terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Centros de Saúde de Fortaleza estão na UTI

Conseguir uma consulta médica em Centros de Saúde da Família se tornou tarefa das mais difíceis. Muitos cidadãos têm que abrir mão de uma noite de sono para se aventurar, madrugada adentro, nas filas em busca de atendimento. O que, ainda assim, não representa nenhuma garantia.

Falta de medicamentos, computadores quebrados, atendimento precário, desorganização, idosos sem prioridade nas filas, falta de água potável, de cadeiras e macas para receber pacientes graves, são problemas comuns a maioria das unidades de saúde em Fortaleza.

Foi o que constatou as equipes de reportagem do Diário do Nordeste ao visitar seis Centros de Saúde na Aerolândia, Pirambu, Cristo Redentor, Colônia e Álvaro Weyne, vinculadas a três Secretarias Executivas Regionais (SERs). Na manhã de ontem, comprovou o sofrimento de quem busca atendimento, entre filas e recusas de médicos com agenda programada cheia.

Drama

No Centro de Saúde da Família César Cals de Oliveira, no bairro Aerolândia, a equipe flagrou o drama da dona-de-casa Rachel Silva, 25 anos, que passou mal na parada de ônibus, localizada vizinho ao Centro de Saúde da Família César Cals de Oliveira, no bairro Aerolândia.

Socorrida, e teve que ser carregada por quatro homens numa cadeira improvisada, porque na unidade não tinha maca e nem cadeira de rodas. Os próprios funcionários reclamam das péssimas condições do ambiente de trabalho e com a insegurança, já que o posto não dispõe de guardas municipais.

Os problemas se repetem e cada paciente tem uma história de dor e sofrimento para contar. O mestre de obras Francisco Pereira Duarte, 63, sofreu, em novembro do ano passado, um acidente de carro e teve o tornozelo fraturado. De lá para cá ele realiza, semanalmente, uma verdadeira peregrinação em centros de saúde e Hospital Geral de Fortaleza (HGF), na tentativa de conseguir uma cirurgia.

"Sexta-feira (dia18) eu vim para cá, mas quando cheguei disseram que o computador estava fora do ar", reclama Duarte, após duas tentativas fracassadas de marcar uma consulta no Centro de Saúde da Família Rigoberto Romero, da Cidade 2000.

Na maioria dos postos de saúde, é unânime a reclamação de desrespeito ao Estatuto do Idoso. Os acompanhantes reclamam que os pacientes da terceira idade não têm prioridade na marcação de consultas.

Um exemplo é do mãe da auxiliar de enfermagem Liduina da Fonseca Lima, 49. Com 74 anos, a aposentada, que tem diabetes, aguardava há três horas por atendimento, no posto da Cidade 2000. "Nós chegamos às 6 horas e já são 9h e minha mãe não foi atendida. E é porque a consulta está marcada para hoje".

Sem estrutura

Os pacientes reclamam também da falta de estrutura, como computadores quebrados e falta d´água. A doméstica Aldenora Santina da Silva, 39, conta que no Centro de Saúde Rigoberto Romero, há dois anos, a água potável é servida apenas para os funcionários "Toda vez que venho para consulta trago água de casa ou dinheiro para comprar".

A auxiliar de serviços gerais Maria Sousa de Oliveira, 55, indignada, relata que na última sexta-feira, 18, os pacientes que tinham consulta marcada voltaram para casa sem atendimento, com a promessa de que as elas ocorreriam ontem. "Os computadores estão todos quebrados. Não tem água, a gente fica com o remédio na mão e não pode tomar".

De acordo com a coordenadora da unidade, Vanizete Martins, tem um médico exclusivo para atender idosos, por isso a dificuldade de criar uma fila preferencial. Com relação a reclamação da falta de água, ela diz que existe um bebedouro. Contudo, como muitas crianças o utilizavam de forma inadequada, ele teve de ser colocado na Copa, no andar superior.

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