Hoje tem o lançamento na cidade de Fortaleza, às 9horas, no Centro de Saúde Meirelles
( FOTO: JL ROSA )
Cerca de 2 milhões de pessoas devem ser imunizadas no Ceará contra a
gripe. A Campanha Nacional de Vacinação contra os Vírus da Influenza
(gripe H1N1) acontece neste sábado, com o dia D de Mobilização Nacional.
No Estado, serão disponibilizadas 2,2 milhões de doses da vacina. Hoje
tem o lançamento na Capital, às 9h, no Centro de Saúde Meirelles.
Em todo o País, 49,8 milhões de pessoas devem ser vacinadas até 20 de
maio pela ação conjunta do Ministério da Saúde, estados e municípios.
Serão distribuídas, ao todo, 54 milhões de doses da vacina. A meta do
Ministério da Saúde é vacinar, pelo menos, 80% da população prioritária,
considerada de risco para complicações por gripe.
O público-alvo é formado por crianças de seis meses a menores de cinco
anos; pessoas com 60 anos ou mais; trabalhadores da saúde; povos
indígenas; gestantes; puérperas (mulheres até 45 dias após o parto);
população privada de liberdade, incluindo adolescentes e jovens sob
medidas socioeducativas; e os funcionários do sistema prisional.
Serão vacinadas pessoas com doenças crônicas não-transmissíveis ou com
outras condições clínicas especiais. A definição dos grupos prioritários
segue a recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS), além de ser
respaldada por estudos epidemiológicos e pela observação do
comportamento das infecções respiratórias, cujo principal agente são os
vírus da gripe. São priorizados os grupos mais suscetíveis ao
agravamento de doenças respiratórias. Período
A campanha ocorre entre 30 de abril e 20 de maio e visa reduzir as
internações, complicações e mortes em decorrência das infecções pelo
vírus da influenza. Desde 1º de abril deste ano, o Ministério da Saúde
está enviando aos estados doses da vacina contra a influenza de 2016
Campanha vai até o dia 20 de maio e não deve ser prorrogada, diz ministro. Vacina trivalente protege contra H1N1, H3N2 e uma cepa da Influenza B.
Gabriel LuizDo G1 DF
O
ministro Marcelo Castro e a atriz Arlete Salles em divulgação nesta
quarta-feira (27), em Brasília, de campanha de vacinação contra gripe
(Foto: Gabriel Luiz/G1)
A campanha nacional de vacinação contra influenza começa neste sábado
(30), com objetivo de imunizar 49,8 milhões de pessoas até dia 20 de
maio, informou o Ministério da Saúde nesta quarta-feira (24). A previsão
é de que a campanha – que foi antecipada em alguns estados e no DF – não seja prorrogada.
A ação é destinada a alguns grupos prioritários: crianças de 6 meses a 5
anos, gestantes, mulheres que deram à luz há menos de 45 dias, idosos,
profissionais da saúde, povos indígenas e pessoas portadoras de doenças
crônicas e outras doenças que comprometam a imunidade. A vacina aplicada
é a trivalente, que protege contra H1N1, H3N2 (ambos vírus da Influenza A) e uma cepa da Influenza B.
Em todo o país, serão 65 mil postos de vacinação, com envolvimento de
240 mil profissionais de Saúde. Até esta quarta, o ministério estimou
ter enviado às unidades da federação 57% das 54 milhões de doses que
serão distribuídas pelo país até dia 6 de maio.
Desde o início do ano, foram registrados 1.635 casos de influenza e 230
mortes por complicações causadas pela doença até 16 de abril. Do total
de casos registrados, 83% (1.365) são pela influenza A.
A atriz Arlete Salles, que estrelou a campanha publicitária anunciando o
período de vacinação, também participou do anúncio do ministério.
Esta é a primeira vez que o Ministério da Saúde divulga dados sobre a febre causada pelo vírus
O Ministério da Saúde divulgou ontem o primeiro boletim epidemiológico
com dados registrados do vírus zika no Brasil. O órgão ainda não tinha
nenhum levantamento sobre a doença causada pelo vírus, pois os casos
ainda estão sendo investigados. Os dados apontam 91.387 ocorrências
prováveis da enfermidade em todos os estados, de janeiro até 2 de abril.
O Ceará aparece com 156 registros de suspeitas de febre por zika. A
taxa de incidência, que considera a proporção de casos, é de 44,7
ocorrências para cada 100 mil habitantes. A transmissão, que se origina
em todas as regiões do País, foi confirmada a partir de abril de 2015,
com a confirmação laboratorial no município de Camaçari (BA).
O Ministério da Saúde tornou compulsória a notificação dos casos de
zika em fevereiro deste ano. Desde então, estados e municípios vinham
preparando seus sistemas de registros para encaminhar estas notificações
ao Ministério. A Região Sudeste teve 35.505 casos prováveis da doença,
seguida das regiões Nordeste (30.286); Centro-Oeste (17.504); Norte
(6.295) e Sul (1.797). Considerando a proporção de registros por
habitantes, a Região Centro-Oeste fica à frente, com incidência de 113,4
casos/100 mil habitantes, seguida do Nordeste (53,5); Sudeste (41,4);
Norte (36,0); Sul (6,1).
A Pasta informou que a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa-CE), assim
como os municípios, ainda estão se adaptando a esse tipo de
identificação para notificar o vírus zika. O diagnóstico dos casos no
Brasil tem sido feito com uma técnica chamada de PCR, que pesquisa
diretamente no sangue do paciente a presença de material genético do
vírus. Baixo número
O infectologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade
Federal do Ceará (UFC), Anastácio Queiroz, afirma que os dados devem ser
utilizados para interpretar que o vírus está presente no Estado.
Segundo o especialista, sobre o baixo número apresentando no boletim de
notificações do Ceará, o fato se deve à dificuldade do diagnóstico. "Os
sintomas das doenças causadas pelo mosquito são bem parecidos, causando
viroses mais leves e outras pesadas. As erupções na pele ainda são fator
essencial no diagnóstico dos casos suspeitos", conclui o profissional.
Ainda conforme o infectologista, o exame PCR é eficaz, mas é caro e
requer tempo. "Os laboratórios do Estado são capazes de realizar esse de
exame, mas realizamos por prioridades. Não se tem condições de realizar
em todos os casos suspeitos para o vírus da zika".
O novo boletim epidemiológico também registra 802.429 casos prováveis
de dengue em todo o País. O Ceará se destaca com uma pequena queda na
Região Nordeste com 10.888 casos suspeitos até 2 de abril deste ano. Em
2015, em igual período, o Estado tinha 11.584 casos prováveis.
O diretor de Vigilância das Doenças Transmissíveis do Ministério da
Saúde, Cláudio Maierovitch, avalia que "a partir do fim de fevereiro, já
se começou a observar uma redução dos casos. A expectativa é que o
número continue caindo, expressando o resultado das nossas ações, que
foram intensificadas desde início do ano", afirmou.
Ele considera que a tendência é de desaceleração do número de casos nas
próximas semanas, visto que o período de maior infestação do mosquito
Aedes aegypti é na época de chuvas, entre os meses de dezembro e abril. Mobilizações
O Ministério da Saúde tem reunido esforços no combate ao Aedes aegypti,
convocando o poder público e a população. O governo federal mobilizou
todos os órgãos federais para atuar conjuntamente neste enfrentamento,
além da participação dos governos estaduais e municipais. Neste ano,
diversas ações foram organizadas em parceria com outros órgãos e
entidades, como a mobilização que contou com 220 mil militares das
Forças Armadas; a mobilização nas escolas, que marcou o início do ano
letivo com instruções aos alunos de como prevenir as doenças
transmitidas pelo Aedes; além da faxina promovida pelo Governo com
servidores públicos, cujo objetivo foi inspecionar e eliminar possíveis
focos do mosquito nos prédios públicos.
Além disso, estão em funcionamento 1.094 salas municipais e 27 salas
estaduais de controle, que são coordenadas pela Sala Nacional de
Coordenação e Controle (SNCC), instituída em dezembro do ano passado
pelo governo federal para organizar e coordenar as estratégias de
combate ao Aedes aegypti.
As visitas aos imóveis contam com a participação permanente de 266,2
mil agentes comunitários de saúde e 49,2 mil agentes de controle de
endemias, com apoio de aproximadamente 5 mil militares das Forças
Armadas e membros da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros.
Deste total, 194 tiveram teste positivo para o vírus da zika. Desde 22 de outubro, o Brasil já teve 7.228 notificações de microcefalia.
Do G1, em São Paulo
Exame de imagem revela danos cerebrais de bebês com microcefalia (Foto:
BMJ 2015/ http://www.bmj.com/cgi/doi/10.1136/bmj.i1901 )
O número de casos confirmados de microcefalia no Brasil chegou a 1.198.
Ao todo, foram 7.228 notificações desde o início das investigações, em
22 de outubro, até 23 de abril. Segundo a pasta, 2.320 casos foram
descartados e outros 3.710 casos ainda estão sendo investigados.
Os dados são do boletim divulgado pelo Ministério da Saúde nesta
terça-feira (26). Dos casos confirmados de microcefalia, 194 tiveram
teste positivo para o vírus da zika. Estados
O estado com maior número de casos confirmados ainda é Pernambuco, com
334 casos, seguido da Bahia, com 221, Paraíba, com 112, e do Maranhão,
com 99.
Desde 22 de outubro, houve 251 notificações de mortes por microcefalia
ou outras alterações no sistema nervoso central durante a gestação ou
após o parto. Deste total, 54 óbitos foram confirmados para microcefalia
e alterações do sistema nervoso central, 30 foram descartados e 167
continuam sob investigação. Zika: mais de 91 mil casos em 2016
O vírus da zika já circula em todas as unidades da federação, segundo o
Ministério da Saúde. Nesta terça-feira, a pasta divulgou, pela primeira
vez, o número de casos prováveis de zika no país. Foram 91.387 notificações da doença neste ano, até 2 de abril, o que corresponde a uma taxa de incidência de 44,7 casos por 100 mil habitantes. Do total, 31.616 foram confirmados.
Até o momento, o Ministério da Saúde só divulgava em seus boletins
quantos estados tinham tido notificações de zika e o número de casos de
microcefalia provavelmente relacionados ao vírus, mas não o número de
casos da doença no país, por isso esse dado é inédito.
Do total de notificações, 7.584 foram em gestantes, dos quais 2.844
foram confirmados por critérios clínico-epidemiológicos ou
laboratoriais.
A região centro-oeste teve a maior taxa de incidência: 113,4 casos por 100 mil habitantes.
O estado com maior número de casos prováveis de zika é o Rio de
Janeiro, com 25.930 notificações, seguido por Bahia (25.061), Mato
Grosso (16.055) e Minas Gerais (6.693). São Paulo teve 1.500
notificações.
Houve três mortes por zika confirmadas laboratorialmente: uma em São Luís (MA), uma em Benevides (PA) e uma em Serrinha (RN).
Foram 77 novas mortes pelo vírus em apenas uma semana. Só o estado de São Paulo teve 119 mortes até 16 de abril.
Do G1, em São Paulo
Enfermeira prepara injeção com vacina para o vírus H1N1 (Foto: Carla Carniel/Código 19/Estadão Conteúdo)
O Brasil já registrou 230 mortes por H1N1
este ano até o dia 16 de abril, segundo boletim divulgado pelo
Ministério da Saúde nesta segunda-feira (25). Em apenas uma semana,
entre 9 e 16 de abril, foram registradas 77 novas mortes.
Ao todo, foram 1.365 casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG)
por influenza A/H1N1 até 16 de abril. A SRAG é uma complicação da gripe.
Em uma semana, foram registrados 353 novos casos de SRAG por H1N1 no
país.
Além das mortes pela influenza A/H1N1, houve ainda 20 mortes por outros
tipos de influenza. O estado de São Paulo teve o maior número de óbitos
por H1N1: 119, correspondendo a 51,7% das mortes do país.
Também foram registradas mortes por H1N1 em Santa Catarina (20), Rio de
Janeiro (17), Rio Grande do Sul (13), Goiás (11), Minas Gerais (10),
Bahia (8), Pará (6), Paraná (4), Distrito Federal (3), Mato Grosso do
Sul (3), Mato Grosso (3), Rio Grande do Norte (3), Ceará (3), Alagoas
(2), Pernambuco (1), Paraíba (1), Amapá (1) e Espírito Santo (1).
A campanha nacional de vacinação contra gripe começa no dia 30 de abril, mas vários estados já anteciparam a aplicação das doses.
A vacinação contra influenza no SUS é destinada a alguns grupos
prioritários: crianças de 6 meses a 5 anos, gestantes, mulheres que
deram à luz há menos de 45 dias, idosos, profissionais da saúde, povos
indígenas e pessoas portadoras de doenças crônicas e outras doenças que
comprometam a imunidade.
A vacina aplicada é a trivalente, que protege contra H1N1, H3N2 (ambos
vírus da Influenza A) e uma cepa da Influenza B. Em clínicas
particulares, a vacina já está disponível.
Pesquisa da USP em macacos do Ceará aponta para um dos motivos da rápida disseminação do zika pelas Américas
Argentina,
Chile, Estados Unidos, França, Itália, Nova Zelândia, Peru e Portugal
têm evidência desse tipo de transmissão porque registraram casos
autóctones da doença sem ter, em seu território, a presença do mosquito
transmissor(Paulo Whitaker/Reuters)
A
transmissão sexual do zika já foi notificada em oito países. Segundo um
boletim da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgado na
quinta-feira (21), Argentina, Chile, Estados Unidos, França, Itália,
Nova Zelândia, Peru e Portugal têm evidência desse tipo de transmissão
porque registraram casos autóctones da doença sem ter, em seu
território, a presença do mosquito transmissor.
Ainda segundo a OMS, seis países tiveram aumento de casos de
microcefalia associados à doença: Brasil, Colômbia, Cabo Verde,
Polinésia Francesa, Martinica e Panamá. Desde 2007, quando o primeiro
surto do vírus foi documentado, 66 países tiveram registro de zika.
Destes, 42 nações notificaram casos de transmissão do zika a partir de
2015, quando a doença foi identificada pela primeira vez nas Américas. Zika em macacos no Ceará - Pesquisadores da
Universidade de São Paulo (USP) encontraram, pela primeira vez fora do
continente africano, macacos infectados pelo vírus zika no Ceará. A
descoberta, publicada recentemente no periódico científico bioRxiv, indica que a doença se espalha com mais facilidade e pode ser mais difícil de ser contida do que se imaginava.
"Esse é um achado que nos deixou muito preocupados porque mostra que o
zika veio para ficar. Assim como no caso da febre amarela, o vírus tem
um ciclo não só em humanos, mas também em animais silvestres, que podem
tornar-se um reservatório. É por isso que, no caso da febre amarela,
mesmo com a vacina, a gente nunca conseguiu erradicar o vírus, porque
ele fica circulando entre os primatas. Isso não acontece com a dengue,
por exemplo", explica Edison Luiz Durigon, professor titular do
departamento de microbiologia do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB)
da USP e um dos coordenadores do estudo.
Os macacos infectados pelo vírus foram encontrados em diferentes
regiões do Ceará entre os meses de julho e novembro do ano passado. Na
ocasião, cientistas do ICB-USP e do Instituto Pasteur estavam no local
capturando saguis e macacos-prego para um estudo sobre a raiva.
"Resolvemos testá-los também para o zika e, para nossa surpresa, 29%
das amostras deram positivas, todas elas de macacos capturados em áreas
onde há notificação de zika e ocorrência de microcefalia", diz o
pesquisador, um dos integrantes da Rede Zika, força-tarefa de cientistas
paulistas criada no ano passado, com auxílio financeiro da Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), para estudar o vírus.
Na pesquisa, 24 primatas (15 saguis e 9 macacos-prego), provenientes
tanto na região costeira do Ceará quanto das áreas de caatinga e de
floresta, foram testados para zika com a técnica PCR em tempo real.
Destes, sete estavam com infectados: quatro saguis e três macacos-prego.
Todos os animais capturados tinham com domésticos ou viviam próximos
aos humanos Após passarem pelo exame, os macacos tiveram um microchip
implantado e foram devolvidos ao hábitat natural.
"Estes não são macacos completamente silvestres, eles costumam ir às
casas das pessoas para buscar comida e ali podem ser contaminados,
voltando para o ambiente selvagem levando o vírus e, inclusive,
infectando outros tipos de Aedes. Por enquanto, é o humano que está
provocando a infecção do macaco, mas daqui a pouco pode ser o
contrário", afirma Durigon.
Esta descoberta pode apontar para um dos motivos de o zika ter se
disseminado tão rápido pelas Américas. Em menos de dois anos, a doença
já foi identificada em 35 países do continente, enquanto a dengue levou
décadas para se espalhar na mesma amplitude. A dengue, no entanto, é
incapaz de infectar macacos e, portanto, não tem o chamado reservatório
em animais silvestres.
"O que acontece com os vírus é que, para eles se multiplicarem em um
organismo, precisam que as células de um indivíduo tenham um receptor.
Eles só conseguem infectar as células que são permissivas a eles. Mesmo
se um mosquito positivo para a dengue picar o macaco, não consegue
infectá-lo porque não há esse receptor nas células. Já no caso da zika,
descobrimos que sim", diz o pesquisador da USP.
Embora a infecção por zika já tivesse sido detectada em macacos da
África, os cientistas se surpreenderam porque os primatas do novo e
velho mundo, como são classificados, têm estruturas genéticas e
suscetibilidade a doenças diferentes. Não havia, portanto, a
obrigatoriedade de um primata do continente americano ser suscetível à
infecção por zika.
Com o achado, os pesquisadores pretendem retornar ao Ceará em meados
de maio para fazer exames em mais macacos e tentar recapturar alguns dos
animais já testados para que eles sejam estudados de forma mais
aprofundada. (Com Estadão Conteúdo)
Já são 66% das cidades do Ceará com casos confirmados da doença.
Até o momento, 4.995 cearenses foram acometidos pela dengue em 2016, o que representa 30% do total de casos notificados
Outros 17 municípios cearenses contabilizam casos confirmados de dengue,
conforme informações da Secretaria Estadual da Saúde. Em boletim
divulgado ontem, consta que a dengue já atingiu, neste ano, 116
municípios, o que representa 66% do território cearense. Na semana
anterior, a enfermidade foi diagnosticada em 99 localidades.
Até o momento, 4.995 cearenses foram acometidos pela dengue em 2016, o
que representa 30% do total de casos notificados. A quantidade de
ocorrências prováveis da doença já chega a 16.640 pessoas.
Somam-se ainda 31 casos mais severos da doença, sendo 26 de dengue com sinais de alarme e cinco de dengue grave. Um óbito
foi confirmado, em Aracati, contudo as investigações de outros 21 casos
graves incluem 13 óbitos suspeitos, ocorridos em Caucaia (2), Crato
(1), Fortaleza (3), Fortim (1), Icó (1), Itapajé (1), Maracanaú (3) e
Paraipaba (1), e que podem ser confirmados ou descartados nas próximas
semanas.
Já são três óbitos registrados em 2016 em municípios do Estado; a imunização gratuita se inicia neste mês
Cerca de 840 mil unidades da vacina enviadas pelo Ministério da
Saúde ao Estado; na Capital, só chegaram 20% das 553 mil doses
( FOTO: JL ROSA )
A dez dias do início da Campanha Nacional Contra a Gripe, o Estado do
Ceará registra a terceira morte de Síndrome Respiratória Aguda Grave
(SRAG) pelo vírus H1N1. A informação foi apresentada pela Secretaria de
Saúde do Estado (Sesa) por meio do Núcleo de Vigilância Epidemiológica
da Coordenadoria de Promoção e Proteção à Saúde, que divulgou o boletim
referente à 15ª semana epidemiológica, com período de 10 a 16 de abril
de 2016. >Preço de vacina chega a R$ 140 na Capital
Das três mortes, duas eram de pessoas que residiam em Caucaia,
inclusive esta última, e outra em Sobral. Além dos óbitos citados, houve
outras três confirmações de infectados pelo vírus. Mesmo com o aumento
no número de casos, o Ceará mantém para o dia 30 de abril de 2016 o
início da campanha.
Sobre a última morte registrada nesta semana, a coordenadora estadual
de imunização da Sesa, Ana Vilma Leite, afirma que o paciente tinha
diabetes. Por ser portador de uma doença crônica, ele estaria no grupo
prioritário para receber a imunização.
"Com uma imunidade menor, uma gripe H1N1 nessas pessoas pode complicar.
A doença tem cura, tem a medicação antiviral, mas isso tem que ser
tomado no começo. Quando esse paciente chegou para ser internado no São
José, o estado de saúde dele já estava muito grave e foi logo entubado. É
preciso dar a devida atenção a essa doença. Com a H1N1 deve ser tomado
mais cuidado do que com um resfriado comum", conta Ana Vilma, ao citar a
importância da procura antecipada pela vacina. Distribuição
Conforme a gestora, os próximos dias serão necessários para iniciar a
logística de distribuição das doses: aproximadamente 840 mil unidades da
vacina enviadas pelo Ministério da Saúde, que já chegaram ao Estado.
"No dia 29 haverá o lançamento da campanha em um posto de saúde no
bairro Meireles. Dia 30, com certeza, as vacinas já estarão em todos os
postos do Ceará. Estamos trabalhando na logística e já estamos liberando
as doses para cada Município", reiterou Ana Vilma.
O grupo prioritário é composto ainda por crianças de 6 meses a menos de
5 anos de idade, trabalhadores da área da saúde, gestantes, puérperas,
população indígena, idosos, portadores de doenças crônicas, adolescentes
de 12 a 21 anos sob medida socioeducativa, população privada de
liberdades e funcionários do sistema prisional.
De acordo com a coordenadora de imunização da Secretaria Municipal de
Saúde (SMS), Vanessa Soldatelli, em Fortaleza, até o momento, só
chegaram 20% das 553 mil doses. Pela Pasta, o número é considerado
insuficiente para que exista uma antecipação da campanha na Capital.
Dentre as prioridades, Vanessa ressalta que os primeiros a receberem a
vacina serão aqueles que trabalham em hospitais. Prioridades
"Tivemos uma reunião com alguns representantes de hospitais e, a
princípio, ainda sexta-feira estaremos vacinando os funcionários dos
hospitais onde há pessoas com a confirmação da H1N1. Quem tem contato
direto com esses pacientes deve receber logo a vacina. Usaremos o que já
temos para eles. Não podemos passar para a população agora, porque não
temos o suficiente. É preciso imunizar essas pessoas que estão na linha
de frente com os já infectados internados nos hospitais", ressaltou
Vanessa Soldatelli.
Ainda conforme Vanessa, no próximo dia 30, a vacina estará em todos os
104 postos de saúde da Cidade. Na data, haverá também 94 minipostos
instalados em locais estratégicos com ampla circulação de pessoas, como
supermercados e shoppings, e 10 equipes volantes responsáveis por se
deslocar entre os bairros de maior procura pela imunização contra as
influenzas.
O Ministério da Saúde informou que até o dia 9 de abril deste ano, data
do último levantamento epidemiológico com relação à H1N1, foram
registrados 1.012 casos da doença no País, sendo 153 óbitos. A Região
Sudeste concentra o maior número. Das 758 confirmações na região, 715
foram no Estado de São Paulo. No Nordeste, a Bahia lidera o ranking, com
12 registros. Em relação às mortes, São Paulo registrou 91, seguido por
Santa Catarina (10), e Goiás (9).
Do dia 1º ao dia 15 de abril, conforme o Ministério, os estados
brasileiros receberam 25,6 milhões de doses, ou seja, 48% do total a ser
enviado em 2016.
Informação está no boletim divulgado pelo município na terça-feira (19). Exames confirmaram os dois novos óbitos, de um idoso e de uma menina.
Do G1 PE
Governo orienta moradores a tomar medidas para evitar a proliferação do mosquito (Foto: Divulgação/Gcom-MT)
O mais novo boletim sobre arboviroses, divulgado na terça-feira (19)
pela Secretaria Municipal de Saúde, revelou o aumento do número de
mortes provocadas pela chikungunya no Recife. Agora, são sete casos
confirmados. No relatório anterior, lançado há duas semanas, cinco
óbitos tinham sido apontados.
O boletim revelou que um homem de 94 anos, residente em Cajueiro, na
Zona Norte, e uma garotinha de 1 ano, de Caxangá, na Zona Oeste, são as
duas vítimas mais recentes. O idoso faleceu em 5 de fevereiro deste
ano, tendo a morte confirmada por meio de teste de sorologia. A menina
faleceu em 13 de março.
O boletim informou, ainda, que outros 40 óbitos por de arbovisroses em
investigação na cidade. Em relação aos dados de registros de pessoas
doentes, a Secretaria Municipal de Saúde revelou: entre 3 de janeiro e 2
de abril, houve 5.570 notificações de dengue (2.218 confirmadas),
4.625 de chikungunya (610 confirmadas) e 2.772 de zika (uma confirmada)
na Capital.
A soma é 8,1% maior que o total de casos de arboviroses no mesmo
período de 2015. Entre os bairros com maior risco de adoecimento por dez
mil habitantes aparecem Santo Antônio, Recife, Mangabeira, Pau Ferro,
Cidade Universitária, Paissandu, Totó, Bomba do Hemetério, Alto do Mandu
e Vasco da Gama. Microcefalia
Até o último dia 9, foram notificados 1.849 casos de microcefalia relacionada à infecção pelo zika em Pernambuco,
sendo 316 em recém-nascidos residentes do Recife. Destes, 116 são
considerados prováveis. Até agora, 56 foram confirmados por exame de
neuroimagem, 105 foram descartados e 155 seguem em investigação.
Uma pesquisa mostrou que a cirurgia não afeta o desempenho sexual nem a sensibilidade do órgão
estudo afirma que a circuncisão não reduz a sensibilidade do pênis(iStockphoto/Getty Images)
Ao
contrário do que mostravam estudos anteriores, homens circuncidados não
perdem a sensibilidade no pênis. É o que diz um estudo publicado
recentemente no periódico cientifico The Journal of Urology.
A pesquisa, realizada por pesquisadores da Universidade Queen, em
Ontario, no Canadá, analisou a sensibilidade de 62 homens saudáveis, com
idade entre 18 e 37 anos, dos quais, 30 eram circuncisados e 21 não. (Da redação)
De acordo com estudo da
European Urology, homens que ejaculam mais de 21 vezes por mês têm menor
probabilidade de desenvolver o tumor
De
acordo com o estudo, homens que ejaculavam pelo menos 21 meses por mês
corriam um risco 20% menor de desenvolver câncer de próstata, em
comparação com aqueles que tinham entre 4 e 7 ejaculações mensais. Já
naqueles que ejaculavam entre 8 e 12 vezes mensais, tiveram uma redução
de 10% no risco(Thinkstock/VEJA)
Ejacular
com frequência reduz o risco de câncer de próstata. De acordo com um
estudo publicado recentemente na versão online da revista científica European Urology, homens que ejaculam pelo menos 21 vezes por mês têm um risco 20% menor de desenvolver este tipo de tumor.
O estudo, realizado por pesquisadores da Universidade de Boston, nos
Estados Unidos, acompanhou cerca de 32 mil homens ao longo de 18 anos.
Durante este período, 3.839 participantes foram diagnosticados com
câncer de próstata, dos quais 384 foram fatais.
Em um questionário preenchido no início do estudo, os participantes
relataram a sua frequência média de ejaculação por mês em três períodos
de suas vidas: entre 20 e 29 anos, de 40 a 49 anos e no ano anterior ao
início do estudo.
Os resultados mostraram que, em geral, os homens que ejaculavam pelo
menos 21 meses por mês corriam um risco 20% menor de desenvolver câncer
de próstata, em comparação com aqueles que tinham entre quatro e sete
ejaculações mensais. Embora uma maior frequência de ejaculação tenha
sido associada a um risco menor, mesmo homens que reportaram um número
menor de ejaculações por mês - de 8 a 12 - conseguiram reduzir o risco
em 10%.
"Esse grande estudo prospectivo fornece uma evidência forte do papel
benéfico da ejaculação na prevenção do câncer de próstata. Não devemos
enfatizar o número exato de ejaculações, mas o fato que uma atividade
sexual segura é benéfica para a saúde da próstata.", disse Jennifer
Rider, líder do estudo.
Uma das explicações para a associação estaria na liberação de
substâncias, como os hormônios ocitocina e DHEA durante a ejaculação. Os
compostos teriam um efeito benéfico para a saúde. (Da redação)
Especialistas ouvidos
pelo site de VEJA explicam os sintomas da doença como a maior
probabilidade manifestações clínicas, em comparação com a dengue e o
zika, e o risco de permanência de dor intensa e limitante nas
articulações por até um ano
Por: Giulia Vidale
A
chikungunya, doença também transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, foi
identificada pela primeira vez em 1952 na Tanzânia, no continente
africano. Atualmente o vírus já está presente em 45 países e sua
principal manifestação clínica são as dores intensas nas articulações,
que em até 20% dos casos chegam a durar um ano(James Gathany/PHILL, CDC/VEJA)
Esquecida
até há pouco tempo em meio às preocupações com dengue e zika, a
chikungunya agora se mostra como uma afeção tão ou mais alarmante no
país. A explosão no número de casos notificados da infecção nos
primeiros meses deste ano tem preocupado -- e muito -- os especialistas.
De acordo com o último boletim divulgado pelo Ministério da Saúde, até o
dia 5 de março, haviam sido notificados 13.676 casos prováveis de febre
chikungunya no país, destes, 550 já confirmados.
Em 2015, no mesmo período, foram registrados 4.890 casos prováveis.
Ou seja, houve um aumento de quase 180% nos casos da doença. Apenas os
estados do Rio de Janeiro e de Mato Grosso não notificaram casos
suspeitos em 2016. O nordeste concentra a maior parte de doenças
(11.170), seguido pela região Norte (1.108) e Sudeste (769). No Sudeste,
São Paulo é o campeão no número de notificações: 653 contra apenas 36
no mesmo período do ano passado. Destes, 103 já foram confirmados, sendo
seis autóctones (cinco na capital e um em Rio Claro).
Em Pernambuco, Estado campeão no número de casos de microcefalia e
com grande incidência de zika, até o último sábado (9), foram
notificados 16.488 casos de chikungunya, segundo informações da
Secretaria de Estado da Saúde. Quase o dobro dos casos suspeitos de zika
(8.337) registrados até o momento, mas ainda bem menor do que os de
dengue (50.030).
Em relação ao número de óbitos pela doença, segundo o ministério,
apenas duas mortes por febre chikungunya foram confirmadas no Brasil
(uma na Bahia e uma em Pernambuco) e outros quatro estão em
investigação. Entretanto, de acordo com a Secretaria de Saúde de
Pernambuco, somente no Estado já foram registradas nove mortes pelo
vírus. Embora raramente fatal, pessoas com imaturidade ou envelhecimento
imunológico, como crianças e idosos, e doentes crônicos como cardíacos
ou diabéticos, correm maior risco.
Diz o infectologista Artur Timerman, do Hospital Edmundo Vasconcelos,
em São Paulo: "Em geral, nos três primeiros anos após o vírus chegar a
um novo local, há um aumento gradual no número de casos, pois se trata
de uma fase de adaptação ao mosquito transmissor. Já o ápice do número
de infecções acontece entre o quarto e quinto ano. Neste período, em que
o vírus já está adaptado, há um aumento da eficácia da transmissão que,
em conjunto com uma grande quantidade de pessoas vulneráveis (que ainda
não foram infectadas), leva ao aumento exacerbado do número de casos."
Isso significa que o Nordeste, região em que a a doença chegou
primeiro, está passando agora pelo ápice das infecções por chikungunya.
No Sudeste, isso deverá acontecer em um ou dois anos. Características da chikungunya - Embora tenha
sintomas em comum com a dengue e a zika, a principal característica da
chikungunya é a forte dor nas articulações, que, em até 20% dos casos,
pode durar por um ano ou mais. Outro dado de alerta é que a
probabilidade de pessoas infectadas pelo vírus desenvolverem sintomas é
bem maior do que nos casos de dengue e zika: entre 80% e 90% dos
infectados por chikungunya apresentarão sinais da doença. Para a dengue a
taxa fica entre 50% e 60% dos infectados. Para a zika esse número cai
para 20% a 30%.
Os principais sintomas, que aparecem de 2 a 12 dias depois da picada
do mosquito, são: febre alta, mal-estar, dor de cabeça, manchas
vermelhas na pele, cansaço e, em especial, dor nas articulações. Em
relação à duração destas manifestações, elas tendem a desaparecer após a
fase aguda da infecção (5 a 10 dias), exceto pela dor nas articulações
que permanece por até um mês em 20% a 30% dos pacientes e por um ano -
ou mais - em 10% a 20%. Nestes casos, o tratamento exige a administração
de anti-inflamatórios potentes ou até mesmo cortisona, para melhorar a
dor e a inflamação.
"A poliartrite, comprometimento das articulações semelhante ao
reumatismo é justamente o que caracteriza a febre chikungunya. A dor,
que é intensa, prolongada e limitante nas juntas, já ganhou o nome de
"artrite chikungunya", pois nestes pacientes é necessário procurar um
reumatologista e fazer um tratamento semelhante ao da doença
reumatoide", diz Juvencio José Duailibe Furtado, coordenador científico
do departamento de infectologia da Associação Paulista de Medicina.
A maior probabilidade de manifestação clínica e de duração prolongada
dos sintomas da chikungunya pode estar relacionada com uma descoberta
recente dos pesquisadores: a concentração desse vírus em pequenas
quantidades de sangue é muito maior do que a concentração do vírus da
zika ou da dengue. Segundo Timerman, isso significa uma maior
adaptabilidade do vírus em se manifestar no corpo humano e pode explicar
a maior agressividade e duração da resposta imunológica do corpo à
infecção.
Em relação ao tratamento, na fase aguda é o mesmo da dengue: muita
hidratação, repouso e analgésico. Apesar da dor intensa nas
articulações, neste período é contraindicado o uso de anti-inflamatório.
Após este estágio, caso a dor persista, é necessário procurar um
especialista que irá indicar o tratamento mais adequado.
O grande desafio contra a doença, além do combate ao vetor, é o
diagnóstico específico. "Como as três doenças têm sintomas parecidos, a
avaliação clínica não é suficiente para um diagnóstico preciso. Para
isso, é necessário realizar também o teste sorológico, que
frequentemente está em falta na rede pública ou não é coberto por planos
de saúde. Também é essencial capacitar melhor os profissionais e ter
infectologistas de plantão, que estão preparados para atender e
diagnosticar estas doenças.", afirma Timerman. Vírus chikungunya - O vírus causador da febre
chikungunya é o CHIKV. A doença foi identificada pela primeira vez em
1952 na Tanzânia, na África. Desde então ela começou a se espalhar pela
África, Ásia, Europa e América. De acordo com a Organização Mundial de
Saúde (OMS), o nome chikungunya é uma palavra do idioma africano
makondée que significa "ficar contorcido", descrevendo a aparência
encurvada dos pacientes que se contorcem por causa da intensidade das
dores nas articulações. Atualmente, o vírus está presente em 45 países.
Uma terapia em fase final
de estudos mostrou-se eficaz para combater a dor de cabeça severa. Será
o primeiro remédio criado especificamente para prevenir a doença
Por: Natalia Cuminale
30 milhões: É o número de brasileiros que sofrem de enxaqueca. A dor é deflagrada pelo nervo cerebral trigêmeo(Phototake/Alamy/Latinstock)
"A
língua inglesa, que pode expressar os pensamentos de Hamlet e a
tragédia do Rei Lear, não tem palavras para o calafrio ou a dor de
cabeça (...). A mais simples estudante quando se apaixona tem
Shakespeare ou Keats para exprimir seus pensamentos, mas peça a um
sofredor que tente explicar sua dor de cabeça a um médico e a linguagem
imediatamente emudece." Essa pérola foi produzida pela escritora inglesa
Virginia Woolf (1882-1941) em "Sobre estar doente", de 1926, ensaio de
cunho autobiográfico embebido de prolongadas crises de enxaqueca. Na
contramão da dor indizível, ao menos em português foi possível traduzir a
sensação de alívio promovida por remédios. Para João Cabral de Melo
Neto (1920-1999), alvo da doença cruel, a aspirina era "o mais prático
dos sóis, (...) compacto de sol na lápide sucinta". A convivência com a
enxaqueca é uma condição humana inescapável, tão demasiadamente humana
que transformá-la em prosa e poesia foi o caminho para domá-la, como
tantas outras dores da alma.
Hoje, em todo o mundo, pelo menos 300 milhões de pessoas sofrem de
enxaqueca. No Brasil, são 30 milhões. A doença é incurável e
extremamente sofrida. Para quem supõe que as vítimas desse mal reclamam
demais, basta saber que a Organização das Nações Unidas classificou a
doença entre as cinco mais incapacitantes, ao lado de tetraplegia,
depressão, psicose e demência. A boa-nova: pela primeira vez na
história da medicina há um sol afeito a prevenir as dores lancinantes.
Estudos conduzidos por quatro empresas farmacêuticas, publicados
recentemente no periódico The Lancet, revelaram um promissor mecanismo de ação específico contra um alvo que deflagra a doença.
A droga em fase final de investigação - as pesquisas deverão ser
concluídas no próximo ano - é um anticorpo monoclonal, uma molécula
produzida em laboratório capaz de chegar a seu destino sem provocar
efeitos secundários no organismo. O medicamento bloqueia um composto
químico cerebral, o CGRP. A substância é liberada pelo nervo trigêmeo,
estrutura que se estende por quase toda a cabeça. Com efeito
vasodilatador e inflamatório, o CGRP é produzido como uma forma de
defesa do organismo diante de variados estímulos externos, como longos
períodos de jejum e stress. Uma chave genética faz com que o cérebro do
portador da enxaqueca seja hipersensível a tais estímulos e, por isso,
as quantidades de CGRP liberadas são mais elevadas. Níveis inflamatórios
altos e vasodilatação exacerbada deflagram a enxaqueca. Os doentes
sentem enjoo, intolerância a barulho, luz e sons. Em alguns casos, têm a
visão distorcida - era o que acontecia com o criador de Alice no País das Maravilhas, Lewis Carroll, que fez das transformações físicas de sua grande personagem um retrato de seu próprio desconforto.
Levantamento da empresa
de big data Hekima mostra que preocupação com nova propagação da doença
ocorre em Estados que registraram mais casos no passado
Por: Jadyr Pavão Júnior
Gripe:
Eficácia da vacina contra o vírus não é tão alta em idosos quanto em
adultos. Para melhorar esse quadro, idosos devem praticar atividade
física(Thinkstock/VEJA)
Ainda que ofuscado pelo processo de impeachment, o vírus H1N1 está de
volta ao Brasil e é assunto de brasileiros. Um estudo feito pela
empresa de big data Hekima cruzou dados relativos a citações à gripe em
redes sociais na semana passada com o número de casos registrados
durante os surtos de 2009 e 2010. O resultado mostra coincidência:
Estados com mais ocorrências da doença no passado tendem a registrar
mais postagens sobre o assunto agora. A exceção é o Paraná, campeão de
ocorrências de H1N1 em 2009 e que reduziu sensivelmente a presença da
gripe no ano seguinte.
Os responsáveis pelo estudo chamam essa coincidência entre casos
anteriores e comentários presentes de "ecos do passado". "Esses números
mostram como o sofrimento social em 2009, seja com casos de doenças na
família, seja pelo temor de contrair o vírus, ficou na memória coletiva
dos cidadãos e se reflete agora, mesmo que passados cerca de sete anos",
diz Anice Pennini, gerente de pesquisa e comunicação da Hekima.
O monitoramento de redes colheu 26.994 mensagens publicadas no
Facebook e Twitter entre os dias 4 e 7 deste mês; dessas, 5.785
permitiram a localização geográfica de seus autores. Já os registros
oficiais sobre a ocorrência de doenças vêm do Datasus, base de dados do
governo federal. Para a pesquisa, foram coletados posts que usassem os
seguinte termos: H1N1, influenza, SRAG, sindrome respiratória aguda
grave, Tamiflu, gripe A, virus H1N1 ou gripe suína. Os 26.994 posts
foram ainda divididos em três grupos, que ajudam a compreender a
intenção de seus autores: 52% deles eram comentários sobre notícias
acerca da doença, 32% repercutiam a volta da gripe e 16% falavam sobre
cuidados à saúde.
Os dados vindos das redes não permitem fazer previsões sobre novos
surtos pelo país. Mas a análise de dados tem sido usada em alguns casos
com essa finalidade. No livro Big Data, de 2013, o professor de
Oxford Viktor Mayer-Schönberger, em parceria com Kenneth Cukier,
recupera a história da tentativa do Google e das autoridades de saúde
dos Estados Unidos de prever um surto de gripe pelo território americano
em 2009. A ideia era usar as pesquisas feitas no buscador por milhões
de usuários para prever onde o vírus circulava: com os primeiros
sintomas, os americanos recorriam ao Google para entender os sinais da
doença antes mesmo de procurar os médicos. A tal doença: H1N1.
Aglomeração humana, condições inadequadas de saneamento e alta infestação de roedores estão entre as causas
Thatiany Nascimento - Repórter
Lixo espalhado por locais como canais são responsáveis pela proliferação de ratos
( FOTO: JOSÉ LEOMAR )
A intensificação das chuvas favorece de forma sazonal a proliferação de
doenças específicas como as de transmissão vetorial, as respiratórias e
as de transmissão hídrica. O alerta é antigo, mas os problemas se
repetem todo ano. Um exemplo são as enchentes que voltaram a ser
vivenciadas de forma acentuada, sobretudo, pelas comunidades ribeirinhas
em Fortaleza. Médicos ressaltam que os males afetam de forma acentuada
moradores de áreas precárias, mas alertam para a vulnerabilidade de toda
a população aos riscos dada a alta capacidade de propagação das
patologias.
Grande aglomeração populacional, condições inadequadas de saneamento e
alta infestação de roedores infectados. O cenário ideal para a
propagação da leptospirose repete-se em várias áreas urbanizadas do
Ceará e, principalmente, na Capital. Este ano, conforme o último boletim
de Doenças de Notificação Compulsória divulgado pela Secretaria da
Saúde (Sesa), no dia 5 deste mês, foram registrados cinco casos da
doenças e dois óbitos em decorrência da patologia.
Em 2014, conforme dados do Ministério da Saúde, foram confirmados 49
ocorrências e seis mortes. Já no ano passado, o registro foi de 28
episódios com dois óbitos. O infectologista Anastácio Queiroz explica
que a leptospirose é causada por uma bactéria presente na urina do rato
que se espalha pelas águas de enchentes e esgotos e entra na pele -
lesionada ou não - das pessoas que têm contato com estas águas. Musculatura
De acordo com o médico, a doença atinge a musculatura, mas pode afetar
de forma comprometedora rins, fígado e pulmão. Nos casos mais severos -
onde há registro de óbitos- que, conforme o Ministério da Saúde, atingem
cerca de 10% da população afetada, geralmente há insuficiência renal.
"Às vezes, a pessoa começa com dor no corpo e o quadro se agrava
rapidamente. Por isso, dois dias de retardo do diagnóstico é muito
grave".
Exames de sangue são usados para diagnosticar a doença que tem, dentre
os sinais, a manifestação de olhos amarelados e pele um pouco
avermelhada, além das dores musculares. Anastácio lembra que o contato
com esta água não se dá somente no caso de residências que são afetadas
pelas cheias, mas também nos alagamentos nas ruas, quando os pedestres
tentam atravessar.
O uso de botas e sapatos de borracha é aconselhado pelo infectologista e
presidente da Associação Brasileira de Infectologia, Érico Arruda, para
tentar garantir uma mínima proteção para o contato com águas deste
tipo. Além disso, o médico indica que as pessoas que necessitam limpar
as residências invadidas pela cheia façam uso de água sanitária para
desinfetar os ambientes e reduzir os riscos.
Érico também ressalta que ao entrar em contato com as águas
contaminadas das enchentes e dos alagamentos, há risco de contração de
enterites, que é uma espécie de inflamação na mucosa do intestino
delgado que causa infecção. "As pessoas às vezes banham-se nessas águas e
até engolem. Ou tentam atravessar os alagamentos e, de alguma forma,
essa água fica em contato com a boca. Isto pode gerar infecção
intestinal mais séria".
O infectologista lembra também que, em alguns casos, as pessoas que
precisam sair de seus domicílios acabam se aglomerando em áreas comuns
como ginásios, escolas e abrigos. Isto, segundo ele, em geral, é feito
em condições hidrossanitárias aquém das necessárias, e favorece a
transmissão de doenças respiratórias como a influenza ou doenças
bacterianas como a meningite menigocócica. Este ano, o Ceará já
registrou cinco casos da meningite menigocócica e dois óbitos.
Ocorrência de hepatite do tipo A, que é uma doença, segundo o
infectologista, causada pelo vírus A (VHA) e de transmissão fecal-oral,
por contato entre indivíduos ou por meio de água ou alimentos
contaminados pelo vírus, também pode se acentuar nesse período. "A
existência da vacina tem reduzido a prevalência dessa doença. Mas ainda
boa parte da população tenta consumir alimentos contaminados", explica. Bactéria
Em situação de ocorrência mais rara, mas com casos registrados no
Ceará, há a doença chamada melioidose que também tem relação estreita
com a quadra chuvosa. Conforme explica o médico, a patologia é causada
por uma bactéria chamada "Burkholderia pseudomallei", encontrada em solo
e água contaminados. "Os casos acontecem quando reservatórios naturais
enchem e as pessoas vão tomar banho nesses locais contaminados pelas
enxurradas. Falamos que esses reservatório são densamente colonizado
pelas bactérias. E esta é uma doença peculiar do Ceará". O médico
orienta que a população deve "evitar ao máximo entrar em contato com as
águas e se precisarem fazer que procurem se higienizar após o contato".
Também foram confirmados 11 casos importados da doença neste período
A figura mostra,em vermelho, a distribuição dos casos confirmados em Fortaleza.(divulgação)
De acordo com o boletim epidemiológico divulgado no último dia 31 de março, pela Secretaria Municipal de Saúde, já foram confirmados, entre janeiro e março de 2016, 23 casos autóctones de Chikungunya, que é quando a doença é contraída dentro do municípios ou Estado. Também foram registrados, neste mesmo período, 11 casos importados da doença.
A primeira confirmação de Chikungunya em residentes de Fortaleza foi em
2014, sendo os primeiros casos autóctones registrados apenas em
novembro de 2015. O boletim ainda afirma que os números da doença em
2016 sugerem que a Capital passa por uma fase de transição do cenário de
casos importados, para um quadro de transmissões autóctenes sustentado,
que já representa 58% dos casos confirmados no município desde 2014, em um total de 44.
O maior número de casos autóctones foram registrados no bairro Amadeu Furtado, com 7 registros. Seguido por Monte Castelo (5), Montese (3), Parquelândia (2), Parque Araxá (1), Floresta (1), Rodolfo Teófilo (1), Genibaú (1), Mondubim (1) e Meireles (1).
Instituto Evandro Chagas fez sequenciamento parcial do genoma do vírus. H1N1 já provocou 71 mortes em surto que começou antes do previsto.
Mariana LenharoDo G1, em São Paulo
Imagem de microscopia eletrônica de transmissão colorida digitalmente
mostra agrupamento de partículas de H1N1 (Foto: National Institute of
Allergy and Infectious Diseases (NIAID))
O vírus H1N1 que circula hoje no Brasil não tem certas mutações
perigosas associadas a casos mais graves da doença, segundo
pesquisadores do Instituto Evandro Chagas (IEC), no Pará. Para chegar a
essa conclusão, eles fizeram o sequenciamento parcial do genoma do vírus
a partir de amostras de pacientes infectados coletadas nos primeiros
meses do ano em diferentes estados do país.
Segundo a pesquisadora do IEC Mirleide Cordeiro dos Santos, o estudo
partiu de uma preocupação: no ano passado, mutações foram identificadas
no H1N1 que circulou na Índia e levou a uma grande epidemia no país.
Essas mutações, encontradas no gene que codifica a hemaglutinina,
proteína que tem como função ligar o vírus à célula hospedeira, levaram a
uma maior patogenicidade do vírus. Isso significa que ele tinha uma
capacidade maior de provocar sintomas a partir da entrada no organismo
do paciente.
Os cientistas do IEC resolveram sequenciar parte do genoma do H1N1 para
verificar se o vírus em circulação no Brasil tinha essas mesmas
mutações. O resultado foi que elas não estão presentes. “Em relação a
esse gene, o vírus não é mais patogênico do que o que circulou em 2009
ou 2013 (anos que tiveram epidemias de H1N1 no Brasil)”, diz Mirleide.
A descoberta assegura que a cepa do vírus em circulação é a mesma da
vacina contra influenza disponível hoje. Mirleide observa que, como o
H1N1 é um vírus que tem RNA como material genético, ele apresenta uma
grande variabilidade genética, e pode sofrer mutações de uma estação
para outra. Saber que o vírus atual não sofreu essas mutações nocivas
identificadas na Índia, portanto, é uma boa notícia. Vírus já provocou 71 mortes
O número inesperado de casos e de mortes por H1N1 este ano
– foram 444 casos de síndrome respiratória aguda por influenza H1N1 e
71 mortes até 26 de março, segundo o Ministério da Saúde – provavelmente
se deve ao adiantamento da chegada do vírus ao país, antes do início da
vacinação, segundo Mirleide.
“Como a população ainda não estava vacinada e o vírus não circulava com
intensidade grande desde 2013, havia uma população muito suscetível”,
diz a pesquisadora. Agora, ela e sua equipe buscam fazer o
sequenciamento completo do vírus, o que pode revelar, por exemplo, de
onde exatamente veio a cepa que atingiu o país.
Especialistas discutem várias hipóteses que podem explicar a
antecipação da chegada do vírus, que vão desde fatores climáticos até o
aumento de viagens internacionais que podem ter trazido o H1N1 que
circulava no hemisfério norte.
Procedimento realizado no Hospital Walter Cantídio contou com doador de fora da família da paciente
Ranniery Melo - Repórter
A Unidade de Onco-Hematologia do HUWC realiza transplantes de
medula desde agosto de 2008. Nos três primeiros meses de 2016, a
parceria entre o HUWC e o Hemoce já contabilizou 16 procedimentos
( FOTO: BRUNO GOMES )
Pela primeira vez no Ceará, uma paciente com leucemia foi submetida a
um transplante de medula óssea alogênico e não aparentado, ou seja, de
um doador que não faz parte da família daquela que recebeu o material. O
procedimento foi realizado na última quarta-feira (6), no Hospital
Universitário Walter Cantídio (HUWC), ligado à rede da Empresa
Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebsehr), em parceria com o Centro
de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce). A paciente em questão
tem 37 anos de idade e é natural de Baturité, morando hoje em Aratuba.
Ela foi diagnosticada com leucemia mielóide crônica. Mesmo com o
acompanhamento, seu corpo não respondia adequadamente aos medicamentos
tradicionalmente utilizados para conter a doença.
Já o doador foi captado por meio do Registro Nacional de Doadores de
Medula Óssea, o Redome. De acordo com Fernando Barroso, chefe da Unidade
de Onco-Hematologia do HUWC, o material chegou às 20h30 no Aeroporto
Internacional Pinto Martins, no mesmo dia da realização do transplante. O
Redome mantém o nome e a naturalidade do doador em sigilo, mesmo para a
equipe médica que executou o procedimento.
Para Fernando Barroso, a capacidade de efetivar o método inédito no
Ceará representa a conquista de um desafio que pretende continuar
beneficiando outros pacientes do Estado. "A complexidade desse
transplante era uma meta a ser alcançada dentro da equipe do Hospital
Walter Cantídio. Além disso, na medida em que disponibilizamos o
transplante alogênico não aparentado em Fortaleza, aumentamos muito as
chances de sobrevida do paciente", expõe.
O médico informa ainda que um procedimento similar foi realizado ontem,
em Nova York, nos Estados Unidos, onde uma pessoa recebeu a medula
óssea de um doador cearense.
Fernando Barroso destaca ainda o cadastramento como doador de medula
óssea dentre um dos principais fatores que podem estimular a recorrência
desse tipo de procedimento. "É preciso estimular a doação de medula no
nosso Estado. É muito importante esclarecer que, para o doador, inexiste
qualquer risco, além de ajudar a salvar uma vida num processo de
solidariedade fantástico", aponta o médico. Métodos
A Unidade de Onco-Hematologia do HUWC realiza transplantes de medula
desde agosto de 2008. Nos três primeiros meses de 2016, a parceria entre
o Hospital Universitário Walter Cantídio e o Hemoce já contabilizou 16
transplantes de medula óssea, oito deles sendo autólogos, enquanto os
outros oito foram alogênicos.
A diferença entre os dois métodos é que o transplante alogênico é
realizado por meio da presença de um doador, que pode ser aparentado (um
irmão do paciente, por exemplo), ou não aparentado (captado por meio do
banco de doadores do Redome). As células-tronco são recolhidas do
doador um dia antes do transplante. O paciente passa pelo procedimento
depois de ser submetido a quimioterapia e, em alguns casos, à
radioterapia. Após a infusão das células doadas, conforme explica
Fernando Barroso, o paciente permanece internado até o momento em que a
medulo recubra o funcionamento normal. Medicamentos
Já o método autólogo é executado com as própria células-tronco
hematopoiéticas do paciente, caracterizando-se como um auto-transplante.
A técnica consiste em estimular a produção de células-tronco por meio
de medicamentos. Elas serão coletadas por um processo automatizado
denominado aférese e congeladas para armazenamento. Em seguida, o
paciente é internado, passando por altas doses de quimioterapia, para
então receberem novamente o material que estava congelado.
O nivolumabe é o primeiro
remédio com a ação no sistema imunológico para tratar este tipo de
tumor aprovado no país. O medicamento também recebeu aval para combate
ao melanoma avançado
O
nivolumabe - remédio que bloqueia uma proteína chamada PD-1, permitindo
que o sistema imunológico localize e destrua as células cancerosas - é o
primeiro imunoterápico disponível no Brasil para pacientes com câncer
de pulmão, que é considerado um dos mais letais.(Hemera/Thinkstock/VEJA)
A
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou um novo
medicamento para tratar câncer de pulmão. O nivolumabe é indicado para
pacientes com câncer de pulmão localmente avançado ou metastático (que
espalhou pelo corpo). O medicamento também recebeu o aval do órgão para
tratar pessoas com melanoma metastático.
O nivolumabe - remédio que bloqueia uma proteína chamada PD-1,
permitindo que o sistema imunológico localize e destrua as células
cancerosas - é o primeiro tratamento da classe dos imuno-oncológicos
disponível no Brasil para pacientes com este tipo de tumor. Segundo os
resultados dos estudos o novo remédio oferece a possibilidade de atingir
até o dobro da sobrevida em comparação ao tratamento disponível
atualmente no mercado.
O objetivo da imunoterapia é curar a doença pela estimulação do
sistema imunológico do paciente. Conhecida há cerca de cinquenta anos,
ela só começou a apresentar resultados satisfatórios há pouco tempo,
quando os cientistas ganharam mais conhecimento sobre o funcionamento do
sistema imunológico. Descobriu-se que alguns componentes que impedem as
defesas do organismo de funcionar com força total precisariam ser
inibidos para o combate eficaz aos tumores.
O nivolumabe, que já havia sido aprovado na Europa e nos Estados
Unidos, será vendido no Brasil com o nome comercial Opidivo. Segundo a
Bristol-Myers Squibb, biofarmacêutica responsável pela produção do
remédio no país, o preço da droga no mercado brasileiro ainda não está
definido. Câncer de pulmão - De acordo com o Instituto
Nacional do Câncer (Inca), estima-se que entre2016 e 2017 haverá 28.190
novos casos de câncer de pulmão no país. Um estudo conduzido pela
Sociedade Americana do Câncer em parceria com a Agência Internacional
para Pesquisa sobre o Câncer (Iarc), aponta que o câncer de pulmão é a
principal causa de morte pela doença entre homens e mulheres em países
desenvolvidos. (Da redação)
O número de enfermos aumenta à medida em que cresce também a população acima
dos 65 anos
As principais recomendações são paciência e compressão com os pacientes
( FOTO: FERNANDA SIEBRA )
Acontecimentos recentes vão sendo esquecidos, ameaçando memórias de
toda uma vida, numa luta para manter-se lúcido e ativo. O paciente com
Alzheimer apresenta mudanças comportamentais que requerem da família a
compreensão e a adaptação de uma nova rotina de vivências. De acordo com
estimativas da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), cerca de cinco mil
pessoas têm o diagnóstico da doença em todo o Ceará.
O Alzheimer reflete na perda de funções cognitivas importantes, como
memória, orientação, atenção e linguagem, devido à morte gradual de
células cerebrais. De acordo com a médica geriatra da Sesa, Helena
Aires, o número de pessoas com Alzheimer aumenta à medida em que cresce
também a população acima dos 65 anos, considerada a idade padrão em que a
doença começa a se manifestar.
Dentre os sintomas iniciais mais frequentes estão alterações na
memória, dificuldades de orientação no espaço e no tempo e a confusão
com nomes. Nos casos intermediários, surgem alterações de comportamento,
como alucinações e condutas agressivas e a piora da capacidade de
comunicação. No nível severo, vêm a dificuldade de reconhecer pessoas, a
perda da autonomia e um possível comprometimento da mobilidade.
"O traço genético, que é quando alguém da família já teve a doença, é
um fator de risco para o desenvolvimento do Alzheimer. Outro fator
importante é a qualidade de vida, e aí os fatores de risco incluem
hipertensão, diabetes, obesidade e sedentarismo", aponta a médica.
Na rede pública estadual de saúde, o atendimento médico de pessoas com
Alzheimer pode ser realizado nos ambulatórios de Geriatria e Alzheimer
do Hospital Geral de Fortaleza (HGF), do Hospital Geral Dr. César Cals
(HGCC), e do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), com
prescrição e liberação de medicamentos, mas somente para casos
moderados. Pacientes com Alzheimer severo precisam comprar a medicação. Impacto
Os familiares, que na maioria dos casos se convertem também em
cuidadores, precisam lidar com o impacto e a aceitação desse
diagnóstico, oferecendo cuidados constantes e estabelecendo novas
alternativas de comunicação e interação.
De acordo com o terapeuta ocupacional Phelipe Cabral, que faz parte da
Associação Brasileira de Alzheimer - Regional Ceará (Abraz-CE), o
tratamento para a doença é realizado de duas maneiras complementares: o
farmacológico e o não-farmacológico.
"O farmacológico é feito por indicação médica; neurologista, psiquiatra
e geriatra estão envolvidos nisso. O outro tratamento também é muito
importante para potencializar a ação das medicações, incluindo a
reabilitação cognitiva e com o intuito de minimizar a alteração
comportamental", contou o especialista.
Sobre a importância de orientar os cuidadores, Cabral ainda ressalta
que a Abraz promove ações sociais para a sociedade civil e atividades
voltadas para o público profissional: "o Senac também oferece um curso
de três meses para os cuidadores. A nossa parte é oferecer orientação
para o cuidador formal, que trabalha com isso, e o informal, que
costumam ser familiares. Lembrando que cuidar é dar um suporte emocional
e físico, diferente de tratar, uma conduta que precisa de
instrumentalização". (Colaboraram Nicolas Paulino e Emanoela Campelo de Melo) Rede de apoio
Hospital Geral Dr. César Cals
Av. Do Imperador, 545, Centro Telefone: (85)3101-7086
Hospital Geral de Fortaleza
Rua Ávila Goulart, 900, Papicu Telefone: (85)3101-5340
Hospital Universitário Walter Cantídio
Rua Capitão Francisco Pedro,
1290, Rodolfo Teófilo
Telefone: (85)3366-8167
Hospital Gênesis
Av. Santos Dumont, 1168,
A perigosa gripe chega antes do previsto ao
País e atinge principalmente São Paulo. Como se proteger do vírus que já
matou mais pessoas em três meses do que em todo o ano passado
Raul Montenegro (raul.montenegro@istoe.com.br)
No fim de
fevereiro, o humorista Tom Cavalcante foi com sua família a Orlando, nos
Estados Unidos, participar de um programa de TV. Na primeira noite,
passou a sentir falta de ar e teve febre alta, de até 40ºC. Dias depois,
a esposa Patrícia e a filha Maria apresentaram sintomas parecidos,
porém mais intensos. Eles ainda não sabiam, mas eram as novas vítimas da
gripe do tipo H1N1, que já conta com centenas de casos no País, muitos
deles fatais. Como o surto desembarcou no Brasil mais forte, mais cedo e
com mais gravidade este ano, provocou uma corrida da população a
médicos e postos de saúde. O resultado? Longas filas e desabastecimento
de vacinas e remédios, uma vez que as autoridades não estavam
preparadas. Cavalcante acredita que contraiu o vírus ainda em São Paulo,
onde a crise é maior. Apesar de sentir-se mal, o artista passou uma
semana no exterior, gravando doente, e quando desembarcou de volta ao
Brasil foi direto ao hospital. Após o diagnóstico de H1N1, o humorista e
a família ficaram internados por cinco dias. “Tive um cansaço muito
grande, sonolência. Ficamos caídos demais”, diz. “Tenho condição de
pagar um suporte mais sofisticado, mas a maioria da população está à
mercê da própria sorte. E a epidemia está descontrolada”, afirma
Cavalcante, já totalmente recuperado.
MEDO
Pacientes usam máscaras para se proteger do H1N1 em pronto-socorro público lotado (acima).
Pais de crianças doentes esperam a vez em longa fila de hospital privado (abaixo)
Neste ano, o H1N1 chegou mais cedo ao
Brasil, castigando especialmente São Paulo. Tido como um mal do frio,
até o fim do verão de 2016 ele já havia matado no País 28% a mais do que
em todo o ano passado. Entre os paulistas a situação foi pior: quase
três vezes mais fatalidades e 700% mais casos no mesmo período. Desta
vez, a gripe veio antes provavelmente por dois motivos. Primeiro, porque
pessoas contaminadas no hemisfério norte (onde é inverno) trouxeram a
infecção, que se alastrou. Segundo, porque o número de vacinações em
2015 ficou abaixo do esperado, resultando em mais pessoas suscetíveis à
doença. Mas pesquisadores conjecturam que até o fenômeno climático El
Niño possa ter alguma culpa nessa história. “É uma surpresa enorme
quando uma doença comum na época de frio começa tão precocemente”, diz o
infectologista Marcos Boulos, professor da Universidade de São Paulo e
coordenador de Controle de Doenças do estado.
O que mais tem preocupado é o grande número
de mortes decorrentes do H1N1 este ano. Elas estão diretamente
relacionadas ao aumento de casos, mas há outros fatores. A gripe é
perigosa quando causa nos pacientes insuficiências respiratórias graves,
que podem ser fatais. Normalmente, as maiores vítimas são idosos,
diabéticos e cardiopatas. Ainda que esses grupos continuem sob risco,
cerca de 50% das mortes em 2016 se deu entre adultos na faixa etária de
40 a 60 anos, parcela que normalmente está mais isenta e não é alvo
costumeiro das campanhas de vacinação. “O H1N1 parece ser mais agressivo
do que outros subtipos virais, com maiores possibilidades de provocar
infecções graves” afirma o infectologista Francisco Ivanildo de Oliveira
Júnior, supervisor médico do ambulatório do Hospital Emílio Ribas, de
São Paulo.
O H1N1 também é um vírus democrático, que
faz vítimas em todas as classes sociais. Além de Tom Cavalcante, outro
famoso infectado foi o apresentador Marcelo Rezende, da Record, que
escreveu numa rede social que “a dor no corpo é como se você brigasse
com o Mike Tyson no dia em que ele está zangado”. O apresentador está
recebendo medicamentos e ficará em recuperação num hospital de ponta por
pelo menos uma semana, mas a maioria dos doentes enfrenta muito mais
dificuldades. Com aumento de 50% de procura devido ao surto gripal, o
Hospital Municipal São Luiz Gonzaga, na zona norte da capital paulista,
foi alvo de uma confusão generalizada entre pacientes e médicos na noite
da terça-feira 29. Os funcionários até construíram uma barreira de
cadeiras na entrada do pronto-socorro pediátrico para evitar a entrada
de pais desesperados, que esperavam até dez horas pela consulta. Ali, a
mãe de uma criança doente só teve o filho atendido após chamar a Polícia
Militar. Em várias outras unidades de saúde pública de São Paulo,
principalmente na periferia, faltam médicos.
''O H1N1 parece mais agressivo do que outros vírus, com maior
possibilidade de provocar infecções graves'' Francisco Ivanildo de Oliveira Júnior, infectologista do Hospital Emílio Ribas
A crise é de tais proporções que nem
algumas das mais prestigiadas clínicas paulistanas têm dado conta de
atender a todos. Nas unidades do Hospital Albert Einstein do Ibirapuera e
do Morumbi (SP), por exemplo, a espera pela aplicação da vacina supera
duas horas – e os estoques semanais recebidos pelo hospital podem
acabar “a qualquer momento”. Na clínica Cedipi, localizada nos Jardins,
um dos endereços mais caros da cidade, a versão quadrivalente, que
protege contra o H1N1 e mais três tipos de gripe, estava esgotada na
quinta-feira 31 e as linhas telefônicas congestionadas devido ao aumento
nas buscas. Muitos lugares simplesmente não possuíam mais o medicamento
disponível, e alguns deles escalaram funcionários para avisar os
clientes, ainda na rua, sobre a escassez. Contaminadas com H1N1 no fim
de março, a empresária Rosemeire Rizzo, 50 anos, e sua filha, a
publicitária Renata, 26, foram diagnosticadas no Einstein. Com
recomendação de repouso absoluto, foram comprar o medicamento Tamiflu,
prescrito para esse tipo de gripe, nas farmácias do bairro nobre de
Alphaville, na Grande São Paulo, mas não encontraram o remédio em
nenhuma delas. “Acabou por conta da alta procura”, afirma Rosemeire.
SURTO
A família inteira de Tom Cavalcante foi infectada (acima). Doentes, a mãe
Rosemeire e a filha Renata não acharam o remédio (abaixo)
Para debelar a crise, o governo federal
enviou lotes de vacinas de H1N1 de 2015 para o noroeste paulista, região
mais afetada do País. Além disso, a Secretaria de Saúde de São Paulo
antecipou a distribuição do lote de 2016 para os principais grupos de
risco. De acordo com o Ministério da Saúde, porém, um adiantamento em
escala nacional está fora de questão. Como a “receita” do medicamento
muda anualmente, a pasta admite que não possui capacidade de produção e
condição logística para mudar a data marcada para o começo da campanha,
30 de abril.
Mapeamento da superfície do vírus revelou presença de proteínas, em sua parte externa, que podem se ligar a células humanas
Estadão Conteúdo
Um grupo de cientistas americanos determinou a estrutura do vírus
zika. De acordo com o estudo, publicado nesta quinta-feira, 31, na
revista Science, desvendar a estrutura do vírus é um passo fundamental
para o desenvolvimento de vacinas.
O mapeamento da superfície do vírus, feito com uma técnica chamada
microscopia crio-eletrônica, revela que a estrutura do zika é muito
parecida com a do vírus da dengue, mas com uma diferença fundamental:
ele possui em toda sua parte externa uma glicoproteína que pode ser
usada para se ligar às células humanas.
Essa variação nas glicoproteínas na superfície do zika, segundo os
cientistas, poderia explicar a capacidade do vírus para atacar células
nervosas e também para causar síndrome de Guillain-Barré, segundo os
autores.
O mapeamento, com uma resolução próxima do nível atômico, foi feito
por pesquisadores da Universidade Purdue (Estados Unidos). O "retrato"
do vírus foi feito a partir de uma partícula do vírus, com a técnica de
microscopia crio-eletrônica.
O processo envolve o congelamento de partículas do vírus e o seu
bombardeamento com elétrons de alta energia. Com isso, a amostra gera
dezenas de milhares de imagens micrográficas de duas dimensões, que são
combinadas para compor um mapa tridimensional de alta-resolução da
aparência do vírus.
A principal diferença observada pelos cientistas em relação a outros
vírus semelhantes ao zika está na região das glicoproteínas do envelope
externo do vírus - um tipo de proteína que os vírus desse tipo podem
utilizar para se ligar às células humanas. Os pesquisadores encontraram
180 delas na superfície do zika.
Segundo o estudo, isso pode ser importante para o desenvolvimento de
vacinas, porque essas glicoproteínas são consideradas um alvo
fundamental para a resposta imune contra o vírus. Com isso, as
informações podem ser úteis também para desenvolver tratamentos como
drogas antivirais e anticorpos que possam interferir nas funções das
glicoproteínas do envelope viral.
Além disso, segundo os autores, detalhes sobre as diferenças estruturais
entre as proteínas do envelope do zika e do vírus da dengue podem
ajudar a produzir novos testes diagnósticos mais específicos, isto é,
mais preciso para distinguir a infecção por zika ou por dengue. OMS vê 'forte consenso' sobre relação entre zika e microcefalia
A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta, pela primeira vez, para o
fato de que já existe um "forte consenso" entre a comunidade científica
sobre o impacto do vírus zika em síndromes como a microcefalia e
Guillain-Barré. Em seu informe semanal sobre a situação da doença pelo
mundo, a OMS abandona qualquer tipo de cautela e confirma uma mudança
importante em sua avaliação sobre os casos.
Se no início de fevereiro a OMS insistia que ainda precisava aguardar
por provas científicas para estabelecer a relação, a entidade agora
indica que os casos suspeitos na Colômbia, a proliferação da incidência
de Guillain-Barré e a continuação da tendência no Brasil apenas reforçam
a tese de que o zika é mesmo o responsável pelas doenças.
Já em março, a OMS havia mudado sua avaliação inicial e indicava que
as chances de o zika causar a microcefalia era "altamente provável". Em
sua nova versão, a agência de saúde da ONU é ainda mais enfática.
"Baseado em observações e estudos de casos, existe um forte consenso
científico de que o vírus da zika é a causa da síndrome de
Guillain-Barré, microcefalia e outras desordens neurológicas", indicou a
OMS.
Em seu informe, a entidade ainda aponta que, em seis países, existem
casos de zika, sem a presença de mosquitos, o que leva a crer que
existem outras formas de contaminação. Tais casos atingem a Argentina,
Chile, França, Itália, Nova Zelândia e EUA. Uma das suspeitas é de que
os novos casos tenham sido contaminados por transmissão sexual.
No caso da Colômbia, a OMS também avalia que os dados apontam para um
salto na incidência de microcefalia. No total, 56 mil casos suspeitos
de zika também foram registrados no país e, até junho, a OMS espera ter
confirmações sobre um eventual salto no casos de microcefalia e outras
incidências de má-formação em recém-nascidos.
No total, 32 crianças nasceram com microcefalia na Colômbia em 2016 e
estão sob investigação. Inicialmente, o número suspeito chegava a 50,
bem acima da média de 30 casos a cada três meses.
Outra avaliação da OMS se refere a dois casos de crianças que
nasceram com microcefalia em Cabo Verde, onde o zika também havia sido
identificado.
Além disso, um total de 13 países ou territórios registraram já um
aumento de casos de Guillain-Barré. Desde 2007, 61 países já notificaram
a OMS sobre a presença do zika em seus territórios.