segunda-feira, 11 de maio de 2009

Prova de fogo para o setor de saúde



O combate à gripe suína no Brasil alcança uma fase crucial a partir de agora. Superada a notícia da chegada do vírus A (H1N1) ao país, a partir de viajantes que retornaram da América do Norte (onde esta nova cepa de influenza teria nascido), surge um fato ainda mais preocupante: o Brasil já registra casos autóctones. Ou seja, há brasileiros que jamais foram ao foco da gripe e, mesmo assim, estão contaminados. Diante disso, todas as medidas preventivas postas em prática pelas autoridades sanitárias enfrentam neste momento seu teste mais difícil.
Ainda ontem, o Ministério da Saúde confirmou mais dois casos da nova gripe no Brasil. Com estes, são agora oito pacientes infectados no país, sendo seis com vínculo de viagens internacionais e dois autóctones. Um dos novos casos confirmados é no Rio de Janeiro e o outro no Rio Grande do Sul – onde ainda não havia registro da doença. Ao todo, são três os pacientes infectados pelo vírus no Rio, sendo dois transmitidos de pessoa para pessoa, dentro do Brasil. Segundo o Ministério da Saúde, estes dois casos cariocas estão ligados ao do primeiro, que contraiu a doença em viagem ao México. Pelo que se sabe, um jovem turista ao retornar de viagem acabou por transmitir o vírus para um amigo e a mãe deste. Os três seguem internados no Hospital Universitário do Fundão, referência no tratamento da doença.
Diante dos fatos mais recentes, as autoridades ratificam que a transmissão do vírus no Brasil permanece limitada, "sem evidência de transmissão sustentada". No balanço de ontem da Organização Mundial da Saúde (OMS), há 4.379 infectados em 29 países e 50 mortes. Uma vez mais, cabe ressaltar que não há motivo para pânico – como informam os especialistas. O governo brasileiro dispõe de 12.500 kits de tratamento, tendo ainda capacidade para produção rápida de outros 9 milhões de kits, conforme informou o ministro José Gomes Temporão. Também convém esclarecer a população que a contaminação pela nova cepa da influenza não significa uma sentença de morte: quando descoberta a tempo e tratada com os medicamentos corretos, a enfermidade é plenamente superável.
As autoridades sanitárias brasileiras mantêm a vigilância em portos e aeroportos e 18 casos suspeitos continuam em observação. As aeronaves oriundas de países com casos confirmados são desinfectadas ao pousarem nos aeroportos brasileiros, e o lixo delas retirado é tratado como detrito hospitalar, sendo incinerado em seguida. Os passageiros destes voos são inspecionados e recebem folhetos contendo as informações básicas sobre a enfermidade e os meios de contágio. Além dos cuidados médicos ora dispensados aos adoentados, a maior arma contra a moléstia é mesmo a informação – que deve ser transmitida de forma clara e abrangente, a fim de alcançar o maior número de cidadãos.
Em verdade, o grau de letalidade até agora demonstrado pela gripe A é baixo, equivalente à da malária, que mata 0,2% dos contaminados. O que realmente preocupa é que o número de infectados pode ser alto e o vírus pode sofrer mutações para variedades mais mortais. Por isso os cuidados (tanto governamentais quanto individuais) devem ser redobrados a partir de agora.

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