sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Cientistas usam células-tronco embrionárias para tratar perda de visão

Técnica não apresentou efeitos adversos graves e ajudou a melhorar a capacidade de enxergar da maioria dos pacientes com doenças degenerativas

Visão: Segunda etapa de pesquisa que utilizou células-tronco embrionárias para tratar degeneração macular tem resultados positivos
Visão: Segunda etapa de pesquisa que utilizou células-tronco embrionárias para tratar degeneração macular tem resultados positivos (Getty Images/iStockphoto/VEJA)
Pacientes com doenças graves nos olhos que receberam um transplante de células-tronco embrionárias para recuperar parte da visão toleraram bem o tratamento e não apresentaram efeitos adversos graves. É o que mostra um estudo publicado nesta quarta-feira na revista médica The Lancet. A pesquisa também sugere que a técnica é eficaz, uma vez que a maioria dos participantes relataram melhoras na visão.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Human embryonic stem cell-derived retinal pigment epithelium in patients with age-related macular degeneration and Stargardt’s macular dystrophy: follow-up  of two open-label phase 1/2 studies

Onde foi divulgada: periódico The Lancet

Quem fez: Steven Schwartz, Carl Regillo, Byron Lam, Dean Eliott, Philip Rosenfeld, Ninel Gregori, Jean-Pierre Hubschman, Janet Davis, Gad Heilwell, Marc Spirn, Joseph Maguire, Roger Gay, Jane Bateman, Rosaleen M Ostrick, Debra Morris, Matthew Vincent, Eddy Anglade, Lucian Del Priore e Robert Lanza

Instituição: Instituto dos Olhos Jules Stein da Universidade da Califórnia em Los Angeles; Universidade Thomas Jefferson; Universidade de Miami; Faculdade de Medicina de Harvard; Universidade da Carolina do Sul; e Advanced Cell Technology, Estados Unidos

Resultado: O transplante de células-tronco embrionárias é seguro e eficaz a longo prazo (até 3 anos) para melhorar a visão de pessoas com doenças degenerativas dos olhos.
Esses resultados fazem parte da segunda etapa da pesquisa. A primeira foi realizada para averiguar se o tratamento pode provocar efeitos adversos graves, como tumores. A nova fase foi conduzida com o objetivo de verificar se a técnica é segura a longo prazo e se o sistema imunológico do paciente rejeitaria o transplante, algo que preocupava os pesquisadores. As conclusões indicaram, pela primeira vez, que o tratamento não surte efeitos adversos mais sérios no paciente nos três anos seguintes ao transplante.
“As células-tronco embrionárias têm o potencial de se transformar em qualquer tipo de célula do corpo, mas o transplante delas era complicado pelo risco de problemas como rejeição do sistema imunológico”, diz o coordenador do estudo, Robert Lanza, cientista chefe da empresa de biotecnologia Advanced Cell Technology, nos Estados Unidos, que financiou o estudo.
Transplante — A pesquisa foi feita com 18 adultos americanos que tinham dois tipos de degeneração macular – a degeneração relacionada à idade e a distrofia macular Stargardt, principais causas de perda de visão entre idosos e adolescentes, respectivamente. Não há tratamentos eficazes para essas doenças atualmente. Os pacientes receberam, no olho mais afetado pela doença, injeções contendo entre 50 000 e 150 000 células de pigmento do epitélio retinal (RPE) derivadas de células-tronco embrionárias para substituir as células danificadas.
Embora essa etapa da pesquisa não tenha sido feita para avaliar a eficácia da técnica, os pesquisadores observaram que a visão de 10 entre os 18 pacientes melhorou após o transplante. “Essas pessoas relataram melhora significativa na visão geral e periférica, assim como na capacidade de enxergar objetos de perto e de longe”, diz Robert Lanza.
Para que a eficácia do tratamento seja comprovada, os cientistas precisam realizar uma pesquisa de maior escala. A equipe planeja envolver mais de 100 pessoas com cada uma dessas duas doenças no próximo estudo.
“O nosso estudo sugere que a técnica é segura e potencialmente eficaz em alterar a perda de visão progressiva em pessoas com doenças degenerativas dos olhos. Além disso, a pesquisa dá um passo importante em direção ao uso do tratamento em diversas doenças cujo tratamento requer reparação ou substituição de células”, disse, ao jornal britânico The Guardian, Steven Schwartz, pesquisador do Instituto dos Olhos Jules Stein, da Universidade da Califórnia em Los Angeles, e um dos autores do estudo.

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