sábado, 19 de fevereiro de 2011

Casos de dengue superam janeiro da última epidemia-CEARÁ

O balanço da dengue referente ao mês de janeiro aponta que o Ceará á registra número de casos superior ao mesmo período da segunda maior epidemia da doença no Ceará, ocorrida em 2008. Para se ter uma ideia, os dados do boletim epidemiológico da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), divulgados ontem, confirmam 2.241 infectados no último mês, com oito óbitos, enquanto que em janeiro de 2008, esse número correspondia a 1.607, e nenhuma morte. Ou seja, um aumento de 39,45% nos registros.Os dados preliminares do Ministério da Saúde (MS), oriundo do monitoramento feito até o último dia 28, colocam o Ceará com 489 casos, o que o posiciona como segundo Estado do Nordeste em confirmações de dengue, ficando atrás apenas da Bahia, com 695 pacientes infectados. Na época, foram registrados oito casos graves, com dois óbitos em investigação.Já as informações mais atuais da Sesa, apontam que até ontem, o Ceará tinha 2.559 pessoas com dengue, além de um total de oito óbitos, sendo um por Febre Hemorrágica da Dengue (FHD), e o restante por complicação. Ambos os tipos, são referentes a manifestação mais agressiva da doença.Para a doutoranda da Rede Nordeste de Biotecnologia da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Patrícia Facó, os números traduzem uma epidemia. "Não sei precisar se iremos ter uma quantidade maior de pessoas infectadas em relação a 2008. Porém, não é preciso ter bola de cristal para afirmar que a quantidade de casos graves será bem superior".A pesquisadora considera a situação do Estado preocupante, pois leva em conta vários fatores, como o período chuvoso e a falta de consciência sanitária, ou seja, o desrespeito com o meio ambiente por parte da população. "De nada adianta nós termos campanhas educativas, contratarmos agentes sanitaristas, se a população não faz a sua parte, como vedar a caixa d´água, eliminar focos dentro de casa e não jogar lixo na rua", disse Patrícia Facó.Temperatura favorável, quente e úmido, e abastecimento de água irregular, além de uma parte da população vulnerável ao sorotipo 1 da dengue. Esse conjunto de fatores fazem de Fortaleza um lugar ideal para reprodução do Aedes Aegypti, mosquito transmissor da doença. O que a população não sabe, é que além do mosquito, outros responsável pela transmissão da doença é o Aedes Albopictus, juntos eles já conseguiram infectar 899 pessoas.Patrícia Facó explicou que os sintomas do Albopictus são os mesmos do Aegypti. Além disso ela salientou que, segundo pesquisa realizada pela Uece, de 2006 a 2009, ambos os mosquitos já nascem infectados pelo sorotipo circulante. "Na época o Albopictus já nascia com os vírus 1 e 2 da doença".Em virtude disso e da falta de comprometimento de alguns cidadãos, ela alertou para a necessidade de o Município ampliar as atividades de controle legais, que consistem na visita de imóveis fechados e prédios abandonados. "É preciso priorizar ações durante todo o ano. A Prefeitura deveria ver uma forma de punir com mais rigor os cidadãos que não colaboram com a prevenção".EstadoAté ontem, um total de 161 municípios registravam a presença das larvas do mosquito. Destes, 107 estavam com transmissão da doença. Com relação a letalidade da dengue, o Estado está com 7,1%, uma porcentagem bem acima do recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que permite até 1%.A incidência está em 4,03 casos por cada 100 mil habitantes, considerada baixa pela OMS, que classifica como alta a ocorrência acima de 300.MedidasArruda Bastos solicita mais recursos para as endemiasO secretário da Saúde do Estado, Arruda Bastos, atribuiu o alto número de casos, se comparado ao mesmo período de 2008, a chegada antecipada das chuvas. Além disso, informou que as atividades para contenção da epidemia já estão sendo tomadas desde o fim de 2010. “Em 2008 nós tivemos um inverno mais tardio. Fora isso, se caso não tivéssemos nos mobilizados no ano passado, os número de casos seria bem maior”. Bastos acrescentou que há 15 dias teve um encontro como Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, onde estiveram presentes outros representantes de 16 estados que encontram-se em situação de vulnerabilidade para dengue. “Fomos reivindicar mais recursos para as endemias, e acredito que a resposta seja bastante positiva, tendo em vista que o Amazonas acabou de receber essa ajuda”. Ele informou ainda, que Padilha visitará o Estado no próximo dia 26, como parte da Caravana da Dengue. Dentro das solicitações de Arruda ao MS, estão a liberação de 20 carros de Ultra Baixo Volume (UBV), os conhecidos Fumacê. “Até o momento já liberamos carros para alguns municípios. Porém essa solicitação é como medida de precaução, tendo em vista a situação de vulnerabilidade em nos encontramos”.

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