sábado, 13 de julho de 2013

Ambulâncias paradas preocupam-Fortaleza Ce

Enquanto a população reclama de atendimento do Samu, sete veículos são encontrados em oficina para conserto

Em meio a diversas questões envolvendo a saúde pública no Brasil, Fortaleza não fica atrás na quantidade de reivindicações, entre elas, o atendimento prestado pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), na Capital. As principais queixas da população são referentes à burocracia na abertura dos chamados e a demora para chegar aos locais.

Em apenas uma oficina, sete ambulâncias estavam paradas para conserto. A gerência do lugar disse não ser autorizada a dar informações Foto: Bruno Gomes

Diante desta situação, em que o número de veículos disponíveis pode ser fundamental para o êxito das ocorrências registradas, a reportagem do Diário do Nordeste flagrou, na manhã de ontem, somente em uma oficina, sete ambulâncias paradas. Em contato com o estabelecimento, a gerência informou não estar autorizado a repassar informações sobre os reparos.

Experiência

O supervisor de call center Edson Almeida, 26, sabe muito bem o que significa esse problema. Envolvido em um acidente de moto há menos de um mês, o jovem, que ficou bastante ferido, tentou utilizar o serviço do Samu, mas em virtude da demora, desistiu de esperar e foi para o hospital por conta própria.

Para ele, o ideal é que fossem disponibilizados mais ambulâncias para o resgate. "Passados 30 minutos, eu liguei para uma amiga e ela veio me pegar". Com sequela na coluna, o jovem acredita que se tivesse recebido o atendimento adequado a situação seria outra. "Ter os primeiros socorros já no local do acidente me livraria dessa sequela".

De acordo com a presidente do Sindicato dos Servidores e Empregados Públicos do Município de Fortaleza (Sindifort), Nascelia Silva, a situação é bastante preocupante e vem se estendendo há vários anos, atribuindo o problema a má gestão municipal. "Muitas vezes, os trabalhadores são responsabilizados por uma irresponsabilidade dos próprios gestores". Conforme avalia, a quantidade de veículos disponível, 11 no total, não tem como cobrir toda a cidade, chegando ao caso de haver apenas quatro ambulâncias rodando na Capital. "Os carros quebram todo dia. A população não sabe disso, mas tem dias que são apenas dois carros".

Para um atendimento de qualidade, no entanto, não basta ter mais carros em atividade, segundo ressalta Nascelia. Como agravante ao problema, a presidente destaca as péssimas condições de mobilidade urbana as quais Fortaleza está inserida, que dificultam ainda mais o atendimento de um caso de forma mais rápida. "É um trânsito que você não vê mudanças. Os corredores exclusivos não estão resolvendo o problema. São muitos engarrafamentos, acidentes no trânsito, o motorista não pode passar por cima dos carros. Precisamos urgente de políticas direcionadas à mobilidade".

Efetivo

O diretor técnico do Samu, Mozart Rolim, admite que o aumento da demanda populacional nos últimos dez anos vem atrapalhando o serviço, havendo a necessidade de melhorar, mas nega ter havido casos em que apenas quatro ambulâncias rodaram para cobrir toda a Capital. Segundo ele, Fortaleza conta, hoje, com 18 unidades do Suporte Básico de Vida, usadas nos casos em que o paciente não tem risco iminente de vida, quatro unidades do Suporte Avançado de Vida, usadas quando há o risco de vida, e mais quatro unidades de motolância. "Estamos tentando aumentar o número de ambulâncias nos próximos meses", afirma.

Sobre a quantidade de veículos fora de circulação no momento, o diretor informou que 80% da frota está rodando, e que os carros parados geralmente passam por reparos leves. Mozart Rolim destaca, ainda, que o Samu recebe, por dia, uma média de 3 mil ligações, mas apenas 300 geram remoção.

RENATO BEZERRAREPÓRTER

Nenhum comentário:

Postar um comentário