Enquanto a população reclama de atendimento do Samu, sete veículos são encontrados em oficina para conserto
Em
meio a diversas questões envolvendo a saúde pública no Brasil,
Fortaleza não fica atrás na quantidade de reivindicações, entre elas, o
atendimento prestado pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
(Samu), na Capital. As principais queixas da população são referentes à
burocracia na abertura dos chamados e a demora para chegar aos locais.
Em
apenas uma oficina, sete ambulâncias estavam paradas para conserto. A
gerência do lugar disse não ser autorizada a dar informações Foto: Bruno
Gomes
Diante desta situação, em que o número de veículos
disponíveis pode ser fundamental para o êxito das ocorrências
registradas, a reportagem do Diário do Nordeste flagrou, na manhã de
ontem, somente em uma oficina, sete ambulâncias paradas. Em contato com o
estabelecimento, a gerência informou não estar autorizado a repassar
informações sobre os reparos.
Experiência
O
supervisor de call center Edson Almeida, 26, sabe muito bem o que
significa esse problema. Envolvido em um acidente de moto há menos de um
mês, o jovem, que ficou bastante ferido, tentou utilizar o serviço do
Samu, mas em virtude da demora, desistiu de esperar e foi para o
hospital por conta própria.
Para ele, o ideal é que fossem
disponibilizados mais ambulâncias para o resgate. "Passados 30 minutos,
eu liguei para uma amiga e ela veio me pegar". Com sequela na coluna, o
jovem acredita que se tivesse recebido o atendimento adequado a situação
seria outra. "Ter os primeiros socorros já no local do acidente me
livraria dessa sequela".
De acordo com a presidente do Sindicato
dos Servidores e Empregados Públicos do Município de Fortaleza
(Sindifort), Nascelia Silva, a situação é bastante preocupante e vem se
estendendo há vários anos, atribuindo o problema a má gestão municipal.
"Muitas vezes, os trabalhadores são responsabilizados por uma
irresponsabilidade dos próprios gestores". Conforme avalia, a quantidade
de veículos disponível, 11 no total, não tem como cobrir toda a cidade,
chegando ao caso de haver apenas quatro ambulâncias rodando na Capital.
"Os carros quebram todo dia. A população não sabe disso, mas tem dias
que são apenas dois carros".
Para um atendimento de qualidade, no
entanto, não basta ter mais carros em atividade, segundo ressalta
Nascelia. Como agravante ao problema, a presidente destaca as péssimas
condições de mobilidade urbana as quais Fortaleza está inserida, que
dificultam ainda mais o atendimento de um caso de forma mais rápida. "É
um trânsito que você não vê mudanças. Os corredores exclusivos não estão
resolvendo o problema. São muitos engarrafamentos, acidentes no
trânsito, o motorista não pode passar por cima dos carros. Precisamos
urgente de políticas direcionadas à mobilidade".
Efetivo
O
diretor técnico do Samu, Mozart Rolim, admite que o aumento da demanda
populacional nos últimos dez anos vem atrapalhando o serviço, havendo a
necessidade de melhorar, mas nega ter havido casos em que apenas quatro
ambulâncias rodaram para cobrir toda a Capital. Segundo ele, Fortaleza
conta, hoje, com 18 unidades do Suporte Básico de Vida, usadas nos casos
em que o paciente não tem risco iminente de vida, quatro unidades do
Suporte Avançado de Vida, usadas quando há o risco de vida, e mais
quatro unidades de motolância. "Estamos tentando aumentar o número de
ambulâncias nos próximos meses", afirma.
Sobre a quantidade de
veículos fora de circulação no momento, o diretor informou que 80% da
frota está rodando, e que os carros parados geralmente passam por
reparos leves. Mozart Rolim destaca, ainda, que o Samu recebe, por dia,
uma média de 3 mil ligações, mas apenas 300 geram remoção.
RENATO BEZERRAREPÓRTER
sábado, 13 de julho de 2013
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