sexta-feira, 8 de abril de 2016

Doador não-aparentado Estado realiza transplante inédito de medula

Procedimento realizado no Hospital Walter Cantídio contou com doador de fora da família da paciente
Ranniery Melo - Repórter
A Unidade de Onco-Hematologia do HUWC realiza transplantes de medula desde agosto de 2008. Nos três primeiros meses de 2016, a parceria entre o HUWC e o Hemoce já contabilizou 16 procedimentos ( FOTO: BRUNO GOMES )
Pela primeira vez no Ceará, uma paciente com leucemia foi submetida a um transplante de medula óssea alogênico e não aparentado, ou seja, de um doador que não faz parte da família daquela que recebeu o material. O procedimento foi realizado na última quarta-feira (6), no Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), ligado à rede da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebsehr), em parceria com o Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce). A paciente em questão tem 37 anos de idade e é natural de Baturité, morando hoje em Aratuba. Ela foi diagnosticada com leucemia mielóide crônica. Mesmo com o acompanhamento, seu corpo não respondia adequadamente aos medicamentos tradicionalmente utilizados para conter a doença.
Já o doador foi captado por meio do Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea, o Redome. De acordo com Fernando Barroso, chefe da Unidade de Onco-Hematologia do HUWC, o material chegou às 20h30 no Aeroporto Internacional Pinto Martins, no mesmo dia da realização do transplante. O Redome mantém o nome e a naturalidade do doador em sigilo, mesmo para a equipe médica que executou o procedimento.
Para Fernando Barroso, a capacidade de efetivar o método inédito no Ceará representa a conquista de um desafio que pretende continuar beneficiando outros pacientes do Estado. "A complexidade desse transplante era uma meta a ser alcançada dentro da equipe do Hospital Walter Cantídio. Além disso, na medida em que disponibilizamos o transplante alogênico não aparentado em Fortaleza, aumentamos muito as chances de sobrevida do paciente", expõe.
O médico informa ainda que um procedimento similar foi realizado ontem, em Nova York, nos Estados Unidos, onde uma pessoa recebeu a medula óssea de um doador cearense.
Fernando Barroso destaca ainda o cadastramento como doador de medula óssea dentre um dos principais fatores que podem estimular a recorrência desse tipo de procedimento. "É preciso estimular a doação de medula no nosso Estado. É muito importante esclarecer que, para o doador, inexiste qualquer risco, além de ajudar a salvar uma vida num processo de solidariedade fantástico", aponta o médico.
Métodos
A Unidade de Onco-Hematologia do HUWC realiza transplantes de medula desde agosto de 2008. Nos três primeiros meses de 2016, a parceria entre o Hospital Universitário Walter Cantídio e o Hemoce já contabilizou 16 transplantes de medula óssea, oito deles sendo autólogos, enquanto os outros oito foram alogênicos.
A diferença entre os dois métodos é que o transplante alogênico é realizado por meio da presença de um doador, que pode ser aparentado (um irmão do paciente, por exemplo), ou não aparentado (captado por meio do banco de doadores do Redome). As células-tronco são recolhidas do doador um dia antes do transplante. O paciente passa pelo procedimento depois de ser submetido a quimioterapia e, em alguns casos, à radioterapia. Após a infusão das células doadas, conforme explica Fernando Barroso, o paciente permanece internado até o momento em que a medulo recubra o funcionamento normal.
Medicamentos
Já o método autólogo é executado com as própria células-tronco hematopoiéticas do paciente, caracterizando-se como um auto-transplante. A técnica consiste em estimular a produção de células-tronco por meio de medicamentos. Elas serão coletadas por um processo automatizado denominado aférese e congeladas para armazenamento. Em seguida, o paciente é internado, passando por altas doses de quimioterapia, para então receberem novamente o material que estava congelado.

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