocupa."
A boa notícia é o fato de os testes terem mostrado que a substância
tem um bom limite de segurança, ou seja, mesmo doses altas não têm
potencial de fazer mal
Testes devem continuar
Apesar dos resultados iniciais não apontarem para a eficácia da
substância contra o câncer, Moura afirma que novos testes futuros podem
revelar que ela funciona para tipos específicos de tumor, em
circunstâncias determinadas. "Para cada tipo de câncer, é preciso fazer
uma pesquisa específica. Esses estudos começaram há poucos meses. Não
será em seis meses que se obterá uma resposta suficiente para jogar fora
ou descobrir uma pílula do câncer", diz.
A boa notícia dos resultados preliminares, segundo Moura, é o fato de
os testes terem mostrado que a substância tem um bom limite de
segurança, ou seja, mesmo doses altas não têm potencial de fazer mal aos
pacientes. Pesquisas paralelas
O MCTI coordena, ao lado do Ministério da Saúde, uma iniciativa federal para pesquisar a substância,
anunciada em outubro de 2015. Na ocasião, foi anunciado que o projeto
teria um financiamento de R$ 10 milhões por parte do MCTI.
Três laboratórios estão participando dessa etapa inicial do estudo: o
Centro de Inovação e Ensaios Pré-clínicos (CIEnP), em Santa Catarina, o
Laboratório de Avaliação e Spintese de Substâncias Bioativas da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (LASSBio-UFRJ) e o Núcleo de
Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos da Universidade Federal do
Ceará (NPDM/UFC)
Está em curso ainda uma outra iniciativa para pesquisar a substância, esta financiada pelo governo do estado de São Paulo e coordenada Instituto do Câncer de São Paulo (Icesp).
Moura considera importante que a droga esteja sendo pesquisada em mais
de uma iniciativa "Quanto mais gente estiver trabalhando nisso, mais
facilmente se poderá chegar a um resultado."
Sexo, envelhecimento,
fertilidade, músculos e tratamento hormonal do homem. Esses estão entre
os principais assuntos abordados pelo urologista paulista Aguinaldo
Nardi em entrevista ao site de VEJA. Nardi é autor do livro 'A
Fragilidade do Sexo Forte', que acaba de ser lançado
Por: Giulia Vidale
Para o urologista Aguinaldo Nardi, o grande erro do homem é considerar-se indestrutível e não aceitar sua própria fragilidade(VEJA.com/VEJA)
Para
o urologista paulista Aguinaldo Nardi, ex-presidente da Sociedade
Brasileira de Urologia e diretor da Clínica Integra e Fertility, em
Bauru (SP), ao contrário da mulher, os homens ainda não incorporaram a
prevenção e os cuidados com a saúde em seu dia a dia. "Eles se
consideram indestrutíveis e por isso não aceitam sua própria
fragilidade", disse em entrevista ao site de VEJA. Resultado: os homens
adoecem mais. Em seu livro recém-lançado "A Fragilidade do Sexo Forte", o
especialista propõe uma reflexão sobre as principais doenças urológicas
que podem afetar o homem ao longo da vida. Nardi também esclarece
alguns mitos relacionados à saúde masculina, como andoprausa, reposição
hormonal e disfunção erétil. Qual é o principal ponto fraco do homem no trato da saúde?
É imaginar ser o sexo forte. O homem é mais fraco e há provas
estatísticas. A cada cinco mortes no Brasil, três são de homens. Além
disso, os homens vivem 7,6 anos menos que as mulheres. Esses dados são
brasileiros, mas em relação ao mundo desenvolvido, a saúde masculina no
Brasil também deixa muito a desejar. O homem não aceita sua própria
fragilidade e, com isso, deixa de procurar ajuda. Eles vão menos aos
médicos também. Não se preocupam com prevenção. A mulher é fundamental no papel de levar o homem ao médico...
Sem dúvida. Uma pesquisa recente feita pela Sociedade Brasileira de
Urologia com o Datafolha mostrou que 80% dos homens que vão aos médicos,
o fazem porque foram influenciados pela família, em especial pela
esposa. Por consequência, criam-se inúmeros mitos em relação à saúde
masculina. A andropausa, de fato, existe? Sim. Mas não existe a
parada de produção do hormônio masculino, como muitos imaginam. O que
ocorre é um "distúrbio androgênico do envelhecimento masculino ou
hipogonadismo". Significa a diminuição das taxas do hormônio masculino, a
testosterona. Não há parada da produção, repito. A partir dos 40 anos
de idade, a redução é de em torno de 1% ao ano. Os sintomas relacionados
ao hipogonadismo são: perda da libido, impotência ou disfunção erétil,
irritabilidade, alterações cognitivas, diminuição da massa muscular e
óssea, aumento da gordura visceral. A reposição hormonal para o homem é benéfica, afinal?
Quando há o conjunto dos sintomas acima citados e a dosagem hormonal
mostrar que a queda é maior que o normal, pode haver essa possibilidade,
sim. Aliás, há aqui outro mito referente à saúde masculina: a reposição
de testosterona não causa câncer de próstata, como se imagina. O que
pode acontecer o tumor de próstata já existente crescer com a reposição.
Então podemos dizer que o tratamento de reposição hormonal no homem é
muito eficaz e com pouquíssimos efeitos colaterais. É importante lembrar
que, quando os sintomas citados aparecem e estão relacionados aos
hormônios, eles surgem de maneira gradual e contínua, nunca abrupta.
Quem passa por um stress intenso também pode apresentar estes sintomas
e, nesse caso, não é suficiente para fazer reposição hormonal. O
tratamento com testosterona só deve ser feito em homens cuja baixa
dosagem hormonal for comprovada por exames laboratoriais. O homem se torna infértil com o passar da idade?
Não. Estudos recentes mostram que após os 40 anos há um declínio gradual
dos índices de fertilidade masculina. Mas ele produz espermatozoides a
vida toda. Diferentemente do que ocorre com as mulheres. Elas param de
produzir óvulos. A disfunção erétil acomete todos os homens ao longo da vida?
Estima-se que 50% dos homens acima dos 40 anos sofre de disfunção
erétil, em graus diferentes. A situação se agrava com o passar do tempo.
Aos 40 anos, estima-se que 5% dos homens não consigam ter ereção. Já
aos 70 anos, essa porcentagem sobre para 15%. Os principais fatores de
risco para a impotência sexual são doenças cardiovasculares, tabagismo,
vida sedentária e obesidade. Muitas vezes a disfunção erétil é um
sintoma que antecede, por exemplo, uma doença coronariana. Isso porque a
artéria que irriga o pênis tem um terço do calibre da coronária (a
artéria do coração). Então, se a coronária está por entupir, a do pênis
pode entupir antes. Por isso, homens que têm disfunção erétil devem
procurar um médico porque isso pode ser indicativo de um problema ainda
mais grave. Em quais situações as pílulas para disfunção erétil podem prejudicar a saúde?
Os remédios para disfunção erétil podem ser fatais para homens com
problemas de angina e que utilizam nitritos ou nitratos. Para eles, o
medicamento pode levar a uma redução abrupta da frequência cardíaca.
Então, antes de qualquer tratamento medicamentoso, é fundamental haver
uma avaliação médica adequada. É possível ganhar massa muscular depois dos 50 anos?
Sim, desde que se faça exercícios. Os homens perdem massa muscular após
os 40 anos e isso está associado, sobretudo, aos níveis baixos de
testosterona. Nestes casos, além da massa muscular, também há perda da
massa óssea. Ainda assim, é bom lembrar que, independentemente das taxas
de testosterona, o músculo precisa ser estimulado a crescer, então
aqueles homens que levam uma vida sedentária, mesmo se tiverem a dosagem
normal do hormônio, podem ter diminuição da massa muscular. O homem, de fato, pode consumir mais calorias que a mulher?
Sim. Mas é claro que isso depende do metabolismo individual. Homens
obesos ou que têm o metabolismo baixo devem seguir uma dieta mais
rigorosa. Mas, em geral, o homem realmente precisa de mais calorias do
que a mulher porque seu metabolismo é mais rápido e ele gasta mais
energia.
O Brasil será, em poucas
décadas, um dos países com maior número de idosos do mundo, e precisa
correr para poder atendê-los no que eles têm de melhor e mais saudável: o
desejo de viver com independência e autonomia
Por: Fernanda Allegretti
(Luiz Maximiano/VEJA)
Ninguém
é tão velho para não acreditar que poderá viver por mais um ano." A
máxima, apresentada pelo político, jurista e pensador romano Marco Túlio
Cícero (106-43 a.C.) em Saber Envelhecer, tem, ela mesma, se
mostrado imune ao tempo. Pudera: homens e mulheres estão vivendo cada
vez mais. Em 2050, nada menos que 64 milhões de brasileiros - o
equivalente a 30% da população - estarão com 60 anos ou mais. Hoje, são
25 milhões, pouco mais de 12%. A expectativa de vida saltará de 75 para
81 anos, acima da média mundial, que, estima-se, estará em 76. Só no
Estado de São Paulo, o número de centenários será dez vezes maior. O
país ocupará, então, no ranking internacional, o nono lugar na proporção
de idosos na população, à frente, por exemplo, de Estados Unidos,
México e Rússia. Com famílias menores, casais optando por não ter filhos
e o chamariz da emigração, muitos dos jovens adultos de agora terão de
encarar a longevidade sozinhos. Diante desse cenário, e da vida "por
mais um ano" celebrizada pelo velho Cícero, o desafio que se apresenta a
todos - médicos, governantes e cidadãos comuns - é atender à principal e
mais saudável ambição dos idosos de hoje e de amanhã: manter uma vida
autônoma e independente.
O mantra da velhice no século XXI é "envelhecer no lugar", o que os americanos chamam de aging in place.
O conceito que guia novas políticas e negócios voltados para os
longevos tem como principal objetivo fazer com que as pessoas consigam
permanecer em casa o maior tempo possível, sem que, para isso, precisem
de um familiar por perto. Não se trata de apologia da solidão, mas de
encarar um dado da realidade contemporânea: as residências não abrigam
mais três gerações sob o mesmo teto e boa parte dos idosos de hoje
prefere, de fato, morar sozinha, mantendo-se dona do próprio nariz. Atul
Gawande, professor de medicina e saúde pública da Universidade Harvard,
enfatiza em seu livro Mortais (editora Objetiva): "A
modernização não rebaixou a posição dos mais velhos. Rebaixou a posição
da família. A veneração aos idosos desapareceu, mas não foi substituída
pela veneração aos jovens. Foi substituída pela veneração à
independência".
Perfeita tradução desses novos tempos, e já bastante difundidos em
países desenvolvidos, são os condomínios residenciais pensados
exclusivamente para a terceira idade. Embora existam por aqui muitos
residenciais que buscam atender às necessidades dos idosos, nenhum
condomínio brasileiro se encontra completamente adaptado a eles, nos
moldes vistos no exterior. O primeiro chegará ao país em 2018. Nele, o
morador terá à disposição serviços que o ajudam a manter sua autonomia
ao mesmo tempo que reduzem o risco de acidentes, especialmente as
quedas, que são uma das principais causas de morte nas faixas etárias
acima de 60 anos. No projeto da construtora Tecnisa, que será erguido na
Zona Oeste da capital paulista, todos os 384 apartamentos terão portas
mais largas que as usuais, botões de emergência e banheiros planejados
para oferecer maior conforto aos usuários. Haverá uma equipe de
profissionais residentes, serviço de limpeza, restaurante, lavanderia e
uma série de atividades para incentivar a socialização, como cinema,
terapia ocupacional e oficina de culinária. O aluguel mensal é muito
elevado: girará em torno de 15 000 reais.
Em todo o mundo, os maiores temores das pessoas diante do
envelhecimento têm relação direta com a perda de autonomia. Foi o que
revelou um recente levantamento da consultoria Nielsen realizado com
30 000 indivíduos em sessenta países, incluindo o Brasil. Não conseguir
cuidar das necessidades básicas, perder a agilidade física e mental, ser
um fardo para a família e não ter condições de viver com conforto foram
os medos mais citados pelos entrevistados. Se pensarmos que mais da
metade dos idosos vive sem um cônjuge e que os casais estão tendo menos
filhos, parece um contrassenso que os adultos de hoje poupem menos para a
aposentadoria do que no período da Grande Depressão. "Isso acontece
porque, em geral, ninguém quer imaginar como passará os últimos anos;
porém essa é, claro, uma reflexão fundamental", pondera o médico carioca
Alexandre Kalache. Ele é o maior pesquisador do país na área do
envelhecimento. Presidiu o Programa Global para o Envelhecimento da
Organização Mundial da Saúde (OMS) e lecionou nas universidades de
Oxford e Londres por duas décadas.
Com o avanço da ciência e a familiarização cada vez maior da
sociedade com o envelhecimento, a tendência é que essa fase da vida seja
encarada com mais naturalidade. Como é improvável que um dia a maioria
dos cidadãos possa arcar com os custos de uma residência de alto padrão,
a alternativa, insistem os especialistas, é oferecer treinamento a
trabalhadores comuns para que possam desempenhar, com propriedade, o
papel de cuidadores. A profissão de cuidador, aliás, ainda nem foi
regulamentada. Desde 2012, arrasta-se na Câmara um projeto de lei para
regular a atividade. Com o vácuo da normatização, é comum que empregados
domésticos acabem exercendo essa função, uma irregularidade que, muitas
vezes, vai parar na Justiça. "Por outro lado, proliferam cursos, em
todas as áreas, com a finalidade de transmitir a trabalhadores de
diferentes setores a consciência gerontológica, ou seja, uma melhor
compreensão do envelhecimento humano. Isso certamente nos ajudará lá na
frente", acredita o médico João Toniolo Neto, um dos fundadores do curso
de geriatria da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de
São Paulo, em 1985. O especialista administra, junto com a irmã, o local
que os pais criaram em 1974 para receber idosos de maneira digna e
atraente, longe dos antigos e depressivos asilos e casas de repouso.
Hoje, Dirceu, o pai, é um dos moradores do Residencial Toniolo.
"O idoso que preserva sua independência, vivendo na sua comunidade e
perto da família, se mantém mais saudável", sublinha a jornalista
Marleth Silva em seu livro Quem Vai Cuidar dos Nossos Pais?
(Viva Livros, um selo da editora Record). Criado em 2010, o programa
Porteiro Amigo do Idoso já capacitou mais de 1 700 porteiros no Rio de
Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo. A ideia partiu de
Alexandre Kalache. Quando voltou a sua cidade natal depois de uma
temporada no exterior, Kalache decidiu investigar em quem os idosos que
moravam sozinhos em Copacabana - o bairro brasileiro com o maior número
de pessoas nessa faixa etária - mais confiavam. Resultado: os porteiros.
Diz Kalache: "Enquanto a França levou mais de um século para ver sua
população acima dos 60 dobrar de 7% para 14%, o Brasil levará dezenove
anos. Os programas de treinamento serão importantíssimos porque não
teremos tempo hábil para formar profissionais exclusivamente voltados
para as questões senis".
A OMS estabelece como ideal a proporção de um geriatra para cada
1 000 idosos. Aqui, a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia
estima que haja um para cada 24 000. O número de médicos dessa
especialidade aumenta discretamente no país, mas em descompasso com o
crescimento da população idosa. A geriatria não é uma especialidade
qualquer. As consultas são longas, o que diminui a possibilidade de
fazer muitas delas por dia. Mais: é preciso ir devagar com o paciente,
que, por seu turno, raramente tem uma queixa principal. Tem várias. Diz o
médico Toniolo Neto: "Muitas vezes, o geriatra se sente sobrecarregado e
frustrado com a impossibilidade de remediar problemas que apareceram
anos atrás e dificilmente desaparecerão agora, sob seus cuidados".
A despeito de todo o progresso, os médicos se veem às voltas com um
efeito colateral do desenvolvimento de sua área de atuação. É a
hipercompartimentação, por assim dizer, do indivíduo. "O geriatra acabou
ocupando o lugar do clínico geral, que praticamente desapareceu",
atesta Wilson Jacob Filho, professor titular de geriatria da
Universidade de São Paulo (USP) e diretor de geriatria do Hospital das
Clínicas. Para tentar atenuar esse problema, desde o ano passado a
Faculdade de Medicina da USP inseriu em seu currículo a disciplina ciclo
de vida, que abrange desde a concepção até a morte, reunindo preceitos
que vão da pediatria à geriatria. Essa abordagem holística será cada vez
mais importante porque, daqui em diante, os indivíduos envelhecerão
acumulando doenças. "Mas isso não deve ser uma angústia", acredita Jacob
Filho. "Ninguém precisa ficar chateado quando descobre que está com
osteoporose, e sim se descobrir a osteoporose só no dia em que um osso
se quebrar."
O envelhecimento em grande escala é uma preocupação recente da
humanidade. No fim do século XVI, quando boa parte da população não
chegava a completar quatro décadas de vida, o filósofo francês Michel de
Montaigne (1533-1592) observou: "Morrer de velhice é uma morte rara,
singular e extraordinária. Muito menos natural do que outras mortes: é o
último e mais extremo dos tipos de morte". A longevidade era tão
inusitada que as pessoas queriam parecer mais velhas e mentiam a idade -
isso as fazia parecer extraordinárias. Os demógrafos inventaram, então,
complexos sistemas para corrigir esses desvios nos censos, e foram eles
que, no século XVIII, perceberam que a direção das mentiras estava
começando a se inverter: as pessoas queriam, agora, parecer mais jovens.
O espetacular avanço no tempo de vida dos cidadãos se deu
principalmente nos últimos 100 anos, com a evolução da medicina, a
urbanização, a melhor nutrição. De modo que envelhecer não é doença. É a
bênção dos que têm a sorte de viver uma vida longa. E, embora as
adaptações, no Brasil e no exterior, requeiram criatividade e rapidez,
trata-se de um bom problema. Talvez o melhor deles.
Uma pesquisa feita pelo
Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos revelou que a vacina
oferece proteção completa contra o vírus
De
acordo com o estudo,100% dos voluntários que receberam a vacina contra a
dengue ficaram completamente protegidos da infecção e não apresentaram
qualquer sintoma da doença(Thinkstock/VEJA)
Um
teste feito pelo Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH,
na sigla em inglês) revelou que a vacina contra a dengue desenvolvida em
parceria com o Instituto Butantã oferece proteção completa contra o
vírus. Os resultados do estudo foram publicados quarta-feira na revista Science Translational Medicine.
O estudo, feito por pesquisadores do NIH e da Universidade Johns
Hopkins, também nos Estados Unidos, baseia-se em um modelo conhecido
como "desafio em humanos", no qual os voluntários são imunizados e
depois recebem uma forma amenizada do vírus para avaliar a eficácia da
vacina.
Participaram do teste clínico 41 voluntários que nunca tiveram
dengue. Destes, 21 receberam a vacina e 20 o placebo. Seis meses depois,
todos eles foram infectados com uma variante atenuada do sorotipo 2 do
vírus - aquele cuja prevenção por vacinas é considerada a mais difícil
entre os quatro sorotipos.
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A autora principal do estudo, Anna Durbin, da Universidade Johns
Hopkins, afirma que o vírus amenizado, produzido pelos americanos, é
capaz de infectar uma alta porcentagem dos voluntários sem causar
sintomas mais graves da doença. Em geral, os pacientes apresentam apenas
manchas na pele, mas não chegam a ter febre.
Os resultados mostraram que os voluntários que receberam o placebo
tiveram sintomas moderados da doença. Entre os que receberam a vacina,
100% ficaram completamente protegidos da infecção e não apresentaram
qualquer sintoma.
Segundo o diretor do Butantã, Jorge Kalil, o teste é bem-vindo e
corrobora os resultados obtidos na fase 2 dos testes clínicos, feita
pelo instituto. "É um estudo interessante e importante porque
dificilmente as autoridades sanitárias brasileiras permitiriam que
fizéssemos um desafio do tipo, usando o vírus vivo", disse.
Agora os autores esperam desenvolver o modelo de desafio em humanos
para outros vírus, incluindo o zika. "Acreditamos que um teste-desafio
em humanos pode ser desenvolvido para zika. Ele seria uma ferramenta
para acelerar o desenvolvimento de uma vacina contra essa doença.",
afirmou Anna.
De acordo com Stephen Whitehead, do Instituto de Alergias e Doenças
Infecciosas do NIH e um dos autores do artigo, os dados obtidos no
estudo já haviam sido considerados pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) quando o órgão aprovou a realização da terceira fase
dos testes clínicos, que começou em fevereiro. Os testes incluem a
imunização de 17 mil voluntários humanos, que serão acompanhados ao
longo de alguns anos. Registros de dengue - Cerca de 58 mil casos de
dengue no Estado de São Paulo estão fora das estatísticas oficiais. Um
levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo encontrou a
divergência após comparar o número de casos autóctones da doença
registrados pelos municípios com os dados publicados no site do Centro
de Vigilância Epidemiológica (CVE), da Secretaria Estadual da Saúde.
A maior diferença foi encontrada na cidade de São Paulo, que
confirmou 100.431 casos em 2015, dos quais apenas 45.359 estão
registrados pela pasta estadual. Neste ano, a capital registrou 1.983
casos, mas o CVE aponta apenas 67.
De acordo com a Secretaria Estadial de Saúde e as prefeituras dos
munícipios, as falhas no sistema federal de notificação da doença e a
demora na atualização dos registros no sistema estadual seriam os
culpados.
Para Eduardo Massad, Epidemiologista da área de doenças
transmissíveis e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de
São Paulo (FMUSP), a diferença pode interferir no planejamento de ações e
políticas públicas. (Com Estadão Conteúdo)
Pesquisa sugere que doença não destrói memória, mas a torna inacessível. Estudo que dá esperança para pacientes foi publicado na revista 'Nature'.
Da France Presse
Imagem mostra uma célula de engrama, relacionada à memória, de modelo
de camundongo para a doença de Alzheimer: uso de luz foi capaz de fazer
animal recobrar memória (Foto: Riken/Divulgação)
Pessoas que sofrem do mal de Alzheimer podem não ter "perdido" a
memória e ter apenas dificuldade para recuperá-la. É o que sugerem
pesquisadores que nesta quarta-feira (16) revelaram a possibilidade de
um tratamento que pode algum dia curar os estragos da demência.
O prêmio Nobel Susumu Tonegawa afirmou que estudos realizados em ratos
mostram que estimulando áreas específicas do cérebro com luz azul, os
cientistas podem conseguir que os animais lembrem experiências às quais
não conseguiam ter acesso antes.
Os resultados fornecem algumas das primeiras evidências de que a doença
de Alzheimer não destrói memórias específicas, mas as torna
inacessíveis.
"Como seres humanos e camundongos tendem a ter princípios comuns em
termos de memória, nossos resultados sugerem que os pacientes com a
doença de Alzheimer, pelo menos em seus estágios iniciais, podem
preservar a memória em seus cérebros, o que indica que eles têm chances
de cura", afirmou Tonegawa à AFP. Experimento
A equipe de Tonegawa usou camundongos geneticamente modificados para
mostrar sintomas semelhantes aos dos seres humanos que sofrem de
Alzheimer, uma doença degenerativa do cérebro que afeta milhões de
adultos em todo o mundo.
Os animais foram colocados em caixas por cuja superfície inferior passa
um baixo nível de corrente elétrica, causando uma descarga
desagradável, mas não perigosa em seus membros.
Um rato que não tem Alzheimer que é devolvido para o mesmo recipiente
24 horas depois tem um comportamento medroso, antecipando, assim, a
sensação desagradável.
Camundongos com Alzheimer não reagem da mesma forma, indicando que não guardam nenhuma memória da experiência.
Mas quando os pesquisadores estimulam áreas específicas do cérebro dos
animais - as chamadas "células de engramas" relacionadas à memória -
usando uma luz azul, lembram da sensação desagradável.
O mesmo resultado foi observado inclusive quando se colocavam os
animais num recipiente diferente durante o estímulo, o que sugere que a
memória teria sido retida e se ativou. Conexões sinápticas
Ao analisar a estrutura física do cérebro dos camundongos, os
pesquisadores mostraram que os animais afetados com a doença de
Alzheimer tinham menos "espinhas dendríticas", através das quais as
conexões sinápticas são formadas.
Com a repetição dos estímulos de luz, os animais podem incrementar o
número de espinhas dendríticas atingindo o nível de ratos normais, então
voltando a mostrar um comportamento de medo no recipiente de origem.
"A memória de ratos foi recuperada através de um sinal natural", disse
Tonegawa, referindo-se ao recipiente que causava o comportamento de
medo.
"Isto significa que os sintomas da doença de Alzheimer em camundongos
foram curados, pelo menos em seus estágios iniciais", disse.
A pesquisa, patrocinada pelo Centro RIKEN-MIT para Genética de
Circuitos Neurais, é a primeira a mostrar que o problema não é a
memória, mas sua recuperação, disse o centro com sede no Japão. Boa notícia para pacientes de Alzheimer
"É uma boa notícia para os pacientes de Alzheimer", disse Tonegawa por
telefone à AFP desde seu escritório em Massachusetts. Tonegawa obteve em
1987 o prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina.
O estímulo ótico das células cerebrais - técnica chamada "optogenética"
- implica inserir um gene especial nos neurônios para fazê-las
sensíveis à luz azul, e depois estimulam partes específicas do cérebro.
A optogenética foi usada anteriormente em tratamentos psicoterapêuticos
para doenças mentais, como depressão mental e transtorno de estresse
pós-traumático (PTSD).
Tonegawa disse que a pesquisa em ratos dá esperança para o tratamento
futuro do mal de Alzheimer que afeta 70% das 4,7 milhões de pessoas no
mundo sofrem de demência, um número que deve aumentar à medida que nos
países desenvolvidos como o Japão as pessoas vivem cada vez mais tempo.
Mas adverte que muito trabalho ainda é necessário.
"Os níveis iniciais de Alzheimer poderiam ser curados, no futuro, se
conseguirmos uma tecnologia com ética e segurança para o tratamento de
condições humanas", acrescentou. A pesquisa foi publicada na revista
"Nature".
Oito mortes de crianças com microcefalia ou alterações do sistema
nervoso central causadas por infecção pelo vírus zika foram confirmadas
ontem pela Secretaria Estadual da Saúde (Sesa). Até o último boletim
epidemiológico, divulgado no dia 7 de março, um único óbito havia sido
verificado.
No total, foram 15 mortes causadas pela malformação. Além das oito em
decorrência do zika, de acordo com o informativo, outras sete crianças
vieram a óbito, vítimas da anomalia associada a outras infecções
congênitas, já que a microcefalia pode ser resultado da ação não somente
do vírus zika, mas de outros microrganismos, como causadores da
sífilis, toxoplasmose, herpes simplex ou citomegalovírus.
Há ainda 13 mortes sob investigação. No total, ocorreram 28 óbitos por
conta da condição, sendo quatro casos de natimortos, enquanto 24
evoluíram óbito após o nascimento.
De acordo com a Secretaria de Saúde, de outubro de 2015 até o dia 10 de
março deste ano, 48 casos de microcefalia ou alterações no sistema
nervoso central em decorrência de infecções congênitas, incluindo por
zikavírus, foram confirmadas, de um total de 395 notificações. Mais 264
ocorrências estão sob investigação, enquanto 83 foram descartadas. Os
números representam aumento em relação ao boletim de 7 de março, quando
363 casos haviam sido notificados, e destes, 41 confirmados.
Os casos suspeitos foram identificados em 81 municípios cearenses,
sendo que 23 tiveram ocorrências confirmadas. Os 15 óbitos estão
distribuídos por nove municípios, inclusive na cidade de Fortaleza.
Com relação ao número de mortes até o momento, o infectologista
Anastácio Queiroz coloca que o índice está dentro do esperado diante da
proporção do problema. "A microcefalia é uma condição que pode causar
pouco comprometimento na criança, assim como se apresentar de modos mais
graves. É esperado que algumas das crianças venham a óbito bem próximo
do nascimento, seja antes ou depois do parto, isso as que estão mais
graves", esclarece o especialista. Medida
Para acelerar os diagnósticos definitivos de 4.976 crianças com
suspeita da anomalia até o momento em todo o Brasil, o Ministério da
Saúde e o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
lançaram, nessa terça-feira (15), ação que repassará aos estados R$2,2
mil por cada criança submetida aos exames. O investimento total chega a
R$10,9 milhões.
A intenção é que os estados intensifiquem as buscas ativas dos casos de
microcefalia em investigação e aqueles já confirmados até agora, para
que sejam encaminhados, até o dia 31 de maio, aos serviços de
reabilitação adequados, além de prestar às crianças e às suas famílias
proteção social e instrução para solicitação do Benefício de Prestação
Continuada. O auxílio tem o valor de um salário mínimo, destinado a
pessoas com deficiência comprovada e renda per capita de R$220.
Melina Reis precisou
amputar a perna após um acidente de carro. Agora, graças a uma prótese
feita sob medida na posição de ponta, ela pôde voltar ao balé clássico
Para
desenvolver a prótese de Melina (a quarta, da esquerda para a direita),
que fica na posição de ponta - essencial para os passos de uma
bailarina de balé clássico -, foi preciso aplicar conceitos de
biomecânica e cálculos matemáticos.(Reprodução/TV Globo)
Uma
prótese específica para dançar balé clássico, feita sob medida,
devolveu à Melina Reis (a quarta, da esquerda para a direita) o sonho de
ser bailarina. Há 13 anos a jovem sofreu um acidente de carro e, devido
a complicações, precisou amputar a perna esquerda. Apesar das
circunstâncias, Melina não desistiu do sonho de ser bailarina e procurou
o especialista em próteses José André Carvalho em busca de uma solução.
As informações são do G1.
Carvalho, que é diretor do Instituto de Prótese e Órtese de Campinas,
aceitou o desafio. "Eu fiz uma varredura na literatura e não há nada
publicado em relação à confecção de pé para uso de sapatilha de ponta",
conta o especialista.
Para desenvolver a prótese, que fica na posição de ponta - essencial
para os passos de uma bailarina de balé clássico -, foi preciso aplicar
conceitos de biomecânica e cálculos matemáticos. O pé direito de Melina
foi utilizado como molde e a prótese foi feita a partir de uma mistura
de resina, fibra de carbono e gesso.
Após alguns testes e ajustes a prótese ficou pronta e se encaixou
perfeitamente dentro da sapatilha de balé clássico. De acordo com o
médico, o desafio agora é Melina conseguir se manter equilibrada sobre a
prótese usando apenas 1cm² como área de apoio.
Em menos de uma semana após o fim dos testes com o novo pé de
bailarina, Melina já está de volta às aulas. "Foi maravilhoso. Eu me
senti viva de novo. Parece que estou vivendo um sonho, nem parece que é
verdade. A maior dificuldade é o nervosismo, a emoção, que não dá para
controlar muito bem, além da questão do equilíbrio, claro", conta
Melina. (Da redação)
Dois estudos publicados recentemente relacionaram o vírus ao desenvolvimento de mielite e meningoencefalite
Os
estudos relatam casos de uma adolescente do Caribe que teria tido
mielite – inflamação na medula –e de um idoso diagnosticado com
meningoencefalite - inflamação das meninges e do cérebro – após serem
infectados pelo zika vírus.(Paulo Whitaker/Reuters)
O
zika vírus pode estar associado a outros dois distúrbios neurológicos
graves. De acordo com dois estudos publicados recentemente nas revistas
científicas Lancet e The New England Journal of Medicine,
a infecção estaria relacionada ao desenvolvimento de mielite, uma rara e
grave inflamação na medula e meningoencefalite, uma inflamação das
meninges e do cérebro.
O primeiro estudo, publicado no Lancet relatou o caso de uma
adolescente de 15 anos, moradora da ilha de Guadalupe, no Caribe. A
jovem foi hospitalizada em janeiro deste ano com paralisia do lado
esquerdo do corpo, fortes dores nos músculos e na cabeça e retenção
urinária. Os exames confirmaram mielite, uma rara e grave inflamação na
medula.
Após o diagnóstico, os médicos realizaram testes para identificar a
causa da inflamação. Os resultados deram negativo para possíveis causas,
como herpes, catapora, doença do legionário e pneumonia por micoplasma,
mas positivo (e com altas concentrações) para zika. De acordo com os
médicos, a paciente ainda está internada, mas se recupera bem.
"Este caso força a hipótese sobre a natureza neurotrópica do zika vírus", escreveram os autores.
Como este é o primeiro caso relatado da associação do distúrbio à
infecção, os pesquisadores afirmam que ainda são necessários mais
estudos sobre o assunto, mas ressaltam que esta pode, sim, ser mais uma
doença grave associada ao vírus. Meningoencefalite e zika - Já o estudo publicado no The New England Journal of Medicine
relata o caso de um homem de 81 anos que foi infectado com zika durante
um cruzeiro no Pacífico Sul e desenvolveu meningoencefalite, uma
inflamação das meninges e do cérebro.
O paciente chegou ao hospital com febre e logo em seguida entrou em
coma, quando foi transferido para uma unidade de tratamento intensivo
(UTI). Exames de imagem diagnosticaram a meningoencefalite e testes
sanguíneos identificaram a infecção por zika.
"Os médicos devem estar a par de que o vírus do zika pode estar associado com a meningoencefalite", advertem os autores.
De acordo com os autores, em apenas alguns dias o homem começou a
melhorar e 38 dias após chegar ao hospital ele já estava completamente
recuperado. (Da redação)
Para a agência, a recente
liberação da fosfoetanolamina na Câmara dos Deputados pode abrir um
precedente perigoso no país. Não há estudos sobre o composto
O
projeto de lei, que agora vai ao Senado, prevê que a fosfoetanolamina
possa ser usada por paciente com câncer desde que o laudo médico
comprove o diagnóstico e o paciente assuma a responsabilidade.
(Marcos Santos/USP/Divulgação)
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) declarou nesta
quinta-feira (10) que tentará barrar o aval à autorização da produção e
uso da fosfoetanolamina sintética, chamada de "pílula do câncer", sem o
amparo de pesquisas. O projeto de lei, que agora vai ao Senado, prevê
que a pílula possa ser usada por paciente com câncer desde que o laudo
médico comprove o diagnóstico e o paciente assuma a responsabilidade.
Para Jarbas Barbosa, presidente da Anvisa, caso o projeto de lei
aprovado terça-feira (08) pela Câmara dos Deputados vá adiante, serão
colocados em risco a população, o sistema de regulação sanitária e a
reputação da indústria farmacêutica no país.
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"É um precedente perigoso. A autorização do uso de remédios tem de ser
precedida por pesquisa para comprovar sua eficácia e segurança. Não
podemos encurtar caminho apenas recorrendo ao lobby no Congresso", disse
Barbosa.
Especialistas entrevistados pelo jornal O Globo demonstram a
mesma preocupação da agência e condenaram a aprovação do projeto
alegando que a eficácia, dosagem e efeitos colaterais da substância são
desconhecidos e ela poderia trazer riscos à saúde.
"Não sabemos se funciona, se é tóxico, se interfere no tratamento
convencional. A bula deste remédio seria um papel em branco" disse Auro
del Giglio, chefe da Oncologia Clínica do Instituto Brasileiro de
Controle do Câncer.
A fosfoetanolamina sintética não tem registro na Anvisa. Embora o
produto tenha sido preparado pela primeira vez há 20 anos em um
laboratório de química do Instituto de Química da USP de São Carlos, sua
eficácia e segurança nunca foram alvo de pesquisas científicas.
Para Volnei Garrafa, Coordenador do Programa de Pós-Graduação em
Bioética da UnB, o projeto de lei é "absolutamente irresponsável", uma
vez que ignora exames fundamentais para o desenvolvimento de uma
terapia, como a averiguação de tolerância do remédio em voluntários.
O presidente da Anvisa também chama atenção para o fato de os
pesquisadores responsáveis pelos desenvolvimento da substância - e que
celebraram a aprovação - nunca terem feito um pedido de análise do
produto. Segundo Barbosa, caso esse pedido tivesse sido feito, a análise
teria saído de forma rápida. "Ele preencheria precondições para estudo
prioritário: é produto inovador, desenvolvido no Brasil e destinado a
uma doença de grande impacto para saúde pública", observa.
Ainda segundo Barbosa, a preocupação em torno da aprovação pelo Senado é
compartilhada pelo Ministério da Saúde. Juntos, farão um trabalho de
convencimento de senadores, para tentar impedir a aprovação da proposta.
"Essa substância não pode nem mesmo ser de uso compassivo. Pacientes
terminais têm de ter seus direitos respeitados e, entre eles, está a
perspectiva do uso de um produto com o mínimo de qualidade, de
segurança", completa. Exportação - Além de colocar em risco a saúde do
paciente, a liberação do produto pelo Congresso poderia fazer com que o
país tivesse seu sistema de regulação sanitária questionado no cenário
internacional. "Se regras sanitárias podem ser colocadas de lado por
ações de lobby, como garantir a qualidade de produtos exportados?" (Da redação)
De acordo com a
Secretaria de Saúde de Pernambuco, entre os dias 3 de janeiro e 5 de
março deste ano foram notificados 9.160 casos suspeitos da doença
De
acordo com o último boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de
Saúde de Pernambuco, 84 das 184 cidades do Estado estão correndo risco
de surto de arboviroses por causa do alto índice de infestação por Aedes
aegypti(Paulo Whitaker/Reuters)
Pernambuco
confirmou a primeira morte causada por febre chikungunya no Estado. De
acordo com o boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde, a vítima é
uma mulher de 88 anos que estava internada em um hospital particular do
Recife e o óbito ocorreu em 21 de fevereiro.
Entre os dias 3 de janeiro e 5 de março deste ano, foram notificados
9.160 casos suspeitos de chikungunya em Pernambuco, dos quais 226 foram
confirmados. Em 2015, ocorreram 2.605 notificações e 450 confirmações.
Os dados foram registrados em 151 dos 184 municípios pernambucanos.
Outro dado impressionante do balanço: 84 das 184 cidades do Estado
estão correndo risco de surto de casos diversos de infecções virais
associados ao Aedes aegypti. Inclusive, 63 delas (80%) já ligaram o
alerta. Dengue e zika - Este ano, já foram notificados
31.481 casos de dengue em 179 cidades de Pernambuco, dos quais 4.210
foram confirmados. Isso corresponde a um aumento de 131,7%, em relação
ao mesmo período do ano passado. Entretanto, houve uma redução no número
de confirmações, que, no ano passado, chegou a 6.989.
Pernambuco também notificou 4.849 casos suspeitos de zika, mas até o
momento nenhum foi confirmado. No ano passado, desde o início das
notificações obrigatórias, o que aconteceu em dezembro, foram
notificados 1.386 casos da doença, sendo 46 confirmados em 20
municípios. Microcefalia - No mesmo período, o Estado notificou 1.722 casos de microcefalia. Destes, 241 foram confirmados e 267 descartados. (Da redação)
Sem qualquer comprovação
científica de sua eficácia, fosfoetanolamina sintética poderá ser
distribuída a pacientes que sofrem com tumores malignos
Por: Marcela Mattos, de Brasília
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) - 25/02/2016(Alex Ferreira / Câmara dos Deputados/Divulgação)
Ignorando
a série de testes científicos que antecedem a entrada de um medicamento
no mercado, o plenário da Câmara dos Deputados aprovou nesta
terça-feira o projeto de lei que autoriza o uso da chamada pílula do
câncer para pacientes diagnosticados com tumores malignos - sem qualquer
comprovação científica de que a substância realmente funcione. A
matéria foi aprovada em votação simbólica e agora segue para análise do
Senado.
A fosfoetanolamina sintética foi desenvolvida pelo Instituto de
Química da USP de São Carlos e, após uma decisão da Justiça, passou a
ser distribuída a pacientes com câncer, mesmo sem a comprovação dos
benefícios da substância no tratamento de tumores. Para ser aprovada
pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), seria necessário
que a substância passasse por, pelo menos, três fases de estudos
clínicos que visam avaliar a eficácia e segurança do composto. Para se
ter uma ideia, a pesquisa sobre os efeitos da fosfoetanolamina sintética
em humanos só terá início em abril no Estado de São Paulo. A Comissão
Nacional de Ética em Pesquisa do Conselho Nacional de Saúde (Conep)
liberou na última sexta-feira os testes pela Secretaria de Saúde do
Estado.
A grande procura - que levou à distribuição de senhas e o temor de
que aumente ainda mais o número de interessados - fez com que a USP
divulgasse um comunicado em que alega que não é indústria química ou
farmacêutica e não tem condições de atender demanda em larga escala.
O projeto aprovado nesta noite permite a "produção, manufatura,
importação, distribuição, prescrição, dispensação, posse ou uso da
fosfoetanolamina sintética" independentemente de registro sanitário, em
caráter excepcional, enquanto estiverem em cursos os estudos clínicos da
substância. É exigido, no entanto, que os agentes estejam regularmente
autorizados e licenciados pela autoridade sanitária competente.
O uso da pílula do câncer, conforme o texto, fica condicionado a
apresentação de laudo médico que comprove o diagnóstico da doença e
assinatura de termo de consentimento e responsabilidade pelo paciente ou
seu representante legal.
Embora tenha recebido o apoio da maioria do plenário, o projeto
encontrou ressalvas entre os deputados. Para o deputado Mandetta
(DEM-MS), que é médico, a aprovação da matéria é uma irresponsabilidade.
"Esta não é a maneira correta de fazer pesquisa nem liberação de
registro de substância para uma doença tão grave. Politizar a cura do
câncer me parece extremamente maldoso", afirmou.
O deputado Domingos Sávio (PSDB-MG), por outro lado, defendeu a
proposta, atribuindo o tempo que a série de estudos necessários levaria
para analisar os efeitos da substância à mera 'burocracia'. "Falta
autorização porque o conhecimento científico já existe, embora a
burocracia ainda não tenha sido superada. Nós estamos aqui dando um
comando legal dizendo que é permitido e o paciente terá de declarar que
ele tem ciência de que todas as etapas da burocracia não foram
superadas."
Uma nova norma em vista pela agência pode isentar alguns remédios tarja vermelha de receita médica
Caso
a nova regra seja aprovada, ela também poderá acelerar a entrada de
novos medicamentos sem prescrição no mercado, já que a legislação prevê a
aprovação do princípio ativo e os fabricantes de novos remédios não
precisariam entrar com um novo pedido(Thinkstock/VEJA)
A
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pode aprovar uma
regra que facilita a transformação de medicamentos tarja vermelha - que
exigem receita - em medicamentos isentos de prescrição (MIP).
Segundo Jonas Marques, presidente da Associação Brasileira da
Indústria de Medicamentos Isentos de Prescrição (Abimip), a agência se
comprometeu a resolver essa questão até o fim de março. "Estive com os
diretores da Anvisa há algumas semanas e eles reconhecem que o Brasil
precisa se modernizar em relação a regulamentação de medicamentos
isentos de prescrição", contou o dirigente ao jornal Diário Comércio Indústria & Serviços (DCI).
A Abimip espera que a Anvisa se baseie nos modelos vigentes em outros
países, como nos Estados Unidos. No mercado americano, um remédio que é
comercializado por cinco anos e não tem nenhum evento adverso grave,
passa automaticamente a ser isento de prescrição.
De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, a busca por
medicamentos sem receita só tem aumentado no país e esse mercado
corresponde a um terço do total de vendas de medicamentos. Caso a regra
seja aprovada, essa tendência deve aumentar ainda mais. A medida também
poderá acelerar a entrada de novas medicações sem prescrição no mercado,
já que a legislação prevê a aprovação do princípio ativo e os
fabricantes de novos remédios não precisariam entrar com um novo pedido.
Atualmente, os medicamentos com tarja vermelha se dividem em duas
categorias: com retenção da receita (remédios controlados, que podem
causar dependência e trazer muitos efeitos colaterais e contra
indicações) e sem retenção (remédios com diversas contra indicações e
que podem acarretar alguns efeitos nocivos). Já os medicamentos isentos
de prescrição são aqueles com pouquíssimos efeitos colaterais ou
contraindicações, geralmente utilizados em problemas de pouca
complexidade, como azia, resfriados, entre outros. Apesar de não
necessitar de receita, a recomendação é que estes remédios sejam
utilizados de acordo com a orientação de um farmacêutico. (Da redação)
Mosquito
Aedes aegypti é retratado em uma folha em San Jose, na Costa Rica. O
país intensificou as medidas preventivas contra o vírus Zika após
registrar seu primeiro caso de infecção - 01/02/2016(Juan Carlos Ulate/Reuters)
O
primeiro caso autóctone (quando a doença é contraída na própria cidade e
não vem de pessoas que viajaram para regiões afetadas) do vírus Zika
foi identificado na cidade de São Paulo. A informação foi confirmada na
noite desta sexta-feira pela Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo.
O vírus foi detectado em uma mulher, 28 anos, com 30 semanas
de gestação. Ela é moradora do bairro Freguesia do Ó, na zona norte da
capital. O caso foi notificado no dia 3 de fevereiro. Segundo a
secretaria, o exame ultrassom morfológico apresentou normalidade no
feto. Mesmo assim, a paciente foi encaminhada para fazer o pré-natal no
Hospital Escola e Maternidade Vila Nova Cachoeirinha, por ser referência
para gestação de alto risco.
A paciente, que não teve seu nome revelado, apresentou os primeiros
sintomas no dia 30 de janeiro e disse não ter viajado para fora do
estado. No dia 3 de fevereiro, foram coletados urina e sangue da
paciente e, no dia 25 de fevereiro, o resultado foi confirmado como
positivo para o vírus. No dia seguinte, foi feita uma nova coleta de
sangue e novamente o resultado foi positivo. O local onde vive a
gestante e todo o entorno foi visitado para exterminar criadouros do
mosquito Aedes aegypti, transmissor do vírus, informou a secretaria. (Da redação)
O Ceará tem aproximadamente 190 mil doadores cadastrados no banco de dados do Hemoce
O trabalho de localização dos doadores ainda é um desafio, no
que pese as campanhas realizadas por órgãos como o Hemoce
( Foto: Kid Júnior )
O Ceará alcançou a marca de 276 transplantes de medula óssea realizados
entre 2008, ano em que foi feito o primeiro procedimento, e ontem. De
acordo com dados do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Estado
(Hemoce), já foram realizados 11 transplantes em 2016, sendo cinco do
tipo autólogo - quando a medula transplantada é do próprio paciente - e
seis alogênicos - quando o tecido provém de outro doador. O 12º
procedimento está marcado para acontecer na próxima semana.
Os dados revelam um crescimento constante no número de transplantes
dessa espécie ao longo dos anos. No ano passado, foram 80 realizados,
enquanto que, nos anos de 2014 e 2013, o Estado do Ceará realizou 62 e
56 procedimentos, respectivamente. Os transplantes são feitos pelo
Hemoce, em parceria com o Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC).
O Hemoce superou, ainda, a meta de cadastro de doadores de medula óssea
em 2015. Foram mais de 20 mil pessoas cadastradas no Registro Nacional
de Doadores de Medula Óssea (Redome), um sistema criado pelo Instituto
Nacional do Câncer (Inca), para registrar a informação de possíveis
doadores. A cota estabelecida pelo Ministério da Saúde é de 15 mil
voluntários por ano. Atualmente, o Ceará tem aproximadamente 190 mil
doadores cadastrados no banco de dados do Hemoce e a taxa de sobrevida
dos pacientes transplantados ultrapassa os 95%. Desafios
Apesar do saldo positivo, a ampliação do número de leitos para a
realização dos procedimentos e o trabalho de localização dos doadores
ainda são um desafio, segundo informou o chefe de Hematologia e do
Transplante de Medula do HUWC e coordenador do Banco de Medula Óssea do
Hemoce, Fernando Barroso. A chance de encontrar um doador compatível é
uma em 100 mil. "A busca desse doador é muito importante, pois, em 70%
dos casos, a pessoa não encontra um doador na família", aponta.
Segundo o hematologista, estes estão entre os pontos de discussão do XX
Congresso Brasileiro de Transplante de Medula Óssea, que acontece de 24
a 27 de agosto deste ano, no Hotel Gran Marquise. O encontro, realizado
pela Sociedade Brasileira de Transplante de Medula Óssea (SBTMO),
reunirá cerca de 700 participantes entre onco-hematologistas, residentes
e estudantes de todo o País, contando com a participação da Sociedade
Internacional de Terapia Celular (siga em inglês ISCT).
Fernando Barroso ressalta, ainda, que outro ponto de discussão, e que
será abordado no Congresso, se refere à qualidade de vida atual de
ex-pacientes, procurando saber como vivem, hoje, e a inserção no mercado
de trabalho, por exemplo. "É um evento único e com uma possibilidade
muito abrangente. Como o Ceará tem um centro de referencia nacional e
internacional em medula hoje, a gente acredita que é um momento muito
importante e vai trazer uma grande discussão para a comunidade médica e
para outras áreas", diz. Fique por dentro Cadastro para doação inclui exame de sangue
Para ser um doador de medula óssea é preciso ter entre 18 e 55 anos de
idade, estar bem de saúde, não ter tido câncer e apresentar documento de
identidade e comprovante de endereço. O cadastro será concluído com a
assinatura de um Termo de Consentimento e a coleta de uma amostra de
sangue (10 ml). Esta amostra será enviada para um laboratório
especializado onde serão feitos os exames necessários.
Os resultados são enviados para o Redome, e se constatada a
compatibilidade entre doador e receptor, o Hemoce e o Redome entram em
contato com o voluntário para que sejam feitos os próximos exames e a
doação de medula óssea possa acontecer, de fato. Mais Informações:
As inscrições para o Congresso
Já estão abertas e podem ser realizadas por meio do site www.sbtmo2016.com.br
Um estudo mostrou que tomar duas aspirinas por semana pode reduzir em 15% o risco de câncer de estômago e em 19% o de intestino
Os
resultados mostraram que as pessoas que tomavam aspirina duas vezes ou
mais por semana, por, no mínimo, seis anos, tinham um risco 3% menor de
desenvolver qualquer tipo de câncer(Divulgação/VEJA)
Tomar
aspirina regularmente ajuda a reduzir o risco de câncer. De acordo com
um estudo publicado recentemente no periódico cientifico JAMA Oncology,
a ingestão regular de pequenas doses do medicamento pode diminuir a
probabilidade de desenvolvimento de tumores em geral, sobretudo os
cânceres de estômago e de intestino.
Para chegar a tais resultados, pesquisadores americanos
acompanharam dados de saúde de 136.000 pacientes, ao longo de 36 anos.
Os resultados mostraram que os voluntários que tomavam aspirina
regularmente - duas vezes por semana ou mais - por, no mínimo, seis
anos, tinham um risco 3% menor de desenvolver qualquer tipo de câncer.
No que diz respeito a tumores de estômago e intestino, essa redução foi
ainda maior: 15% e 19% respectivamente.
"Ainda não estamos no ponto em que podemos recomendar a aspirina para
a prevenção do câncer. Mas as pessoas devem, sim, discutir o assunto
com seus médicos, particularmente aquelas com fatores de risco, como
histórico familiar para o câncer gastrointestinal", disse Andrew Chan,
um dos autores do estudo.
Embora ainda não se saiba como a aspirina protege contra tumores,
acredita-se que o efeito benéfico seja decorrente de sua ação na
espessura do sangue. Muitas vezes o corpo tem dificuldade para eliminar
células cancerosas porque as plaquetas do sangue podem se prender a elas
e as esconder do sistema imunológico. Dessa forma, os autores suspeitam
que o medicamento aja na luta contra a produção precoce de tumores.
Apesar dos resultados animadores, é preciso lembrar que muitas vezes o
uso da aspirina pode trazer efeitos colaterais como sangramentos e
úlceras estomacais. (Da redação)
Um novo estudo mostrou
que aumentar a ingestão diária do líquido pode trazer inúmeros
benefícios dietéticos, inclusive a perda de peso
De
acordo com o estudo, o aumento de um a três copos no consumo diário de
água já ajuda a reduzir entre 68 a 205 calorias por dia. Os níveis de
gordura saturada, sal, açúcar e colesterol consumidos também caíram(Thinkstock/VEJA)
Aumentar a quantidade de água ingerida diariamente pode trazer inúmeros
benefícios dietéticos, inclusive perda de peso. De acordo com um estudo
publicado recentemente no periódico científico Journal of Human
Nutrition and Dietetics, o aumento de apenas 1% no consumo de água por
dia já é suficiente para diminuir o consumo de calorias.
Pesquisadores da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos,
analisaram dados de 18.000 pessoas, coletados entre 2005 e 2012, e que
continham informações sobre os hábitos dietéticos. Os resultados
mostraram que um aumento de um a três copos no consumo diário de água já
ajuda a reduzir entre 68 a 205 calorias por dia. Os níveis de gordura
saturada, sal, açúcar e colesterol consumidos também caíram.
"O impacto do consumo de água pura na mudança na dieta foi similar em
diferentes etnias, níveis educacionais, renda familiar e peso corporal",
escreveram os autores.Os pesquisadores esperam que o estudo ajude a
convencer pessoas a trocarem bebidas açucaradas, como refrigerantes, por
água. (Da redação)