Embora a Capital tenha entrado em uma nova epidemia da doença, a pesquisa não tem prazo para chegar à população
O
Ceará convive com a dengue há 26 anos e, atualmente, a Capital passa
por mais uma epidemia da doença, que já contabiliza 12.302 casos, ou
seja, 71,22% das 17.273 confirmações registradas este ano, no Estado.
Enquanto isso, uma das primeiras vacinas vegetais de combate à dengue é
cearense e, por falta de investimentos, ainda não foi testada em
humanos.
A Universidade Estadual do Ceará (Uece) trabalha na
pesquisa desde 2006 e já conseguiu desenvolver o medicamento, que foi
testado em camundongos com sucesso. Segundo a professora Maria Izabel
Florindo Guedes, bioquímica responsável pela pesquisa, o próximo passo é
o teste clínico em humanos.
Porém, ela explica que isso não
aconteceu por falta de recursos. "Nos falta estrutura física. Precisamos
de um laboratório adequado, com certificado de biosegurança, para
produzirmos em escala comercial", diz.
Por conta disto, a questão
foi levada à Assembleia Legislativa do Ceará e, nesta semana, a
Comissão de Ciência, Tecnologia e Educação Superior da Casa deve ir até
Uece e conversar tanto com o reitor quanto com os pesquisadores para
saber quais são os reais entraves da questão.
"Pelo que a
professora nos informou falta estrutura para conclusão da pesquisa.
Porém, sabemos que o governador Cid Gomes apoia o estudo em questão,
então vamos conversar com os envolvidos e procurar saber o que realmente
está bloqueando o andamento desta vacina", informou a presidente da
comissão, Miriam Sobreira.
A Secretaria de Ciência, Tecnologia e
Educação Superior do Ceará (Secitece) informa que há recursos, mas cabe à
pesquisadora enviar um projeto ao órgão para solicitá-los.
De
acordo com a Secitece, existem R$12 milhões destinados à modernização de
laboratórios nas universidades estaduais do Ceará, e mais R$12 milhões
para a estruturação da pesquisa de biofármacos.
Documento
A
resposta da Secitece é dada a partir das informações da Fundação
Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap). O
documento da Funcap aponta que, desde 2007, a pesquisadora fez uma
única solicitação à Fundação para o auxílio a projetos de pesquisa e no
julgamento pelos pares, o projeto dela não teve o mérito científico
reconhecido e ela não logrou a aprovação. Conforme resumo da Funcap, de
2006 até hoje, foram destinados R$ 338 mil. Desses, R$ 162, 1 mil foram
de auxílios a pesquisa, e R$ 176 mil à concessão de bolsas.
O
diferencial dessa pesquisa é que, pela primeira vez, se consegue uma
vacina tetravalente, para os quatro tipos de vírus da doença, incluindo a
dengue hemorrágica. Para conseguir chegar ao produto final, os
pesquisadores do Doutorado em Biotecnologia da Uece utilizaram o feijão
de corda (vigna unguiculata) como suporte.
Para o professor Ivo
Castelo Branco, pesquisador da Organização Mundial da Saúde em Dengue, a
vacina é a maneira de controlar a doença, pois há mais de 20 anos se
luta contra o mosquito no Ceará e pouca coisa tem resolvido. Para ele,
somente daqui há cinco anos essas vacinas estarão chegarão à população.
THAYS LAVORREPÓRTER
segunda-feira, 4 de junho de 2012
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário