quarta-feira, 27 de abril de 2016

Ministério notifica 156 casos de zika no Estado-Ce

Esta é a primeira vez que o Ministério da Saúde divulga dados sobre a febre causada pelo vírus
O Ministério da Saúde divulgou ontem o primeiro boletim epidemiológico com dados registrados do vírus zika no Brasil. O órgão ainda não tinha nenhum levantamento sobre a doença causada pelo vírus, pois os casos ainda estão sendo investigados. Os dados apontam 91.387 ocorrências prováveis da enfermidade em todos os estados, de janeiro até 2 de abril. O Ceará aparece com 156 registros de suspeitas de febre por zika. A taxa de incidência, que considera a proporção de casos, é de 44,7 ocorrências para cada 100 mil habitantes. A transmissão, que se origina em todas as regiões do País, foi confirmada a partir de abril de 2015, com a confirmação laboratorial no município de Camaçari (BA).
O Ministério da Saúde tornou compulsória a notificação dos casos de zika em fevereiro deste ano. Desde então, estados e municípios vinham preparando seus sistemas de registros para encaminhar estas notificações ao Ministério. A Região Sudeste teve 35.505 casos prováveis da doença, seguida das regiões Nordeste (30.286); Centro-Oeste (17.504); Norte (6.295) e Sul (1.797). Considerando a proporção de registros por habitantes, a Região Centro-Oeste fica à frente, com incidência de 113,4 casos/100 mil habitantes, seguida do Nordeste (53,5); Sudeste (41,4); Norte (36,0); Sul (6,1).
A Pasta informou que a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa-CE), assim como os municípios, ainda estão se adaptando a esse tipo de identificação para notificar o vírus zika. O diagnóstico dos casos no Brasil tem sido feito com uma técnica chamada de PCR, que pesquisa diretamente no sangue do paciente a presença de material genético do vírus.
Baixo número
O infectologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), Anastácio Queiroz, afirma que os dados devem ser utilizados para interpretar que o vírus está presente no Estado. Segundo o especialista, sobre o baixo número apresentando no boletim de notificações do Ceará, o fato se deve à dificuldade do diagnóstico. "Os sintomas das doenças causadas pelo mosquito são bem parecidos, causando viroses mais leves e outras pesadas. As erupções na pele ainda são fator essencial no diagnóstico dos casos suspeitos", conclui o profissional. Ainda conforme o infectologista, o exame PCR é eficaz, mas é caro e requer tempo. "Os laboratórios do Estado são capazes de realizar esse de exame, mas realizamos por prioridades. Não se tem condições de realizar em todos os casos suspeitos para o vírus da zika".
O novo boletim epidemiológico também registra 802.429 casos prováveis de dengue em todo o País. O Ceará se destaca com uma pequena queda na Região Nordeste com 10.888 casos suspeitos até 2 de abril deste ano. Em 2015, em igual período, o Estado tinha 11.584 casos prováveis.
O diretor de Vigilância das Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch, avalia que "a partir do fim de fevereiro, já se começou a observar uma redução dos casos. A expectativa é que o número continue caindo, expressando o resultado das nossas ações, que foram intensificadas desde início do ano", afirmou.
Ele considera que a tendência é de desaceleração do número de casos nas próximas semanas, visto que o período de maior infestação do mosquito Aedes aegypti é na época de chuvas, entre os meses de dezembro e abril.
Mobilizações
O Ministério da Saúde tem reunido esforços no combate ao Aedes aegypti, convocando o poder público e a população. O governo federal mobilizou todos os órgãos federais para atuar conjuntamente neste enfrentamento, além da participação dos governos estaduais e municipais. Neste ano, diversas ações foram organizadas em parceria com outros órgãos e entidades, como a mobilização que contou com 220 mil militares das Forças Armadas; a mobilização nas escolas, que marcou o início do ano letivo com instruções aos alunos de como prevenir as doenças transmitidas pelo Aedes; além da faxina promovida pelo Governo com servidores públicos, cujo objetivo foi inspecionar e eliminar possíveis focos do mosquito nos prédios públicos.
Além disso, estão em funcionamento 1.094 salas municipais e 27 salas estaduais de controle, que são coordenadas pela Sala Nacional de Coordenação e Controle (SNCC), instituída em dezembro do ano passado pelo governo federal para organizar e coordenar as estratégias de combate ao Aedes aegypti.
As visitas aos imóveis contam com a participação permanente de 266,2 mil agentes comunitários de saúde e 49,2 mil agentes de controle de endemias, com apoio de aproximadamente 5 mil militares das Forças Armadas e membros da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros.
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