
Todas as crianças com o transtorno são hiperativas.
Mito. Há três tipos de TDAH. O predominantemente hiperativo é caracterizado por crianças que não param quietas, são impulsivas, estão sempre agitadas, são rotuladas como “bagunceiras”, ficam impacientes durante as aulas, vivem mexendo as mãos e os pés, não respeitam limites, falam demais e rapidamente e querem fazer várias coisas ao mesmo tempo. O predominantemente desatento é aquele em que a criança é muito dispersa e distraída, vive “no mundo da Lua”, esquece de passar recados, deixa o material escolar em casa, costuma perder objetos pessoais e tem dificuldade de se manter focada nas atividades cotidianas. O combinado tem sintomas dos dois tipos.
O transtorno tem forte herança genética e é um problema tipicamente masculino.
Verdade. Cerca de 88% das crianças com TDAH têm pelo menos um dos pais com o problema e 80% dos pacientes são meninos. Em geral, as meninas têm o tipo predominantemente desatento, enquanto eles são mais o hiperativo ou o combinado.
O diagnóstico é clínico.
Verdade. Como o transtorno envolve circuitos nervosos variados, que diferem de uma pessoa para outra, não há exames de imagem que consigam identificar o problema. Por isso, o diagnóstico é feito a partir de uma entrevista com os pais, observação da criança e consequente avaliação do neuropediatra.
Todas as crianças com o problema têm problemas de aprendizagem.
Mito.Os casos mais comuns são de crianças que vão mal na escola, mas isso não é uma regra e há várias com notas excelentes. A diferença é que o transtorno leva a uma dificuldade de a criança seguir uma rotina de aprendizado. Por isso, tirar uma nota 9 ou 10 exige um esforço e uma disciplina de estudo muito maiores do que seria necessário para outros.
Este é um problema recente, fruto do uso de computadores.
Mito. O transtorno foi descrito pela primeira vez na literatura médica no final do século 18, muito tempo antes da invenção do computador.
Toda criança muito agitada tem o transtorno.
Mito. Há várias crianças que, naturalmente, são mais ativas e agitadas que as demais. Pesquisas mostram que crianças até os 7 anos conseguem prender sua atenção a uma atividade por apenas 10 minutos. A partir dessa idade, o normal é que sejam 20 minutos sem se dispersar. Na dúvida, encaminhe a criança a um médico neurologista para que ele faça uma avaliação.
Problemas emocionais podem dar origem ao TDAH.
Mito. Grandes mudanças ou situações que causem estresse, como a separação dos pais, a morte de uma pessoa próxima ou a chegada de um irmãozinho, podem agravar o quadro de quem tem o problema, mas não dão origem ao transtorno.
Os sintomas geralmente são percebidos na infância.
Verdade. Como as principais manifestações aparecem no dia a dia da criança na escola, é comum que os pais notem os sintomas a partir dos 6 anos.
O remédio para tratar o problema causa dependência.
Mito. A medicação com uso clínico, dentro das quantidades recomendadas pelos médicos, não vicia. O problema é o abuso, que pode levar à dependência a longo prazo.
Terapia pode substituir a medicação.
Mito. O TDAH é uma doença neurobiológica e não um problema psicológico. Por isso, o acompanhamento com psicólogos e psicopedagogos é uma forma de amenizar alguns sintomas e ajudar a criança a manter uma rotina e aprender novas estratégias para desenvolver suas atividades, mas os resultados mais rápidos e duradouros são vistos a partir do uso da medicação.
Uso de calmantes (sintéticos ou naturais) faz com que a criança dispense a medicação.
Mito. Nada substitui os medicamentos receitados pelo médico.
O tratamento de TDAH dura a vida toda.
Nem Mito, nem verdade. Isso varia de caso para caso. Há crianças que tomam a medicação por alguns meses ou anos, se livram dos sintomas, dispensam os remédios e passam a fazer apenas acompanhamento periódico. Outras permanecem com o transtorno na adolescência e há aquelas que manifestam o problema na vida adulta.
Fontes: Fábio Barbirato, chefe do setor de Neuropsiquiatria da Infância e Adolescência da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro; Pedro Paulo Porto Junior, médico neurologista do Hospital Albert Einstein, em São Paulo; Lúcia Helena Coutinho dos Santos, médica neurologista infantil e professora do departamento de Pediatria da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

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