sexta-feira, 20 de julho de 2018

IJF registrou quase 7 mil casos de acidentes domésticos com crianças em 2018

Especialistas alertam para o período de férias, quando aumenta o risco de traumas
criança
O risco de incidentes cresce durante o mês de julho, quando os pequenos passam mais tempo em casa ( Foto: Arquivo )
Correr, pular, brincar, jogar... Essas são as principais atividades que marcam o cotidiano das crianças durante o período de férias. Contudo, a permanência em casa nesta época sem aulas pode ocasionar sérios problemas.
No primeiro semestre de 2018, o Instituto Doutor José Frota (IJF) registrou 6.960 casos de acidentes envolvendo crianças entre 0 e 14 anos. O risco de incidentes cresce durante o mês de julho, quando os pequenos passam mais tempo em casa.
acidentes
Super-herói, jogador de futebol, e até médico. A criatividade que transforma crianças em protagonistas pode levá-las a enfrentar alguns vilões do dia a dia. Entre quedas, intoxicações, picadas de animais peçonhentos, e queimaduras, os “pequenos heróis” precisam do principal auxílio nessa aventura: a vigilância dos pais e responsáveis.
“Não pode esquecer que aquela criança precisa de atenção porque ela não mede a situação de perigo. Não se pode confiar no fato de a criança estar em casa e deixá-la solta”, alerta a pediatra Márcia Lima Verde.
“O que a gente tem observado é que as mães se entretém muito nas redes sociais e esquecem da criança pelo simples fato de estar em casa. Porém, em casa tem muitas regiões de perigo. A cozinha, por exemplo, é uma bomba relógio, porque tem fogão, tem panela no fogo, fósforo, água fervendo. As queimaduras, depois das quedas, são as principais vilãs das crianças nas férias”, completa a especialista.
Além de quedas e queimaduras, as crianças sofrem com outros malefícios. “Uma coisa que muitos não se atentam é às escadas. Dependendo da altura também precisa ter rede de proteção nelas. Eu também recebo muito na emergência criança com intoxicação. Até uma inalação que pode parecer inofensiva, pode resultar em algo pior. Então, é correr para emergência mesmo", é o que aconselha Isa Xavier, pediatra.
Os brinquedos e controles remotos contém partes que também podem apresentar perigos para as crianças, como por exemplo, as baterias. “Elas botam as baterias na boca e engolem. E essa bateria vai soltando substâncias altamente corrosivas, tanto para a mucosa do esôfago quanto para a mucosa do estômago”, aponta Lima Verde sobre o perigo das pequenas peças.
Andajá
A pediatra Márcia Lima Verde alertou sobre o uso de um objeto, que para ela, deveria ser abolido: o “andajá”, como é popularmente conhecido o andador utilizado em crianças, na fase onde elas ainda ensaiam os primeiros passos.
“('O andajá') é altamente contraindicado hoje em dia, mas infelizmente ainda existem cantos que vendem e os pais compram. Às vezes, uma rodinha daquela escorrega na escada e o acidente pode causar um traumatismo craniano muito severo”, alerta Márcia Lima Verde sobre o aparelho.
“Os pais colocam os filhos no 'andajá' muito precocemente e causa má formação até no próprio osso na perna da criança”, completa a médica ao pontuar outro malefício causado pelo objeto.
Jornada dupla
Rafaella Aragão é mãe e odontopediatra, então, para conciliar as duas funções, ela precisa praticamente de “super poderes”. Com a experiência dentro da formação profissional, ela revela que se preocupa ainda mais com os filhos. “Onde eu trabalho, eu atendo muitos casos. Já atendi criança que se furou com espeto enquanto estava comendo churrasco; criança que se cortou bebendo água em copo de vidro”, conta.
Arthur, 8, é um dos filhos de Rafaella, e a odontopediatrarevela que redobra a atenção pois ele está na “fase de Super-Herói”. “Ele subiu na minha cama, que é alta, e pulou (imitando o Super-Homem). Com a queda, ele quase quebra o nariz. Saiu muito sangue”, revela Rafaella.
O período de férias escolares muitas vezes não coincide com o recesso trabalhista dos pais. Por isso, a dificuldade em observar as crianças torna-se ainda maior. “Uma solução pode ser arranjar uma pessoa como avó ou tia para cuidar dessas crianças que não estão na escola, porque ficar sozinho é um grande perigo”, completa a pediatra Márcia Lima Verde.

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