quinta-feira, 7 de março de 2013

UPAs ficam lotadas ao desafogar emergências

A população, embora elogie o atendimento nas unidades, admite a necessidade de ampliação
As Unidades de Pronto Atendimento 24 horas (Upas/24h) de Fortaleza somam 447,9 mil pacientes atendidos e suprem, além de seu papel - a média e pequena complexidade - a que caberia aos postos de saúde, a atenção primária. Com isso, também vem conseguindo desafogar as emergências dos hospitais com casos sem urgência. São 1.500 atendidos por dia nos quatro equipamentos. Por isso, a população, embora elogie o atendimento, admite a necessidade de ampliação das unidades.


A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Messejana, por exemplo, atende, em média, a um total de 450 pessoas por dia. A coordenação do equipamento reconhece que é preciso ampliação da estrutura Fotos: Marília Camelo

De acordo com o titular da Secretaria de Saúde do Estado (Sesa), José Arruda Bastos, um dos mais beneficiados é o Hospital de Messejana, que teve redução na sua emergência na casa dos 50%. "Muita gente que ia para a unidade com cansaço, palpitação, pressão alta está sendo medicada nas UPAs, e isso facilita o trabalho da unidade terciária e os pacientes graves que ali são encaminhados".

A primeira unidade inaugurada na Praia do Futuro, no dia 22 de março do ano passado, atende, em média, a 300 pacientes por dia. Assim como nas outras três UPAs, a pessoa passa por triagem e classificação por risco: vermelho, amarelo, verde ou azul, de acordo com a gravidade do quadro. A medida é usada para agilizar o atendimento, dando prioridade a quem está em pior situação clínica.

Tempo
No entanto, com sua lotação esgotada, a unidade já estende um pouco o tempo de espera. Mesmo assim, as pessoas preferem ir ali do que enfrentar um posto de saúde. É o caso de Marcos Antônio Diniz. O rapaz caiu de um coqueiro, a cinco metros de altura, e teve fratura exposta na perna direita. Está tomando medicamento e foi até a UPA Messejana. "Prefiro aqui, esperar e sair atendido do que ir para o posto e ter a maior decepção", critica.

Nas UPAs, aponta, ainda, o secretário Arruda Bastos, 97% dos casos são solucionados na própria unidade. Quando o paciente chega ao local, os médicos prestam socorro, controlam o problema e detalham o diagnóstico. "Eles analisam se é necessário encaminhar o paciente a um hospital ou mantê-lo em observação por 24 horas", frisa.

Com fortes dores no abdômen, Ana Letícia Barbosa procurou, na manhã de ontem, a Unidade de Pronto Atendimento da Praia do Futuro. Devido à sua condição, ela foi encaminhada imediatamente ao clínico, precisou de raio-X, e saiu de lá já com diagnóstico e medicamento. "Graças a Deus que fui logo atendida e já melhorei. Vou para casa descansar".

Triagem

A mãe de Pedro, de 4 anos, Valdilene Araújo, chegou na unidade com o filho febril. O menino passou pela triagem e pediatra, que pediu o teste rápido de dengue. Foi feito na hora e deu negativo, para alívio de Valdilene. "Você já pensou se eu tivesse ido ao posto, esperado o médico que não tem?", diz.

A unidade de Messejana também enfrenta superlotação. Em média, 450 pessoas/dia passam por lá. A coordenadora Cleide Carneiro destaca o trabalho desenvolvido e diz que já é preciso ampliação da estrutura. "Vamos começar pela recepção para evitar a fila do lado de fora", frisa, acrescentando que 70% do perfil do paciente da unidade é de posto de saúde.

As UPAs são classificadas em três diferentes portes, de acordo com a população da região a ser coberta, a capacidade instalada - área física, número de leitos disponíveis, recursos humanos e a capacidade diária de realizar atendimentos médicos.

As UPAs de porte I cobrem uma população de até 100 mil habitantes, contando com um pediatra e um clínico geral para realizar de 50 a 150 atendimentos de pacientes diariamente e equipada com cinco a oito leitos.

A cobertura das UPA de porte II é de até 200 mil habitantes, com quatro médicos, nove a 12 leitos e atendimento diário de até 300 pacientes. Enquanto isso, nas de porte III, a cobertura é de até 300 mil habitantes, com seis médicos, 13 a 20 leitos e até 450 atendimentos diários.

FIQUE POR DENTRO
Triagem antecede a consulta
As Unidades de Pronto Atendimento (UPA) funcionam 24 horas por dia, sete dias por semana e podem resolver grande parte das urgências e emergências demandadas na Capital, como pressão e febre alta, fraturas, cortes, infarto e derrame. Com isso, ajudam a diminuir as filas nos prontos-socorros dos hospitais.

A unidade oferece estrutura simplificada, com raio-X, eletrocardiografia, pediatria, laboratório de exames e leitos de observação. As UPAs fazem parte da Política Nacional de Urgência e Emergência, lançada pelo Ministério da Saúde em 2003, que estrutura e organiza a rede de urgência e emergência no País, com o objetivo de integrar a atenção às urgências.

Todos esses equipamentos de saúde que atuam na cidade de Fortaleza, trabalham de acordo com uma classificação por risco. Quando é vermelha, significa que a situação é uma emergência com risco iminente de morte (será atendido imediatamente na sala de emergência).

Quando a situação do paciente é classificada como amarelo, representa urgência com ou sem risco iminente de morte (será atendido com prioridade sobre pacientes classificados com verde, no consultório ou leito da sala de observação).

Na classificação verde, não há risco de morte imediata (somente será atendido após todos os pacientes classificados como vermelho ou amarelo), enquanto na azul, há um quadro crônico sem sofrimento agudo ou caso social (deverá ser preferencialmente encaminhado para atendimento em Unidade de Saúde Básica ou atendido pelo Serviço Social. Se desejar poderá ser atendido após todos os pacientes classificados como vermelho, amarelo e verde).

LÊDA GONÇALVESREPÓRTER

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