quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Fortaleza tem 71 bairros em situação crítica de chikungunya

A cidade passou das 21 mil ocorrências confirmadas da doença em abril para 47.929 até 18 de agosto deste ano
por Renato Bezerra - Repórter
Os casos de febre chikungunya no Estado em 2017 chamam atenção pela alta incidência, especialmente na capital cearense. A cidade passou das 21 mil ocorrências confirmadas da doença no mês de abril para 47.929 até 18 de agosto último, além de outras 6.353 que estão sendo investigadas, segundo informações do último boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS). A estratégia de combate para o segundo semestre, segundo a pasta, envolve uma operação em mais de vinte bairros considerados críticos.
Os adultos continuam sendo as maiores vítimas. Segundo o boletim semanal, 68% dos casos atingiram pessoas entre 20 e 59 anos de idade, 5% crianças de zero a nove anos, 11,5% os adolescentes de 10 a 19 anos e 15,5% a população acima dos 60 anos. É entre os idosos, no entanto, que se encontram as maiores vítimas fatais. Dos 119 óbitos suspeitos pela arbovirose, 83,2% (99) foi registrado em pessoas acima dos 60 anos. Entre as mortes já confirmadas este ano em Fortaleza, 56 no total, 43 foram de pessoas acima dos 70 anos.
A atuação do poder público neste 2º semestre, no que diz respeito o combate ao vetor da doença, o mosquito Aedes aegypti, se baseia na distribuição territorial dos casos. Chama atenção a disparidade das ocorrências entre os bairros da Capital. O levantamento da SMS aponta o maior número de casos confirmados na Secretaria Regional V, 11.830 no total, o que corresponde a 24,75% das ocorrências de toda a cidade.
O Bom Jardim reuniu a maior incidência, com 2.825 pessoas doentes esse ano. No total, 71 bairros registraram incidência acima dos 1.200 casos por cada grupo de 100 mil habitantes, considerado o nível mais preocupante. Conforme ressalta o gerente da Célula de Vigilância Ambiental e Riscos Biológicos da SMS, Atualpa Soares, as ações diferem de acordo com o período do ano.
Neste segundo semestre é possível trabalhar de forma mais articulada em localidades específicas, como diz ele, ao contrário dos primeiros meses do ano, quando as ações são mais emergenciais em virtude da quadra chuvosa e da grande proliferação de mosquitos. Até dezembro deste ano, afirma Soares, serão realizados mutirões preventivos em locais mapeados pela Prefeitura de Fortaleza.
Identificar
"Vamos identificar quais foram aqueles bairros e locais com maior número de casos e nesses os trabalhos serão mais focados, tentando identificar possíveis criadouros, pontos estratégicos, como casas abandonadas, terrenos baldios, que possam ter servido de berçário para o mosquito. Nosso plano estratégico para rodar esses locais conta com a operação quintal limpo e com serviços de limpeza urbana, drenagem de canais que na próxima quadra chuvosa não tenha um maior número de casos".
Ainda segundo o gerente da Célula de Vigilância, está em conclusão a parte organizacional da operação para início em setembro, com a lista de mais de vinte bairros sendo definida até o fim da semana. Os prioritários, detalha, serão o Bom Jardim e o Edson Queiroz, com muitos casos de chikungunya e o Jangurussu, com elevada incidência de dengue. "Uma área ou outra pode estar descoberta então nesse momento é possível leva uma quantidade maior de agentes, tirando eles de um território específico por um tempo ficando nesse outro de forma mais efetiva".
A incidência maior de casos em determinados bairros, segundo explica, pode estar relacionado a locais com grandes adensamentos populacionais, com Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) baixos e onde muitas vezes o cenário social interfere diretamente nos índices de educação e na violência urbana.

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