Sete países já relataram casos da doença em que o antibiótico cefalosporina, última opção de tratamento, não foi eficaz
Bactéria 'Neisseria gonorreae': Austrália, França, Japão,
Noruega, Suécia e Grã-Bretanha registraram casos de resistência ao
antibiótico cefalosporina, última opção de tratamento disponível
(Thinkstock)
Milhares de pacientes com gonorreia podem ficar sem opções de
tratamento. De acordo com um alerta publicado nesta quarta-feira pela
Organização Mundial de Saúde (OMS), sete países já relataram casos de
resistência ao antibiótico cefalosporina – a última opção de terapia
disponível hoje. Estima-se que anualmente 106 milhões de pessoas se
infectem com gonorreia, uma doença transmitida sexualmente.Saiba mais
GONORREIADoença sexualmente transmissível causada pela bactéria Neisseria gonorreae, organismo que infecta o revestimento mucoso da uretra, do colo uterino, do reto e da garganta ou da membrana ocular. Ela pode causar infertilidade tanto no homem como na mulher, aumentar o risco de infecção pelo HIV, aborto espontâneo. Casos de infecção severa no olho ocorrem de 30% a 50% dos recém-nascidos de mulheres com gonorreia não tratada, problema que pode levar à cegueira. O tratamento é feito com o uso de antibióticos.
Medicação – Entre as novas orientações publicadas nesta quarta-feira pela OMS está a necessidade de um monitoramento mais apurado de quais antibióticos são usados no tratamento da doença. O órgão pede ainda que sejam realizadas mais pesquisas sobre possíveis tratamentos alternativos para infecções pela bactéria gonococo – causadora da gonorreia.
"Estamos muito preocupados com relatos recentes de falha no tratamento com a última opção disponível, a classe de antibióticos cefalosporina. Isso porque não existe nenhuma outra nova terapia em desenvolvimento", diz Lusti-Narasimhan. "Se as infecções por gonococo se tornarem não tratáveis, as implicações para a saúde serão significativas."
O especialista responde
David Uip
Infectologista e diretor do Instituto de Infectologia Emílio Ribas
Infectologista e diretor do Instituto de Infectologia Emílio Ribas
"O alerta da OMS é preocupante. No Brasil não existe o hábito de se
fazer rotineiramente a cultura, pesquisa direta e o antibiograma em
casos de gonorreia. Assim, o paciente é medicado apenas com o
diagnóstico clínico, o que nos impede de saber qual o tipo de
antibiótico que, de fato, vai ser sensível ou eficaz em cada caso.
Acredito que, a partir de agora, isso venha a se tornar algo
obrigatório, para que se faça um rastreamento mais condizente desses
casos de resistência. É importante lembrar ainda que no Brasil os casos
de gonorreia e outras DSTs vêm aumentando a cada ano."
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