quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Notificações de gripe A crescem 150% em 24 horas-EM PEDRA BRANCA

Médicos da Sesa e do Ministério da Saúde viajaram para investigar os 13 casos confirmados e os 428 suspeitos

E não param de surgir novas notificações de moradores com sintomas da gripe A, conhecida como gripe suína, na cidade de Pedra Branca, município do Sertão Central que fica a 261 quilômetros de Fortaleza. Em menos de 24 horas, os números de pacientes com possibilidade de estarem com o vírus H1N1 subiram 150%, passando de 284 para as atuais 428 notificações.

Atualmente, 13 pessoas tiveram a confirmação da doença, mas a perspectiva da Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa) é que os números possam crescer ainda mais. A preocupação é tamanha que o titular da pasta, Arruda Bastos, anunciou a liberação de R$ 100 mil reais para apoio nos trabalhos de prevenção.

Para tentar evitar que a gripe A se alastre ainda mais, ultrapasse fronteiras e se torne uma nova epidemia, três médicos da Sesa e a técnica do Ministério da Saúde, Líbia Souza, estiveram, ontem, em Pedra Branca para ver a real situação no município, além de checar a estrutura da cidade, que, hoje, não conta com sequer com única Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Para se mensurar a gravidade da situação em Pedra Branca, todo o País, conforme o Ministério da Saúde, contabilizou 133 notificações até outubro de 2011, enquanto, em menos de uma semana, o município somou 428 casos, mais que três vezes o total do Brasil.

A secretária de saúde de Pedra Branca, Tânia Parente, afirma que a preocupação maior seria a presença, segundo ela, de pessoas de grupo de risco - crianças, idosos, obesos, hipertensos e grávidas - entre a listagem dos notificados. "Há, sim, pessoas com perfis mais vulneráveis, mas nenhum apresenta caso grave", declara a gestora pública municipal.

Outro cenário preocupante é o tamanho das equipes que trabalham 24 horas por dia analisando os quadros clínicos. São 14 médicos se revezando no atendimento aos pacientes no Hospital Municipal São Sebastião e nos postos de saúde. "Mantemos contatos com Secretarias Municipais de Saúde", adianta a coordenadora da 8° Regional de Saúde, em Quixadá, Benedita de Oliveira.

De acordo com Tânia Parente, a avaliação da epidemiologista Líbia Souza sobre as ações do Município para conter o surto foram positivas. "Estamos fazendo exatamente o que deveria ser feito", diz. A epidemiologista ficará no Município por tempo indeterminado para treinamento dos servidores municipais.

Vacinas

Após críticas da população pela ausência de vacinas para a tentativa de controle dos casos, a supervisora epidemiológica da Sesa, Dina Cortez, informou que a imunização não seria a melhor saída.

O mais eficaz mesmo é a prevenção e mapear os casos mais graves. "Estamos agora fazendo a análise dessas 428 fichas para saber o cenário atual e mapear quais os casos que podem ou não ser gripe A", frisou.

Gravidade

133 Casos de gripe A foram registrados pelo Ministério da Saúde no País até outubro de 2011. Pedra Branca já tem mais que três vezes o total do Brasil

MUNICÍPIOS VIZINHOS
Doença pode se espalhar

Se os moradores de Pedra Branca, no Interior do Ceará, parecem estar em pânico, esse clima pode se expandir também para outras localidades. É que um caso suspeito de gripe A está sendo investigado na cidade de Quixadá, afirma o secretário de Saúde do Ceará, Arruda Bastos.

Conforme o titular da pasta, o caso é de um paciente que esteve no último fim de semana em Pedra Branca. "Ainda na quarta-feira, realizaremos a coleta de material para exame no Laboratório Central de Saúde Pública", afirmou Bastos.

Sobre a suspeita em Quixadá, o diretor administrativo do Hospital Regional Doutor Eudásio Barroso, Josué Paiva, o universitário, de 19 anos, chegou a apresentar, sim, sintomas semelhantes aos da doença, mas não há nada confirmado ainda de que a gripe A possa ter ganhado outras localidades da região.

O secretário Arruda Bastos comenta que, infelizmente, não é possível mensurar, com certeza, se os casos confirmados, tanto em Pedra Branca como em outros municípios, irão subir ou reduzir. O certo é que, segundo ele, medidas estão sendo tomadas. "Mandamos um helicóptero, três novos médicos e um estoque de medicamento reforçado com o envio de mais 500 caixas para o hospital da cidade", frisou Arruda Bastos.

Entretanto, para o proprietário de uma farmácia na região central de Pedra Branca, Nilton César, as ações não estão dando tão certo. "Não tem vacina na rede pública, mas tem nas clínicas privadas. Como pode isso? Eu fui até a Capital comprar umas doses e já vendi todas. Vieram umas 100 pessoas me procurar pedindo mais", frisa.

Cada dose única estaria sendo vendida por cerca de R$ 80. Já falta também álcool em gel e máscaras nas farmácias. Comentando que o pânico na cidade só aumenta, ele criticou a medida da gestão local de manter, inclusive, as escolas abertas.

O infectologista, diretor do Hospital São José, em Fortaleza, Anastácio Queiroz, afirma que o pior problema ainda é a precariedade das estruturas hospitalares no Interior do Ceará. "O fato dos casos, em Pedra Branca, não serem graves e as pessoas não estarem internadas, complica mais. Daí, os doentes não ficam em casa, estão nas ruas, contaminando os demais", comentou.

Prevenção

Em nota divulgada ontem, o Ministério da Saúde, condenou as práticas de imunização, disse que não são necessárias e muito menos eficazes, visto que o tempo de ação é longo. O ideal mesmo seria evitar a transmissão direta, lavar as mãos sempre e ficar atento aos sintomas da gripe A (H1N1), como febre alta, tosse, coriza e dificuldade intensa de respirar.

IVNA GIRÃO E SILVANIA CLAUDINO
REPÓRTERES

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