segunda-feira, 25 de julho de 2011

Rumos novos para a dieta

Uma pesquisa recente da Universidade de Harvard deve mudar a forma como se encaram as dietas. O estudo, que é de longe a análise a longo prazo mais detalhada sobre os fatores que influenciam o ganho de peso, envolveu 120.877 homens e mulheres com educação formal que eram saudáveis e não obesos no início do acompanhamento. A conclusão aponta os alimentos que mais engordam, os que ajudam a emagrecer, e traz pistas sobre o papel de exercícios, sono, televisão, fumo e consumo de álcool.Os participantes do estudo foram acompanhados de 12 a 20 anos. A cada dois anos, eles completavam questionários muito detalhados sobre seus hábitos alimentares e peso. A análise examinou como uma gama de fatores influenciava o ganho ou a perda de peso durante cada período de quatro anos do estudo. O participante médio ganhava 1,51 quilos a cada quatro anos, para um ganho total de peso de 7,62 quilos em 20 anos

“Esse estudo mostra que o senso comum – comer tudo em moderação, comer menos calorias e evitar alimentos gordurosos – não é a melhor abordagem”, afirma o Dariush Mozaf­farian, cardiologista e epidemiologista na Faculdade de Harvard de Saúde Pública e principal autor do estudo. “Só contar as calorias não importa muito a não ser que você veja que tipos de calorias você está ingerindo”, diz ele, assinalando que não são verdadeiras as afirmações da indústria alimentícia de que não há alimentos prejudiciais.

Exercícios e dieta

O estudo demonstrou que atividade física tem realmente os benefícios esperados para o controle de peso. Aqueles que se exercitaram menos durante o curso do estudo tenderam a ganhar mais peso, ao contrário dos que aumentaram sua atividade.

Aqueles com o maior aumento de atividade física ganharam 790 gramas a menos do que o restante dos participantes em quatro anos.

Mas os pesquisadores descobriram que os tipos de alimentos que as pessoas ingeriam tinham um efeito geral muito maior nas mudanças do que a atividade física. “Tanto os exercícios quanto a dieta são importantes para o controle do peso, mas se você é razoavelmente ativo e ignora a dieta, você ainda pode ganhar peso,” diz Walter Willet, presidente do departamento de nutrição da Faculdade de Harvard de Saúde Pública e um dos coautores do estudo.

Alimentos

Os alimentos que mais contribuíram para o ganho de peso não foram nenhuma surpresa. Batatas fritas estavam no topo da lista: Um maior consumo desse alimento sozinho já estava relacionado a um aumento médio de 1,5 quilo em cada período de quatro anos. Outros contribuintes importantes foram batatas chips (770 gramas), refrigerantes com açúcar (450 gramas), carnes vermelhas e processadas (430 e 420 gramas, respectivamente), outras formas de batatas (250 gramas), doces e sobremesas (180 gramas), grãos refinados (170 gramas), outros alimentos fritos (145 gramas), suco de fruta concentrado (140 gramas) e manteiga (130 gramas).

Também não foi grande surpresa os alimentos que resultavam em perda ou manutenção de peso quando consumidos em grandes quantidades durante o estudo: frutas, vegetais e grãos integrais. Comparados com os que mais ganharam peso, os participantes do estudo que perderam peso consumiram 3,1 porções a mais de vegetais por dia.

Mas ao contrário do que muitos acreditam, um maior consumo de laticínios, desnatados (leite) ou integrais (leite e queijo) teve um efeito neutro no peso.

Iogurte e sementes

E, apesar dos conselhos convencionais de evitar gorduras, a perda de peso foi maior entre os que comiam mais iogurtes e sementes oleaginosas (nozes, amêndoas, castanhas), incluindo manteiga de amendoim, por provavelmente retardar o retorno da fome.

Que o iogurte, de todos os alimentos, seja o mais fortemente relacionado à perda de peso, foi a descoberta dietética mais surpreendente do estudo, segundo os pesquisadores. Participantes que comiam mais iogurte (que contém bactérias saudáveis) perderam uma média de 370 gramas a cada quatro anos. “As bactérias aumentam a produção de hormônios in­­testinais que produzem saciedade e diminuem a fome”, explica Frank B. Hu, especialista em nutrição na Faculdade de Harvard de Saúde Pública e coautor da nova análise. As bactérias podem também aumentar a taxa metabólica do corpo, facilitando o controle do peso.

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