domingo, 3 de maio de 2009

Brasil na rota da Suspeita


Alemão que participou de feira de turismo em Fortaleza está com sintomas da gripe. Ninguém mais ficou doente
Viviane Vaz

Um alemão de 40 anos pode ter contraído o vírus da gripe suína em uma feira de turismo realizada no mês passado, em Fortaleza. De volta a Colônia, onde reside na Alemanha, ele apresentou os sintomas da doença — febre, tosse, falta de ar, dores de cabeça e no corpo — e se recupera, agora, em um quarto isolado num hospital de sua cidade. O Instituto Robert Koch, de Berlim, divulgará hoje o resultado dos testes nas amostras do trato respiratório para confirmar se o vírus é o H1N1.
A secretária de Saúde de Colônia, Marlis Bredehorst, informou ontem que dois testes rápidos realizados no paciente confirmaram que ele foi contaminado pelo vírus da influenza tipo A. Como existem três variantes do tipo A, só os exames finais poderão definir se é realmente o H1N1, da gripe suína. Segundo as autoridades alemãs, o paciente trabalha na indústria do turismo e tinha muitos contatos internacionais.
O Correio apurou que o profissional esteve em Fortaleza de 26 a 28 de abril, como participante da 18ª Brazil National Tourism Mart (BNTM). Essa feira teve a presença de cerca de 600 empresários e operadores de turismo de 28 países. As 10 maiores comitivas foram: Argentina; Estados Unidos; Alemanha; Itália; Holanda; Espanha; Chile e Peru; Inglaterra; Bélgica, Suíça e Uruguai; França. Outros países que estavam representados: Austrália, Bolívia, Canadá, Dinamarca, Finlândia, Hungria, Israel, Itália, Noruega, Paraguai, Polônia, Portugal, Suécia, Venezuela e Rússia.
Na abertura da feira, participaram também autoridades brasileiras como o ministro do Turismo, Luiz Barretto, o governador do Ceará, Cid Gomes, e a presidente da Embratur, Jeanine Pires. O local da abertura foi o complexo La Maison Dunas Coliseu e os encontros de negócios se realizaram no Centro de Convenções Edson Queiroz. Do mercado nacional de turismo participaram cerca 300 fornecedores, entre hotéis, operadoras, locadoras e agências de viagens.

Melhora
“Depois de receber medicamentos antivirais, o paciente apresenta melhoras e está se recuperando”, disse Marlis à imprensa alemã. A esposa e os filhos pequenos do alemão também estão sob observação. “Levamos o assunto a sério, mas não há motivo para preocupar-se”, tranquilizou a secretária de Saúde. O diretor de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde no Brasil, Eduardo Hage, disse que não acredita que o alemão esteja com o vírus da gripe suína ou tenha se infectado durante a feira. Por uma simples questão epidemiológica: não houve transmissão da doença, até agora, no Brasil.
“Não há indícios de que o vírus circule no Brasil. Em Fortaleza e outras regiões do país temos eventos com presença de pessoas de outros países, o que seria prontamente detectado”, reiterou. “Além do diagnóstico com o exame, existem outras maneiras de detectar se, num desses eventos e feiras, foi registrado grande número de pessoas com gripe ou sintomas comuns. Confiamos nos dados enviados pelos estados brasileiros”, explicou Hage.
Se confirmado, o paciente pode ser o primeiro caso de contágio na Alemanha que não procede diretamente do México ou de contato com um doente no país, como aconteceu com uma enfermeira da Baviera. Dos 12 casos suspeitos na Alemanha, seis foram confirmados após análise virológica. Segundo Jörg Hacker, diretor do Instituto Robert Koch, dois dos infectados já receberam alta e os outros evoluem positivamente com tratamento médico. Quatro deles são cidadãos da Baviera e outra paciente vive em Hamburgo.
No Brasil, o número de casos suspeitos subiu para 14, seis no estado de São Paulo, quatro no Rio de Janeiro, três em Minas Gerais e um no Espírito Santo. Na última quinta-feira, a Secretaria da Saúde do Estado do Ceará reuniu diretores e infectologistas de unidades de saúde pública e da rede complementar para discutir ações de prevenção e controle da influenza suína. A equipe definiu o Hospital São José para atendimento de pessoas suspeitas de contaminação pelo vírus H1N1 (influenza suína). E, nos casos de necessidade de internação, o Hospital Universitário Walter Cantídio.
(Colaborou Rodrigo Couto)

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