sábado, 12 de novembro de 2011

Colesterol: teste a partir de 9 anos

No Brasil, o exame é feito apenas em crianças com doença cardíaca na família ou que tenham indicação médica

São Paulo. As regras para o controle do colesterol e a prevenção de doenças cardiovasculares em crianças dos Estados Unidos serão alteradas. Agora, todas as crianças de nove a 11 anos, com ou sem histórico familiar de doenças do coração, deverão fazer exames de colesterol, segundo as novas diretrizes do Instituto Nacional do Coração norte-americano.

Esse teste só era recomendado a crianças e adolescentes cujos pais ou avós tiveram doença cardiovascular antes dos 55 anos, que têm um dos pais com colesterol total acima de 240 mg/dl ou que não têm informações sobre o histórico familiar.

No Brasil, recomenda-se o exame apenas a crianças com doença cardíaca na família ou indicação médica. A nova recomendação será apresentada amanhã, na reunião da Associação Americana do Coração, por membros do Instituto Nacional do Coração, Sangue e Pulmão.

A mudança foi baseada em um estudo publicado em 2010 no periódico "Pediatrics", feito com cerca de 20 mil crianças americanas de dez anos de idade, em média. Segundo o trabalho, 9,5% das crianças sem história familiar tinham colesterol alto - e essa parcela deve aumentar, por causa da epidemia de obesidade infantil nos EUA. Dessas, só 1,7% precisava de tratamento com remédios.

Ainda de acordo com as diretrizes, os remédios para baixar o colesterol são indicados apenas para crianças com mais de dez anos e com colesterol alto de base genética. Nesses casos, a pessoa possui tendência a ter altos níveis de colesterol, independentemente de fazer dieta ou exercício.

Ressalvas

Ieda Jatene, do departamento de cardiologia pediátrica da Sociedade Brasileira de Cardiologia e médica do Hospital do Coração (HCor), afirma que a nova diretriz é "um pouco alarmista". "Não há estudos mostrando que esse rastreamento universal diminui a incidência de doenças no futuro", destaca.

Ela acredita ainda que o maior número de exames pode levar ao aumento de medicação desnecessária. Para Luiz Antonio Machado César, presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp) e médico do Instituto do Coração da USP (InCor), as novas diretrizes não devem mudar nada na prática clínica. "A maioria das crianças com colesterol alto do estudo deviam ser obesas e aí a orientação de mudar a dieta independe do exame",

Quanto aos que têm colesterol alto com predisposição genética, precisam de remédio e poderiam ser detectados na triagem universal, o cardiologista diz que o número de pacientes beneficiados seria muito pequeno para justificar o rastreamento. "Seriam feitos cem exames para descobrir uma criança".

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