quinta-feira, 25 de julho de 2013

Fugir de aglomeração, lavar as mãos e tomar vacina evitam doenças no frio

Médicos dão dicas para prevenir problemas como gripe, resfriado e alergia.
Para não ter ressecamento e coceira na pele, tome banhos mais curtos.

Luna D'Alama Do G1, em São Paulo
Paulistanos se deparam com ar frio da rua ao sair do metrô São Bento, no centro da cidade (Foto: Caio Kenji/G1)Contato humano em ambientes de aglomeração, como metrô, pode favorecer doenças (Foto: Caio Kenji/G1)
Com o frio intenso e repentino dos últimos dias, muitas pessoas – principalmente no Sul e Sudeste – já estão preocupadas com possíveis gripes, resfriados e outros problemas respiratórios ligados à queda das temperaturas. Para evitar essas e outras doenças, o G1 ouviu especialistas no assunto e traz algumas dicas para você se prevenir.
Segundo o infectologista e imunologista Esper Kallás, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), não é o frio que transmite doenças, mas a aglomeração de pessoas em um mesmo lugar, principalmente se houver tosse, espirros e contato físico.
"Se o responsável fosse o frio, os países do norte e extremo sul do planeta teriam mais doenças, e não é o que a gente vê. O importante é evitar contato com quem está doente, lavar sempre as mãos (com água e sabão ou álcool em gel) e manter o calendário de vacinação atualizado (contra gripe e meningite, por exemplo), principalmente entre os grupos de risco", enumera. Com a imunização, se a doença vier, será mais fraca, por vírus não incluídos na dose deste ano.
Vá ao PS só em emergência
O médico lembra, ainda, que não se deve ir ao pronto-socorro à toa, apenas quando o indivíduo precisar de fato, se estiver passando muito mal.
Se o paciente estiver com um resfriado simples, febre baixa, não compensa (ir ao pronto-socorro)"
Esper Kallás,
infectologista e imunologista
"Caso o paciente esteja com um resfriado simples, febre baixa, não compensa (ir ao PS), pois pode acabar pegando alguma doença mais séria por lá", diz Kallás.
O pediatra Clóvis Francisco Constantino, vice-presidente da Sociedade de Pediatria de São Paulo, reforça que, se a criança ou o adulto apresentar algum sintoma respiratório, é melhor procurar um médico no consultório, e só ir ao PS se for uma situação verdadeira de urgência ou emergência.
"Se a criança estiver alegrinha, com uma atividade boa, não é urgente", destaca. O clínico geral Arnaldo Lichtenstein, do Hospital das Clínicas de São Paulo, complementa: "Se os sintomas não melhorarem em dois ou três dias, com muita coriza, tosse e outros sinais, aí sim é bom procurar um médico", diz.
Crises de asma, rinite e bronquite costumam piorar
no frio (Foto: ilustrativa/Jupiterimages BananaStock)
Problemas respiratórios, alérgicos e circulatórios
Já quem tem problemas respiratórios (como asma) ou alérgicos (como rinite e bronquite) deve fazer acompanhamento contínuo com um profissional e estar medicado, e não apenas se tratar durante o frio, quando há maior risco de choque térmico e piora das crises.
Cerca de 80% dos pacientes com asma já enfrentaram crises de rinite (Foto: ilustrativa / Jupiterimages BananaStock) Por isso, de acordo com Lichtenstein, é importante se agasalhar bem e evitar sair muito rápido de um ambiente quente para o frio.
"Banhos muito quentes e demorados ressecam a pele e podem dar coceira intensa", afirma.
Mas é preciso ficar atento para não se cobrir demais nem "encapotar" as crianças, para que a pessoa não sue, tire a roupa e se exponha de forma abrupta a esse contraste, diz o pediatra Constantino.
O clínico Lichtenstein lembra, ainda, que a pressão arterial costuma aumentar no inverno, por isso quem tem hipertensão deve manter a doença sob controle.
Banhos muito quentes e demorados ressecam a pele e podem dar coceira intensa"
Arnaldo Lichtenstein,
clínico geral
Para o clínico geral Alfredo Salim Helito, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, pessoas que apresentam problemas circulatórios, principalmente nos membros inferiores, devem ter muito cuidado com água quente, aquecedores e cobertores térmicos.
"Prefira meias de lã e roupas que realmente aquecem, e não métodos mecânicos, pois essas doenças causam alteração de sensibilidade e a pessoa pode queimar o pé sem perceber", ressalta.
O médico pede atenção especial para crianças, idosos, diabéticos, pacientes com câncer, transplantados e imunossuprimidos em geral (como indivíduos com HIV), que ficam ainda mais suscetíveis a doenças.
"Uma boa dica é pôr as roupas de frio e cobertores ao ar livre, para ventilar, mesmo que não tenha sol. Isso destrói os ácaros e é melhor que usar um aquecedor, que pode ressecar demais o ar e ainda aumentar o risco de acidentes, queimaduras e até incêndios", diz Salim Helito.
Beber água ajuda a fortalecer o sistema imune
durante o inverno (Foto: reprodução/TV Tem)
Umidade do ar chegou a 15% na região de Lins. Clima de deserto. (Foto: reprodução/TV Tem)Alimentação e hidratação
É importante também se manter bem alimentado e hidratado nesta época. O clínico do Sírio-Libanês recomenda sopas, leite e chá quente para manter o corpo aquecido.
Mas Lichtenstein alerta para os exageros: "No frio, a gente costuma comer demais, por isso é importante ficar de olho".
O pediatra Constantino reforça a necessidade de ingerir bastante líquido. "Um organismo bem hidratado é mais resistente a doenças, o sistema imune funciona melhor, o sangue circula de forma mais eficiente e oxigena bem os tecidos", enumera.
Sobre os alimentos, ele diz que é preciso comer sem restrições, mas com moderação. E fazer isso devagar, de maneira suave, mastigar bem, para não chegar nada gelado no fundo da garganta.
Uma boa dica é pôr as roupas de frio e cobertores ao ar livre, para ventilar, mesmo que não tenha sol. Isso destrói os ácaros e é melhor que usar um aquecedor"
Alfredo Salim Helito,
clínico geral
Pele
Um dos órgãos que mais sofrem durante o inverno é o maior do corpo humano: a pele. Segundo o pediatra Constantino, quando for tomar banho, aqueça primeiro o ambiente, por cerca de 5 minutos, para melhorar o nível de conforto. Não há problema em usar aquecedor no local, segundo ele. Antes de sair e se trocar, porém, desligue o aparelho, para não sofrer nenhum choque térmico.
Além disso, vários problemas de pele podem piorar com o frio, segundo a médica Denise Steiner, presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia. É o caso da acne, da psoríase (doença inflamatória que causa manchas avermelhadas com descamação), da rosácea (doença crônica que deixa o rosto avermelhado) e dos eczemas (inflamações que causam coceira, vermelhidão e inchaço pelo corpo).
Isso ocorre porque o frio aumenta o ressecamento da pele e acaba piorando a coceira. Ao se coçar, a pessoa fica com mais lesões. E os mais velhos sofrem ainda mais, por já terem a pele naturalmente mais seca.
Hidratante evita ressecamento e coceira na pele e
é melhor ser usado após o banho (Foto: TV Globo)
creme hidratante (Foto: TV Globo) A dica de Denise é não tomar mais de um banho por dia, principalmente no frio, e hidratar bem a pele do corpo inteiro.
"Passe o creme com a pele ainda úmida, após tirar o excesso de água com a toalha. Essa é a hora ideal, pois a pele fica mais receptiva à penetração do produto. Além disso, existem alguns hidratantes próprios para o banho, para usar debaixo do chuveiro", diz a médica.
Segundo a dermatologista, é importante também ficar de olho nas unhas e no couro cabeludo, que podem apresentar problemas de ressecamento nesta época do ano.
"A cabeça pode coçar, assim como a pele. Por isso, evite xampus antisseborreicos, que desengorduram demais e podem desidratar o couro. Outras dicas são trocar o xampu neste período, não lavar o cabelo mais de uma vez por dia e passar loção hidratante nos fios", afirma.
Outras dicas são trocar o xampu neste período, não lavar o cabelo mais de uma vez por dia e passar loção hidratante nos fios"
Denise Steiner,
dermatologista
Para as unhas, vale hidratar bem toda a mão e colocar luvas, para o produto penetrar mais. O mesmo é indicado para os pés: aplique um hidratante, feche com um papel-filme, durma com ele e retire ao acordar. Se não quiser passar a noite com o creme, faça isso antes de dormir ou quando preferir.
Denise também recomenda, para melhorar a pele, beber bastante líquido e ingerir cápsulas de ômega 3, óleo de linhaça ou óleo de peixe, sempre sob recomendação médica.
"Além disso, se a pessoa estiver fazendo algum tratamento antienvelhecimento, com ácido retinoico, e apresentar irritação, vermelhidão e descamação, como se tivesse feito um peeling, o ideal é interromper o uso dos ácidos mais fortes, associar com um hidratante e ver se dá para continuar o processo", afirma.
Veja abaixo as diferenças de sintomas mais comuns entre resfriado e gripe:
Características Resfriado Gripe (comum e H1N1)
Febre (Foto: Arte/G1)
Não chega a 38º C Costuma ser alta, acima de 38º C
Dor de cabeça (Foto: Arte/G1)
Fraca Intensidade média
Dor muscular (Foto: Arte/G1)
Fraca Intensidade média
Dor de garganta (Foto: Arte/G1)
Pode haver Pode haver
Tosse (Foto: Arte/G1)
Fraca Geralmente forte
Espirros (Foto: Arte/G1)
Sim Sim
Mal-estar (Foto: Arte/G1)
Sim Sim
Cansaço (Foto: Arte/G1)
Fraco Médio
Secreção nasal (Foto: Arte/G1)
Intensa Intensa
Muco (catarro) (Foto: Arte/G1)
Intenso Intenso
Diarreia (Foto: Arte/G1)
Não Pode haver
Dor nos olhos (Foto: Arte/G1)
Apenas quando há conjuntivite associada Apenas quando há conjuntivite associada
Manchas vermelhas (Foto: Arte/G1)
Não Não
Calafrios (Foto: Arte/G1)
Não Sim, associados à febre
Perda de apetite (Foto: Arte/G1)

Comum e associado à perda do paladar e do olfato Comum e associado à perda do paladar e do olfato
Complicações (Foto: Arte/G1)
Geralmente não há, mas pode evoluir para uma sinusite Pneumonia, broncopneumonia, otite, bronquite, sinusite e insuficiência respiratória
Duração (Foto: Arte/G1)
De dois a quatro dias. Em fumantes, pode chegar a uma semana Uma semana
Fontes: Infectologista Caio Rosenthal, do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo e do Instituto de Infectologia Emílio Ribas; clínico geral e infectologista Paulo Olzon, da Escola Paulista de Medicina/Unifesp, e Ministério da Saúde

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